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Livros em áudio (vulgo "audiobooks")

Derfel Cadarn

Usuário
Ano passado tive a oportunidade de travar um tipo diferente de contato com a literatura: através de livros em formato de áudio (ou "audiobooks"). Você já escutaram algum desses livros? E o que acharam? Há diferenças no contato com a obra, na forma como ela é assimilada? Ou mesmo, em tempos de mp3 pequenos e muito mais portáteis que livros, será que há locais específicos para ouvi-los (na barca, ou caminhando)? Qualquer livro pode ser escutado?
 
Estou ouvindo a série do Sharpe, do Bernardo Cornwell. Já estou no terceiro livro, e o interesse por um livro em aúdio veio tão somente porque eu queria treinar meu inglês. Os livros do Bernardo me pareceram bastante apropriados para serem ouvidos, porque em geral são narrativas lineares, sem grande confabulações ou divagações filosóficas, cuja leitura não é cansativa e que são muito bons.

Dá pra ver que eu acho que os "audiobooks" têm algumas limitações. Livros de leitura lenta, muito densos ou complicados mesmo, eu acho que não se adequariam ao formato áudio, porque seria muito difícil ler o livro no tempo certo para uma assimilação razoável, por mais que possamos sempre pausar para tentar entender o que foi dito. Acredito que, pelo fato de os livros do sr. Cornwell serem bastante leves, e por não exigirem muito do leitor (dá,por exemplo, pra ficar horas a fio lendo sem parar seus livros, pois não cansam), eles são bastante adequados para serem ouvidos.

Ainda mais se bem lidos, e a série do Sharpe é muito bem narrada. Sem contar que, devido a presença constante de diálogos, o texto conta com uma certa dinâmica, mesmo porque o narrador faz vozes diferentes para personagens diferentes.

Eu acho que há uma diferença bastante relevante no contato com a obra. Sob hipótese nenhuma eu consigo ler duas obras de literatura ao mesmo tempo, mas consigo sem nenhum problema ouvir uma e ler outra. Ademais, bem ou mal é um ritmo de "leitura" que nos é imposto pela voz do narrador, que eu acho que prende mais e não nos deixa divagar muito -pois a voz dele nos puxa de volta para o livro.

Bom trocamos mais idéias conforme vocês forem colocando suas opiniões.
 
Até hoje o mais próximo de audio book que eu tive contato foi com um arquivo de audio que o Neil Gaiman liberou nos dias dos namorados, no qual ele lia aquela hq do Arlequim cujo nome agora esqueci. Como era o Gaiman eu dei até mais atenção (hehe), mas eu normalmente sou *muito* distraída, então acho que até em narrativas lineares como você apontou eu sou capaz de me perder. Shame on me :hihihi:
 
Tive contato recentemente com audiobooks, gostei ^^

Os que a narração é humana são melhores claro, afinal tem a pronuncia certinha e tals, ( tendo como base a linguagem de SDA que tem sua pronuncia devido as linguas que Tolkien criou e no audiobook digital são erradas). Mas ambos são bem legais, Bom p/ quem não consegue ler em transporte publico por exemplo, vc pode ter contato com a obra sem estar com o livro físico na mão, é bom ^~
 
Escutei 1984, Deuses Americanos, Stardust e O Retrato de Dorian Gray ano passado. Foi excelente!

Os dois primeiros foram o mesmo narrador (acho que Richard Brown) excelente trabalho, com nomes complicados (como no Deuses Americanos) sotaques diferentes e emoções sendo passadas achei realmente muito positivo. O Stardust eu escutei da voz do próprio Gaiman e curti bastante também, mas no geral o livro em si, não me empolgou. Só não estou bem certo em relação ao Retrato, pq eu não curti tanto quanto imaginava, mas o sotaque atrapalhou um bocado..

