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Literatura e Futebol

Melian

Período composto por insubordinação.
O título do tópico já diz tudo. Comentem sobre os melhores textos literários que abordam, de alguma forma, o futebol, que vocês já leram. Para quem ainda não é 'iniciado' neste tipo de literatura, sugiro a leitura de "A eterna privação do zagueiro absoluto", de Luis Fernando Verissimo, que é um livro excelente.

Para começar...

Quem já falou comigo por, pelo menos, dois minutos, sabe que Literatura e Futebol são duas das minhas grandes paixões. Sabe que vou ao Mineirão, que xingo, que grito, que choro, que fico em êxtase, que fico deprimida, etc.

Tenho amigos que dizem que quando querem falar comigo, no msn, procuram, na lista de contatos, por alguém que use um nick que tenha alguma ligação com futebol ou livro.

Um amigo, certa vez, tomou um esporro de uma de suas amigas porque ela estava usando "Capitu" como nick e ele pensou que fosse eu. (Engano ainda mais justificado para quem sabe que eu amo Machado de Assis).

Hoje, quando estava voltando do trabalho, acabei sendo surpreendida ao passar em uma banca de revistas (só para dar aquela olhadinha básica. Só para ficar babando nos gibizinhos da Marvel. Ok, eu dei uma espiadinha no encadernado de aniversário de 75 anos da DC :oops: ). Vi o trequinho da Bravo!, com o título "Literatura & Futebol", e, senti aquela empolgação boba, a empolgação que uma criança sente quando vê o presente nas mãos dos pais.

Ri com as caricaturas dos escritores, algumas, como sempre, impagáveis e inconfundíveis. Depois, li 'os melhores contos, poesias e crônicas sobre o esporte, por uma seleção de grandes autores brasileiros'. Só então, li, um por um, o nome dos escritores cujos textos compõem o livro. Na verdade, não li 'um por um', imediatamente. Procurei, em um primeiro passar de olhos, Luis Fernando Verissimo e Nelson Rodrigues, pela tradição desses escritores como cronistas de futebol. Quando vi que seus nomes figuravam entre os outros, procurei por um terceiro, que não encontrei, e, confesso, fiquei decepcionada.

Comprei o livro, mesmo assim. Cheguei em casa e, mesmo com uma dor de cabeça infernal, fui dar uma rápída olhada. Já li o livro, com exceção de três crônicas, que pulei, sem remorso. :lol: (mas voltarei nelas, outro dia qualquer).

A apresentação do livro, feita por Marcelo Moutinho, ficou bem interessante, uma vez que ele decidiu fazer uma pequena síntese da opinião de alguns escritores sobre o futebol, incluindo as opiniões negativas.

O destaque do livro fica, a meu ver, por parte de Clarice Lispector (botafoguense!) e sua provocativa e divertida crônica, em resposta a Armando Nogueira, que disse que trocaria uma vitória do Botafogo por uma crônica de Clarice sobre futebol.

Eu poderia falar, também, sobre o poema de João Cabral de Melo Neto :grinlove:, mas acho que não seria surpresa para ninguém, já que é de conhecimento geral que ele foi jogador - volante -do seu time do coração (América de Recife) e foi campeão estadual juvenil pelo Santa Cruz, em 1935, antes de jogar, de vez, para escanteio (com o perdão dos trocadilhos) os gramados.

Também acho interessante destacar a presença de textos de escritores que despontaram nos últimos anos (Geração de 90). Não consigo expressar tamanha felicidade que senti ao ver uma crônica do Tezza (mesmo que ele torça pelo Furacão :disgusti: ) no livro, assim como senti ao ver textos de: Flávio Carneiro, Marcelino Freire, Glauco Mattoso e Marcos Caetano.

Ah! Eu falei, no início do post, sobre a falta de um escritor no livro que me desapontou, né? Na verdade, são dois. O primeiro é Roberto Drummond. Pelo amor de Deus! Nem vou falar sobre as demais maravilhosas obras dele, mas falo sobre seu trabalho como cronista esportivo. Ele merecia, sim, que uma de suas crônicas fosse incluída no livro (e nem precisaria ser "Oração do Atleticano", "A cegueira da paixão", "Branca e preta é a minha pele", dentre outras. Poderia ser uma que ele falasse sobre futebol de modo geral, não sobre a sua (dele, e minha!) paixão em preto e branco: o Clube Atlético Mineiro).

