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Notícias Leitura de livros de ficção ajuda a adivinhar pensamentos, diz estudo

Ana Lovejoy

Administrador
As obras de ficção são o tipo de literatura que mais aguça a capacidade intelectual para discernir os pensamentos e as emoções dos demais, garante um estudo de cientistas americanos publicado nesta quinta-feira (3).

Diariamente, as pessoas devem executar a difícil tarefa de detectar um sorriso falso, avaliar se alguém não se sente confortável ou medir as emoções de familiares e amigos, indicaram os autores dos trabalhos publicados na revista Science. Este é um processo mental essencial que permite o desenvolvimento da complexa rede de relações nas sociedades humanas, que a ciência cognitiva define como "teoria da mente", destacaram.

Para esta investigação, Emanuele Castano, professor de psicologia na New School for Social Research de Nova York, e seu aluno de doutorado, David Comer Kidd, pediram a várias pessoas para lerem histórias curtas de ficção literária de qualidade, de ficção popular de menor qualidade e de não-ficção.

Os leitores foram submetidos a uma série de testes destinados a medir como podiam adivinhar o que uma pessoa sentia, por exemplo, olhando a foto de uma expressão facial ou respondendo a perguntas sobre como uma pessoa com determinada personalidade atuaria sob certas circunstâncias. Os dados revelaram que os melhores resultados foram obtidos pelos que tinham lido fragmentos de ficção literária.

O estudo revelou que o fator determinante para melhorar a capacidade de sondar a alma dos outros é a qualidade das obras de ficção, que nos experimentos se concentravam em diferentes temas, mas todas produziam o mesmo resultado.

Segundo os autores, isso se deve ao fato de que essas leituras envolvem intelectualmente o leitor, despertando seus pensamentos criativos, diferentemente do efeito da ficção popular ou de qualidade inferior.

"Assim como na vida real, os mundos descritos na literatura de ficção de qualidade estão cheios de complexos personagens cujas vidas interiores poucas vezes são facilmente discerníveis, o que requer um esforço intelectual", escreveram os autores do estudo.

As descobertas podem ser úteis na reabilitação de presos ou ainda podem ajudar a pessoas autistas a se comunicar melhor com os demais, concluíram os cientistas.

FONTE
 
Provavelmente pela mesma razão os bons escritores são aqueles que leem bastante (bons) livros.
Atores de talento também costumam ser bons leitores de clássicos. :yep:
 
n diria adivinhar pensamentos, mas meio q acaba explicando a minha tendência d ser psicólogo e a descobrir coisas íntimas até d desconhecidos em pouquíssimo tempo.
realmente acabo "entendendo" bastante quem sempre diz q ngm o entende.
será q ando lendo as minhas amizades virtuais & reais como personagens literários?
 
Até tem uma certa certa lógica sim, pois o ato de ler trabalha diretamente com a imaginação, sendo assim, quem lê muito, e principalmente livros de ficção, tende a ter uma imaginação mais "aflorada", digamos assim...rsr.
 
achei a matéria semelhante mas diferente, por isso posto aqui no mesmo tópico.

15/10/2013 - 03h00
Literatura melhora percepção dos sentimentos alheios, diz estudo

PAM BELLUCK
DO "NEW YORK TIMES"

Digamos que você esteja se aprontando para um encontro romântico às cegas ou para uma entrevista de emprego. O que você deve fazer para se preparar? Além de tomar banho e se barbear, é claro, seria o caso de ler -mas não qualquer coisa. Algo de Tchekhov ou de Alice Munro ajudará você a navegar pelo novo território social e a interpretar emoções melhor do que com a ficção popular ou a não ficção.

Segundo um estudo recente, a ficção literária deixa mais espaço para a imaginação, estimulando os leitores a fazer inferências sobre os personagens e a serem sensíveis a complexidades e nuances emocionais.

"Por isso amo a ciência", disse Louise Erdrich, cujo romance "The Round House" foi usado na experiência. Os pesquisadores, segundo ela, "provaram como são verdadeiros os benefícios intangíveis da ficção literária".

Não é nova a ideia de que nossas leituras podem influenciar nossas habilidades sociais e emocionais. Pesquisas anteriores já haviam correlacionado vários tipos de leitura à empatia e à sensibilidade. Recentemente, cientistas usaram testes de percepção da inteligência emocional para estudar crianças com autismo.

Mas os especialistas dizem que a nova descoberta foi poderosa por ter sugerido um efeito direto e quantificável da literatura, mesmo quando lida por poucos minutos.

O estudo, publicado em 3 de outubro pela revista "Science", mostrou que após ler ficção literária, em vez de ficção popular ou não ficção séria, as pessoas tinham melhor desempenho em testes que mensuravam a empatia, a percepção social e a inteligência emocional -habilidades que vêm a calhar quando se tenta ler a linguagem corporal de alguém ou avaliar o que os outros podem estar pensando.

