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Macbeth (William Shakespeare)

Bilbo Bolseiro

Bread and butter
Terminei de ler esse livro ontem, aliás comecei e terminei, pensei que demoraria mais pra lê-lo, mas o fiz numa "tacada" só, em menos de três horas.
Eu gostei, mas achei a estória meio apressada, atropelada, os acontecimentos acontecendo muito rápidos, um atrás do outro. Sei que por se tratar de uma peça para teatro não poderia mesmo ser muito grande, ou ficaria impossível de ser encenada. Mas achei que algumas coisas foram solucionadas meio às pressas, como o fim da personagem Lady Macbeth, que mereceria um desfecho com mais atenção, já que ela tem papel crucial na estória.
Mas fora isso tem momentos muito bons, como o surto de pânico e loucura a que Macbeth é acometido no jantar que ele dá em "homenagem" a um de seus inimigos.
Quem mais leu, e o que acharam?
 
Eu adoro essa peça, embora não seja a minha favorita do Shakespeare (eu ando em uma fase Hamlet :dente: ). Sobre isso aqui que você comentou:

como o fim da personagem Lady Macbeth, que mereceria um desfecho com mais atenção, já que ela tem papel crucial na estória.

na verdade termos uma personagem feminina forte é a aberração do texto, digamos assim. até por causa das dificuldades sobre os atores (mulheres não podiam atuar na época de shakespeare), e também (é óbvio) pelo preconceito contra a mulher, as personagens femininas shakespearianas são essencialmente fracas. são sempre meio submissas e suas ações dependem das ações de personagens masculinas (é só ver cordélia, ofélia, e mesmo o que é feito da cleópatra, que vira uma personagem cômica e caricata).

assim, eu acho que na verdade o fim dado à lady macbeth é meio porque o próprio shakespeare não conseguiu lidar bem com o 'monstro' que criou, digamos assim. :think:
 
É verdade, você tem razão, eu não tinha visto por esse lado.
Acho que Shakespeare "se empolgou" ao criar a Lady Macbeth, e depois percebeu que ela era uma personagem "forte demais", de acordo com os padrões da época, que você citou. E aí pensou que se desse à ela um final com mais atenção isso poderia ofuscar a atenção das personagens masculinas, e por isso acabou com ela rapidamente, em segundo plano.
 
Pessoal, outro mimo da Cosac chegando aí: Macbeth - Traduçao Manuel Bandeira

Esta edição promove o encontro de três poetas - Bandeira, Shakespeare e Auden. Manuel Bandeira também foi tradutor, especialmente de peças de teatro, como 'O círculo de giz caucasiano' de Brecht e 'Maria Stuart' de Schiller. O casal de vilões Macbeth e Lady Macbeth, que sujam as mãos de sangue para chegar ao trono da Escócia, foi encarnado por atores do cinema e teatro do século XX - Sarah Bernhardt, John Gielgud, Lawrence Olivier, Jean Vilar, Paulo Autran e Tônia Carrero, entre outros reunidos na seleção iconográfica.

Lançamento previsto para o dia 26 desse mês
 
adoro mulheres más, sou fissurado em vilãs e, como ñ poderia deixar de ser, lady mcbeth é uma das minhas favoritas.

outra cena memorável é a da floresta móvel... e se me lembro bem, é nesta peça q tem um bobo da corte com humor ácido?
 
Não, não é nessa não. Pelo menos na edição que tenho não me recordo de nenhuma personagem assim, tem alguns mensageiros e um ancião que dão umas "cutucadas" no Macbeth, o criticam, mas bobo-da-corte acho que não tem não.
 
Eu adoro essa peça, embora não seja a minha favorita do Shakespeare (eu ando em uma fase Hamlet :dente: ). Sobre isso aqui que você comentou:



na verdade termos uma personagem feminina forte é a aberração do texto, digamos assim. até por causa das dificuldades sobre os atores (mulheres não podiam atuar na época de shakespeare), e também (é óbvio) pelo preconceito contra a mulher, as personagens femininas shakespearianas são essencialmente fracas. são sempre meio submissas e suas ações dependem das ações de personagens masculinas (é só ver cordélia, ofélia, e mesmo o que é feito da cleópatra, que vira uma personagem cômica e caricata).

assim, eu acho que na verdade o fim dado à lady macbeth é meio porque o próprio shakespeare não conseguiu lidar bem com o 'monstro' que criou, digamos assim. :think:

(jogando Phoenix Down no tópico):

Esse desprezo provavelmente seria a resposta à observação que o Carlos Alberto Nunes faz em seu prefácio, de que a Lady Macbeth é a única protagonista shakespeariana que se despede em prosa... Mas a Barbara Heliodora faz outra observação no prefácio dela que eu não havia percebido: a de que a Lady Macbeth não é uma personagem tão presente na peça, apesar de seu espectro aparecer constantemente e de forma bem marcada... O Fernando Pessoa a chama de "pérfida", e diz que foi difícil para Shakespeare escrever suas falas. Mas, afinal, essa perfidez da Lady Macbeth é assim tão grande? Ou será que o leitor vê, talvez por demais, Macbeth como o guerreiro virtuoso que desanda à carnificina e tenta dar uma razão corporificada na Lady Macbeth? A Barbara Heliodora nos lembra que, quando Macbeth vai conversar com a Lady Macbeth, ele já havia escutado as bruxas e já tinha uma certa resolução em relação ao assassínio. Afinal de contas, Macbeth se compara a um homem com roupas de gigante; Lady Macbeth, por sua vez, é mais incisiva:

(...) Come, you spirits
That tend on mortal thoughts, unsex me here;
And fill me, from the crown to the toe, top-full
Of direst cruelty! (...)


Mas Lady Macbeth não quer tentar controlar o futuro, conforme lembra W. H. Auden no posfácio reproduzido pela Cosac. Tanto é que Lady Macbeth julgava que, após o assassínio de Duncan, ela e Macbeth poderiam ser felizes... O Macbeth não conta pra ela do assassínio de Duncan. Sob certa ótica, Lady Macbeth, e talvez numa leitura mais simples, planeja a morte de Duncan visando a felicidade, ao passo que Macbeth excede esse limite por sua ambição... Posso até mesmo imaginar Macbeth, como uma espécie de Otelo, contando de seus feitos militares com grande pompa para sua Lady Macbeth, que quis uma ambição talvez ingênua...

Li a peça duas vezes pela tradução do Manuel Bandeira, que é uma coisa realmente incrível, apesar de, em determinadas passagens, outras traduções apresentarem soluções mais interessantes... Ainda há muito que se reler: a tradução do Geir Campos, do Péricles Eugênio da Silva Ramos, do Carlos Alberto Nunes, da Barbara Heliodora... Shakespeare se autometaforizou com a floresta que se move.
 
adoro mulheres más, sou fissurado em vilãs e, como ñ poderia deixar de ser, lady mcbeth é uma das minhas favoritas.

outra cena memorável é a da floresta móvel... e se me lembro bem, é nesta peça q tem um bobo da corte com humor ácido?

O bobo da corte de humar ácido aparece em Rei Lear. Com relação a obra Macbeth de fato a personagem de maior impacto é Lady Macbeth, pois é ela que leva a cabo o projeto de poder do casal.
 

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