E para quem pensa que minha indignação é porque eu sou atleticana, não é. Também fiquei desapontada (feito um lápis esquecido no apontador) de não ter, no livro, "Declaração Alviverde (por um poeta atleticano)", do Leminski. Meu melhor amigo é torcedor do Coxa, e uma das coisas que colocamos na nossa lista de 'coisas para fazer antes de morrer' é que nós vamos a uma partida do Coritiba no Couto, quando eu for para Curitiba; e nós vamos a uma partida do Galo, no Mineirão, quando ele vier para BH.
 
É engraçado e ao mesmo tempo quase um contra-senso que eu amo, adoro futebol, mas não li ainda tantos livros quanto eu realmente gostaria.

Na leitura eu sempre tendo a priorizar romances policiais, aventura, ficção e sem querer o futebol fica num plano um pouco menor.

Mesmo assim quando leio, eu gosto de ler principalmente os que enfatizam o lado histórico: clubes, jogadores, estádios, etc.

Nunca esqueço que a primeira coisa que li sobre futebol quando criança foram os quadrinhos do personagem Pelezinho do Maurício de Souza, retratando de forma bem divertida a infância do Pelé em Bauru.

Já falando de livros, um que gostei muito foi "Brasil x Argentina: Histórias do maior clássico do futebol mundial" de Newton Cesar que conta muito a respeito dessa rivalidade fantástica entre os dois países. Muito bom!

"A história das camisas dos 12 maiores times do Brasil" de Paulo Vilhena Gini é outro que gostei contando a evolução das camisas dos 4 grandes de SP, os 4 do RJ e mais Grêmio, Cruzeiro, Galo e Inter.

Já crônicas as que mais li é do saudoso Armando Nogueira. Este era fera!

Um livro ainda não lançado que aguardo com muito ansiedade é do repórter Israel Gimpel da Rádio Jovem Pam AM que contará de forma inédita todos os bastidores do fracasso brasileiro na Copa de 50. Este assim que sair quero ser um dos primeiros a comprar. Sou fã desse repórter.
 
Última edição:
Eu normalmente só leio livros sobre o Palmeiras. Mas pouco, também. De Orlando Duarte, li "Palmeiras - O Alviverde Imponente" e gostei muito.

Do Mauro Beting eu li "Os Dez mais do Palmeiras", bem legal, sobre os 10 maiores ídolos da história do Palmeiras.

Ainda não li nada do PVC, mas pretendo, em breve.
 
Eu nunca cheguei a ler um livro com o tema exclusivo voltado ao futebol. Nunca me interessei mesmo. A maioria dos citados são escritos na forma de documentários, não?

Não sei se um dia terei mesmo vontade de ler mais sobre a história do futebol. Até hoje em dia eu nunca me interessei pelo passado e digo isso até do meu time. Eu conheço um pouco, mas me aprofundar mesmo acho que nunca irá ocorrer.
 
Os que eu citei, não, Caio. A Eterna privação do Zagueiro absoluto, do Verissimo, reúne suas melhores crônicas sobre futebol, cinema e literatura. Independente do tema abordado, os seus textos têm toda uma configuração literária (ou melhor, literário-jornalística, já que crônica é um gênero 'entre').

Uma paixão em preto e branco, que reúne as melhores crônicas de Roberto Drummond sobre o Galo, também é um livro de crônicas.

E o da Bravo!, "Literatura & Futebol", é composto por crônicas, poemas e contos que abordam, de alguma forma, o tema futebol. A literatura de cordel figura no livro por meio do belíssimo "o futebol no inferno", do José Soares.

Para quem tiver paciência, um texto que fiz (e até 'readaptei', no ano passado, na ocasião do clássico Atlético x América) há um bom tempo, sobre "Uma paixão em preto e branco", para um blog do qual participava:

A razão antes do coração. Perdoe-me, mestre Ernest Hemingway. Perdoe-me por, mais uma vez, evidenciar a constatação de que não consigo (e nem quero!) seguir esse “mandamento”.

Nove de fevereiro de 2009. Hoje seria um dia como qualquer outro. Talvez, um pouco mais chato, por ser uma segunda-feira, mas não foi. Acordei cedo. Tinha de ir ver um emprego. A ansiedade me dominava. Posso dizer, sem titubear, que estava menos ansiosa pela entrevista do que por ir a uma certa loja. Há exatos um ano e um dia, eu esperava pelo que eu fui comprar nessa loja.

