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Marcha das Vadias reúne centenas com pouca roupa na Avenida Paulista

O problema, Siker, está nesse 'vestir-se como prostituta.' Isso não existe mais. Assim como hoje empresários podem usar meias coloridas e ternos de crochê em certas empresas mais modernosas, nada impede que mulheres usem micro-saia, biquini, ou até looks que mais parecem lingerie + jaqueta de couro. Enfim, esses limites acabaram, e é bom que acabem, são fruto de revoluções. Uma revolução sexual e uma revolução moral, revoluções que podemos considerar imorais ou esteticamente deploráveis, mas não são condenáveis em si.

Se eu tenho determinado código moral, vou criticar esse tipo de vestimenta, se for o caso. Se, como o Éomer, disse, simplesmente achar feio, de mal gosto, eu critico esteticamente, se for o caso. Se não for o caso, ótimo, sejamos felizes.
Eu acho difícil encontrar empresas boas assim, como o Facebook por exemplo, que dá bastante liberdade para incentivar a criatividade, e sobre as prostitutas eu não sei, acho que uma definição melhor seria simplesmente "roupa vulgar", por mais revoluções que se façam todo lugar tem o seu código de como se vestir, é uma pura questão social, como se vestir para ir no cinema, no teatro, na rua, jogar bola, em um motel, na escola, no trabalho, em uma entrevista de emprego; isso pra mim já parte para outra questão, que seria a diferença entre o preconceito que julga somente as aparências e a forma como devemos nos apresentar como indivíduos dentro de uma sociedade, não sei bem se esse seria o termo correto, mas em qualquer artigo ou livro sobre como se vestir ou como se apresentar em ambientes específicos, a primeira impressão e as reações que podemos causar com uma forma apropriada de apresentação são praticamente essenciais.
 
Vejo essa coisa de "me visto como quero em qualquer lugar e ninguém pode dizer ou pensar nada" como pura utopia que não produz resultados efetivos. O ser humano nunca foi assim e nunca será. Para melhorar a situação temos que trabalhar com possibilidades concretas de comportamento geral.



Outra coisa importante é que se tem que parar com essa mania de "digo não quando quero dizer sim e vice versa" e etc... Se fazemos campanha de que NÃO É NÃO, então as mulheres tbm precisam ser mais coerentes e mais claras sobre isso. Vejam só esse vídeo:


Já passei por uma situação assim uma vez.

Tive um casamento bem cedo e aí deu tempo de sair e ir comemorar o aniversário de uma amiga que era numa das poucas casas noturnas que eu gosto.
Já no finzinho, eu só tava afim de ir embora, mas ainda tinha que esperar minha carona.
Estava sentada perto do bar quando um cara chegou em mim. Ele era até bonito, mas eu REALMENTE não queria.
Eu disse 'não'.
Ele insistiu.
Disse 'não' de novo.
Ele não se tocou e começou a ficar chato e pegajoso.
Inventei uma história pra me livrar dele.
Ele continuou insistindo. Ele achou que eu era dessas que "se faz de difícil" e "diz não quando é sim". Então ele tentou forçar a barra e me beijar à força.
Empurrei ele e gritei (oq na balada não faz tanta diferença assim quanto ao som) VOCÊ É SURDO OU BURRO??? EU DISSE NÃO!!!. Empurrei pra longe e ele saiu todo assustado!


Compartilho dessa fala da Elizabeth em Orgulho & Preconceito:

"Garanto-lhe que não sou nenhuma daquelas jovens (se é que tais jovens existem) que se mostram tão audaciosas, a ponto de arriscar sua felicidade na perspectiva de serem pedidas uma 2ª vez. Estou sendo perfeitamente sincera na minha recusa.
(...)
Na realidade o senhor confunde-me de maneira extraordinária. Se o que acabei de lhe dizer surge aos seus olhos como uma forma de encorajamento, não sei como exprimir-lhe a minha recusa de modo que o senhor se convença de tal.
(...)
Garanto-lhe que não tenho qualquer pretensão quanto a esse gênero de elegância que consiste em atormentar um cavalheiro respeitável. Preferiria que me elogiasse antes pela minha sinceridade."
 
Última edição por um moderador:
Outra coisa importante é que se tem que parar com essa mania de "digo não quando quero dizer sim e vice versa" e etc... Se fazemos campanha de que NÃO É NÃO, então as mulheres tbm precisam ser mais coerentes e mais claras sobre isso. Vejam só esse vídeo:

Espero não ser mal interpretado, mas vamos lá...

