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"Laranja Mecânica" (Anthony Burgess)

Eldaráto Calimanar

Well-Known Member
Usuário Premium
"Laranja Mecânica" sai com nova tradução
JOCA REINERS TERRON
especial para a Folha

Depois de retornar da Malásia, onde trabalhou como professor, em 1960, o escritor britânico Anthony Burgess teve diagnosticado um tumor cerebral e deram-lhe apenas um ano de vida. Intencionando escrever o maior número possível de livros para assim deixar a viúva em situação cômoda devido aos direitos autorais, Burgess trancou-se numa cidade no sul da Inglaterra e de lá saiu com cinco livros prontos e outro pela metade.

Detalhe: não se sabe ao certo quais seriam os cinco terminados, porém o inacabado era o romance "Laranja Mecânica", relançado agora no Brasil pela editora Aleph. O tempo passou, nada aconteceu, e o escritor foi morrer somente em 1993, aos 76 anos de idade.

Burgess escreveu "Laranja Mecânica" inspirado nas tribos urbanas dos mods e rockers que infestavam a Londres dos anos 60. A obra tornou-se sucesso após Stanley Kubrick fazer a adaptação para o cinema, em 1971. Mais de 40 anos depois de seu lançamento, esse clássico da distopia (ao lado de "1984", de George Orwell e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley) também pode ser lido como um antecipador da barbárie hoje vivida pelas populações das metrópoles, como São Paulo, que assiste a massacres de moradores de rua.

O livro é narrado por Alex, líder de uma gangue de "nadsats" (adolescentes --diferentemente da personificação de Alex por Malcolm McDowell, com 28 anos à época da gravação do filme) que vaga por uma cidade no futuro atrás de drogas (entre outras coisas), praticando espancamentos e assaltos. Depois de idas e vindas, Alex é preso e submetido a uma lavagem cerebral que o faz vomitar a cada pensamento violento.

O escândalo causado pelos delírios visuais da versão cinematográfica provocou sua proibição na Inglaterra, pois a exibição poderia influenciar os jovens, possibilidade esta questionada por Burgess: "A agressão foi erigida no interior do sistema humano e não pode ser ensinada por livros, filmes ou peças. Se alguém quiser acreditar que um livro possa instigar a violência, a Bíblia deveria ser sua primeira escolha".

"Os maiores dramas de todos os tempos estão encharcados de sangue (...) e, claro, pode-se dizer que sem violência não pode haver drama", ainda defendia-se num artigo no jornal britânico "The Guardian", 30 após a primeira edição do livro.

Ao contrário da visualidade aguçada criada por Kubrick, a qualidade extrema do original de Burgess é a música da gíria "nadsat", causadora de um estranhamento à altura de clássicos da literatura modernista de língua inglesa, como o "Finnegans Wake", de James Joyce.

Porém não é uma música da incomunicabilidade a proposta por Burgess, e sim um convite ao mergulho do leitor num mundo movido pela violência masculina da puberdade e da testosterona em ebulição, irrompendo não apenas nos atos de fúria incontida mas também nas agressivas e pueris brincadeiras de linguagem típicas dessa fase.

"Laranja Mecânica" tem um final diferente da adaptação para o cinema, baseada na edição norte-americana que à revelia do autor suprimiu o último capítulo. Longe de ser uma conclusão otimista, essa conclusão põe em xeque um Alex no limite do amadurecimento. Alex, que (como não poderia escapar a um lingüista do alcance de Burgess) também significa "sem lei".

Joca Reiners Terron é autor de "Hotel Hell" (2003), entre outros livros

LARANJA MECÂNICA
Autor: Anthony Burgess
Tradutor: Fábio Fernandes
Editora: Aleph
Quanto: R$ 36 (224 págs.)

Fonte: Folha Online Ilustrada
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Ótima notícia, espero que agora com esta nova tradução fique mais fácil de achar o livro nas livrarias! :mrgreen:
 
Fala sério, tem um exemplar na biblioteca da UFPR que é mó difícil de conseguir. 4 anos tentando e nunca dá :gotinha:

Agora vou ter um :dance:

Eu tenho outro livro do Burgess, é um estudo sobre Literatura de Língua Inglesa. Bem interessante, aliás. E fácil de achar :obiggraz:

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Edit: Pré-venda na Saraiva por 30 royals :dance:
 
eu e um amigo meu lemos laranja mecanica a alguns anos... e um dos objetivos era para aprendermos a falar em nasdsat para podermos falar em publico caisas q as outras pessoas nao devem saber..... o livro eh muito bom.... e se vc reparar bem todo o nasdsat eh bem baseado no russo... eh muitop legal... eu recomento... mas o ultimo cap, meio q estraga..... por issoq cortaram ele... :P (no filme)

abraços Dwarf
 
Eu peguei o livro do meu pai XD moh velho ..ele ganhou qdo tinha 18 anos ..
mas .. cara .. esse livro eh lindo,ateh fico sem palavras..eh ..JOROSCHO!
Nadsat rlz! :grinlove:
 
Finalment eu consegui esse livro. O problema agora é ter tempo para ler... ainda bem que as férias já estão aí. :obiggraz:
 
Comecei a ler agora essa edição nova do Laranja. Tipo, uma coisa eu preciso deixar registrada: o prefácio do Fábio Fernandes é um show. A bagagem cultural, as relações que ele estabelece entre outras obras, o histórico do livro... é realmente impressionante.

Quando terminar o livro eu falo dele, propriamente dito :jive:
 
Logan Mcloud disse:
e um dos objetivos era para aprendermos a falar em nasdsat para podermos falar em publico caisas q as outras pessoas nao devem saber
e porque vocês não aprendem esperanto, ou aramaico?
 
Hmmmkay, agora que li todo o livro...

É realmente muito bom. A grande sacada dele ao falar da juventude criando uma 'nova' juventude é que, bem, eles podem falar diferente, usar roupas diferentes mas lá no fundo é a mesma coisa que acontece em qualquer época.

Obviamente aqui a questão da ultraviolência é um exagero, mas cai naquela coisa da inconseqüência dos jovens. Bom, não precisa ir muito longe para ver os "Eu so foda i u que voxe dis é pq tem inveja di mim!" etc. É desse botão de foda-se ligado que o Burgess fala.

Fica aqui uma observação especial para o pessoal que até agora só viu o filme: o final do livro é diferente. Honestamente prefiro o final do filme, achei mais ácido. Mas a proposta do Burgess era mostrar o crescimento do Alex, então o final do livro também é válido.

Muitcho bom. Aconselho a leitura sem consultar o dicionário =]
 
O final do livro é por um lado ainda mais chocante que o do filme -- se você parar pra pensar que grande parte do que levou o Alex a fazer as coisas que ele fez foi pura imaturidade, a inconseqüência da técnica de "cura" se torna bem maior.
 
Verdade, não tinha pensando por esse lado. Na realidade é até um belo tapa de luva de pelica nos pedagogos de plantão, hehe.

Esqueci de comentar que determinadas questões são melhores trabalhadas (além do fim): o Tosco (não gostei da tradução do nome) trabalhando como policial, sendo uma das soluções para a ultraviolência. Caramba, isso fez com que eu lembrasse de muita coisa sobre nosso exército :eek:
 

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