Por que eu comecei esse texto com uma citação que sugere que se privilegie a razão em detrimento do coração? Por que eu quero falar sobre aquela que é, talvez, a mais racional das irracionalidades sustentadas pelo coração: a paixão pelo futebol; mais especificamente, quero falar sobre Uma Paixão em Preto e Branco.

Segunda-feira que antecede o maior clássico do futebol mineiro: Atlético x Cruzeiro. É nisso que todo atleticano pensou hoje, ao se levantar, tomar seu café, sair para estudar, sair para trabalhar. Preocupações como: trânsito, prova, contas a pagar, entre outras, tornaram-se secundárias. Há apenas coração nisso? Não, há uma forte presença do fator racionalidade, porque é pela insistência dele que ninguém percebeu as aflições dos torcedores alvinegros e esses pensamentos não são ditos, ficando assim, abafados.

Desci da van. Olhei, rapidamente, em direção à loja. Senti o palpitar do coração, mas disse-lhe: “acalme-se! Preciso olhar para os lados e atravessar a rua”. Entrei na loja. Meus olhos, tal qual olhos de coruja, encontraram, rapidamente, o que eu procurava. Lá estava ele, em uma prateleira, ao lado de outros artefatos. Lá estava o livro que eu fui comprar: Uma paixão em preto e branco. Organizado por Alexandre Simões, esse livro reúne as mais famosas crônicas do jornalista, contista, romancista e cronista Roberto Drummond sobre o Clube Atlético Mineiro.

Embora fosse extremamente ético em tudo o que fizesse (destaque para sua profissão como cronista esportivo), o escritor de Hilda Furacão jamais escondeu sua paixão pelo Atlético. Assim como não o fizeram outros grandes brasileiros, tais como: Luis Fernando Verissimo, torcedor assumido do Internacional, Nelson Rodrigues e Chico Buarque, torcedores do Fluminense, entre outros.

Agora, falando mais uma vez em razão, tentem se colocarem no meu lugar, caros leitores inexistentes, e tentem falar, de forma INTEIRAMENTE racional (o que julgo impossível), sobre duas de suas grandes paixões: Literatura e futebol (mais especificamente, sobre o time do coração).

Tudo bem, eu sei que vocês não vão conseguir se colocarem em meu lugar, assim como eu não conseguiria me colocar no lugar de torcedores do Coritiba e Atlético paranaense, do Vasco e Flamengo, do Fluminense e Flamengo, do Corinthians e São Paulo, do Corinthians e Palmeiras, do Grêmio e Internacional, entre outros, em dia de clássico. Existe uma fidelidade do coração (ou apenas um excesso de orgulho) em relação a time de futebol que nos inibe de colocarmo-nos no lugar de torcedores de outros times. Para nós, o time para o qual torcemos sempre é o melhor, mesmo que não ganhe títulos; é o que tem a torcida mais emocionante, mesmo que os estádios fiquem praticamente vazios; é o que faz o melhor clássico do país... e quem diz o contrário, o faz por puro despeito...


Admito que um homem possa mudar de tudo na vida – do cigarro que fuma, do seu partido político, da sua religião. Até de amor, um homem pode mudar. Mas se alguém troca de time – o Atlético pelo Cruzeiro, o Cruzeiro pelo América – acho que é grave, que é feio, amoral até. (pg.9)

Cheguei em casa. Comecei a devorar o livro. Quando comecei a ler a crônica que Roberto Drummond havia escrito na manhã do dia 3 de setembro de 1969, dia em que ocorreria o lendário jogo entre a Seleção Brasileira, do técnico João Saldanha (que tinha Pelé, Tostão e companhia) e o Atlético, do técnico Yustrich (que tinha Dario – Dadá Maravliha- e Humberto) não consegui conter o choro.

De modo geral, a crônica apresenta um ponto de vista sobre algum fato do cotidiano; na maioria das vezes, esse fato é “pequeno”: a notícia em quem ninguém prestou atenção, o acontecimento insignificante, a cena corriqueira. O tom, como acentua Antônio Cândido, é o de “uma aparente conversa fiada”; mas que, geralmente, desperta o leitor para uma reflexão.