É o seguinte: O cara tem de saber diferenciar um não de um NÃO. Aquele não, não... da excitação que a mulher fala enquanto está abrindo o fecho da tua calça e metendo a mão na massa é completamente diferente do NÃO de uma mulher que realmente não está afim e quer que tu pare. Se o cara é tão tapado que não tem a mínima capacidade de discernimento para diferenciar as duas coisas a culpa não é dela.

Quanto a situação dessa maluca do vídeo é só ela deixar claro que tem essa "peculiaridade sexual" e tudo está resolvido. Há uns tempos atrás eu teclava com uma mulher que dizia que ao falar não na verdade queria que o cara continuasse e "mostrasse quem é que realmente mandava" e "que deixasse claro que iria come-la de qualquer jeito". E quem de nós pode julgar o comportamento de uma pessoa que pensa diferente de nós? Desde que ela deixe claro para o cara acho que ela está no seu direito de querer dispor do seu corpo da maneira que lhe aprouver.
 
Última edição por um moderador:
O problema Éomer é que é aí, no ponto da interpretação (ou adivinhação) que as coisas se tornam cinzas e viram "ele disse, ela disse". Pois não há testemunhas de um crime praticado entre 4 paredes.
Como eu relatei, tem caras que não entendem um NÃO até que vc aja de forma mais violenta (com um empurrão, no caso).
E tem meninas inexperientes demais pra saber se defender de um tipo desse. Eu mesma, anos atrás, ficaria sem ação.
E tem mulher que arma pro cara tbm... (ah, não venham me dizer que não!) Que por vingança depois sai falando que não foi consentido.

Eu procuro ser coerente, não fazer esse tipo de joguinho pra evitar esse tipo de situação. Mas cada um sabe de si.


E quanto a julgamentos, é ilusão demais achar que um dia ninguém olhará pra vc (vc genérico) e nunca pensará nada a seu respeito.
As pessoas SEMPRE vão achar algo.

Tem quem me ache doida, tem quem me ache perdedora, tem quem me ache frustrada, tem quem me ache certinha demais, tem quem me ache chata, tem quem me ache legal... a importância que esse achismo vai ter pra mim é do mesmo tamanho da importância que a pessoa tem na minha vida. Estranhos que eu posso manter distância não me fazem diferença nenhuma! Mas eu procuro prevenir situações que podem me por em perigo, SIM, porque o mundo é cruel e não uma linda fantasia utópica onde todo mundo é bonzinho!

imperfeição)

Se é gorda, não serve. Se é magra demais, não serve.
Se é baixinha, ela não te alcança. Se é alta, fica feio.
Se é gostosa, é fútil. Se não tem peito e bunda, é reta.
Se é nerd, é chata. Se não é estudiosa, é burra.
Se tem ídolos, é infantil. Se não tem, nunca vai ser nada, porque não tem em quem se espelhar.
Se fala “eu te amo” toda hora, é falsa. Se não fala “eu te amo”, é fria.
Se é fechada, é sem papo. Se se aproxima, fala demais.
Se sorri demais, é mentira. Se chora demais, é exagero.
Se é rico, é metido. Se é pobre, é coitado.
Se é engraçado, quer se mostrar. Se é quieto, é sem graça.
Se beija demais, não sabe se respeitar. Se não beija todo mundo, é idiota.
Se tem tatuagens/piercings, é revoltado. Se não tem, é sem personalidade.
Se ultrapassa as regras, não tem postura. Se não ultrapassa, é certinho.
Se não fala, é antipático. Se fala, está afim.
Então, seja o que você quiser. Nada vai estar bom para a sociedade mesmo.

(perfeita-imperfeição)
 
Na minha humilde opinião não vejo necessidade desta marcha. Por que este nome de vadia?

A mulher ou o homem que merece respeito não é pela vestimenta, ou por mostar a xota ou pau pra tudo mundo ver e sim pelas suas atitudes.

Por um acaso para a mulher ser mais respeitada e ter mais espaço como ser de direitos e deveres tem que passar pelo crivo da vadiagem?

Eu respeito as mulheres e tenho total veneração por elas, mas isso daí não é preciso. E lamento se fui ignorante nos meus argumentos.
 
Invadiram igreja estando seminuas durante culto havendo crianças no local? Manda prender e dar uma camaçada de pau pra terem respeito antes de abrirem a boca pedindo alguma coisa.

