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[L] [Strider] [Era Noite]

Strider

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[Strider] [Era Noite]

Ah, sei la! Eu de vez em quando escrevo umas cronicas, essa foi escrita ontem. Aí vai... tem umas coisas sem sentido, mas tudo bem:

[align=center:bee50193bd]Era noite[/align:bee50193bd]

Era noite. O céu estava escuro. No fim da rua podia se ver uma luz. Ela iluminava o beco sem fim que ali existia. Algo se mexia. Um animal, com certeza. Talvez um cão abandonado, ou um gato a procura de comida. Fazia um barulho. A criatura não era bicho, e sim gente. Gente como eu ou você. Não passava de uns cinco anos de idade. Chorava. Chorava alto. Fome talvez. Ou medo. Medo da escuridão apavorante.

Um ronco alto foi ouvido então. A criança interrompe seu choro. Curiosa. Parecia que o ronco vinha de todos os lados. O eco do beco dava esse efeito. Começou a chorar novamente. Soluçava. Será que ninguém a ouvia? Provavelmente não. O ronco se tornava incessante e mais alto. Se avista um farol. Carro? Não. Um moto vinha em alta velocidade. Será que passaria pelo beco sem ver ou ouvir a criança?

Não. A moto parou ao chegar perto de onde a criatura estava. O motoqueiro desceu da moto. Retirou o capacete. E então uma surpresa. Era uma mulher. Seus longos cabelos loiros refletiram a luz que vinha poste. Ela guardou cuidadosamente o capacete no guidom da moto e foi de encontro a criança. A criança parara de chorar neste momento. Acuada, tentava fugir das mãos da mulher. Instinto animal. Porém, inútil. A mulher estava disposta a pegar a criança. Porque tal interesse?

Pegou-a no colo. Deu pra ver então que era uma menina. Cabelos castanhos. Compridos. Vinham até a cintura. A garota era pequena. Pequena e muito magra. A menina foi enrolada em um pano. A mulher voltou para a moto, encaixou o capacete na cabeça, ligou a moto e saiu na escuridão.

As ruas da cidade esta hora eram perigosas. Pouca iluminação faziam seres se esconderem atrás de árvores, bancos ou qualquer outro objeto. A motoqueira acelerou mais. A moto ia em disparada. Cruzava os sinais vermelhos com rapidez. Não se podia arriscar de tal modo. Ela nunca daria sopa para o azar. A criança enrolada no pano não podia se mexer. Respirava o ar da cidade. Ar perigoso.

Neste ponto, a rua era muito iluminada. Do lado esquerdo a praia. As ondas batiam contra areia. A força era enorme. Os deuses aquáticos estavam irritados. Do lado direito, no calçadão, indivíduos de aparência estranha circulavam. Vultos pretos à noite eram de arrepiar qualquer um. Mas não a motoqueira. Passava com rapidez, mas tranqüila. Tranqüilidade assustadora.

Um barulho muito forte é ouvido. Um tiro. Vários então. Por todos os lados. A moto estava cercada. Mas será que os tiros eram contra a motoqueira? Não. No alto do morro viam-se clarões. Sirenes de polícia. Fogos. A quietude da noite era interrompida pelos sons de violência. A moto avança mais rápido. Veloz. Corria. A pressa do medo. Pânico de viver tal situação. Quem não se assustaria?

A menina agora esbugalhava os olhos. Era mais um peso para a mulher que controlava a moto. Porque continuar com a menina no colo? Qual a sua importância? Exatamente: nenhuma. Sem remorso algum, a motoqueira atira a criança contra o chão. Choro. Choro de dor. A alta velocidade da moto, com o impacto no chão fez um grande dano a pela fina da criança. Quem liga? Ninguém.

Nessa horas, porque pensar nos outros? Porque? Você é mais importante que os outros. Quem liga para Eles, no momento em que Você está em perigo? Mesmo que a outra pessoa esteja em perigo, você vem em primeiro plano. Esse foi o pensamento da motoqueira. Ela ficou em perigo. A violência da cidade não deixou ela evitar outra violência. A menina estava no escuro agora. Abandonada. De novo. Contudo, agora estava ferida. E a motoqueira? Ela ainda corria com a moto. Fugia do perigo da noite.

Os tiros morriam ao longe. O morro se distanciava. As sirenes ficavam baixas. Porém, a escuridão aumentava. A lua crescente no alto do céu sem estrelas não adiantava para iluminar as ruas da cidade. Por onde a moto passava, o ronco era ouvido. Nos altos prédios, algumas luzes estavam acesas. Algumas. Muito poucas. Quase nenhumas. Era noite. Era madrugada.

Enfim, a moto pára. Em frente a um prédio baixo num bairro pobre da cidade. A moto é estacionada na rua. A mulher passa pelo portão do muro. Por cima do muro do prédio, se vê as luzes do ônibus vazio vagar na escuridão. A porta da portaria se abre. A mulher loira entra dentro do prédio. Segurança? Talvez por esse noite. Porque no dia seguinte, vai ser noite novamente.
 

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