• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Macunaíma (Mário de Andrade)

Meia Palavra

Usuário
Quando li Macunaíma pela primeira vez, acho que estava nas mesmas condições de temperatura e pressão (hehe) que muita gente que leu Macunaíma pela primeira (e única) vez. Estudante perto do vestibular, com literatura brasileira enfiada goela abaixo e portanto um leve preconceito sobre algo que não me permitiam conhecer sozinha, no meu tempo. Conclusão? Achei um saco. Só parei de torcer o nariz para o nome de Mario de Andrade depois de conhecer a brilhante coletânea de crônicas chamada Os Filhos da Candinha (fica a sugestão aí).
E então que eu resolvi dar uma segunda chance e pedi de presente de aniversário. Ganhei da Day, que deu para mim outros ótimos livros, incluindo uma versão em inglês de Ensaio sobre a cegueira que ainda tenho que ler. Enfim, que surpresa ahn. Adorei Macunaíma. Devorei o livro nas horas que tinha livre e depois ainda fiquei pensando nele, saboreando alguns momentos e pensando em como deveria ter sido legal conversar com o Mário de Andrade, há.

LEIA O RESTO DO ARTIGO NO BLOG DO MEIA PALAVRA
 
[Respostas recuperadas do tópico aberto originalmente em 29/01/2010]

Anica disse:
Macunaíma, obra de 1928, do escritor brasileiro Mário de Andrade, é considerado um dos grandes romances Modernistas do Brasil.

A personagem-título, um herói sem nenhum caráter (anti-herói), é um índio que representa o povo brasileiro, mostrando a atração pela cidade grande de São Paulo e pela máquina. A frase característica da personagem é "Ai, que preguiça!". Como no dialeto indígena o som "aique" significa "preguiça", Macunaíma seria duplamente preguiçoso. A parte inicial da obra assim o caracteriza: "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite."

A obra é considerada um indianismo moderno e é escrita sob a ótica cômica. Critica o Romantismo, utiliza os mitos indígenas, as lendas, provérbios do povo brasileiro e registra alguns aspectos do folclore do país até então pouco conhecidos (rapsódia). O livro possui estrutura inovadora, não seguindo uma ordem cronológica (i.e. atemporal) e espacial. É uma obra surrealista, onde se encontra aspectos ilógicos, fantasiosos e lendas. Apresenta críticas implícitas à miscigenação étnica (raças) e religiosa (catolicismo, paganismo, candomblé) e uma critica maior à linguagem.

Em Macunaíma, Andrade tenta escrever um romance que represente o multi-culturalismo brasileiro. A obra valoriza as raízes brasileiras e a linguagem dos brasileiros, buscando aproximar a língua escrita ao modo de falar local. Mário de Andrade tinha uma idéia de uma "gramatiquinha" brasileira que desvincularia o português do Brasil do de Portugal, o que, segundo ele, vinha se desenrolando no país desde o Romantismo. Ao longo da obra são comuns as substituições de "se" por "si", "cuspe" por "guspe" entre outras.

No episódio "Carta pras Icamiabas", Andrade satiriza ainda mais o modo como a gramática manda escrever e como as pessoas efetivamente se comunicam. Aproveitando-se do artifício de uma carta escrita, Macunaíma escreve conforme a grafia arcaica de Portugal, explicitando a diferença das regras normativas arcaicas e da língua falada: "Ora sabereis que sua riqueza de expressão intelectual e tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra".

Fonte: Wiki

***

Achei estranho não ter tópico desse livro ainda, acho que procurei mal. De qualquer modo, (re)li na semana que passou, e confesso que a cada dia que passa gosto mais do Mario.

Vou postar algo mais elaboradinho sobre o livro depois, mas já abri o tópico para que o pessoal comentasse o que acha da obra e talz. Sei que é top5 com certeza entre os livros mais odiados das aulas de literatura brasileira :rofl:

Lucas_Deschain disse:
Posso dizer que cheguei a abandonar uma vez, mas agora já fui capaz de ler, já que desenvolvi um pouco mais minha paciência, hehehe.
Acho o livro complicado de ler, a linguagem muito doida, a maneira bem coloquial com a qual ele conta a história criaram uma forma de narrativa bem interessante, na minha opinião.
E o Macunaíma é um pilantra, hehehe, se você for relevando os "erros de português" que ele fala, a história é bem engraçada inclusive, me diverti bastante lendo. Não é o tipo de livro que dá uma grande vontade de ler novamente, mas acho que ele é bem importante, a busca do Muiraquitã parece a busca de Macunaíma por sua identidade, identidade de brasileiro, mas que continua ainda muito evanescente, variante, difícil de definir. Acho bem legal, vale a pena dar uma conferida.