Elas são tão burras que pensam que invadindo igrejas e fazendo passeatas contra o estupro vai adiantar alguma coisa? Puta merda, as feministas de antigamente eram MUITO mais inteligentes.
Problema do estupro é simples: mais policiamento (polícia bem treinada, não uns sacos de batata ambulantes que mal são treinados), castração do estuprador e deixar apodrecer na cadeia, de preferência limpando banheiro com escova de dente.
Uma cambada de gente sai pelada no carnaval e todo mundo acha bonito, que que essas tongas querem de direito de se vestirem se até pelado o povo anda?
 
Nhoim! :amor:

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Porque tudo tem um outro lado.

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O protesto original por causa das roupas não era por causa dos culpados pelo estupro, e sim a uma reação da polícia no Canadá, de julgar a vítima por causa das roupas que vestia. Existe uma tendencia por parte da polícia de tentar culpar as vítimas nesses casos. Aí surgiu o protesto.

A questão da roupa é empregnada quando o assunto é mulher que não é apenas nos casos de estupro. Nos EUA por ex é comum algo tipo assim: Hilary Clinton anuncia retirada as forças especiais do Afeganistão. Comentário da emprensa: Nossa, a Hilary está com um expressão tão cansada, ela deveria fazer x y z.

É cultural na parte dos homens e da mulheres (eu arrisco a dizer que principalmente por parte das mulheres) de julgar outras mulheres pelas roupas que vestem.
 
Na minha humilde opinião não vejo necessidade desta marcha. Por que este nome de vadia?

Foi o que me fez virar os olhos pra essa marcha. Marcha das Vadias? É óbvio o tom de ironia ácida no nome, mas mesmo assim, desnecessário. É quase um chamariz para os desocupados irem fazer número quando, na verdade, só estavam de olho nos corpitchos. Perderam a razão totalmente quando invadiram a igreja, ou até mesmo quando tiraram a roupa. ''O corpo é meu, faço o que quiser com ele.'' Claro, mas faça-o com o minimo de integridade e bom senso. Existe hora e lugar para tudo: que tipo de protesto exigindo respeito e que parem de julgar é feito de qualquer jeito, com mulheres seminuas, numa rua movimentada, com crianças e idosos passando? Cadê o respeito a eles?
Eu defendo a ideia de cada um se vestir do jeito que quiser e CLARO que ninguem tem que ficar se moldando e se adaptando o tempo todo a um modelo que a sociedade definiu como certo ou aceitável, mas, como eu disse, tem hora e lugar para tudo! Acho errado a garota querer pular etapas de sua vida e com 10 anos já andar de salto 15 e costas nuas, é isso que deveria ser combatido porque são coisas assim, cada dia mais corriqueiras, que atraem os doentes mentais. Hoje existe uma politica muito à modo caralho de ''faça o que voce quiser, ninguém paga suas contas'', que não é de todo errada, com certeza não, só está sendo mal administrada.

Pensem na situação não tão hipotética de uma menina da quarta serie que vai de mini saia pro colégio, quilos de maquiagem na cara, sandália de salto e dobra a blusa para que apareça a barriga. Ela está querendo se mostrar para quem? Para os homens? Acho dificil um garoto da quarta serie olhar com muita malicia para essa menina. Mas e quando ela sai pra voltar pra casa, ela será um alvo para as mentes doidas despertarem. Ela pediu por isso? Pode até ser que o objetivo tenha sido chamar a atenção geral, mas NUNCA passa disso. Mulher, menina, adolescente, por mais que ela queira ser vista, o máximo que ela quer é ser comentada e admirada e o que mais se ouve na mídia é: o que é bonito é pra ser mostrado. Quando essa concepção é má administrada logo cedo, a menina vira uma adolescente sem bom senso e depois uma adulta que acha que pode fazer o que quiser, sem ligar para nada que dizem, alheia às criticas.

Acho curioso o protesto ser anti-machismo. A maioria das mulheres (e aqui eu falo da massa popular feminina) naturalmente vira os olhos quando encontra um homem mais sensível à moda (porque o comum é homem não ligar muito pra isso, popularmente falando). Quem mais julga as mulheres são as proprias mulheres, que naturalmente apontam falhas e tacham o que é feio e o que é incorreto, aliadas a um conceito pré-definido da sociedade.
 
Será que teve alguma gorda nessa protesto? E se teve, as magrinhas ficaram apontando e rindo?
Enfim, o que importa é que nunca nenhuma dessas "mulheres liberadas" vai dar pra mim. Então...
 