É uma crônica que falava sobre as aspirações de antes do jogo, mas a lucidez de Roberto Drummond era tanta que, admito, chegou a me incomodar. Ele disse até que seria interessante que os torcedores atleticanos aplaudissem a seleção (que seleção!) em alguns momentos, mesmo que, em 90% do tempo, eles estivessem empenhados em incentivar o time do Galo. Ele ressaltou, também, como tinha crescido a presença feminina nos estádios: aquela mulher mineira tradicional vai perdendo vez. É lá, no estádio, que podemos ver e sentir a evolução do poder feminino (pg. 18)

A Crônica possui uma forte ligação com a sua etimologia, pois está relacionada ao tempo. O termo crônica vem de crônico, que se origina do grego chronikós (relativo ao tempo), que, por sua vez, tem ligação com o mito de Cronos, e, de acordo com Flora Bender e Ilka Laurito “Seja um registro do passado, seja um flagrante do presente, a crônica é sempre um resgate do tempo”.

Para o torcedor atleticano, que cresceu ouvindo histórias sobre o Galo ser o único time que derrotou a seleção brasileira ( por 2x1), a crônica de Drummond, escrita no dia 4 de setembro de 1969, dia seguinte ao triunfo, ultrapassa o teor efêmero e consegue provocar as mais diversas sensações no torcedor da atualidade, o que nos remete à necessidade de contextualização das crônicas.

Ainda acerca da vitória do Atlético sobre a seleção, na crônica do dia 5 de setembro de 1969, Roberto Drummond cita o depoimento de um torcedor de outro time sobre a torcida do Atlético. Não sei se o meu estranhamento/deslumbramento é por causa de que – como eu já disse -, na atualidade, os torcedores tentam manter uma fidelidade CEGA ao seu time, a ponto de não conseguirem admitir que outro time possa ter feito uma bela partida, possa ter tido um melhor desempenho da torcida, entre outros. Mas foi lindo, foi lindo ler isso:

-Para falar a verdade – confessou-me Carlinhos Niemeyer, dono do Canal 100 -, só hoje é que acreditei no que alguns mineiros já me falavam. Sou Flamengo acima de tudo e nunca admitia que a nossa torcida perdesse para a do Atlético. Agora, eu digo: igual à do Atlético não existe no mundo, é a coisa mais bela que já vi. (pg27)

Ainda não terminei de ler o livro, e acho que nem quero apressar esse processo. Quero saborear cada crônica, tentando sentir o sabor de cada metáfora, de cada metonímia, de cada ironia. E quero mastigá-lo, ouvindo o som dos dentes se batendo na cadência do coração.

Roberto Drummond faleceu em 2002. Por isso, não pôde escrever um livro, que sempre idealizou, sobre futebol. Essa coletânea, de 167 páginas, organizada por Alexandre Simões, contendo as melhores crônicas esportivas de Drummond, “Uma paixão em Preto e Branco”, é o livro sobre futebol que ele nunca publicou. Mais do que isso, é um livro sobre aquele que fazia com que o seu coração viesse antes da razão, o Clube Atlético Mineiro. Não sei se algum dia chegarei a escrever um livro. Principalmente, um livro sobre o Atlético, que, acredito que nem preciso dizer que é a minha paixão. Talvez, eu morra antes que possa fazê-lo, mas que fique registrado aqui que eu tive a honra de ler um livro que contem belíssimas crônicas, escritas por um dos mais apaixonados torcedores atleticanos que passaram pelo solo brasileiro.

E o emprego? Consegui. Já posso comprar meu ingresso para ir ao clássico, que ocorrerá no próximo domingo, dia 15 de fevereiro de 2009.
 
Esqueci de mencionar um livro que comprei quando estive em Montevidéu "La Gran Rivalid" de um jornalista uruguaio chamado Luiz Felio Zbafo.

Evidentemente o assunto não poderia ser outro senão o grande clássico local Peñarol x Nacional e as loucuras que os torcedores mais fanáticos faziam pra não perder esse jogo. Até o maior açougue de Montevidéu nos anos 40 chegou a ser rifado por causa do resultado de um jogo entre os dois.

Livros que mostrem rivalidades de outros países é algo que sempre interesso em ler e conhecer.


-Para falar a verdade – confessou-me Carlinhos Niemeyer, dono do Canal 100 -, só hoje é que acreditei no que alguns mineiros já me falavam. Sou Flamengo acima de tudo e nunca admitia que a nossa torcida perdesse para a do Atlético. Agora, eu digo: igual à do Atlético não existe no mundo, é a coisa mais bela que já vi. (pg27)

Eu li com toda paciência seu texto, legal! Destacei esse trecho porque é algo que eu sempre postei com enfâse na área de esportes, ainda mais que cheguei a morar alguns meses a trabalho em BH.

