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Maria Cheia de Graça (Maria Full of Grace, 2004)

Dirhil

Olha, Schroeder...
MARIA CHEIA DE GRAÇA (Maria Full of Grace, EUA e Colômbia, 2004)

Elenco: Catalino Sandino Moreno, Yenny Paola Vega, Virginia Ariza, Guilied Lopez, Patricia Rae, Orlando Tobon

Direção: Joshua Marston

Sinopse: Maria é um jovem colombiana de 17 anos, grávida de 2 meses, que acaba de perder o emprego e precisa sustentar a família em casa. Ela acaba topando traficar heroína para os EUA, levando a droga dentro do estômago.

Pôster: (muito foda por sinal)
mariafullgrace13zc.jpg


(pode conter leves spoilers)

O filme causou um certo estardalhaço ao redor do mundo, ganhando vários prêmios. Inclusive na Mostra Intercional de São Paulo, ano passado, quando aportou em terras brasileiras. E com razão já que o filme é muito bem concebido, abordando diversos problemas que essa forma de tráfico pode acarretar.
Aliás, filmes recentes sobre drogas estão muito bons: Requiem Para um Sonho, Cidade de Deus, Traffic. O diferencial tá na protagonista deste: Catalina Sandino Moreno. Uma atuação corretíssima e não caricata. Sem nenhum exagero. Conseguiu inclusive ser indicada ao Oscar de melhor atriz deste ano, mas dificilmente irá ganhar. Além disso, ela é linda!
O filme peca pelos coadjuvantes idiotas. A melhor amiga da Maria é uma personagem idiota, interpretada por uma "porta".... tem o namorado dela que é outro péssimo ator. Pelo menos o roteiro é bem feito. Apesar de ser um pouco previsível (aka: a mocinha se dá sempre bem).

Nota: 69

mariafullofgrace5bp.jpg
 
SPOILERS, HEIN


Sim sim, é massa! :D
Um bom filme sobre drogas. \o//////////////
Algumas atuações são esquisitas mesmo, mas a da Catalina e a da Carla são ótimas. ^o^

Mas tive a impressão de que parte do tema pendia para algo que não drogas. Na verdade, drogas me pareceu só um pretexto. A verdadeira denúncia reside na dificuldade em se viver sem dinheiro, viver numa casa sobre-lotada, ter um emprego denegridor. Em suma, em crescer numa sociedade precária em condições precárias.

As primeiras seqüências gritam essas coisas. Maria parece entediada com a rotina: suspira no trabalho para mais tarde encontrar os mesmos problemas em casa, onde sequer agüenta comer mais pão; até na hora de fazer sexo quer algo diferente que fuja do tédio do dia-a-dia: sugere fazê-lo no telhado, mas é recusada. Além disso, sua família mal tem dinheiro para comprar remédios para o bebê doente e ela não consegue sequer pensar em casamento pois não há onde morar com o "marido".

De repente o assunto "drogas" surge na sua frente e antes que pudesse dizer qualquer coisa ela já estava em Nova York. E, depois de problemas aqui e acolá, ela toma uma decisão que pouco tem a ver com uma possível lição aprendida depois de todas as confusões. Não, é só uma oportunidade que ela enxerga no novo e perfeito país. Na cena final, dentro do aeroporto, ela decide permanecer nos EUA porque ela está cansada da precariedade e do tédio. Vê a possibilidade de dar ao seu filho um futuro melhor, como Carla pretendia fazer com o seu. Recusa-se e fazer uma parábola e terminar onde tinha começado. E, ironicamente, de um certo modo foram as drogas que a ajudaram. Sem elas, ela não teria chegado até ali. Com elas, ela teve a chance de botar sua vida para correr num rumo melhor.

Não, não estou dizendo que isso é uma espécie de subtexto que esconde uma apologia às drogas. Pelo contrário, essa ironia final sugere uma revanche, um golpe inesperado em todos os elementos prejudiciais - incluindo as drogas. Maria fecha a última cena caminhando de forma muito mais majestosa e esperançosa do que aquele rosto desanimado no ponto esperando pelo ônibus que surge no primeiro segundo do filme.
 
O filme começa muito bem, os primeiros 40 minutos são muito bons, mostrando a rotina da Maria na Colômbia, a falta de comunicação com as pessoas, seu vazio e a descoberta da gravidez. Muito dessa força se dá a atuação da Catalina e de todos os outros personagem e da leveza roteiro. Catalina, por sinal, é ótima, adorei. Estava com medo de encontrar algo exagerado, ainda mais por causa do tema de drogas, mas não, se mantém perfeita.

Falando em drogas, ao abordar o tema, o diretor torna o filme um pouco didático e sensasionalista, procurando uma crítica social aos "mulas" que se sacrificam. Muita gente elogiou como o filme descamba para uma espécie de documentário; e isso foi o que mais me incomodou. O filme se sustenta no que quer falar e se esquece como fazê-lo que, fatalmente, é de uma maneira muitas vezes apelativa e sentimental. Às vezes ele acerta, mantendo um clima de dúvida e apreensão sobre a situação envolvendo Maria, especialmente no aeroporto, quando ele a bota no meio dos dois policiais, com uma montagem assustadora e tal. Mas só em algumas cenas.

No geral, eu gostei. Talvez com o tempo ele perca sua força, mas o Joshua Marston escapando do sensacionalismo, mostra algum talento, e tem futuro, espero. O final é bem irônico. Enquanto vemos Maria andando em busca de um mundo mais aceitável, ao fundo está escrito na parede "It's what's inside that counts", se referindo que o que importa é os sentiementos do ser humano ou os papelotes que ele carrega no estômago.
 
Strider disse:
Falando em drogas, ao abordar o tema, o diretor torna o filme um pouco didático e sensasionalista, procurando uma crítica social aos "mulas" que se sacrificam.
Em que sentido é sensacionalista e em que sentido é uma "crítica social às mulas"?

Pra mim é nada mais que a própria realidade. Algumas mulas se dão bem, outras se dão mal. Assim funciona na vida real.

Strider disse:
O filme se sustenta no que quer falar e se esquece como fazê-lo que, fatalmente, é de uma maneira muitas vezes apelativa e sentimental.
Também não vi nada de apeltivo ou sentimental. Pelo contrário, o filme é extremamente frio e sua "tristeza" se dá mais pelas situações precárias (infelizmente naturais/reais/verdadeiras) do que por lágrimas.
 
Ristow disse:
Strider disse:
Falando em drogas, ao abordar o tema, o diretor torna o filme um pouco didático e sensasionalista, procurando uma crítica social aos "mulas" que se sacrificam.
Em que sentido é sensacionalista e em que sentido é uma "crítica social às mulas"?

Pra mim é nada mais que a própria realidade. Algumas mulas se dão bem, outras se dão mal. Assim funciona na vida real.

É sensacionalista quando ele fala sobre os adolescentes que carregam as drogas, sendo nada diferente de qualquer matéria do Globo Repórter (ok, tecnicamente melhor, mas não na essência). A crítica é bem isso, do sacrifício que esses adolescentes fazem pra ganhar dinheiro e sustentar a família, que já que não conseguem um trabalho decente no país de origem.

Strider disse:
O filme se sustenta no que quer falar e se esquece como fazê-lo que, fatalmente, é de uma maneira muitas vezes apelativa e sentimental.
Também não vi nada de apeltivo ou sentimental. Pelo contrário, o filme é extremamente frio e sua "tristeza" se dá mais pelas situações precárias (infelizmente naturais/reais/verdadeiras) do que por lágrimas.[/quote]

Não é sempre, lembrando o que eu disse, mas tem muita apelação sentimental sim, especialmente na briga das duas amigas. Claro, algumas vezes ele tenta impôr essa frieza e é justo essa inconstância que é ruim.
 

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