Haleth
Sweet dreams
Saiu na Guardian.
As opiniões pessoais são de Katharine Quarmby, jornalista autora de Scapegoat, why we are failing disabled people, responsável pela elaboração dessa lista. Achei interessante porque ela é ativista dos direitos dos deficientes, e a explicação que ela dá para os títulos escolhidos é bem fundamentada. Está em spoiler, a seguir, e em inglês. O que mais me deixou curiosa é que eu nunca tinha pensado muito sobre esse assunto, deficientes na literatura, mas eles estão presentes em muitos e não-obscuros livros... Achei bem bacana.
Mesmo sem ter lido ainda, achei que faltou O Som e a Fúria, mas ok. Ela leu todos esses a seguir, eu só li alguns e olhe lá. =) Mas, poxa, faltou o Capitão Gancho!
Fiz tradução livre, leve e solta, ok?
ATENÇÂO: Não me responsabilizo por spoilers.
1. Viagens de Gulliver, by Jonathan Swift (1726)
Em Viagens de Gulliver, Swift brinca com a noção de diferença com grande efeito. Gulliver é grande demais quando chega a Lilliput - onde os habitantes têm 1/12 do tamanho médio dos humanos - e depois, é pequeno demais quando viaja a Brobdingnag, habitado gigantes. As outras duas partes do livro são menos relacionadas ao tema, mas o tratamento que Swift dá à diferença, como uma questão de perspectiva pessoal, é refrescante. Qualquer um, de qualquer tamanho ou forma, segund ele, pode ser bom ou mau.
2. Um conto de Natal, by Charles Dickens (1843)
Uma discussão controversa para pessoas deficientes, muitas das quais não conseguem suportar a representação do deficiente físico Tiny Tim. Não tenho certeza se concordo: de certa forma, apesar da linguagem infeliz, Tiny Tom é um retrato positivo de um ser humano que se torna deficiente e é claramente representado como o queridinho da família Cratchit. Nâo tenho certeza se Dickens merece o opróbio que se lança sobre ele por causa desse personagem (apesar de não poder dizer o mesmo de outros, como Miss Havisham em Grandes Esperanças, por exemplo).
3. Jane Eyre, by Charlotte Brontë (1847)
Um exame muito interessante sobre a deficiência atráves de Edward Rochester, "cego e aleijado", como um "julgamento" para o pecado de manter seu primeiro casamento com a "louca" Mrs Rochester segredo. Um personagem diz que teria sido melhor ele estar morto, então Sir Edward tenta afugentar sua suposta amante, Jane Eyre. Mas ela se casa com ele assim mesmo, e descreve a sua deficiência como um fator de aproximação entre eles, e ainda se considera "extremamente abençoada". Bom material, embora seja conveniente destacar que a o personagem da primeira Mrs Rochester, Bertha, é uma das descrições menos positivas da doença mental na literatura inglesa.
4. Moby-Dick, by Herman Melville (1851)
O capitão Ahab, o caçador da Grande Baleia Branca (que arrancou sua perna), é um personagem inesquecível - um personagem com deficiência física que é claramente não dominado por sua deficiência. Em vez disso, ele é retratado como firme em sua perna de marfim, com uma "infinidade da mais firme fortaleza, uma obstinada e inquebrável determinação" para caçar Moby Dick. Por outro lado, sua obsessão em matar o animal que o tornou deficiente é, no mínimo, perturbadora.
5. A pedra da Lua, by Wilkie Collins (1869)
Uma descrição maravilhosa de uma empregada deficiente, Rosanna Spearman, que tem um "ombro deformado" como Gabriel Betteredge o descreve. Ela é suspeita de roubar um diamente de valor inestimável e se suicida de desespero. Sua reputação é defendida ferozmente por sua amiga, Limping Lucy, e por outros empregados. Collins tinha uma estatura muito pequena e tinha um desfiguramento facial - o que talvez explique a empatia de muitos seus dos livros entre pessoas com deficiência.
6. A ilha do Tesouro, by Robert Louis Stevenson (1883)
A figura sinstra de Long John Silver, o pirata de uma perna só, e Blind Pew, seu comparsa cego, confunde perfeitamente neste clássico atos perversos com falta de partes do corpo - embora, na verdade, Long John Silver ocupe um papel ambíguo, já que ele também é moderado, racional e temente a Bíblia. O próprio escritor foi deficiente - talvez esta seja uma das razões para os muitos personagens com deficiência no livro.
