Olha, eu acho que o
audiobook tem seus méritos, mas daí a ouvi-los sem atenção também não rola, né? Se nem uma conversa a gente consegue fazer direito sem dar a devida atenção, imagina com uma obra literária o quanto não se perde. Acho que ele pode ser ouvido, por exemplo, numa viagem de ônibus; mas não no volante de um carro na hora do
rush...
De
audiobook, minha experiência concreta se resume a:
1- Ouvi (e acompanhei no papel com a leitura) o
Beowulf com tradução e voz do Seamus Heaney e foi uma coisa linda de deus que eu recomendo a todos; infelizmente, o áudio é
abridged e cortam-se muitos versos. Mas o cara tinha o
feeling para a coisa, e a obra em si transpira epicidade.
2- Dei uma ouvidinha no projeto
Arkangel Shakespeare, com todas as peças do Bardo encenadas. E eu acho fodástico ouvir o Hamlet na voz do Simon Russell Beale... (Dica: tem pra baixar por aí).
3- Também já dei uma bisbilhotadinha no YouTube e encontrei uns livros do Lovecraft, mas não cheguei a escutá-los inteiros porque quero antes ler os livros.
4- Cheguei também a baixar os
audiobooks em inglês de diversas obras --
Ulysses e de
The Lord of the Rings e a série
Harry Potter... Mas né, estão guardados e esperando a ocasião. Só ouvi rapidamente para testar os MP3 e, depois de ouvir as peças do Shakespeare devidamente interpretadas por vários atores, esses
audiobooks me parecem um tanto monótonos porque contam com uma única voz para todos os diálogos, e às vezes o intérprete faz uns trejeitos bobos que só dão mal e mal uma pálida personalidade às diferentes personagens.
Também penso que o
audiobook não seria adequado a certos estilos literários, tipo um Saramago. Me parece que as longas frases, com muitas digressões e apartes, que na leitura a gente administra bem, não seriam igualmente compreendidas numa audição... Mas posso me enganar nesse ponto. Alguém tem essa impressão?