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Skylink

Squirrle!
Frutas e verduras

O sol nascia encoberto naquele antigo amanhecer, e seu detido brilho continuava a ser irrefletido na íris dos que por lá moravam; e viviam, e sonhavam...

Era mais um dia comum, mesmo sendo aquele incomum, no antigo e quase desconhecido lugar. Um dia de névoa densa e poderosa, anuncio dos presságios cinzentos que o alvorecer trazia. Mas um dia normal enfim, visto que a névoa cobria o sol, como sempre, e as lendas saltavam entrementes nas mãos dos escritores e poetas da pacata cidade de Reslond: um local pequeno, sem cidadelas ou coisas do tipo, de um povo meio taciturno que detinha uma peculiar desconfiança de estranhos; os quais raramente chegavam a atravessar as longas distâncias que separavam o lugar do continente de Paeuros. Também era, ainda, o lar e a sede de uma grande coligação de ouriveres e artesãos, além de escultores de todo tipo e forma.

Por sinal, a torre central desta antiga cidade pacata, com seu grande e esplêndido relógio dourado, fora obra deles, que trabalharam durante anos e anos na gigantesca construção. Haviam, no entanto, conseguido o antigo e valioso projeto dela há muito tempo atrás, de alguma forma obscura, meio que desconhecida... Mas ninguém mais perguntara sobre a origem das idéias ou quanto aos planos ulteriores após a torre estar pronta, tamanha era a beleza que dela emanava.

Tornara-se definitivamente lindo observar os poucos raios do sol que ultrapassavam as nuvens agora refletindo-se em incontáveis matizes multicoloridas sobre a parede dourada, deliciando-se com toda a delicadeza e brilho do ouro puro que reluzia. E talvez fosse este um dos motivos que atraíra mais e mais dos outrora raros e intrépidos viajantes que apareciam por aqui de tempos em tempos, e que aos poucos passaram a também fazer parte do cotidiano da bela cidade, mesmo que numa acepção ainda destoante; talvez um pouco severa....

Mas, independente dessa questão, ou talvez justamente aliado a ela, o comércio de artesanato e outros produtos logo cresceu e se expandiu, sendo organizado ao leste da velha torre um gigantesco mercado para comercializar os diversos produtos manufaturados pelos artesãos. Invariavelmente, porém, os gêneros que mais fizeram sucesso foram obviamente os alimentícios; sobretudo devido ao largo e acentuado crescimento que a própria população tivera nos últimos anos.

E junto com isso também sobreveio um drástico aumento no número de guardas da cidade, com a alegação de que eles eram necessários para proteger e resguardar a imponente torre, sem contar com o palácio real, que ficava ao norte dela. Estranhamente, coincidiu isso com a vinda de Lerinsk Levisc, primo real do sempre atarefado, atrapalhado e afável príncipe Loriósvik Logof.

A visita inusitada do parente fora bem recebida por todos do castelo, sendo também saudada de uma forma meio exagerada por vários dos artesãos que o viram chegar, com alguns deles até prostrando-se ao chão em reverência. Porém, não o avistaram muitas outras vezes desde que se instalara ao norte, exatamente dentro do castelo.

Mas bem, ele era um príncipe real, afinal, e em tese merecia o melhor e mais conveniente tratamento. Provavelmente haveria de ser mais confortável permanecer sempre dentro do pequeno castelo, mesmo que isso não representasse em nada a imponência e o requinte que mencionavam pelas ruas, tempos atrás, acerca da sua antiga e esquecida morada; sim, que apenas a atual, um pouco além do tempo desta história, permanecera constante na memória das pessoas....
 
Tah muito bom sky!!!
vc faz uma prosa poetico q podia ser chata e complicada, mas acaba ficando super interessante, nem um pouco entediante. Ve se posta uma continuaçao logo, pq apesar d ainda nao ter muitos misteriosnem nada, quero saber o q vai acontecer nessa ilha.
 
O grande mercado já funcionava a pleno vapor a essa hora, com centenas de pessoas a circular e circundar as diversas barracas da feira de domingo. Elas rondavam e rodavam, por horas a fio, atrás de frutas e verduras; das mais frescas e maduras até, obviamente, as mais baratas.