Se o Atlético Mineiro tem uma coisa como maior virtude é ter o que eu considero como sendo a torcida brasileira mais apaixonada pelo seu time. Na hora que eu tento explicar isso pra um corintiano nenhum deles admitem isso e flamenguista não fica muito atrás não.

E olha que em Minas eu tenho uma simpatia maior pelo Cruzeiro, mas nem por isso eu jamais deixo de reconhecer e enaltecer a maior virtude do Atlético
 
Melian Vairë disse:
Os que eu citei, não, Caio. A Eterna privação do Zagueiro absoluto, do Verissimo, reúne suas melhores crônicas sobre futebol, cinema e literatura. Independente do tema abordado, os seus textos têm toda uma configuração literária (ou melhor, literário-jornalística, já que crônica é um gênero 'entre').
Entendi. Pensei que a maioria dos livros citados fossem apenas documentários e isso eu costumo meio que passar longe. Até mesmo aqueles filmes sobre futebol, como do Pelé, por exemplo, eu não tive a menor vontade de conferir.

Seu texto ficou bem legal, Cléo. E eu entendo o desejo de comprar um certo livro e assim que chegar em casa devorá-lo.

Eu particularmente nunca cheguei a ver essa paixão toda na torcida do Atlético MG. O problema é que na televisão normalmente eles não costumam mostrar a torcida como um todo, mas apenas uma parte, uma parte em que está fazendo maior bagunça ou agitada, pulando pelo seu time.

Essa paixão ainda se evidência hoje em dia? É fato que o Atlético MG na última década caiu muito de produção. Briga por títulos importantes e afins.
 
FÚRIA Da Cidade disse:
Esqueci de mencionar um livro que comprei quando estive em Montevidéu "La Gran Rivalid" de um jornalista uruguaio chamado Luiz Felio Zbafo.

Evidentemente o assunto não poderia ser outro senão o grande clássico local Peñarol x Nacional e as loucuras que os torcedores mais fanáticos faziam pra não perder esse jogo. Até o maior açougue de Montevidéu nos anos 40 chegou a ser rifado por causa do resultado de um jogo entre os dois.
Esse livro deve ser muito bom, muito bom, mesmo. Espetacular. Aliás, sempre gosto de ler/ouvir histórias de loucuras feitas por torcedores por causa dos seus times. (Claro que, aqui, eu excluo quaisquer loucuras relacionadas à violência e, por consequência, morte. Isso tira o brilho do futebol, um esporte que tanto amo).

FÚRIA Da Cidade disse:
Eu li com toda paciência seu texto, legal! Destacei esse trecho porque é algo que eu sempre postei com enfâse na área de esportes, ainda mais que cheguei a morar alguns meses a trabalho em BH.

Se o Atlético Mineiro tem uma coisa como maior virtude é ter o que eu considero como sendo a torcida brasileira mais apaixonada pelo seu time. Na hora que eu tento explicar isso pra um corintiano nenhum deles admitem isso e flamenguista não fica muito atrás não.

E olha que em Minas eu tenho uma simpatia maior pelo Cruzeiro, mas nem por isso eu jamais deixo de reconhecer e enaltecer a maior virtude do Atlético
E eu gosto quando vejo torcedores de outros times falando porque se nós, atleticanos, falarmos isso, ninguém acredita. Como ressaltei no meu texto, as pessoas não conseguem admitir que a torcida alheia possa brilhar. Argentina x Brasil é o maior clássico de seleções, e a rivalidade é histórica e coisa e tal. E nós, brasileiros, olhamos torto para os clubes argentinos, mas, sério, não tem como negar que a torcida do Boca é o décimo segundo jogador. Que torcida, cara. Assim como, no Brasil, não tem como negar que a torcida atleticana é mais, muito mais, do que apaixonada.

Tem um cruzeirense, que não sai lá do meu trabalho, que chega lá, às vezes, e fala: "Só saio daqui depois de te ouvir calar cinco cruzeirense, com essa sua paixão pelo Galo". :lol:

Turgon disse:
Seu texto ficou bem legal, Cléo. E eu entendo o desejo de comprar um certo livro e assim que chegar em casa devorá-lo.

