• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Les Rebelles des Foot (ainda sem título em português, 2012)

Talvez seria o caso de fazer o tópico no Esportes. Se a Moderação julgar melhor, favor mover pra lá.

Li esses dias sobre este documentário, produzido pelo ex-jogador Eric Cantona, e me pareceu muito interessante. Segue a íntegra da matéria:


[h=2]As histórias de cinco jogadores que desafiaram o sistema com a bola nos pés[/h]
sáb, 17/11/12
por Fred Soares |
categoria Cinema, Documentário, Futebol, Grandes Craques, Política
| tags Carlos Caszely, Didier Drogba, Eric Cantona, Pedrag Pasic., Rached Meklhoufi, Sócrates

O futebol, assim como todo elemento de mobilização da massa, pode (e deve) ser usado como bandeira política e social. Ao longo da história, alguns jogadores foram absolutamente mestres nesta arte. É exatamente isso que mostra o documentário “Les Rebelles du Foot”, que aqui no Brasil deve receber a tradução literal “Os Rebeldes do Futebol”.


A película, produzida pelo ex-jogador (e bad boy) Eric Cantona, conta a trajetória de cinco ex-futebolistas que, desafiando as circunstâncias e as barreiras oferecidas pela conjuntura política de suas épocas, marcaram posição e, através do esporte, apresentaram e defenderam os seus pontos de vista (confira o trailer abaixo).







Dentre eles, um brasileiro: Sócrates. O engajamento do capitão da seleção na Copa de 82 na luta pelas eleições diretas para a presidência da República e sua participação no movimento ”Democracia Corintiana” são o pano de fundo do capítulo que lhe é dedicado.


O documentário tem mais quatro partes, cujos protagonistas são o chileno Carlos Caszely, o marfinense Didier Drogba, o argelino Rached Meklhoufi e o bósnio Pedrag Pasic.



Caszely se opunha frontalmente à ditadura de Pinochet. E manifestou isso publicamente – um ato de extrema coragem à época – quando se recusou a apertar a mão do general numa solenidade em que os jogadores classificados para o Mundial da Alemanha, em 74, foram recebidos no Palácio de la Moneda. A bravura custou caro ao então capitão da seleção: sua família passou a ser perseguida pelo regime, a ponto de sua mãe ter sido torturada. Ele revelou a barbárie numa entrevista para a TV. Para não morrer, optou pelo exílio na Espanha, onde jogou durante cinco anos antes de voltar a seu país.




A história de heroísmo do atacante marfinense também esbanja coragem. Em 2007, havia cinco anos em que a Costa do Marfim vivia sob uma sangrenta guerra civil. De um lado, os governistas, cristãos. Mais ao norte, os rebeldes, de origem islâmica. A seleção do país enfrentaria Madagascar, numa partida decisiva pela classificação à Copa das Nações Africanas. Semanas antes, Drogba foi ao palácio presidencial e, valendo-se da sua condição de astro do time, exigiu que a partida fosse disputada em Bouaké, a capital dos rebeldes.

O pedido desconcertou o então presidente Laurent Gbagbo (hoje detido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes cometidos contra a sua população). Mas, pressionado pela opinião pública, ele cedeu.

O jogo no Bouaké Stadium uniu rebeldes e simpatizantes ao governo durante um período de cessar fogo, que, a rigor, foi conquistado por Drogba. Um tanque rebelde conduziu a seleção até o estádio. E, antes do começo da partida, 25 mil pessoas, entre governistas e rebeldes, cantaram o hino do país.

Na tribuna, Gbagbo ficou ao lado do guerrilheiro Guillaume Soro, atual primeiro-ministro do país. A Costa do Marfim goleou Madagascar por 5 a 0. No dia seguinte, os jornais marfinenses resumiram tudo de forma magistral: “Cinco gols para acabar com cinco anos de guerra”.




