Existe um lugar em nossas mentes que para onde vamos quando precisamos fugir de velhos fantasmas que cismam em reaparecer e fincar a faca da lembrança em nossas almas. Todos temos esse recanto e sempre utilizamos em horas de extremo desespero. Olhe para dentro de você quando estiver só de frente para um espelho e lá no fundo dos seus olhos poderá ver esse local do qual falo. Algumas pupilas refletirão campos verdes ou praias de água cristalina, já outras serão apenas espaços vazios. Não importa para onde você vai quando precisa fugir, porque ele sempre estará lá a sua espera, o maior problema é quando ficamos presos nessa terra de reconforto.
Mary Jane também tinha um lugar para fugir quando precisava. Era para um lindo parque de diversões que havia visitado na juventude que sua mente ia parar nas noites em que era obrigada a ouvir seus pais brigando por coisas tolas como as novas cortinas verde oliva da sala ou a outra família que seu pai mantinha. Carrosséis com alvos cavalos vivos, rodas gigantes tão grandes que poderiam encostar-se às nuvens, lindas barracas que vendiam todos os doces que a mente poderia criar, era disso que seu “Best place” se constituía. E cada vez que a família Norman começava uma briga, Mary Jane acrescentava um brinquedo novo ao parque de diversões, assim aos 15 anos ela já havia criado todo um continente composto apenas por brinquedos, doces e magia.
Quando completou 17 anos, uma pequena bomba atômica ameaçou a felicidade da jovem sonhadora. “Seus pais vão se separar?”, perguntou uma voz perdida no mundo chamado realidade, então ela acordou no meio da aula de física térmica e apenas confirmou com a cabeça em direção a sua amiga Jeanna. Mas Mary não queria falar sobre aquele assunto, porque toda vez que ele rondava seus pensamentos, a cidade da diversão tinha seu céu tomado por nuvens rubras e além do mais, nem ela acreditava mais nessas ameaças de separações que seus pais davam quando Jorge, seu pai, chegava em casa com as roupas cheirando a perfumes femininos, já havia se tornado um habito dizer em altos gritos que iriam se separar. Ela realmente não queria que essas ameaças se concretizassem, mas já sabia quando eram apenas ameaças
O tempo foi passando e um ano se esvaiu como as folhas do calendário de pinturas famosas que sua mãe mantinha na cozinha. As coisas não mudaram muito com o tempo, as brigas só foram piorando e cada dia que passava mais uma gritaria dava início as viagens que Mary dava em sua terra mental perfeita. Ela havia acumulado experiência suficiente para desligar a mente da “realidade” até quando seu pai batia em Herder, sua mãe. A única coisa que a incomodava era quando o barulho se tornava maior que seus gritos histéricos na montanha russa subaquática que já havia construído na terra encantada, alias com muito sufoco foi construído, já que nunca havia visto uma igual no mundo de verdade.
Foi numa manhã de 25 de dezembro, naquele pós-natal que tantas crianças gostam que Mary fez sua última viagem a terra dos sonhos. Quando voltava de um passeio na neve com os amigos, encontrou mais uma vez seus pais em uma de suas brigas. Dessa vez a briga não era boba, ao que parecia papai havia transmitido uma doença sem cura para mamãe quando a estuprara um ano atrás. Na cabeça de Mary, aquela era mais uma discussão sem sentido. Ela subiu as escadas e foi para seu quarto voltar ao mundo do parque de diversões. A primeira batida apenas fez a realidade a sua volta oscilar como quando a imagem a TV quase sai do ar, mas ela foi logo procedida de uma segunda batida ainda mais forte e de um súbito silencio que não pode ser ignorado. Mary desceu as escadas de vagar olhando atentamente parando catatônica quando viu o corpo de sua mãe estendido no carpete da sala e uma possa de sangue se formando a partir do ferimento na cabeça. O único pensamento que Mary teve foi de voltar a terra encantada de seus sonhos.