Eu particularmente nunca cheguei a ver essa paixão toda na torcida do Atlético MG. O problema é que na televisão normalmente eles não costumam mostrar a torcida como um todo, mas apenas uma parte, uma parte em que está fazendo maior bagunça ou agitada, pulando pelo seu time.

Essa paixão ainda se evidência hoje em dia? É fato que o Atlético MG na última década caiu muito de produção. Briga por títulos importantes e afins.
Caio, a torcida do Galo é paixão. O Kalil é doido, e fala MUITA merda, mas isso é porque ele, antes de ser presidente do Clube Atlético Mineiro, antes de ser qualquer coisa, é torcedor. E torcedor é assim. É movido pela paixão. E, claro, por vezes, comete excessos. :oops: (mando amigos - amigos muito amados, mesmo - para certos lugares que não posso citar aqui no fórum, quando eles me irritam. Mas, é claro, eles riem, e levam na brincadeira. :mrgreen: )

Vocês, do eixo "Rio-São Paulo", não têm como sentir a ligação da torcida do Galo com o time, mesmo, não. Mesmo que a televisão desse um enfoque maior ao Galo, isso não aconteceria. É meio que o lance que o Fúria falou, é uma coisa que tem de sentir, tem de estar aqui, de viver o clima. E eu vivo.

E a situação do Galo, nas últimas décadas, é realmente ruim. Mas, pasme, Caio. É exatamente isso que mostra que o maior título do Galo é a sua torcida, porque mesmo com a escassez de conquistas, a torcida continua apaixonada.
 
Uma outra coisa interessante é que se no passado haviam muito mais crônicas e resenhas ricas em detalhes é que hoje a TV com dezenas de cameras espalhadas permitem vermos tudo e antes aqueles que não podiam ir ao estádio ou sem condições de ver pela TV corriam as bancas pra ler as resenhas pra entender e imaginar na cabeça como foram os melhores lances.

Em parte muito desse "romantismo" da literatura do futebol se deve a isso, tanto que o último narrador dessa era, falecido a pouco tempo, Fiori Gigliotti aqui de SP deixou muita saudade pois era um narrador-escritor que não se limitava apenas a narrar, parecia que estava escrevendo um livro ao vivo, começando sempre com a famosa frase "Erguem-se as cortinas e começa o espetáculo!" Era muito gostoso as narrações dele, que sabia como poucos usar um vocabulário elegante tão raro hoje em dia.
 
Última edição:
Eu não sou de literatura.
Minha cabeça não consegue ler e absorver muito bem textos que não sejam objetivos.

Por isso também acabo lendo apenas livros sobre fatos históricos, estatísticas, etc.
E mesmo assim só os que encontro em sebos por preços baixos.

No momento to lendo (BEM paulatinamente) um livro sobre o futebol no Rio de Janeiro de 1902 até 1938. Com toda a questão do racismo, estádios, etc.
É bem de pesquisa mesmo, com citações de artigos e jornais no final de cada capitulo.
Pena que no sebo não tinha a coleção completa.
 
Febre de Bola, do Nick Hornby. É um autobiografico de um inglês que ama o Arsenal. Muito bom, visto pelo lado 'torcedor'.
 
Uns meses atrás, eu participei da Semana Literária do SESC, aqui em Curitiba. Uma das mesas redonda foi com o Sérgio e o André Sant'Anna.

Então conversa vai, conversa vem, sabe Deus como, a conversa chegou em futebol. Lembro vagamente do André comentando sobre um livro dele (não me perguntem qual :roll:), no qual o personagem gostava de futebol e tal.

Então o assunto passou para 'textos futebolísticos', citaram o mestre Nelson Rodrigues, até mesmo porque o Sérgio já tinha dito que era Fluminense, e alguém perguntou pra ele se ele não gostaria de escrever um romance sobre futebol.

Ele respondeu, não exatamente nessas palavras, que sim, mas que teria que ser um romance sobre futebol, e não um romance com o futebol como pano de fundo. Porém, disse que não conhecia o esporte bretão 'visto de dentro', por isso não achava que poderia escrever tal romance.

Na sequência, ele falou sobre alguém que, pra ele, seria perfeito pra escrever esse romance. Reinaldo, lendário centro avante do Atlético Mineiro, o maior que o Brasil já teve, me arrisco a dizer (essa parte sou eu que digo). Então, contou a história de um jogo que a Seleção Brasileira faria em outro país, no Chile, se não me engano.