Eu curto os Audiobooks principalmente para corrida e/ou trânsito, mas prefiro ficção, e acho que me manteria em livros realmente bem lineares pra não me perder (ainda mais se estiver fazendo exercícios leves, como a minha corrida)

Assim como a Ana falou, as vezes a pessoa se distrai e não presta atenção no áudio, mas no caso de 1984 eu fiquei muito vidrado no áudio, tanto que um dia cheguei em casa e passei reto pela minha irmã e o namorado e eles estavam me cumprimentando mas eu não escutei nada =P

Última coisa, no final do Stardust o Gaiman fala sobre Audio books, que é uma mídia que ele curte bastante pq mantém o contrato entre Autor-Leitor de que o autor descreve mas o leitor imagina e visualiza. Adendo meu: apenas a voz é afetada, mas não vejo como extremamente problemático pra mim.
 
Gente, eu sou muito elétrica, muito curiosa, qualquer barulho me distrai, e eu corro pra ver o que é. Não consigo manter a concentração necessária para audiobook, não. Tenho O caso dos dez negrinhos em audiobook, NUNCA consegui ouvir mais do que três minutos (o livro no papel eu já li duas vezes), porque, do nada, eu olho para o chão e, pronto, vejo uma poesia brotando ali. Largo o que estou ouvindo e vou escrever sobre o chão.
 
Desenterrando o tópico porque me deparei com algumas informações sobre o assunto.

A primeira foi como uma das recomendações do Stephen King para as pessoas que têm pouco tempo pra ler.
Ele sugere os audio-livros pra aproveitar o tempo em que estamos dirigindo, caminhando ou fazendo algum trabalho repetitivo (que não exige muita concentração).

Vi que esse tipo de mídia não faz muito sucesso aqui no Brasil mas achei uns links que podem ajudar quem se interessa pelo assunto:

A Universidade Falada tem mais de mil títulos (a maioria em português) em várias categorias e preços (os em MP3 são mais baratos) e também tem títulos grátis.

O Internet Archive acho que muita gente aqui do Valinor conhece.
Lá tem filmes, softwares, textos e também audio-livros. O idioma predominante é o inglês.

O Books Should Be Free oferece centenas de arquivos em MP3 de clássicos da literatura (em inglês).

Em outros idiomas que não o português, como bem lembrou o usuário que abriu este tópico, são ferramentas muito boas pra se treinar pronuncia e compreensão.

Nunca experimentei esse tipo de mídia e vou baixar uns títulos gratuitos pra ver como me saio com ela.
 
Olha, eu acho que o audiobook tem seus méritos, mas daí a ouvi-los sem atenção também não rola, né? Se nem uma conversa a gente consegue fazer direito sem dar a devida atenção, imagina com uma obra literária o quanto não se perde. Acho que ele pode ser ouvido, por exemplo, numa viagem de ônibus; mas não no volante de um carro na hora do rush...

De audiobook, minha experiência concreta se resume a:
1- Ouvi (e acompanhei no papel com a leitura) o Beowulf com tradução e voz do Seamus Heaney e foi uma coisa linda de deus que eu recomendo a todos; infelizmente, o áudio é abridged e cortam-se muitos versos. Mas o cara tinha o feeling para a coisa, e a obra em si transpira epicidade.
2- Dei uma ouvidinha no projeto Arkangel Shakespeare, com todas as peças do Bardo encenadas. E eu acho fodástico ouvir o Hamlet na voz do Simon Russell Beale... (Dica: tem pra baixar por aí).
3- Também já dei uma bisbilhotadinha no YouTube e encontrei uns livros do Lovecraft, mas não cheguei a escutá-los inteiros porque quero antes ler os livros.
4- Cheguei também a baixar os audiobooks em inglês de diversas obras -- Ulysses e de The Lord of the Rings e a série Harry Potter... Mas né, estão guardados e esperando a ocasião. Só ouvi rapidamente para testar os MP3 e, depois de ouvir as peças do Shakespeare devidamente interpretadas por vários atores, esses audiobooks me parecem um tanto monótonos porque contam com uma única voz para todos os diálogos, e às vezes o intérprete faz uns trejeitos bobos que só dão mal e mal uma pálida personalidade às diferentes personagens.

