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Lançamentos 2016

Tem o lance revolucionário, o lance do alcance mitológico e cultural, até mesmo da mescla de estilos... Mas eu gosto particularmente da força poética da linguagem, a forma como o Mário de Andrade efetua o choque de consoantes, além da própria maneira com que ele traz palavras de muitas áreas, em especial de raiz indígena, e consegue um efeito quase que encantatório. Por exemplo só no primeiro parágrafo:

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

A segunda frase começa com uma aliteração muito boa em T e depois segue em ritmo anapéstico. É como se fossem dois versos:

Era preto retinto
e filho do medo da noite.

Ou seja:

e FILho do MEdo da NOIte.

O mesmo princípio que está por trás do ritmo anapéstico nos versos de Gonçalves Dias.

Depois, na próxima frase, a assonância em U: "escUtando o mUrmUrejo do Uraricoera, que a índia, tapanhUmas". Além do R em murmurejo e Uraricoera ou do P em tapanhumas e pariu. E por aí vai.
 
Tem o lance revolucionário, o lance do alcance mitológico e cultural, até mesmo da mescla de estilos... Mas eu gosto particularmente da força poética da linguagem, a forma como o Mário de Andrade efetua o choque de consoantes, além da própria maneira com que ele traz palavras de muitas áreas, em especial de raiz indígena, e consegue um efeito quase que encantatório. Por exemplo só no primeiro parágrafo:



A segunda frase começa com uma aliteração muito boa em T e depois segue em ritmo anapéstico. É como se fossem dois versos:

Era preto retinto
e filho do medo da noite.

Ou seja:

e FILho do MEdo da NOIte.

O mesmo princípio que está por trás do ritmo anapéstico nos versos de Gonçalves Dias.

Depois, na próxima frase, a assonância em U: "escUtando o mUrmUrejo do Uraricoera, que a índia, tapanhUmas". Além do R em murmurejo e Uraricoera ou do P em tapanhumas e pariu. E por aí vai.

Vish!
Jamais que eu perceberia isso.
Não tenho a menor noção dessas mumunhas literárias... :tsc:
 
Nada! É só ler em voz alta que dá pra perceber isso tudo. O Mário brincava com essa estrutura da linguagem de uma maneira muito rica. É essencialmente a mesma coisa que o Joyce fazia. Se você pegar a diferença de registro radical que existe por exemplo entre a Carta pras Icamiabas e o restante da narrativa, não tem muita diferença do que o Joyce vai praticar ali no Ulysses como um todo. Mas eu acho que só esse prazer poético do Macunaíma já é o suficiente pra sustentar o livro de maneira geral. É bem poético, e falo tendo em vista obras que inventivamente tentaram trazer a cultura indígena pro plano da poesia -- como o próprio Gonçalves Dias (em alguns momentos) de maneira muito mais rítmica que conteudística, ou então o Raul Bopp, o Cassiano Ricardo etc.

Tem gente que vê como frivolidade e como falsidade, como pose, mas é preciso entender que o projeto do Mário era o de estilizar a fala popular. Não era simplesmente mimetizar no sentido de copiar; era mimetizar sim, mas num sentido muito mais aristotélico de você reordenar os dados da realidade para criar uma obra artística. E ele consegue isso bem. Parte desse referencial e consegue criar um objeto estético apto, capaz.
 
Beleza, vou tentar ler dessa maneira agora. Valeu pela explicação, @Mavericco . (y)
E Gabriel, acho que você e a Denise explicaram, mas a explicação se perdeu nas areias do tempo... da minha timeline. :lol: Valeu. (y)
 
Sobre Os Vestígios/Resíduos do Dia, do Kazuo Ishiguro, não sei se foi mencionado, mas há um conto a mais nessa edição: A Village After Dark. Bom, se você tem a edição anterior, bem, confiram o conto aqui, publicado na The New Yorker.
 
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Ainda bem que temos outras opções de "herói".
 
Ainda neste mês, a editora Hedra irá lançar Diário de um escritor (1873): Meia carta de um sujeito de Dostoiévski. Portanto, trata-se da primeira parte do respectivo Diário do mestre russo.
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Diário de um escritor, exclusivamente comercializado pela Livraria Cultura, reúne mais de mil páginas de ensaios, crônicas e contos que foram produzidos por Fiódor Dostoiévski entre 1873 e 1881 (ano de sua morte).