Três semanas depois a policia encontrou o corpo dos pais de Mary, a mãe havia sido assassinada com múltiplos golpes na cabeça, muito provavelmente dados pelo o próprio marido, que foi encontrado morto em seu quarto deitado na cama com sete facas encravadas em seu corpo. Mary, por sua vez, estava deitada ainda viva, mas em alto estado de desnutrição em seu quarto. Hoje ela vive em um hospital psiquiátrico e passados vinte e três anos do acontecido ainda não acordou para explicar para as autoridades o que realmente aconteceu dentro da casa no dia de natal.
Mary Jane também tinha um lugar para fugir quando precisava. Era para um lindo parque de diversões que havia visitado na juventude que sua mente ia parar nas noites em que era obrigada a ouvir seus pais brigando por coisas tolas como as novas cortinas verde oliva da sala ou a outra família que seu pai mantinha. Carrosséis com alvos cavalos vivos, rodas gigantes tão grandes que poderiam encostar-se às nuvens, lindas barracas que vendiam todos os doces que a mente poderia criar, era disso que seu “Best place” se constituía. E cada vez que a família Norman começava uma briga, Mary Jane acrescentava um brinquedo novo ao parque de diversões, assim aos 15 anos ela já havia criado todo um continente composto apenas por brinquedos, doces e magia.
Quando completou 17 anos, uma pequena bomba atômica ameaçou a felicidade da jovem sonhadora. “Seus pais vão se separar?”, perguntou uma voz perdida no mundo chamado realidade, então ela acordou no meio da aula de física térmica e apenas confirmou com a cabeça em direção a sua amiga Jeanna. Mas Mary não queria falar sobre aquele assunto, porque toda vez que ele rondava seus pensamentos, a cidade da diversão tinha seu céu tomado por nuvens rubras e além do mais, nem ela acreditava mais nessas ameaças de separações que seus pais davam quando Jorge, seu pai, chegava em casa com as roupas cheirando a perfumes femininos, já havia se tornado um habito dizer em altos gritos que iriam se separar. Ela realmente não queria que essas ameaças se concretizassem, mas já sabia quando eram apenas ameaças
O tempo foi passando e um ano se esvaiu como as folhas do calendário de pinturas famosas que sua mãe mantinha na cozinha. As coisas não mudaram muito com o tempo, as brigas só foram piorando e cada dia que passava mais uma gritaria dava início as viagens que Mary dava em sua terra mental perfeita. Ela havia acumulado experiência suficiente para desligar a mente da “realidade” até quando seu pai batia em Herder, sua mãe. A única coisa que a incomodava era quando o barulho se tornava maior que seus gritos histéricos na montanha russa subaquática que já havia construído na terra encantada, alias com muito sufoco foi construído, já que nunca havia visto uma igual no mundo de verdade.
Foi numa manhã de 25 de dezembro, naquele pós-natal que tantas crianças gostam que Mary fez sua última viagem a terra dos sonhos. Quando voltava de um passeio na neve com os amigos, encontrou mais uma vez seus pais em uma de suas brigas. Dessa vez a briga não era boba, ao que parecia papai havia transmitido uma doença sem cura para mamãe quando a estuprara um ano atrás. Na cabeça de Mary, aquela era mais uma discussão sem sentido. Ela subiu as escadas e foi para seu quarto voltar ao mundo do parque de diversões. A primeira batida apenas fez a realidade a sua volta oscilar como quando a imagem a TV quase sai do ar, mas ela foi logo procedida de uma segunda batida ainda mais forte e de um súbito silencio que não pode ser ignorado. Mary desceu as escadas de vagar olhando atentamente parando catatônica quando viu o corpo de sua mãe estendido no carpete da sala e uma possa de sangue se formando a partir do ferimento na cabeça. O único pensamento que Mary teve foi de voltar a terra encantada de seus sonhos.
Três semanas depois a policia encontrou o corpo dos pais de Mary, a mãe havia sido assassinada com múltiplos golpes na cabeça, muito provavelmente dados pelo o próprio marido, que foi encontrado morto em seu quarto deitado na cama com sete facas encravadas em seu corpo. Mary, por sua vez, estava deitada ainda viva, mas em alto estado de desnutrição em seu quarto. Hoje ela vive em um hospital psiquiátrico e passados vinte e três anos do acontecido ainda não acordou para explicar para as autoridades o que realmente aconteceu dentro da casa no dia de natal.