Também penso que o audiobook não seria adequado a certos estilos literários, tipo um Saramago. Me parece que as longas frases, com muitas digressões e apartes, que na leitura a gente administra bem, não seriam igualmente compreendidas numa audição... Mas posso me enganar nesse ponto. Alguém tem essa impressão?
 
Olha, eu acho que o audiobook tem seus méritos, mas daí a ouvi-los sem atenção também não rola, né? Se nem uma conversa a gente consegue fazer direito sem dar a devida atenção, imagina com uma obra literária o quanto não se perde. Acho que ele pode ser ouvido, por exemplo, numa viagem de ônibus; mas não no volante de um carro na hora do rush...

De audiobook, minha experiência concreta se resume a:
1- Ouvi (e acompanhei no papel com a leitura) o Beowulf com tradução e voz do Seamus Heaney e foi uma coisa linda de deus que eu recomendo a todos; infelizmente, o áudio é abridged e cortam-se muitos versos. Mas o cara tinha o feeling para a coisa, e a obra em si transpira epicidade.
2- Dei uma ouvidinha no projeto Arkangel Shakespeare, com todas as peças do Bardo encenadas. E eu acho fodástico ouvir o Hamlet na voz do Simon Russell Beale... (Dica: tem pra baixar por aí).
3- Também já dei uma bisbilhotadinha no YouTube e encontrei uns livros do Lovecraft, mas não cheguei a escutá-los inteiros porque quero antes ler os livros.
4- Cheguei também a baixar os audiobooks em inglês de diversas obras -- Ulysses e de The Lord of the Rings e a série Harry Potter... Mas né, estão guardados e esperando a ocasião. Só ouvi rapidamente para testar os MP3 e, depois de ouvir as peças do Shakespeare devidamente interpretadas por vários atores, esses audiobooks me parecem um tanto monótonos porque contam com uma única voz para todos os diálogos, e às vezes o intérprete faz uns trejeitos bobos que só dão mal e mal uma pálida personalidade às diferentes personagens.

Também penso que o audiobook não seria adequado a certos estilos literários, tipo um Saramago. Me parece que as longas frases, com muitas digressões e apartes, que na leitura a gente administra bem, não seriam igualmente compreendidas numa audição... Mas posso me enganar nesse ponto. Alguém tem essa impressão?

Agora a pouco tentei ouvir um em inglês e acho que (pra mim pelo menos) em inglês só mesmo acompanhando com o texto.

É estranho mesmo imaginar Saramago em áudio, mas agora a pouco escutei o começo de Quincas Borba do Machado de Assis e achei muito bom de se ouvir.
A locução é feita por Adriano Paixão e a história começa com a voz do narrador (do livro), os pensamentos do personagem Rubião e uma frase de um empregado. Dá pra perceber as diferenças entre um e outros só pela entonação do locutor.
Talvez tenha muito a ver com o talento do locutor também. :think:
A narradora do livro em inglês que tentei ouvir (The Invisible Man) parecia aquelas vozes de máquinas (talvez seja? não sei como funciona isso) até as vozes do Google Tradutor têm mais entonação do que aquela. Achei horrível.

E olhando os títulos disponíveis achei um de poesias do Drummond narrado pelo Paulo Autran e acho que compraria.
Mas não passaria nem perto do "Febre de Bola" de Nick Hornby narrado pela Soninha Francine.

Isso me fez pensar que aqui no Brasil, na locução de livros, talvez estejam cometendo as mesmas idiotices das dublagens de desenhos que é colocar alguém que os produtores acham que tem maior apelo ao público ao qual o livro é supostamente direcionado.
Aí aparecem coisas como o Luciano Huck (!) sendo dublador da Disney e a Sonsinha Francine narrando um livro sobre futebol. =/
 
O meu primeiro audiobook foi a Bíblia por Sid Moreira, eram várias fitas, vinha no jornal toda a semana.
Sinceramente a voz do Sid Moreira no Apocalipse era demais! Eu duvido você dormir depois de ouvir.

Mas eu gosto de audiobooks, eu troquei podcasts por audiobooks, foi a melhor coisa que fiz.
 
Eu demorei bastante pra ter contato com a essa modalidade, mas como a @Melian já mencionou muito bem, eu só conseguiria atenção máxima, ouvindo num horário bem tranquilo

O meu sonho era poder ouvir livros de suspense, policial e terror narrados na voz do maior repórter policial de todos os tempos, o Gil Gomes. Seria épico!
 
Dica do Dollynho: não escutem audiobooks como este:

Odeio de morte essa entonação babaca para ouvintes burros.
Parece muito com o nosso jornalismo tacanho da Globo.
 
Dica do Dollynho: não escutem audiobooks como este:

Odeio de morte essa entonação babaca para ouvintes burros.
Parece muito com o nosso jornalismo tacanho da Globo.

O pior é que o cara ainda tem sotaque.
Nada contra nenhum sotaque, mas acredito que seja básico que um narrador de livros, assim como um locutor de rádio ou TV não devam ter sotaque. =/
 
O pior é que o cara ainda tem sotaque.
Nada contra nenhum sotaque, mas acredito que seja básico que um narrador de livros, assim como um locutor de rádio ou TV não devam ter sotaque. =/

Como assim sem sotaque? Não existe falar sem sotaque. Locutor de rádio e de TV não tem sotaque pra quem é de SP ou do RJ.
 
Concordo plenamente com o Morfs

Existe aquela coisa de que pra uma dublagem, jornalismo ou produção audiovisual pra veiculação nacional, ela tenha que estar totalmente "limpa" de um sotaque puramente regional, mas na prática quem mais se beneficia com isso é o público paulista da Grande SP, pois essa tal voz "sem sotaque" que eles convencionaram ser o padrão praticamente é o que mais se aproxima na média do jeito de falar do paulista da região metropolitana (o interior tem o seu próprio), pois até os cariocas são condicionados a entrar nesse processo e não falar com o seu sotaque característico.

Nessas horas eu entendo perfeitamente o sentimento de gaúchos, nordestinos, mineiros e de todos outros que quando vão assistir uma transmissão esportiva, um filme dublado ou qualquer coisa de veiculação nacional tem que aturar um jeito de falar que por mais que falam que esteja "limpo" sempre será totalmente diferente do seu.

Odeio de morte essa entonação babaca para ouvintes burros.
Parece muito com o nosso jornalismo tacanho da Globo.

Já ouvi entonações bem piores em outros áudio-livros que até me fariam preferir essa (se não houvesse algo melhor é claro)
 
mas a globo só fala carioquês o_O

No jornalismo ela é mais democrática promovendo um verdadeiro rodízio nacional de repórteres e apresentadores . Em SP por exemplo o repórter Márcio Canuto que fala com seu típico sotaque alagoano fez muito sucesso no SPTV.
O gaúcho Regis Rosing se destacou bem quando foi pro RJ. De momento me lembrei só deles, mas tem vários.
 
O pior é que o cara ainda tem sotaque.
Nada contra nenhum sotaque, mas acredito que seja básico que um narrador de livros, assim como um locutor de rádio ou TV não devam ter sotaque. =/

todos nós temos sotaques Clara!!
Seja você paulistana com seu sotaque paulistano, eu com o meu mineirês e por aí vai... é que os paulistanos costumam achar que só eles falam sem sotaque... :rofl:
 
todos nós temos sotaques Clara!!
Seja você paulistana com seu sotaque paulistano, eu com o meu mineirês e por aí vai... é que os paulistanos costumam achar que só eles falam sem sotaque... :rofl:

Não mesmo.
Eu percebo quando alguém (eu por exemplo :dente: ) fala com sotaque paulistano.
Mas existe sim, maneiras de falar sem sotaque algum, através de trabalhos com fonoaudiólogos e treino.
É só ver um ator em algum trabalho (sério, não na maioria das novelas) que precisa falar com um sotaque que não é o seu, um sotaque de outra região do país, estrangeiro ou de outra época.
Eles trabalham a maneira de falar e é isso que acredito que um locutor de livros deva fazer também.
 

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