O Prêmio Nobel da Paz e ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela reuniu 32 histórias populares de seu continente na antologia "Meus Contos Africanos" (em tradução livre), que ainda foi ilustrada por 16 artistas locais.
O livro foi concebido "para que a voz do narrador de contos nunca morra na África", e para que as crianças "nunca percam a capacidade de ampliar seus horizontes com a magia de seus relatos", escreve Mandela no prólogo.
Transmitidos como obras faladas de geração em geração e recolhidos por escrito por 19 literatos africanos, os relatos incluem parábolas e fábulas que projetam doutrinas morais universais a partir de elementos do folclore africano.
"É uma coleção de relatos profundos, pequenas demonstrações da valente essência da África, que em muitos casos são também universais pelo retrato que fazem da humanidade, dos animais e dos seres místicos", destaca Mandela.
Entre os protagonistas dos contos há "espertas lebres, chacais - quase sempre no papel de trapaceiros -, hienas - perdedoras em quase todas as histórias -, leões, serpentes que inspiram medo e são ao mesmo tempo símbolo do poder, pessoas que se transformam em animais e sinistros canibais".
Com predomínio dos tons vivos e grande diversidade de técnicas, os 16 artistas africanos dão luz e cor aos relatos, em ilustrações onde retratam a arte tradicional africana e a influência da história em quadrinhos e das vanguardas artísticas ocidentais.
Da mesma forma que os escritores e ilustradores da obra, os contos escolhidos têm sua origem em diferentes regiões do continente africano, embora em sua maioria se concentrem na zona sul.
"Um conto é um conto e qualquer pessoa pode contá-lo seguindo sua própria imaginação, sua forma de ser e seu entorno; e quando o conto cria asas é impossível mantê-lo ao nosso lado. Mas não há problema, porque qualquer dia ele voltará até nós, enriquecido com novos detalhes e uma nova voz", diz Mandela, agraciado com o Nobel da Paz em 1993 por sua luta contra o apartheid.
O ex-presidente africano lembra a origem nômade do conto com a anotação final tradicional que os narradores de etnia ashanti incluem em seus relatos: "Esta é a história que relatei, seja ela agradável ou não; leve uma parte a outro lugar e deixe que a outra parte volte a mim".
Além dos relatos e ilustrações, o volume inclui um glossário, um mapa da África com a procedência de cada conto indicada e perfis biográficos dos escritores e artistas cujas obras são reproduzidas.
fonte:www.uol.com.br