7. O Jardim Secreto, by Frances Hodgson Burnett (1910)
Acho esse um exame muito complexo de diferentes tipos de deficiência. Mr Craven foi profundamente amado por sua esposa, apesar de sua deficiência na espinha. Mas a representação de Colin, seu filho, que nasce depois da a morte prematura de sua esposa e que ele internaliza e cresce "torto" na mente e no corpo como resultado (similar ao tratamento de Richard III, de Shakespeare) é mais assustador. É preciso uma criança mimada, Mary Lennox, e uma outra criança, Dickon, para fazer Colin andar novamente - como se a deficiência física estivesse toda na mente. (N. T.: não li o livro, por isso não tenho certeza de que tipo de deficiência era essa que o pai tinha, nem como o filho pôde nascer após a morte da esposa do Mr Craven, já que todos os resumos que encontrei falam pelo ponto de vista da protagonista, a prima de Colin)
8. O amante de Lady Chatterley, by DH Lawrence (1928)
Uma grande confirmação de um assunto muito popular dos tempos em que DH Lawrence viveu - a obsessão com a vida sexual das pessoas com deficiência, que geralmente eram vistas como impotentes ou, ou "super sexuadas". Sir Clifford Chatterley é descrito, brutalmente, como "aleijado" e, portanto, incapaz de ter filhos, e como tendo "o olhar atento, a vaga ligeira de um aleijado". Ele também é "impotente" por causa de sua deficiência. Não admira que sua esposa tem que ter relações sexuais com o guarda-caça. Foi escrito quando DH Lawrence estava se sentindo "deficiente", já que estava morrendo de tuberculose.
9. O Senhor das Moscas, by William Golding (1954)
Neste romance muito perturbador sobre alteridade e limites, é importante notar que as três crianças que são apanhadas pelos outros têm deficiências ou vulnerabilidades físicas ou mentais. "Little'un", o primeiro a desaparecer, tem uma desfiguração facial. O próximo é Simon, que tem desmaios e cuja saúde mental se deteriora na ilha. Mas talvez o mais trágico seja Piggy, claramente o mais intelectual e moralmente clarividente dos rapazes, que é assassinado. Ele tem asma, é perseguido por causa de sua obesidade e também é míope.
10. Grace Williams Says It Loud by Emma Henderson (2010)
Uma agradável e diferente abordagem, tanto sobre deficiência física quanto sobre dificuldades de comunicação. Esta é uma narrativa em primeira pessoa feita por Grace, uma mulher com deficiência que foi repudiada, e é um relato eloqüente de sua vida e de seu apaixonado caso de amor dentro de uma instituição.
As opiniões pessoais são de Katharine Quarmby, jornalista autora de Scapegoat, why we are failing disabled people, responsável pela elaboração dessa lista. Achei interessante porque ela é ativista dos direitos dos deficientes, e a explicação que ela dá para os títulos escolhidos é bem fundamentada. Está em spoiler, a seguir, e em inglês. O que mais me deixou curiosa é que eu nunca tinha pensado muito sobre esse assunto, deficientes na literatura, mas eles estão presentes em muitos e não-obscuros livros... Achei bem bacana.
"Here's a list of some of the most memorable – and, at times, disturbing – depictions of disability in English literature. I've spent the last four years or so looking at the stereotypes of impairment that feed the prejudices behind many violent crimes against disabled people, culminating in my book. From early childhood, we read tales that conflate evil with disability – wicked witches, brutal giants and dastardly pirates lacking limbs, to name but three. Other stereotypes appear more benign at first glance – the disabled person as a tragic and pitiful figure, such as Beth in Little Women, or the invalid Klara in Heidi, although many disabled people find them equally stifling as stereotypes.
"But some depictions are more complex, as the list below demonstrates. Although some of the characters are clearly not positive I think it's important to recommend influential books here, rather than the few written by disabled writers seeking to promote positive images that haven't reached the mainstream. It's also interesting to note that there are fewer disabled characters in the canon nowadays, except in children's literature, where there has been a deliberate attempt to promote positive images of disabled children and adults, thanks to activists like Richard Rieser and Susie Burrows."
"But some depictions are more complex, as the list below demonstrates. Although some of the characters are clearly not positive I think it's important to recommend influential books here, rather than the few written by disabled writers seeking to promote positive images that haven't reached the mainstream. It's also interesting to note that there are fewer disabled characters in the canon nowadays, except in children's literature, where there has been a deliberate attempt to promote positive images of disabled children and adults, thanks to activists like Richard Rieser and Susie Burrows."
Mesmo sem ter lido ainda, achei que faltou O Som e a Fúria, mas ok. Ela leu todos esses a seguir, eu só li alguns e olhe lá. =) Mas, poxa, faltou o Capitão Gancho!

ATENÇÂO: Não me responsabilizo por spoilers.
1. Viagens de Gulliver, by Jonathan Swift (1726)
Em Viagens de Gulliver, Swift brinca com a noção de diferença com grande efeito. Gulliver é grande demais quando chega a Lilliput - onde os habitantes têm 1/12 do tamanho médio dos humanos - e depois, é pequeno demais quando viaja a Brobdingnag, habitado gigantes. As outras duas partes do livro são menos relacionadas ao tema, mas o tratamento que Swift dá à diferença, como uma questão de perspectiva pessoal, é refrescante. Qualquer um, de qualquer tamanho ou forma, segund ele, pode ser bom ou mau.
2. Um conto de Natal, by Charles Dickens (1843)
Uma discussão controversa para pessoas deficientes, muitas das quais não conseguem suportar a representação do deficiente físico Tiny Tim. Não tenho certeza se concordo: de certa forma, apesar da linguagem infeliz, Tiny Tom é um retrato positivo de um ser humano que se torna deficiente e é claramente representado como o queridinho da família Cratchit. Nâo tenho certeza se Dickens merece o opróbio que se lança sobre ele por causa desse personagem (apesar de não poder dizer o mesmo de outros, como Miss Havisham em Grandes Esperanças, por exemplo).