Originalmente, os textos foram produzidos para sua coluna jornalística de mesmo nome (“Diário de um escritor”), a qual, de início, era publicada pela revista O cidadão e, depois (a partir de 1874), de modo independente em outros periódicos. Foi com essa coluna que Dostoiévski conquistou em sua época mais notoriedade como polemista do que como escritor de romances, tornando-se referência obrigatória no debate público russo.

O interesse pelo Diário, porém, não reside apenas nas polêmicas de seu tempo: em suas páginas, o leitor terá a chance de acompanhar o próprio processo criativo do autor, que “constrói uma teoria estética ao mesmo tempo que a aplica”, como observa Irineu Franco Perpetuo na Apresentação da obra.

A publicação integral do Diário está dividida em quatro partes:

1. Diário de um escritor (1873) – coluna para a revista O cidadão;

2. Diário de um escritor (1876) – coluna independente;

3. Diário de um escritor (1877) – coluna independente;

4. Diário de um escritor (1880–1881) – coluna independente (Adendo: textos avulsos de 1873 a 1878 para a revista O cidadão).

 
Uia, que massa.
Juntando isso aí com os livros já publicados pela Editora 34 mais aquela biografia (?), estudo ou sei lá o quê da Edusp acho que a gente fica bem servido em matéria de Dostoiévski, né.
 
Uia, que massa.
Juntando isso aí com os livros já publicados pela Editora 34 mais aquela biografia (?), estudo ou sei lá o quê da Edusp acho que a gente fica bem servido em matéria de Dostoiévski, né.

Como eu tenho a Obra Completa de Dostoiévski, pela Editora Nova Aguilar, além da respectiva biografia escrita por Joseph Frank, o mencionado lançamento da Hedra vai me deixar muito satisfeito sobre o grande mestre russo.
 
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Pouco conhecido no Brasil, O. Henry é um dos principais contistas da literatura norte-americana. Autor de mais de 400 textos curtos de ficção, ele tornou-se uma referência no gênero, com estilo e técnica inconfundíveis. Com o volume Contos, a CARAMBAIA apresenta uma seleção da obra do escritor com 19 textos escolhidos e traduzidos por Jayme da Costa Pinto. São contos que têm, como personagem e cenário principal, a Nova York da primeira década do século XX.

A cidade e seus habitantes são a principal matéria-prima da ficção de O. Henry. Vielas e avenidas, botecos e hotéis estrelados, becos escuros e praças iluminadas são personagens e emolduram os tipos que o autor observava em suas andanças por Nova York – notadamente em suas estratégicas paradas em bares e restaurantes –, e a partir dos quais constrói pequenos dramas e comédias da vida cotidiana.

Mas o autor dessas crônicas urbanas nova-iorquinas não era, entretanto, originário da cidade – e nem se chamava, verdadeiramente, O. Henry. Nascido na Carolina do Norte, em 1862, ele atendia pelo nome de William Sydney Porter e, antes de se dedicar exclusivamente às letras, foi ajudante em fazendas do Texas, farmacêutico, jornalista e caixa de banco. Durante a passagem por essa instituição financeira, aliás, foi acusado de fraude e, em 1898, condenado a cinco anos de prisão.

Foi durante a reclusão na Penitenciária de Ohio que Porter passou a escrever contos, que remetia a um amigo. Este conseguiu publicá-los, sob pseudônimos que evitassem a identificação do presidiário, em jornais e revistas. E assim nasceu O. Henry. Ao sair da prisão, em 1901, o escritor rumou para Nova York, que se tornaria o palco de suas histórias, e onde morreria, em 1910, de cirrose.

O projeto gráfico, desenvolvido especialmente para a obra por Mayumi Okuyama, inspira-se na modernidade dos textos de O. Henry e propõe um desenho com linhas que buscam ecoar a mesma difícil simplicidade. Além disso, desde a capa, passando pelas guardas e mapas, ele propõe-se um caminho pela cidade de Nova York da virada do século XIX para o XX.

Último lançamento da Carambaia. Fiquei tentado.
 
Com vocês falando, fiquei tentado a comprar a edição dos contos dele pela Hedra. =/

Fora isso, listando mais alguns:
1. Da L&PM estão saindo Os sertões, uma biografia do Napoleão e uma Divina Comédia prometida há algum tempo (tinha ficado bem animado, mas depois vi que é em prosa =().

Todos com o precinho camarada que o @Calib tanto gosta. :joinha:

2. Já a Autêntica está lançando uma edição com Os mortos do Joyce. Achei um pouco caro, mas deve vir com extras e é da Autêntica, então não seria barato mesmo. Talvez valha para quem quer conhecer o autor ou Dublinenses.

 

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