Carrapicho disse:
Lucas_Deschain disse:
a busca do Muiraquitã parece a busca de Macunaíma por sua identidade, identidade de brasileiro, mas que continua ainda muito evanescente, variante, difícil de definir. Acho bem legal, vale a pena dar uma conferida.

Não poderia ter definido melhor. Enfim, é um livro que consegue retratar a essência do povo brasileiro:suas mazelas, superações e demais características. E Mario de Andrade consegue atingir esse objetivo com um humor um tanto autêntico (como fica evidenciado no capítulo Carta as Icamiabas, citado pela Anica), mesmo humor que muitas vezes oculta algumas críticas (fato também suscitado pela Anica). Crítcas, que com certo grau de abstração (ou não), ainda podem ser aplicadas em nosso tempo.

Acho que é um livro essencial para quem procura entender a literatura brasileira, apesar da leitura não fluir muito bem (opinião minha).

Lucas_Deschain disse:
Carta pras Icamiabas é o centro da crítica de Macunaíma, na minha opinião. Mário de Andrade buscava uma brasilidade em um tempo em que se exportava tudo de fora, a riqueza do café proporcionava o lucro e este, por sua vez, sustentava os costumes europeus em terras tupiniquins. Lembro que minha professora disse que havia barões do café que chegavam a mandar lavarem suas roupas na Europa!
Bom, o Mário de Andrade tem uma expressão que eu gosto muito: a moléstia-de-nabuco, que é aquilo de você sentir saudade do Sena em plena Quinta da Bocaiúva (mais ou menos assim), que evidencia justamente a evidência da brasilidade sobre essa "mania européia" da época. Acho genial!

LucasCF disse:
A resenha da anica me deu vontade de ler. Agora que já li o LFV, vou pegar esse aí pra ler, eu acho.

Lucas_Deschain disse:
Não são poucas as pessoas que desgostam ou simplesmente não compreendem a obra mais conhecida de Mário de Andrade, ela é uma obra com infinitas dimensões de reflexão e significado, que uma leitura despreocupada ou desatenta podem deixar passar batido. Somente na segunda vez, ano passado, para um trabalho de faculdade que pude explorar e compreender mais profundamente essa obra tão rica e criativa.
Foi justamente pesquisando sobre Mário de Andrade, bem como o período histórico e as idéias e condições que marcavam aquele "solo histórico" que Macunaíma ganhou sentido e tornou-se mais significativo para mim. Acabei por ganhar uma boa nota pelo trabalho e fiquei conhecendo bem mais a fundo um dos grandes literatos e teóricos literários brasileiros e sua mais famosa obra.

kirah disse:
Mário de Andrade é sempre uma delícia de se ler, mas acho que peguei Macunaíma antes de estar pronta para ele {se é que isso é possível}, o caso é que no alto dos meus 13 anos o que pude achar dele é que foi um livro divertido,"diferente" e muito, muito surreal, mas antes de tudo, brasileiríssimo...
Com certeza o lerei novamente um dia desses com a devida atenção que a obra merece...

Brianstorm disse:
No segundo período da faculdade (de Economia) meu professor de Economia e Ética passou aulas falando desse livro (fazia parte da matéria da prova), fazendo muitas comparações com Robinson Crusoé. Robinson eu li e gostei bastante, mas Macunaíma até hoje não criei vergonha para ler. Tenho que pegar na biblioteca.

Do Mário eu li "Amar, Verbo Intransitivo". Achei bom e tal, mas nada demais. Talvez isso que tenha me desmotivado com Macunaíma.
 
gostei muito desse livro!
a maneira engraçada que a historia é narrada me cativou!
tem mais não!
 
E aí que entrou férias, ele tava dando bobeira ali na estante, era curtinho e resolvi tentar...

Óia, se alguém traumatizou com isso aí lá no ensino médio por ter entrado em contato num contexto em que foi enfiado goela a baixo, a pessoa tá com toda razão, ein.

Já conhecia algo da obra do Mário de Andrade, li o 'contos novos' na época do vestibular e achei um porre. Uns tempos depois, fui ler um conto aleatório que eu lembrava de ter gostado e acabei relendo o livro todo e gostei demais. Daí que apesar da fama entrei otimista no Macunaíma... só que aqui a coisa é surreal demais, não é só a oralidade + regionalismo misturado + hibridismo + vocabulário indígena, nããããão... não bastate isso tudo a coisa é muito surreal. Assim... eu tô de férias, peguei o negócio por livre e espontânea vontade, tu se distrai por umas duas linhas e já não faz ideia do que tá rolando no capítulo. Deu um pulo tá em SP, aí foi atravessar a rua e tropeçou caiu em Roraima, mas isso quando era abajur, até virar um elefante porque precisava sair voando pra fugir do gigante. Fiquem calmo, não tem literalmente isso na história, mas alguns momentos não passam muito longe disso.