3. Jane Eyre, by Charlotte Brontë (1847)
Um exame muito interessante sobre a deficiência atráves de Edward Rochester, "cego e aleijado", como um "julgamento" para o pecado de manter seu primeiro casamento com a "louca" Mrs Rochester segredo. Um personagem diz que teria sido melhor ele estar morto, então Sir Edward tenta afugentar sua suposta amante, Jane Eyre. Mas ela se casa com ele assim mesmo, e descreve a sua deficiência como um fator de aproximação entre eles, e ainda se considera "extremamente abençoada". Bom material, embora seja conveniente destacar que a o personagem da primeira Mrs Rochester, Bertha, é uma das descrições menos positivas da doença mental na literatura inglesa.
4. Moby-Dick, by Herman Melville (1851)
O capitão Ahab, o caçador da Grande Baleia Branca (que arrancou sua perna), é um personagem inesquecível - um personagem com deficiência física que é claramente não dominado por sua deficiência. Em vez disso, ele é retratado como firme em sua perna de marfim, com uma "infinidade da mais firme fortaleza, uma obstinada e inquebrável determinação" para caçar Moby Dick. Por outro lado, sua obsessão em matar o animal que o tornou deficiente é, no mínimo, perturbadora.
5. A pedra da Lua, by Wilkie Collins (1869)
Uma descrição maravilhosa de uma empregada deficiente, Rosanna Spearman, que tem um "ombro deformado" como Gabriel Betteredge o descreve. Ela é suspeita de roubar um diamente de valor inestimável e se suicida de desespero. Sua reputação é defendida ferozmente por sua amiga, Limping Lucy, e por outros empregados. Collins tinha uma estatura muito pequena e tinha um desfiguramento facial - o que talvez explique a empatia de muitos seus dos livros entre pessoas com deficiência.
6. A ilha do Tesouro, by Robert Louis Stevenson (1883)
A figura sinstra de Long John Silver, o pirata de uma perna só, e Blind Pew, seu comparsa cego, confunde perfeitamente neste clássico atos perversos com falta de partes do corpo - embora, na verdade, Long John Silver ocupe um papel ambíguo, já que ele também é moderado, racional e temente a Bíblia. O próprio escritor foi deficiente - talvez esta seja uma das razões para os muitos personagens com deficiência no livro.
7. O Jardim Secreto, by Frances Hodgson Burnett (1910)
Acho esse um exame muito complexo de diferentes tipos de deficiência. Mr Craven foi profundamente amado por sua esposa, apesar de sua deficiência na espinha. Mas a representação de Colin, seu filho, que nasce depois da a morte prematura de sua esposa e que ele internaliza e cresce "torto" na mente e no corpo como resultado (similar ao tratamento de Richard III, de Shakespeare) é mais assustador. É preciso uma criança mimada, Mary Lennox, e uma outra criança, Dickon, para fazer Colin andar novamente - como se a deficiência física estivesse toda na mente. (N. T.: não li o livro, por isso não tenho certeza de que tipo de deficiência era essa que o pai tinha, nem como o filho pôde nascer após a morte da esposa do Mr Craven, já que todos os resumos que encontrei falam pelo ponto de vista da protagonista, a prima de Colin)
8. O amante de Lady Chatterley, by DH Lawrence (1928)
Uma grande confirmação de um assunto muito popular dos tempos em que DH Lawrence viveu - a obsessão com a vida sexual das pessoas com deficiência, que geralmente eram vistas como impotentes ou, ou "super sexuadas". Sir Clifford Chatterley é descrito, brutalmente, como "aleijado" e, portanto, incapaz de ter filhos, e como tendo "o olhar atento, a vaga ligeira de um aleijado". Ele também é "impotente" por causa de sua deficiência. Não admira que sua esposa tem que ter relações sexuais com o guarda-caça. Foi escrito quando DH Lawrence estava se sentindo "deficiente", já que estava morrendo de tuberculose.
9. O Senhor das Moscas, by William Golding (1954)
Neste romance muito perturbador sobre alteridade e limites, é importante notar que as três crianças que são apanhadas pelos outros têm deficiências ou vulnerabilidades físicas ou mentais. "Little'un", o primeiro a desaparecer, tem uma desfiguração facial. O próximo é Simon, que tem desmaios e cuja saúde mental se deteriora na ilha. Mas talvez o mais trágico seja Piggy, claramente o mais intelectual e moralmente clarividente dos rapazes, que é assassinado. Ele tem asma, é perseguido por causa de sua obesidade e também é míope.
10. Grace Williams Says It Loud by Emma Henderson (2010)
Uma agradável e diferente abordagem, tanto sobre deficiência física quanto sobre dificuldades de comunicação. Esta é uma narrativa em primeira pessoa feita por Grace, uma mulher com deficiência que foi repudiada, e é um relato eloqüente de sua vida e de seu apaixonado caso de amor dentro de uma instituição.