Melian, se manifeste! :pipoca:
FDP! :lol:
Evitei fazer isto (me manifestar) durante o dia inteiro, porque minha opinião sobre o assunto diverge da opinião de todos. E eu sou grossa, impulsiva demais para conseguir fazer um post que não vai ofender a ninguém. E eu não tenho a intenção de ofender a maioria das pessoas que postou no tópico, porque são pessoas muito bem quistas por mim.

Como diria o Jack, vamos por partes (e, não, não estou citando o Jack, um psicopata, serial killer, aleatoriamente. Citá-lo faz parte de algo que quero dizer):

Eriadan até brincou, DEBOCHOU, dizendo para eu me manifestar, mas acho que ele não é o único que estava esperando o meu post. Afinal, em um tópico no qual fala-se sobre feministas, espera-se que a feminista declarada do fórum dê a sua opinião.

Bem, uma coisa é fato: todos que me conhecem, minimamente, sabem que eu abomino piadinhas de gênero. Sabem que a minha posição em relação a essas coisas chega a ser muito radical. E sabe, também, que posturas machistas estão inclusas no pacote restrito de coisas que me fazem ficar irritada a ponto de desfazer amizades, perder a vontade de postar em fóruns, whatever. E, não, não estou mandando indireta para o Paganus. Odeio indiretas. Eu o excluí do facebook e o bloqueei no twitter, porque cheguei no meu limite. Esse assunto, para mim, não é uma brincadeira boba de "eu prefiro marvel" e "eu prefiro DC" ou alguma provocação envolvendo futebol ou coisa do gênero. Para mim, o assunto é sério. E me irrita, absurdamente, quando estou em uma discussão e alguém me vem com piadinhas do tipo "vou pegar a pipoca" ou quando alguém começa a dizer coisas como "não vejo esse machismo todo que você vê, não vejo toda essa violência contra a mulher que você vê". Por que esse tipo de coisa me irrita? Porque o que vocês não veem, eu vejo por vocês. O que vocês não veem, eu vivi. E, sinceramente, não é nada agradável. Voltarei nesse assunto em outra parte do post.

Respeitosamente (já que eu acho que nunca li tanto o uso da palavra "respeito" aqui no fórum como neste tópico), eu discordo, VEEMENTEMENTE (adoro advérbios!) que seja normal que uma pessoa seja chamada de 'vadia' por ela gostar de usar roupas curtas. Quando você diz que uma pessoa está com cara de defunto, você está sugerindo que ela está pálida. Defuntos, sem maquiagem, são pálidos. FATO. Defuntos SÃO pálidos. O mesmo serve para mulheres de roupa curta? Toda mulher que usa roupa curta é puta? Para, gente. PARA. Acho retrógrado dizer que quem usa roupa curta NÃO SE DÁ AO RESPEITO. Então é super original dizer que se as pessoas SE COMPORTAREM, elas não serão taxadas. Se comportarem com base em que, mesmo? Qual é o referencial? Se comportar conforme os preceitos religiosos? Se a pessoa for religiosa, sim, ela vai seguir esse padrão. Se for evangélica, de uma igreja pentecostal, vai usar roupas longas, batendo lá no pé. Isso garante que ela seja MUITO ÍNTEGRA, né? Antes que encham o saco, não tô falando sobre o que não sei, tá? Já fui católica e já fui assembleiana. E já vi muita gente esconder falta de caráter embaixo de saia. Por causa disso, eu vou dizer que TODA MULHER QUE USA SAIA BATENDO NO PÉ ESCONDE A SUA IMORALIDADE (palavrinha que eu sei que vocês adoram usar!) NO MEIO DE UM TANTO DE PANO?

Em Brasília, no congresso, há 2834274937482 mil mulheres que se vestem com roupas sociais, roupas que as cobrem até o pescoço. Isso é garantia de que elas estão SE DANDO AO RESPEITO OU É UM INDÍCIO DE QUE NÃO ESTÃO? Não, não é. Que estão SE COMPORTANDO? Tudo bem em roubar dos brasileiros, mas faça isso bem vestido, tá? A roupa não faz o monge, o monge faz a roupa e o guarda-roupa inteiro.

