Ana Lovejoy
Administrador
Então deiixar criança sem roupa agora é negligência? Como o mundo está ficando fresco. Eu fui criado no interior e andava feito índio até quando fui obrigado a usar roupa pra ir pra escola. Sob protesto.
arthur ficava só de fralda até quase completar 3 anos, às vezes nem fralda (ele gostava de dançar palavra cantada peladão hehehe). minha sogra vivia enchendo os pacová de "isso não é certo", "criança tem que usar roupa", etc. mas o piá sempre foi encalorado e a primeira coisa que ele fazia quando chegava em casa era tirar a roupa. vou ficar discutindo com o guri se ele sabia que na hora de sair tinha que se vestir? bleargh.
o que eu vi da reportagem é que falaram que o guri tava de cueca e tava todo mijado. agora vamos lá: vc fez besteira, ficou pendurado na sacada, viu que vai cair. tá morrendo de medo. que acontece? lógico que se mija todo. aposto que até adulto numa situação assim se mijaria de medo. esse que é o lance do contexto de um evento isolado que eu tenho insistido. dão a impressão que a mulher de repente largava o filho mijado em casa e ia tirar uma soneca de boas, quando pode ter sido algo completamente diferente.
Esses dias o João Pedro, meu sobrinho, fez manha no supermercado e se jogou pq queria um brinquedo e o meu irmão simplesmente deixou ele no chão, fez cara de paisagem e foi andando. Quando ele percebeu que a coisa era séria, que ia ter que ficar ali, simplesmente engoliu o choro e ficou o resto do tempo das compras que era um doce de tão comportado. Eu fico pensando se com essa lei aí meu irmão poderia ser preso por abandono de menor.
o pior é na hora da manha as pessoas passando por você e te olhando com cara de:
- por que não faz esse moleque parar de chorar?
como se criança viesse de fábrica com botãozinho de liga e desliga, ou como se conversar sempre funcionasse. na maior parte das vezes funciona sim, mas se a criança já entrou num estágio mais avançado da birra, não tem volta, é esperar parar o choro mesmo. e aí além do pessoal que acredita no botão mágico de liga e desliga tem o pessoal que nunca teve filho, ou aqueles pais de crianças de menos de dois anos que ainda nem chegaram na fase das birras e acham que os filhos deles nuuuuuuuunca usarão choro para tentar ganhar algo e falam que é um horror deixar criança chorar (newsflash: toda criança tem fase de birra, não existiriam mil artigos sobre o assunto caso não fosse mega comum. pode ser mais birrenta, pode ser menos, pode passar rápido, pode se prolongar, mas toda criança eventualmente testará seus limites com o choro), e então te olham como se a birra da criança fosse culpa sua, e não um processo natural de amadurecimento da criança. e assim vai. olha, vou dizer, ser mãe não é bolinho. é ser constantemente julgada, não importa o quanto você cuide. como sempre dizem, "nada mais fácil que criar o filho dos outros", e essa lei aí (e a mania das pessoas de filmar/fotografar tudo para fazer ~~denúncia~~ no facebook) só vai piorar as coisas. porque aí não é questão de ser julgada (porque no final do dia dane-se o que aquele senhorzinho que você nunca viu na vida te falou na fila do mercado, né), mas de por uma interpretação errada do que ocorreu de repente tirarem seu filho de você.
edit: artigo da folha sobre o assunto (atenção para o parágrafo final):
A chamada Lei da Palmada, aprovada anteontem (4/6) no Senado, é subjetiva e não acrescenta nada à legislação vigente, dizem advogados ouvidos pela Folha. Deixa brecha, inclusive, para a própria palmada.
A legislação proíbe "castigo físico" que cause "sofrimento físico" ou "lesão". Apesar do apelido, a palavra "palmada" não consta no texto. Nem outra semelhante.
Cinco advogados ouvidos pela Folha afirmam que a regra deixa brechas para várias interpretações.
O criminalista Carlos Kauffmann diz que, para o caso de castigo físico que cause sofrimento ou lesão, já constam lesão corporal e maus-tratos no Código Penal. "Se der a palmada sem sofrimento físico ou moral e sem lesão corporal, não há problema."
Na tramitação no Congresso, o texto proposto pelo Executivo sofreu uma mudança. A palavra "dor" foi trocada por "sofrimento físico". Com isso, diz Kauffmann, a legislação ficou ainda mais subjetiva.
EFEITO SIMBÓLICO
Alamiro Velludo Netto, criminalista e professor de direito penal na USP, concorda que a norma não proíbe todo tipo de tapinha. "A palmada que tem mais efeito simbólico, de correção, não foi proibida, mas sim aquela que tem o caráter de agressão."
Segundo ele, a lei gera um grande desafio para os juízes, que terão de dar contornos mais precisos ao que deve ser considerado sofrimento físico.
"Em que medida um tapa é significativo? A forma como ele é dado, o contexto, tudo isso deverá ser considerado [na Justiça]. Uma palmada pode não ser considerada sofrimento físico, e o que vai determinar isso serão as decisões [judiciais]", diz o advogado.
O que a lei deve penalizar é a situação em que o responsável pela criança, seja a mãe ou o pai, ultrapasse os limites do razoável, afirma o professor.
O criminalista Fernando Castelo Branco ressalta que agressões devem ser punidas, como prevê a lei. O medo dele é que, por ser ampla, a nova regra abra espaço para interpretações radicais.
"O pai que dá uma palmada no filho que sai correndo para atravessar a rua causou um sofrimento físico na criança?", pergunta ele, que não vê na palmada tratamento degradante.
O professor de direito penal Luiz Flávio Gomes lembra que a norma não prevê punições penais, mas encaminhamento para tratamento. "Se a lei penal que prevê pena não surtir efeito preventivo, uma lei sem prever punição vai surtir menos efeito", diz.
"A violência física, sobretudo doméstica, é cultural. As leis não mudam a realidade", acrescenta Gomes.
DENUNCISMO
Para a advogada Carmen Nery, especialista em administração legal, a lei interfere em assuntos familiares e pode gerar um denuncismo que sobrecarregaria o Judiciário.
"Agora, o juiz vai verificar se tal chinelada fere ou não fere a Lei da Palmada", diz.
"Você acha que um Judiciário como nosso, lotado, sem condição de julgar latrocínios e serial killers, tem de decidir se a palmada foi bem dada e o beliscão foi excessivo?"
http://www1.folha.uol.com.br/cotidi...mada-nao-proibe-palmada-dizem-advogados.shtml
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