Meklhoufi usou transformou o futebol como forma de protesto à colonização de seu país, a Argélia. Nos anos 50, era um dos craques do futebol francês. Jogava no Saint-Ettiene. Era nome certo na equipe que iria à Copa de 58, na Suécia. A vaidade, porém, não lhe subiu à cabeça. Em defesa de sua pátria, desertou da França. E, ao lado de outros companheiros de causa, formou um time de futebol que se tornou uma espécie de braço esportivo da Frente de Libertação Nacional da Argélia e embrião da futura seleção nacional. A equipe, que se instalou na Tunísia, fez partidas em outros países africanos francófonos, sempre pregando o discurso da independência.

A liberdade só foi alcançada em 1962. Meklhoufi virou herói nacional. E, como digno fundador da seleção de seu país, dirigiu-a, como treinador, na Copa do Mundo de 1982. Esta história está resumidamente contada no vídeo abaixo.









Amor e abnegação por sua terra também são o cenário da história do bósnio Pedrag Pasic. No fim dos anos 70, com a camisa do FC Sarajevo, era um dos principais jogadores da antiga Iugoslávia. No clube, tinha como seu psicólogo uma pessoa que mudaria para sempre a história daquele pedaço dos Balcãs: Radovan Karadzic.

Pasic jogou a Copa de 82 pela Iugoslávia antes de fazer uma bem-sucedida carreira no futebol alemão. De volta à sua região, viu a dissolução da Iugoslávia e o estabelecimento da Bósnia como país livre.

Mas alguém não via aquilo com bons olhos. Aquele mesmo psicólogo com quem trabalhara no FC Sarajevo se tornou presidente da Sérvia: Radovan Karadzic. Conhecido como o “Carniceiro dos Balcãs”, ele iniciou uma guerra que trazia no seu cerne o objetivo de fazer uma limpeza étnica na Bósnia, exterminar a população muçulmana para, depois, anexar o território à Sérvia.

Pasic era um dos bósnios a serem exterminados. Seus contatos na Alemanha até lhe ofereceram ajuda para que fugisse. Mas ele se manteve firme. Resolveu enfrentar a guerra com a sua arma: o futebol.

Fundou uma escolinha de futebol, conhecida como Bubamara, que recebia crianças de todos as origens: sérvias, bósnias e montenegrinas. Mesmo com a capital bósnia sitiada, Pasic não arredou pé de suas posições. Convenceu os pais das crianças que, se tivessem de morrer, seria daquela forma, fazendo o que mais gostavam – jogando bola.


Nota do blogueiro – Para arrematar as histórias, é bom saber como elas terminaram.

- Sócrates viu o Brasil se redemocratizar, mas não evitou a queda de sua filosofia no Corinthians. Morreu em 2011

- Caszely atuou até meados dos anos 80, quando voltou à militância política pela queda de Pinochet. O ditador caiu após um plebscito em 1990 e morreu em 2006. Mas antes chegou a ficar detido na Inglaterra a pedido da Justiça Espanhola, que o responsabilizava por mortes de cidadãos daquele país.

- Drogba virou herói nacional. Laurent Gbagbo perdeu as eleições de 2010, mas não aceitou a derrota. Teve de sair pela força, foi preso e entregue ao Tribunal Penal Internacional.

- Meklhoufi viu seu país se tornar independente em 1962. Jogou pela sua seleção de 63 a 69, enquanto seguia defendendo clubes franceses. Foi o técnico da Argélia na Copa de 82.

- Pasic viu vários de seus compatriotas morrerem, mas assistiu também à ação das tropas internacionais que impediram o intuito de Karadzic em 1996. O ex-presidente sérvio, então, tornou-se um fugitivo internacional, já que lhe foi emitida prisão por crimes contra a humanidade. Doze anos depois, foi detido pelas novas autoridades sérvias.

Fonte
 
Última edição por um moderador:
Muito bacana a temática desse documentário. Tomara que seja bem divulgado, pois trata-se de algo que rompe várias barreiras e indo muito além das quatro linhas.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo