Pior que isso, é "O Estranho Mundo de Sophia" (sim, entendi o livro, mas achei muito chato), e "A Insustentável Leveza do Ser" (que parte do nada e vai pra lugar nenhum).
Rapaz, recomendo que releia, A Insustentável Leveza do Ser é lindo! Uma das melhores coisas que eu já li.
Quanto à literatura brasileira, diria que ela está engatinhando. O povo se prende muito a nomes. Nossa literatura não tem um estilo, algo que a diferencie. A literatura britânica, por exemplo, é densa, detalhista. E a brasileira? Não tem cara própria, pouquíssimos autores têm aquele quê da boa literatura, que prende e é citado, copiado por novos autores. O único que sai dessa mesmice, alguns podem até me xingar e espernear, é Paulo Coelho. Ele tem um estilo dele, muito próprio. Isso já é alguma coisa.
Aí é que muito você se engana: a terceira fase romântica, por exemplo, só existe aqui no Brasil. Machado de Assis foi o primeiro no mundo inteiro a conversar com o interlocutor na obra (e isso é copiado no mundo inteiro até hoje, sempre que você ver esse tipo de coisa, agradeça ao Machadão), Gregório de Matos (o Boca do Inferno) é tido como, talvez, o único poeta Barroco satírico e engajado em problemas sociais, Cruz e Souza é considerado, por Mallarmé (um dos caras que inventou o Simbolismo) como o melhor poeta simbolista que existiu, Clarice tem um estilo único de escrita que é reconhecido no mundo inteiro, Dalton Trevisan é um contista renomado que tem a sua cara estampada em cada conto que escreve, sem não esquecer de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e assim por diante.
Dizer que a Literatura Brasileira não tem uma cara é besteira. Ela é bem diversificada e bastante rica, e (nisso eu concordo) ainda está engatinhando. Imagino quando estivermos mais crescidos por assim dizer. E a Literatura Britânica não tem essa característica como um todo, pegar algumas pelas de Shakespeare, ou alguns textos de Oscar Wilde (tirando o Dorian Gray), não são lá tão densos e tão descritivos assim.
E, ó, Fernando Pessoa define os quatro estágios da poesia (entendida aqui como a Arte como um todo, e diz que:
Primeiro Estágio: estilo e temas comuns e facilmente reconhecíveis.
Segundo Estágio: estilo facilmente reconhecível e temas variados, porém relacionados entre si.
Terceiro Estágio: estilo variado e tema tão variado quanto, porém ainda perceptível a assinatura do autor.
Quarto Estágio (e quando ele se declara o poeta-mor da Literatura): estilo variado, tema variado e sem grandes possibilidades de encontrar o ponto comum, fazendo com que as pessoas se confundam e achem que são dois autores completamente diferentes.
E eu concordo com ele.