Disse que foram fazer uma reportagem quando os jogadores foram embarcar no avião, e lá estava o Reinaldo, com um Kafka embaixo do braço. Aí completou dizendo, não nessas palavras: "Reinaldo é um cara incrível. Além de conhecer o futebol sob a ótica do jogador, é também um cara culto, inteligente. Afinal, quem apostaria que um jogador de futebol seria capaz de ler Kafka?" :obiggraz:

Enfim. Eu estou lendo Febre de Bola. Recomendo com todas as minhas forças, para todos aqueles que gostam de futebol, e para os que não gostam também. Nick Hornby conta a história dele como torcedor do Arsenal. Lembro que logo no início do livro ele diz algo como "esse livro é para você que é torcedor. Aqui estão as minhas experiências, não são as mesmas que as suas, mas espero que elas despertem algum sentimento em você", ou algo nesse sentido (tradução livre minha, pois estou com o livro em inglês e fiquei com preguiça de ir ver exatamente o que ele disse).

Ainda não terminei, mas digo que só o capítulo em que ele fala do Brasil de 70 já vale a leitura.
 
Última edição:
Fiori foi o maior. Boa dica de leitura, vou atrás disso aí!

O livro gringo que indiquei até hoje ainda não encontrei nada por aqui pois comprei no Uruguai e muito provavelmente só foi editado pro mercado deles, mas se eu vê-lo na prateleira de importados de alguma livraria eu informo aqui onde achar nesse tópico.

Já os demais são mais fáceis de encontrar. Algumas livrarias na net vendem.
 
Uns meses atrás, eu participei da Semana Literária do SESC, aqui em Curitiba. Uma das mesas redonda foi com o Sérgio e o André Sant'Anna.

Então conversa vai, conversa vem, sabe Deus como, a conversa chegou em futebol. Lembro vagamente do André comentando sobre um livro dele (não me perguntem qual :roll:), no qual o personagem gostava de futebol e tal.

O personagem é jogador de futebol. O nome do livro é "O paraíso é bem bacana".
 
Davi de Coimbra tem com toda sertesa o melhor texto futibolista.É demais como ele intercala o assunto futebol, mulher e muitas veses obras da nossa literatura.....
 
Zé da Manivela disse:
Reinaldo, lendário centro avante do Atlético Mineiro, o maior que o Brasil já teve, me arrisco a dizer (essa parte sou eu que digo).
Ouvir a narração das pinturas de gols que o Reinaldo fazia é delicioso:"É GOL, DE REI!!"

Reinaldo figurava, quase sempre, nas crônicas escritas por Roberto Drummond.

Minha situação em dia de jogo do Galo (em dia de clássico, principalmente.):

Oração do Atleticano
(Roberto Drummond)

Senhor:
apague o sol
apague a lua
anoiteça os olhos da amada
mas não deixe o Atlético capitular
não deixe, Senhor, o adversário passar
não deixe nosso goleiro vacilar.
Dê asas de pássaro ao goleiro
dê os braços dos amantes
ao goleiro
faça-o abraçar esse pássaro
Sem asas
como se fosse a mulher mais esperada
mais desejada
mais sonhada
mais amada
mais adiada.
Senhor:
tire o pão nosso de cada dia
corte nossa água
nos condene à fome e à sede
proíba nossos amores
exile as amadas na China
Ou na Conchinchina
decrete a solidão
nas esquinas, nos bares e
em nosso coração
faça de nós, Senhor,
um bolero
faça de nós um tango
faça de nós uma guarânia
ou uma balada
faça de nós a mais desesperada canção
nos mate não apenas da sede de água
mas da sede da boca da amada
mas transforme nossa defesa
num muro
numa barreira
numa trincheira
num obstáculo intransponível.
Mate a todos nós
da fome de amor
que é pior que a fome de verdade
mas não deixe, Senhor,
o adversário passar.
Senhor:
dispare a inflação
mingue nosso feijão
aprisione nossa ilusão
prenda de vez nosso coração
mas espalhe luz
sobre os caminhos do Atlético
sobre a grama verde onde pisam
nossos heróis.
Acenda uma estrela na chuteira deles
e não deixe, Senhor, o adversário passar.
Não deixe o Atlético capitular.
Senhor:
nos faça descobrir o amor
para depois tirá-lo de nós.
Faça-nos sofrer de amor
mate-nos de amor, se preciso
mas quando nosso atacante pegar a bola,
Senhor,
Iluminado seja o seu caminho
cheio de estrelas e de dribles
e de passes mágicos e de cruzamentos
e de gols
seja feito o seu caminho
encantada seja sua chuteira
e que nos seus pés
na sua cabeça
bendita seja a vitória do Atlético.
E depois de tudo, Senhor,
depois que o Atlético cantar
aí, Senhor, se julgar necessário
nos tomar algum fruto
após tanta recompensa,
prive-nos de tudo que quiser
exile a amada no Equador
e, outra vez, Senhor
nos mate de amor,
mas não deixe o adversário passar.