Tô aqui, edição da Penguin (que por sinal eu não entendo nem a ilustração da capa), indo para o último capítulo, depois tem o prefácio e um posfácio, além de estar me escorando em alguns vídeos do youtube pra pegar a ideia toda um pouco melhor.
Assim, tem seus momentos, já esbocei alguns sorrisinhos e tal, e acho que agora tô captando a ideia porque tô relendo alguns capítulos lá do início, porém se fosse no modo leitura obrigatória a birra seria grande.

Um bagulho que me pertuba fortemente é quando entra nas listagens de fauna e flora, do tipo: "fulaninho foi na beira-do-rio, mas aí um tucunaré mordeu seu pé, e também uma corvina, papa-terra, lambari, pirarucu, tilápia... (insira aqui mais uns 15 nomes de peixes)" Isso ocorre com uma frequencia um tanto pé-no-saco.

É isso, pós último capítulo mais apêndices e vídeos no youtube eu volto aqui pra reclamar mais um pouco.
 
E aí que entrou férias, ele tava dando bobeira ali na estante, era curtinho e resolvi tentar...

Óia, se alguém traumatizou com isso aí lá no ensino médio por ter entrado em contato num contexto em que foi enfiado goela a baixo, a pessoa tá com toda razão, ein.

Já conhecia algo da obra do Mário de Andrade, li o 'contos novos' na época do vestibular e achei um porre. Uns tempos depois, fui ler um conto aleatório que eu lembrava de ter gostado e acabei relendo o livro todo e gostei demais. Daí que apesar da fama entrei otimista no Macunaíma... só que aqui a coisa é surreal demais, não é só a oralidade + regionalismo misturado + hibridismo + vocabulário indígena, nããããão... não bastate isso tudo a coisa é muito surreal. Assim... eu tô de férias, peguei o negócio por livre e espontânea vontade, tu se distrai por umas duas linhas e já não faz ideia do que tá rolando no capítulo. Deu um pulo tá em SP, aí foi atravessar a rua e tropeçou caiu em Roraima, mas isso quando era abajur, até virar um elefante porque precisava sair voando pra fugir do gigante. Fiquem calmo, não tem literalmente isso na história, mas alguns momentos não passam muito longe disso.

Tô aqui, edição da Penguin (que por sinal eu não entendo nem a ilustração da capa), indo para o último capítulo, depois tem o prefácio e um posfácio, além de estar me escorando em alguns vídeos do youtube pra pegar a ideia toda um pouco melhor.
Assim, tem seus momentos, já esbocei alguns sorrisinhos e tal, e acho que agora tô captando a ideia porque tô relendo alguns capítulos lá do início, porém se fosse no modo leitura obrigatória a birra seria grande.

Um bagulho que me pertuba fortemente é quando entra nas listagens de fauna e flora, do tipo: "fulaninho foi na beira-do-rio, mas aí um tucunaré mordeu seu pé, e também uma corvina, papa-terra, lambari, pirarucu, tilápia... (insira aqui mais uns 15 nomes de peixes)" Isso ocorre com uma frequencia um tanto pé-no-saco.

É isso, pós último capítulo mais apêndices e vídeos no youtube eu volto aqui pra reclamar mais um pouco.
Esses dois exemplos são umas das coisas que eu acho mais divertido no livro, o primeiro essa coisa cartunesca de tratar o Brasil assim como uma coisa só, literalmente deu um pulinho e tá logo ali, enquanto a realidade é bem mais plural e cheia de barreiras...

e os exs infindáveis, eu entendo, mas morro de rir quando releio tbm, parece fazer troça desses compêndios enciclopédicos; se reparar, vc nem precisa ir pro dicionário pra saber que ele está falando de peixe ou de riturais etc, pq ele sempre termina com "e frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacororô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.")

Tenho que reler esse livro. Minha experiência foi de ler no ensino médio, mas não obrigatoriamente, pq uma professora passou só o epílogo, que é curtinho, e vendeu o livro com tanta paixão que eu voluntariamente fui até a biblioteca e peguei um exemplar. Me apaixonei ali.

Tem mais não.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo