[Thrain] [Sentado ele Observa]
Não tive nenhum motivo em particlar para escrever esse conto, só entretenimento pessoal, pensei em dividi-lo com vc´s.... Por favor digam o q acharam...
___________________________________________________________
Sentado ele Observa
Sentado ele Observa. Aos poucos as primeiras pessoas vão chegando e, dentro do possível, se acomodando nos duros e compridos bancos de madeira velha. Uma mulher comum, de cabelos comuns, e andar comum, chega com sua prole: cinco rebentos encaixados em suas roupas de domingo mal cheirosas. Um começa a reclamar e encontra-se com um tapa atrás da cabeça. Todos se sentam.
O menor deles, em sua roupinha azul turquesa de segunda mão, parece ser o mais interessante. Ele abre a boca e, indiferente ao velho gordo que a murmura à frente, passa o olhar viscoso pelo longo e excessivamente decorado teto, babando, de olhos arregalados. Ele se desliga do ambiente mofado a sua volta.
Os poucos que ainda restam de pé sentam e se espremem. Os murmúrios do gordo agora são repetidos mecanicamente pelos adultos e satirizados em sussurros pelos pequenos mais atrevidos. O ar quente do grande salão faz as roupas de domingo se mancharem de suor.Tudo ridiculamente normal.
Por habito, ele, o que sentou primeiro e Observou, começa também a balbuciar as repetições do gordo. Seus olhos, como os da criança mal cheirosa, também vão longe acompanhando sua mente. Através dos rostos vazios das pessoas comuns a sua volta, dos suspiros de apatia do gordo, da hipocrisia da cesta ambulante, do carpete grudento e cafona, e de tudo mais pelo qual ele já havia revirado os olhos inúmeras vezes em inúmeras ocasiões.
Sua mente começa então a produzir efeitos mais interessantes no plano de fundo já tantas vezes utilizado.
As grandes e pesadas portas de madeira agora se abrem de uma só vez, e uma velha entra, trazendo uma brisa rasteira e gélida. Suas vestes longas são de uma cor inédita na cidade, um roxo seco e deprimente. Ela as arrasta levando a brisa igreja adentro; os corpos param de suar. A velha tem um olhar azedo, um olhar que desvia os olhos alheios de um contato direto, ela olha tudo como se houvesse algo de muito doente e frio em seu interior.
A figura para ao lado da criança que ainda baba e a encara. A criança percebe e de imediato começa a gritar e espernear loucamente, como se algo absurdamente frio tivesse sido enterrado em seus olhos, mas ainda assim sem desvia-los da velha. O Observador pode sentir o desespero. Ninguém faz nada a respeito, aliás, nem notaram a velha entrando, apesar de terem parado de suar.
A criança continua a berrar e se contorcer na ponta do banco. A velha volta seu rosto para frente, para o altar, e a criança cai no chão feito um boneco de madeira, como se a vide tivesse se esvaído de sua carne jovem.O Observador sente um arrepio forte pelo corpo e um prazer a muito esquecido.
A velha continua a arrastar suas vestes pelo carpete, gerando arrepios e pequenos espasmos nos repetidores indiferentes, até que chega à última fileira. Ela olha a todos com uma visão panorâmica, e, aos poucos, algumas cabeças começam a tremer mais e mais até que explodem, como balões que cresceram de mais elas explodem, jorrando restos vermelhos nas roupas já secas de domingo. Os repetidores agora se balançam freneticamente para frente e para traz em seus assentos, repetindo as repetições do gordo que ainda apaticamente murmura.
Um fino sorriso aparece no rosto da velha e seu olhar sai do azedo e passa perto da depravação.Ela então se move para o altar, para deterás do gordo, que deixa de suar e passa a tremer. O Observador sente o suspense, premeditando uma ação suculenta.
A velha levanta os dedos finos e, enquanto os passa de leve pela careca do gordo apático, geme baixinho de prazer. O gordo para então de murmurar, seu rosto fica inexpressivo. Dos olhos, também gordos, brotam lágrimas vermelhas, que aumentam e aumentam, até que os pequenos globos rolam para fora das faces lívidas, puxando junto uma pequena torrente de sangue vivo.
A velha suspira longamente e exibe um grande sorriso de satisfação. O mesmo acontece com o Observador. Ela sai e as portas se fecham com um estrondo.
O Observador olha em volta, as pessoas vão se retirando. A mulher comum se levanta e acorda o mais novo dos rebentos, ela e sua prole deixam por último a igreja. O padre passa tranqüilamente por uma porta nos fundos e o Observador decide que é hora de enfrentar a luz do dia novamente. Nada de novo no seu mundo.
