Ja faz um tempinho, mas posto mesmo assim.
Mac abraça PC: e agora, Windows?
ENFIM JUNTOS - Paulo Otellini, da Intel,
cumprimenta Jobs, da Apple
O anúncio de que os computadores Macintosh vão migrar para a plataforma PC, feito pelo presidente da Apple, Steve Jobs, na semana passada, caiu como uma bomba entre os adoradores de Mac. Mas, para nós, consumidores, a notícia é excelente. É possível que os computadores Apple finalmente baixem de preço. A facilidade de uso do Mac poderá ser experimentada em nossos PCs. E o Windows passa a enfrentar concorrência em seu próprio terreno. Terá de melhorar, e rápido.
Jobs fez o anúncio durante a conferência anual de desenvolvedores de software para o Macintosh. Ele é um pop star. Suas apresentações são cuidadosamente elaboradas, cheias de piadas que só os insiders entendem. O público, fanático, aplaude e gargalha constantemente. Mas quando Jobs disse que o Mac vai migrar para a plataforma Intel, um silêncio pesado desceu sobre o Moscone Center, em São Francisco.
É compreensível. Usuários de Macs se acham mais espertos que os de PCs. Com raízes fincadas nos anos 80 e no começo dos 90 – quando os Mac eram indubitavelmente melhores –, esse sentimento acabou degenerando em um complexo de superioridade que se acentuava à medida que os PCs rodando Windows ficavam mais poderosos e fáceis de usar.
Afinal, dá uma sensação de “exclusividade” fazer parte da confraria dos 2,3% de usuários de computadores com a marca Macintosh. Contra a massa de mais de 90% que tem PCs rodando Windows.
Expert em design e usabilidade, a Apple também é mestre em usar esses sentimentos no seu marketing. Um comercial antológico do Mac nos anos 80 mostrava PCs da IBM como ferramentas do Grande Irmão de George Orwell. Mas, na década seguinte, a Apple trocou seus processadores Motorola por chips da “maligna” IBM.
Nos anos 90, outra peça de efeito para a TV usou personagens de um comercial da Intel, vestidos com roupas à prova de fogo, para insinuar que os processadores da empresa poderiam incinerar espontaneamente. E agora, os chips Intel, tão menosprezados, estarão no coração de cada Macintosh.
Foi exatamente esse comercial que o presidente da Intel, Paul Otellini, mostrou no auditório do Moscone Center, quando subiu ao palco para selar a parceria dando um forte abraço em Steve Jobs.
Depois de afirmar que superou os ressentimentos pelo marketing agressivo da Apple contra a Intel, Otellini disse estar “muito feliz vendo a empresa de computadores mais inovadora e a empresa de chips mais inovadora finalmente trabalhando juntas”.
A alegação de Jobs para trocar a IBM – que produz o cérebro dos Macs – pela Intel é que a antiga parceira não conseguiu produzir processadores de 3 Ghz para seus computadores de mesa. O engraçado é que há anos o marketing da Apple insiste em dizer que a superioridade da Intel nos megahertz de seus chips não significa performance superior.
A IBM também estaria tendo dificuldade em diminuir o consumo de energia de seus processadores, para viabilizar o lançamento de um notebook mais potente. Mas, para a maior parte dos analistas de Wall Street, o verdadeiro motivo por trás dessa mudança é que a Intel pode vender chips muito mais baratos, por causa da escala de produção dos PCs.
Apesar de Jobs garantir que o software atual vai rodar sem problemas nos futuros “Macintel”, o histórico das mudanças de chips anteriores da Apple levanta dúvidas a respeito. Ele também se diz despreocupado com a possibilidade dos Macs atuais ficarem encalhados nas prateleiras...
Quem não deve estar gostando nada dessa história é Bill Gates, da Microsoft. Outro perdedor em potencial é o sistema Linux, que estava prestes a superar os 2,3% de usuários de Mac em computadores pessoais. Em um ano, quem usa um PC poderá escolher entre três sistemas operacionais: Mac, Windows e Linux. E o Mac OS X Tiger, da Apple, parece ser mesmo o melhor.
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