Por falar em clássico, tenho de digitar o textinho que escrevi, no dia do último Cruzeiro x Atlético (sim, o mando era do Cuzeiro). E domingo, clássico de novo, só que, dessa vez, contra o Ameriquinha.
 
Gente, quando o Galo ganhar do Botafogo (Que sina, Jesus, que sina! :tsc: ), eu escreverei uma crônica e postarei aqui. Sério, promessa de Melian. Se ganhar hoje, mesmo que não se classifique, eu cumpro a promessa.

Olha o desespero, meu Deus! :lol:
 
Não ganhou, Cléo. Temos uma crônica para a derrota?
(embora eu nem possa te zoar por isso, meu time também é freguezasso do foguinho).
 
Eu vou parar de fazer essas promessas, sério, Digo. :lol:

Mas eu escrevi uma crônica mesmo assim.

O doce beijo da vitória

Entre gritos, xingos, e muito suor, veio o tão esperado apito do juiz.

- Quanto tempo fazia que o Galo não ganhava do Botafogo, hein? (vou debochar um pouquinho, isso é o tempero do relacionamento).
- Não sei (eu sei, mas não vou falar, vou dar uma de desentendida e curtir a vitória de hoje).
- Mas que torcedora que você é, hein, querida? (ela pensa que me engana. Ela sabe até qual foi a escalação do Galo quando ele foi campeão brasileiro, e isso foi em 1971).
- Uma torcedora que prefere se lembrar dos momentos bons, não dos ruins (eu sempre me dou bem quando faço a otimista).
- Então você apagou da memória o fato de que o seu time caiu para a segunda divisão do campeonato Brasileiro em 2005? (Ela fala do quão desesperada ficou todos os dias, não é possível que será tão dissimulada assim).
- Eu me lembro, assim como você certamente se lembra do rebaixamento do Botafogo em 2002. (a melhor defesa é o ataque, não posso me entregar antes de jogar!)
- Quer falar sobre a volta triunfante do seu time à divisão elite do futebol brasileiro em 2006? (vou fingir que a deixarei desviar o assunto da conversa).
- Só se você quiser falar sobre a gloriosa subida do Palmeiras quando o Botafogo deu uma de Vasco e subiu como vice-campeão. (contra-atacar é a minha especialidade.)
- Você sabe que essa vitória de hoje não significa nada, né? (menospreze o adversário, isso ajuda a minimizar a derrota. Não que eu esteja perdendo para ela!)
- Acabamos de ver um jogo treino, amor? (Ele já está pendurando as chuteiras por hoje!)
- Não é isso o que eu quis dizer. (Debochada!)
- Claro que não, meu bem. Você quis dizer que está com raiva pelo fato de o seu time ter perdido para o meu, mas está desdenhando, para parecer que aceitou a derrota sem maiores problemas. (Ele está agindo como um goleiro que acabou de levar o frango do ano!)
- Quero ver você toda cheia de si assim depois do clássico contra o Cruzeiro, no próximo fim de semana. (O Galo será estraçalhado pela raposa).
- Amor, você realmente precisa decidir para qual time torce. É sério. Essa história de ser misto acaba com a dignidade de qualquer torcedor. Nem tenho coragem de admitir que sou casada com um torcedor mistão. (Quando ele apela para o Cruzeiro é porque foi expulso de campo e terá de ir mais cedo para o chuveiro. Ele vai mesmo para o chuveiro, mas sem mim).
- Você venceu! (Se eu continuar, a próxima jogada dela será me mandar ir dormir no sofá.)

As gargalhadas ecoaram por toda a casa, e foram repousar no quarto.

- Amor, está acordada?
- Não. Eu, eu, agora, estou. Por quê?
- Você estava sorrindo.
- Eu estava sonhando.
- Com o quê?
- Com o seu beijo. (Com o doce beijo da vitória que o seu time me roubou, seu cretino!)
 

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