Roupa define caráter, princípios e coisa do tipo? Não, não define. E se vocês acham normal que as pessoas sejam chamadas de putas pela roupa que elas usam é porque a mentalidade de vocês está impregnada da concepção preconceituosa e mesquinha que vem sendo perpetuada, ao longo de muito tempo, pela sociedade. É difícil se desvencilhar disso, eu sei que é, mas não é impossível. Uma marcha apelativa como a das Vadias serve para chamar a atenção para isso. Tão púdicos, vocês, questionando o nome da marcha. Sério que o nome de uma marcha é mais importante para vocês do que o que a marcha propriamente dita representa? É por darem importância demais a coisas secundárias que vocês não conseguem perceber as coisas que são realmente importantes. É necessário um nome que choque, um nome que chame a atenção, um nome sarcástico, um nome que faça com que a marcha não seja lembrada por ser só mais uma manifestação que fez com que o trânsito ficasse congestionado.

E, vejam só, o nome incomoda, né? A imagem da mulher angelical, quase uma santa, dos romances românticos (não é pleonasmo. o primeiro romance diz respeito ao gênero literário, e o segundo, ao estilo literário, estilo de época, como vocês preferirem chamar) não choca, né? A imagem das princesas disney, assexuadas, não choca, né? Eu admiro mulheres que são como QUEREM ser, que TÊM o direito de escolha. Se quer ser casta, beleza. Se não quer ser casta, beleza também. Agora, ser casta porque te disseram que é assim que uma mulher tem que ser, eu não acho ok. Ser não casta porque essa é uma maneira de ser cool e ser aceita por uma parcela da sociedade, eu não acho ok. Eu sei que é impossível fugirmos, 100%, de condicionamentos. Mas se tivermos 1% de escolha, não deixemos que os outros façam as nossas escolhas por nós. No caso da Disney, as personagens femininas são assexuadas. "Ah! mas são desenhos para crianças!". Suponho que seja pensando na instrução dessas crianças que se coloca sensualidade nas vilãs, e ensina que sensualidade, SEXUALIDADE, para ser mais exata, é uma coisa RUIM, ao invés de dizer que é algo inerente ao ser humano.

Eu não uso roupas curtas, não uso porque não me agradam, não porque roupa curta é coisa de puta. Que concepção idiota, mesquinha, preconceituosa, simplista. Tire os seus rótulos do caminho, que eu quero passar com a minha liberdade!

Eu acho muito conveniente vocês se esquecerem do foco do movimento por que algumas das mulheres que estavam na marcha (ou vão me dizer que mais de mil mulheres invadiram a igreja?) exageraram, erraram a mão. Sim, eu acho que a igreja (não só a católica, a evangélica é mais forte nisso) perpetua, sim, o machismo. A posição da mulher na igreja ainda é muito desconfortável. Há 15 dias, presenciei o casamento de uma prima, que foi celebrado por uma pastora. oh! um avanço, uma mulher celebrando um casamento! Não, ela funcionou como uma reprodutora do discurso vigente. E, olhe, sabem aquilo de vocês dizerem "não é que a gente queira que a mulher seja submissa ao homem, é que o homem será tão bom para a mulher que ela nem vai conseguir discordar dos seus pedidos". Parem, ok? Não quero vomitar no meu laptop. O ponto aqui, é o seguinte: não é entrando na igreja durante a marcha que se resolve a questão, porque a igreja também reproduz o modelo herdado pela sociedade patriarcal. Então, não, não é COLOCANDO FOGO em uma comunidade local que se resolve as coisas, não. Mas eu queria, mais uma vez, chamar a atenção de vocês para uma coisa: a marcha não se resume a esse episódio lamentável.

Outra coisa. Eu estava olhando um vídeo divulgando a marcha, antes que ela acontecesse, no youtube. Achei a ideia central legal, atacando pontos importantes, mesmo, da coisa. Mas aí vi, no texto de descrição, algo que achei muito errado. Era uma fala que dizia que homens que estupravam mulheres não eram doentes, eram machistas. OI, PERAÍ, MINHA GENTE. Há casos e casos. Psicopatas existem, sim, e não há "cura" para isso. É um problema real. Por isso comecei citando o Jack ali em cima. Serial Killer, muito conhecido, prova de que, sim, há os casos de estupros que são medicamente explicados.

Perceberam que eu estou citando pontos que acho questionáveis na marcha? Não vejo problemas em citá-los. Vejo problemas em, por causa deles, reduzir a marcha a algo estúpido, a algo sem foco, dispensável.