Nicholas Humphrey, professor emérito do Darwin College, da Universidade de Cambridge, que não se envolveu na pesquisa, disse que já era de se esperar que a leitura em geral tornasse as pessoas mais predispostas à empatia e à compreensão. "Mas separar a ficção literária e demonstrar que ela tem efeitos diferentes das outras formas de leitura é notável."

Os autores do estudo e outros psicólogos acadêmicos disseram que tais conclusões deveriam ser consideradas pelos educadores que concebem os currículos, especialmente aqueles que hoje se inclinam por tarefas de leitura de não ficção.

"Francamente, concordo com o estudo", disse Albert Wendland, que dirige um mestrado sobre ficção popular na Universidade Seton Hill, em Nova Jersey. "Ao fazer narrativas sensíveis e longas da vida das pessoas, esse tipo de ficção está literalmente se colocando na posição de outrem -vidas que poderiam ser mais difíceis, mais complexas, mais do que aquilo com que você poderia estar acostumado na ficção popular." Ele acrescentou: "Talvez a ficção popular seja uma forma de lidar mais com seu próprio ser, talvez com os próprios desejos e necessidades".

Na ficção popular, disse o doutorando David Comer Kidd, um dos pesquisadores do estudo, "realmente o autor está no controle, e o leitor tem um papel mais passivo". Na ficção literária, como nas obras de Dostoiévski, "não há uma voz única e abrangente", disse ele. "Cada personagem apresenta uma versão diferente da realidade, e elas não são necessariamente confiáveis. Você precisa participar como leitor dessa dialética, o que é realmente algo que você precisa fazer na vida real."

Emanuele Castano, professor de psicologia e outro autor do estudo, acrescentou que, em muitos casos, "a ficção popular parece mais focada na trama". "Os personagens podem ser intercambiáveis e geralmente mais estereotipados na forma como são descritos."

Em um teste, os pesquisadores da Nova Escola de Pesquisas Sociais, em Nova York, pediram a pessoas que haviam acabado de ler determinados trechos por poucos minutos que estudassem fotos de pares de olhos e encontrassem um adjetivo que melhor descrevesse a emoção demonstrada em cada fotografia.

Será que a mulher de olhar enevoado está perplexa ou duvidosa? E o homem de olhos semicerrados, estará desconfiado ou indeciso? Ela está interessada ou irritada, sedutora ou hostil? Será que ele está fantasiando ou se sentindo culpado, está dominante ou horrorizado? Ou estará chateado pelo fato de suas ações de uma empresa de tecnologia terem perdido meio por cento na Nasdaq num pregão noturno depois das últimas notícias sobre o Oriente Médio? (Estou brincando -essa última alternativa não estava no teste.)

Os pesquisadores concluíram que pessoas que leram ficção literária tiveram resultados melhores do que quem leu ficção popular ou não ficção.

Quem leu ficção popular cometeu tantos erros quanto quem não leu nada, descobriram eles.

Há muita coisa que o estudo não aborda: passar três meses lendo Charles Dickens ou Jane Austen produziria efeitos maiores ou menores, ou não teria influência? Será que os resultados se manteriam se a mesma pessoa lesse todos os tipos de material?

Seja como for, Erdrich, a romancista, disse que o estudo a fez se sentir "pessoalmente animada".

"Os escritores costumam ser solitários obsessivos, especialmente os literários. É legal que digam que o que escrevemos tem valor social", afirmou ela.

"No entanto, eu continuaria escrevendo mesmo que os romances fossem inúteis."

FONTE
 
O Sérgio Rodrigues postou em seu blog uma crítica a essa pesquisa, baseada principalmente em um artigo de Lee Siegel na New Yorker. Vou colar um trecho abaixo:

http://veja.abril.com.br/blog/todoprosa/vida-literaria/literatura-quanto-mais-inutil-melhor/

O problema começa, segundo Siegel, quando se toma o discurso da empatia como razão de ser da literatura. Citando dois estudos “científicos” recentes que alegam ter comprovado com estatísticas que a leitura de ficção traz mais benefícios sociais do que a de não-ficção – porque, justamente, capacitaria melhor as pessoas para a compreensão do que vai na cabeça e na alma do próximo –, o crítico inverte sabiamente o raciocínio para expor como derrota da ficção o que parece uma vitória:


"Em vez de proclamar a superioridade da ficção sobre as habilidades práticas que seriam conferidas pela leitura de não-ficção, os estudos sugerem que os efeitos práticos são um parâmetro indispensável pelo qual as virtudes da ficção devem ser julgadas. Ler ficção é bom, segundo esses estudos, porque transforma você num agente social melhor. (…) Os americanos sempre se sentiram desconfortáveis com qualquer atividade cultural que não conduza a resultados palpáveis."


Bingo. Siegel vai ainda mais longe e faz uma provocação brilhante, embora questionável: separa de forma radical empatia de compaixão ao dizer que algumas das pessoas com maior capacidade de compreender emoções e pensamentos alheios que ele conhece são executivos e advogados – que, como se sabe, não necessariamente usam tais habilidades para o bem do próximo.
 

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