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[L] [Str1ker] [Eis o Nada]

str1ker

Usuário
Sabes o que é o nada? Não! Ninguém, asseguro, sabe. Talvez eu chegasse perto de uma explicação ao descrever o meu estado naquele momento, caso lembrasse-me de algo... mas tal feito me é impossível. O nada, como agora compreendo, não pode ser lembrado, tampouco explicado.

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Meu despertar não foi anunciado por um abrir de olhos, como o habitual. Não, não. Quando dei por mim estava acordado e fitando o nada naquela parede vagamente iluminada. Tal aposento que me abrigava - "seria o quarto de alguém, ainda que sem cama!?" - era-me completamente estranho e, apesar disso, não me despertava curiosidade alguma. As perguntas mentalizadas por mim ao levantar-me ("Que lugar é esse?" "Como vim parar aqui?") não foram feitas senão por obrigação. Aliás, nem a falta de interesse naquela situação incomum provocou-me alguma preocupação.

Saí do lugar (um apartamento simples, vazio e sem retratos que indicassem a quem pertencia) e encontrei um cão no corredor. Preto, mediano e imóvel, observava-me atentamente, com certa tristeza no olhar. Pareceu-me um tanto deslocado do resto do cenário; um pouco como eu, talvez. Precipitei-me ao elevador e, ao espera-lo fazer o mesmo, notei algo escrito a corretivo no espelho: "Deus há de salvar-me!". "Deus... Deus... Deus... tenho certeza que já ouvi isso antes, mas onde?" -- e ao proferir essas palavras ocorreu-me que não me lembrava onde vivia, o rosto de pessoas conhecidas e sequer meu nome. Nada, no entanto, arrancava-me preocupação, e sentia-me, inexplicavelmente, bem.

Como o canino não entrasse, desci. Pensamentos diversos e confusos assomaram-me durante o trajeto, que pareceu eterno, e só findaram quando cheguei ao chão. Oh, era tudo tão irreal embora eu garantisse tratar-se da realidade...

Desci as escadas que me separavam da rua e avistei, no outro lado, um homem que lia, despreocupadamente, um jornal. Careca e gordo, assim que me viu apressou-se em vir junto a mim, largando antes o jornal no banco onde estava. "Oh, então você também veio? Que bom, que bom. E Júlia, preferiu ficar? Ah, que pena. Ela iria divertir-se tanto!..."

Pôs-se ele a falar por um tempo considerável sobre coisas que eu não compreendia, e só quando deu um descanço às palavras, ao enfiar um biscoito na boca, consegui tempo para perguntar "que lugar é esse?". Entediei-me ao notar que suas frases faziam sentido apenas quando proferidas -- cada frase nova, parecia apagar a última da minha memória. E enquando sua boca mexia-se num constante "abre-e-fecha", o som perdia-se no vazio e nós permaneciamos andando cidade adentro.






Continua...
 
str1ker disse:
Ou não.

É sempre assim, no momento em que acabei de escrever acho uma obra prima. No dia seguinte, alguns defeitos vão aparecendo. Um mês depois, a condição de lixo total é inevitável.

Enfim, apesar da trama me agradar, não gostei da forma como foi narrada. Paro por aqui mesmo :stop:
 

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