As mulheres presentes na marcha se vestirem com poucas roupas para defenderem UM PONTO, não quer dizer que elas ignorem todos os demais pontos. Elas estão defendendo o direito de se vestirem como quiserem sem serem taxadas por isso, ou sem que os homens achem que elas estão se oferecendo para serem estupradas. PONTO. A luta feminista é SÓ ISSO? Se resume a isso? NÃO.

Elas pegaram UM PONTO para representar O TODO. É como uma metonímia. Quando você pede A MÃO de uma mulher em casamento, você não está pedindo A MÃO, está pedindo TODA A MULHER, mas a mão representa o todo, é uma metonímia. As mulheres que organizaram e participaram da marcha pegaram UM DOS PONTOS para representar os demais.

Por causa dessa concepção de que 'veste roupa curta é vadia, não se dá ao respeito, não merece respeito', acontece de maridos espancarem esposas porque se acham no direito de monitorar o tipo de roupa que a mulher deve usar, porque MULHER DE FAMÍLIA não usa roupa curta. Estou falando hipoteticamente? Não, eu não estou. Quando eu disse que vivi a coisa é porque eu sou a quarta filha de um casamento complicado. Não existe violência contra a mulher? Vocês não veem? Tudo bem, eu era uma criança quando vi, e posso relatar, com riqueza de detalhes das noites que passei acordada com medo de dormir e meu pai matar a minha mãe (foi aí que conheci a 'amiga' insônia). Já vi minha mãe com o olho roxo, porque meu pai se achava no direito de bater nela porque ela gostava de se arrumar. Já entrei na frente do meu pai porque ele estava com uma faca para matar a minha mãe. Eu não gosto de festas, mas tinha de escolher ir a alguma festa com a minha mãe ou ficar em casa ouvindo meu pai chamá-la de vagabunda, puta, etc.

Já falei que sou militante desde os seis anos de idade, né? Na noite em que, com seis anos de idade, cantei o jingle de um candidato a vereador, minha mãe e eu dormimos na casa de um dos meus tios. Meu pai não abriu a porta da casa para nós entrarmos. Ter passado por tudo isso fez com que eu saísse por aí dizendo que todo homem é vagabundo, machista e não presta? Procurem, em todos os meus posts no fórum, e vejam se eu falei isso. Não falei. A experiência que eu tive em casa me fez saber o tipo de homem que eu não queria para mim. Essa experiência conturbada que tive me faz ser mais cautelosa, sim, me faz ficar receosa, sim, em relação a relacionamentos, mas não saio dizendo que TODOS os homens são assim. Não aceito e não admito que FDP nenhum encoste um dedo em mim. Minha mãe aguentou por 25 anos. Eu não aguentaria a primeira vez. É uma escolha que eu fiz. Vou julgar minha mãe por ela ter demorado tanto para se separar? Não, não vou, ela cresceu em um outro ambiente, cresceu no interior, onde essa concepção de HOMEM MANDA, MULHER OBEDECE é mais forte, ainda. Mas ela conseguiu se libertar. E eu luto para que outras mulheres também consigam se libertar. Eu luto para ajudar na conscientização das mulheres de que elas não precisam passar por isso. E eu luto para que as mulheres sejam livres.

Marchas não mudam a opinião de ninguém. Marchas têm a intenção de fazerem as pessoas refletirem sobre o assunto. Colocarem os assuntos em pauta, e não simplesmente fingirem que o problema não existe. Quando você admite a existência do problema, você começa a pensar, efetivamente, em soluções para ele. Soluções dignas, políticas públicas, e não moralismo barato do tipo "VISTAM ROUPA E PAREM DE ANDAR PELADAS".
 
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Estupro é algo tão abominável que até a maioria dos criminosos não o tolera, afinal bandidos também têm mães, filhas, esposas etc e é nelas que eles pensam, quando se deparam com um estuprador, na cadeia. Mas a triste realidade é que a tal marcha serve mais para dar vazão ao exibicionismo reprimido e à misandria pura e simples. Quanto ao termo "vadia", considero o uso dele um equívoco, pode até servir para chamar a atenção no início, mas breve, breve, ele se tornará algo folclórico, "Marcha da Liberdade Feminina", ou algo do gênero, embora pudesse não atrair tanto as atenções, seria muito mais eficiente no longo prazo.

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eu concordo parcialmente com a melian. marchas não deixam de ter o seu efeito infinitesimal sobre a sociedade (no mínimo, as pessoas, ao verem as suas tias, sobrinhas, primas, irmãs, esposas, etc etc etc; na marcha, poderaram, nem que por uma fração de segundo, sobre o que elas pensam de uma vadia), mas eu particularmente não sou simpatizante dessa abordagem pois, conforme comprovado neste tópico, dificilmente o efeito desejado por marchas alcança a mente geral da população. mas, sendo bastaaaaante otimista, não deixa de ser uma iniciativa positiva (pensando na tal fração de segundo).

infelizmente a humanidade (ocidente ou oriente, tanto faz) ainda carrega aquela idéia pejorativa, degenerativa, sobre a sexualidade. não falo somente sobre massas, mas também sobre elites intelectuais (o melhor exemplo, e relativamente recente, é o próprio nietzsche). quer dizer, o esforço de tantos séculos para "oprimir" a sexualidade, e a mulher, do ponto de vista de sociedades dominadas por homens, sendo o objeto sexual, significa que esses valores idiotas ainda vão durar um tempinho. mas, convenhamos: as coisas estão melhorando :)

eu só acho bem esquisita essa forma de "chocar" que as manifestações recentes tem adotado. quer dizer, tomando como exemplo essa marcha. será que os valores tradicionais foram "abalados", ou então foram "fortificados"? a impressão que eu tenho é a segunda opção. não lembro de qualquer exemplo histórico de uma mudança/ruptura alcançada através de porradas aleatórias por aí...
 
Provavelmente algumas pessoas não vão gostar do que eu vou dizer, mas aí vai...
Eu sou a favor de ir pras ruas e lutar por direitos e por espaço na sociedade. As classes historicamente reprimidas têm mais é que se organizar e forçar a criação deste espaço. Quando olhamos para a situação social da mulher no ocidente (e aqui vou me permitir generalizar), vemos um histórico de lutas que resultou em grandes conquistas desde meados do século XIX. As lutas foram árduas, mas hoje vemos mulheres indo às urnas, às universidades, competindo no mercado de trabalho, constituindo renda, entre outras coisas. Sobre a marcha das vadias, eu havia lido pouca coisa a respeito. E pude entender algumas questões um pouco melhor a partir das discussões neste tópico.
Bom, vamos ao ponto. Existe uma coisinha chamada cultura, em que estão envolvidos costumes, práticas sociais e representações. As pessoas crescem e se formam nesse meio cultural, que embora não seja estático, tem peso significativo na formação do sujeito a partir dos círculos de sociabilidade que este freqüenta. O que me incomoda por vezes nesses discursos é supor que a mulher que se idealiza é um extra-terrestre sem qualquer vinculação com o meio social que a produziu e que, portanto, pode tomar quais atitudes queira sem ser submetida a quaisquer formas de julgamento. A questão da roupa curta é uma bandeira? Certo, mas toda mulher na maior parte do ocidente tem o direito de se vestir da maneira como escolher. Mas elas não vão mudar a consciência cultural de uma hora pra outra. Se recorrermos aos clássicos da Sociologia (e aqui o Felagund pode falar com mais propriedade que eu), quando Durkheim teoriza sobre os "fatos sociais", ele diz em determinado momento que é possível escapar às suas determinações... mas nesse processo o sujeito sofre múltiplas coações. Se recorremos a Marx, podemos ainda buscar o conceito de dominação, historicamente presente nas relações de gênero.
Mas a mim a tal Marcha das Vadias parece um movimento burro, que não teve sequer a capacidade de definir de maneira mais precisa as suas bandeiras. Privilegiou-se muito o espetáculo: "oh, estamos chocando com esse nome radical e com os peitos de fora...", e o movimento foi extremamente esvaziado do ponto de vista político. O objetivo da marcha é chocar para propor reflexões? Não vejo este efeito, com exceção de alguns nichos. O objetivo é a construção de um consenso menos opressor em relação à mulher (digo menos opressor, porque opressões sempre haverão sobre homens ou mulheres) no seio da sociedade civil e não apenas em determinados círculos interessados, certo? Então há algo de errado na forma como a manifestação foi levada adiante.
Noções de moda e estética são historicamente elaboradas, isto é, há uma noção de bonito e feio socialmente aceita. Se se pretende atacar essa questão, é preciso fazê-lo de maneira mais inteligente. Adotar como nome, de bom grado, a pecha que os ditos "machistas" atribuem a certos comportamentos femininos é um erro político. Isso ataca o problema ou o reforça perante a sociedade civil? O nome de um movimento não é um detalhe sem importância... é a síntese de uma luta.
Me chamem de machista se quiserem, mas acho pouco provável que eu algum dia namore uma mulher que use roupas muito curtas. Sou um homem do meu tempo, gerado em um contexto em que as representações interiorizadas classificam como imoral este tipo de comportamento. E assim eu penso. A moral não é algo alienígena, que as pessoas escolhem a que mais lhe aprouver na 25 de março. Ela é historicamente constituída. E se se pretende mudá-la, o caminho é muita luta mesmo. Mas essa luta deve ser bem pensada para não cumprir o papel contrário do que tem como objetivo no plano da retórica. Como o feminismo como ação política em geral está situado na esquerda, acho que, na forma como essa tal marcha vem sendo realizada, não seja um abuso classificá-la como um "esquerdismo" de gênero.

PS: Só pra ressaltar: essa coisa de culpabilizar mulheres vítimas de estupro com base na maneira como se vestem é uma babaquice aviltante.
 
Um dos riscos que o movimento corre, sendo conduzido dessa forma, é se transformar no que se transformaram as passeatas GLBTS. Uma grande micareta de mau gosto, que perdeu totalmente o sentido original, que era o da reivindicação de direitos das pessoas com orientação sexual homossexual de viverem a sua sexualidade de maneira livre.
 
Última edição:
Eu achei perfeito o post do Timewolf, mesmo. O da Melian foi quase perfeito, digo isso, por causa da insistência na demonização dos valores tradicionais que eu, IMO, não vejo como machistas em si. Acho que é aqui que você me interpretou errado, seja no fórum, seja no facebook.

Vou tentar explicar melhor, seguindo a linha do Timewolf.

Eu sou cristão ortodoxo, convertido à essa religião pelo mesmo motivo que aderi à Igreja católica por anos: Tradição. E é o mesmo que busco em todas as outras religiões: a presença de uma sabedoria ancestral e espiritualizada que reintegra o homem quebrado e ignorante a uma esfera do Ser que, antes da recepção dessa tradição religiosa, lhe era inacessível. Religando-se ao seu passado mítico de liberdade e imortalidade, ainda que agora reduzido a representações simbólicas e litúrgicas, esse homem vai se curando da mundanidade da morte e do sofrimento, transfigurando-os (isto é, sem negá-los) em salvação.

Por isso não basta fazer um amontoado de crenças, crer e viver apenas o que eu, com minha consciência moral obscura e imperfeita, creio ser conveniente. Trata-se de identificar uma filosofia verdadeira e viver sua Tradição de forma orgânica e ininterrupta. Nesse sentido, não vejo tal Tradição como machista, mas maculada por diversos condicionamentos, incluindo os de gênero, ou seja, Tradições deturpadas por discursos e práxis de grupos influentes que a dominam, seja uma hierarquia eclesiástica, seja um Estado forte, etc. Como viver essas Tradições? Purificando-as pela razão. Mas essa razão quebrada, destruída, mundana? Fica muito difícil ao religioso conciliar as modernas concepções de liberdade e igualdade que são conquistas da razão e de lutas diversas com concepções Tradicionais. Eu tento conciliar, correndo o risco de relativizar minha fé, mas sabendo que tal crença precisa ser purificada de seus condicionamentos SIM, preservando o essencial.

O que me aborrece nos discursos feministas é essa demonização de toda Tradição, a negação do valor de toda moral e crença por ser ela 'continuação de discurso ideológico machista'. Isso eu discordo veementemente. A proibição da ordenação de mulheres é um ensinamento tradicional, portanto, que eu defendo contra qualquer tipo de protesto que ponha em cheque a autoridade tradicional das crenças. Sou machista por isso? Não, simplesmente defendo a Tradição antes e depois defendo que tal ordenação seja discutida com o auxílio das ciências e da consciência moral moderna para que possamos chegar a um consenso. Derrubada de valores tradicionais? Nunca vou concordar com isso porque creio que é deles que o homem se alimenta. Talvez seja por isso que não sou fã de nenhuma esquerda, por essa insistência em derrubada de valores tradicionais em vez de sua REFORMA.

Quanto a brincadeirinhas minhas no meio da discussão, não estou diminuindo o sofrimento das mulheres ou tirando sarro delas, jamais! Só estou sendo idiota e rindo de mim mesmo e dos meus amigos como faço em toda conversa franca. Sou assim mesmo, babaca. :lol:
 
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