Não tive nenhum motivo em particlar para escrever esse conto, só entretenimento pessoal, pensei em dividi-lo com vc´s.... Por favor digam o q acharam...
___________________________________________________________
Sentado ele Observa
Sentado ele Observa. Aos poucos as primeiras pessoas vão chegando e, dentro do possível, se acomodando nos duros e compridos bancos de madeira velha. Uma mulher comum, de cabelos comuns, e andar comum, chega com sua prole: cinco rebentos encaixados em suas roupas de domingo mal cheirosas. Um começa a reclamar e encontra-se com um tapa atrás da cabeça. Todos se sentam.
O menor deles, em sua roupinha azul turquesa de segunda mão, parece ser o mais interessante. Ele abre a boca e, indiferente ao velho gordo que a murmura à frente, passa o olhar viscoso pelo longo e excessivamente decorado teto, babando, de olhos arregalados. Ele se desliga do ambiente mofado a sua volta.
Os poucos que ainda restam de pé sentam e se espremem. Os murmúrios do gordo agora são repetidos mecanicamente pelos adultos e satirizados em sussurros pelos pequenos mais atrevidos. O ar quente do grande salão faz as roupas de domingo se mancharem de suor.Tudo ridiculamente normal.
Por habito, ele, o que sentou primeiro e Observou, começa também a balbuciar as repetições do gordo. Seus olhos, como os da criança mal cheirosa, também vão longe acompanhando sua mente. Através dos rostos vazios das pessoas comuns a sua volta, dos suspiros de apatia do gordo, da hipocrisia da cesta ambulante, do carpete grudento e cafona, e de tudo mais pelo qual ele já havia revirado os olhos inúmeras vezes em inúmeras ocasiões.
Sua mente começa então a produzir efeitos mais interessantes no plano de fundo já tantas vezes utilizado.
As grandes e pesadas portas de madeira agora se abrem de uma só vez, e uma velha entra, trazendo uma brisa rasteira e gélida. Suas vestes longas são de uma cor inédita na cidade, um roxo seco e deprimente. Ela as arrasta levando a brisa igreja adentro; os corpos param de suar. A velha tem um olhar azedo, um olhar que desvia os olhos alheios de um contato direto, ela olha tudo como se houvesse algo de muito doente e frio em seu interior.
A figura para ao lado da criança que ainda baba e a encara. A criança percebe e de imediato começa a gritar e espernear loucamente, como se algo absurdamente frio tivesse sido enterrado em seus olhos, mas ainda assim sem desvia-los da velha. O Observador pode sentir o desespero. Ninguém faz nada a respeito, aliás, nem notaram a velha entrando, apesar de terem parado de suar.
A criança continua a berrar e se contorcer na ponta do banco. A velha volta seu rosto para frente, para o altar, e a criança cai no chão feito um boneco de madeira, como se a vide tivesse se esvaído de sua carne jovem.O Observador sente um arrepio forte pelo corpo e um prazer a muito esquecido.
A velha continua a arrastar suas vestes pelo carpete, gerando arrepios e pequenos espasmos nos repetidores indiferentes, até que chega à última fileira. Ela olha a todos com uma visão panorâmica, e, aos poucos, algumas cabeças começam a tremer mais e mais até que explodem, como balões que cresceram de mais elas explodem, jorrando restos vermelhos nas roupas já secas de domingo. Os repetidores agora se balançam freneticamente para frente e para traz em seus assentos, repetindo as repetições do gordo que ainda apaticamente murmura.
Um fino sorriso aparece no rosto da velha e seu olhar sai do azedo e passa perto da depravação.Ela então se move para o altar, para deterás do gordo, que deixa de suar e passa a tremer. O Observador sente o suspense, premeditando uma ação suculenta.
A velha levanta os dedos finos e, enquanto os passa de leve pela careca do gordo apático, geme baixinho de prazer. O gordo para então de murmurar, seu rosto fica inexpressivo. Dos olhos, também gordos, brotam lágrimas vermelhas, que aumentam e aumentam, até que os pequenos globos rolam para fora das faces lívidas, puxando junto uma pequena torrente de sangue vivo.
A velha suspira longamente e exibe um grande sorriso de satisfação. O mesmo acontece com o Observador. Ela sai e as portas se fecham com um estrondo.
O Observador olha em volta, as pessoas vão se retirando. A mulher comum se levanta e acorda o mais novo dos rebentos, ela e sua prole deixam por último a igreja. O padre passa tranqüilamente por uma porta nos fundos e o Observador decide que é hora de enfrentar a luz do dia novamente. Nada de novo no seu mundo.