E este, por sinal, era um artigo que não faltava na seleta loja de Selésio Ireifes, que as detinha em abundância na porta de entrada (sejam as frutas podres e velhas ou os pequenos insetos). Mas ninguém se atrevia a passar além da escura e pequena abertura, ou mesmo chegar perto daquelas frutas bisonhas que marcavam seu antigo espaço na feira.

O buraco, como chamavam, detinha uma fechada negra e suja, totalmente imunda pela aparente falta de cuidado sem motivo de seu dono. E adentrando por ele, dizia-se que as coisas pioravam, inclusive com um criatório especial – escondido, segundo as lendas - para a proliferação de insetos. E as baratas não faziam por menos para garantir a fama de seu dono, surgindo das várias partes ou saídas e freqüentemente assustando os errantes que por ali vagavam.

***

O relógio da torre central já anunciava o toque do meio dia naquele momento, quando, cansado de tanto trabalhar, e até com sua fama um pouco atribulada durante aquele dia, o jovem e pequeno Idik resolveu procurar um lugar para descansar.

É bem verdade que ele provavelmente teria escolhido qualquer outro ponto para se esconder durante uma outra circunstância parecida. Mas, naquele instante, o sol descamassante nublava seus pensamentos e fustigava suas idéias, exceto pelas necessidades mais básicas que sua garganta anunciava exigir. “Água, água, água, águaaaa!” ressoavam seus pensamentos em acordes sincronizados com os batimentos do peito.

Por azar, ou mera decisão do acaso, fora logo enquanto passava pela loja de Selésio Ireifes que seus sentidos, quase anestesiados para o resto das coisas sem valor que compunham todo aquele cenário espedaçado, captaram brevemente o gotejar cintilante da água em sua mente. Sua ação foi instantânea, como é comum em tal ponto de angústia, e logo ele se encontrava dentro da bagunçada casa, que já não mais pareceria tão suja assim após a fachada.

Haviam caixas e caixotes por todos os lados, perfeitamente não notados, além de um balcão extremamente limpo. Por de trás do balcão, onde Idik, o baixinho, já se encontrava, havia uma porta e logo após um corredor com uma série delas. Guiado por seus instintos de certa forma treinados, ele seguiu diretamente para a que parecia conter uma goteira gotejante.

E havia, realmente, uma pequena e bem trabalhada torneira de prata presa à parede, que soltava diversos pingos de água em intervalos rítmicos. Também existia um pequeno copo de cristal ao lado, que se já encontrava na mão do afoito Idik. A torneira já girava, no momento, e acabara soltando uma saraivada de água engenhosamente mal calculada.

O barulho silenciou as vozes que se inflamavam mais embaixo, num corredor sinuoso que descia até um canto parcamente iluminado. E Idik, agora consciente do que se passava ao seu redor, não tardou em se aprontar para sair dali o mais rápido possível, com o copo (não sem antes também olhar com devotada tristeza para a bela torneira)

Mas não houve tempo suficiente, e logo uma mão extremamente ágil o havia segurado e levantado pela gola da camisa, e ele se debatia inutilmente, com os bracinhos agitando-se no ar como os de um infantil e desesperado fantoche.

- Ora, ora, mas que rato grande pegamos dessa vez, não Selésio? - disse uma voz sinistra, mas ainda em tom afável.

- Na minha loja não entram ratos, seu inútil. Por sinal, a fachada tem todo um excelente e cuidadoso sistema de isolamento...- respondeu o conhecido homem de face arredondada e bigodinho sinuoso, com longos cabelos e um grande chapéu branco na cabeça.

-Mas nenhuma tranca - objetou um terceiro

-Ora, que importa? Trancas só atrairiam mais curiosos, e eu gosto de lidar com possíveis intrometidos pessoalmente, senhores.

-Bem, se é o que preferes, não pretendemos contrariar o teu gosto. Mas vamos, solte o menino agora, não precisamos maltratá-lo tanto. - Disse um quarto, que detinha uma pequena penugem acima do lábio e longos cabelos, assim como olhos e roupas, negros.

-Vamos garoto, conte-me porque resolveu entrar aqui - disse ele, sorrindo e sendo bastante agradável

- Err... eu.. eu... - começou o menino, suando frio e tremendo pelo corpo inteiro - O senh... senhor poderia tirar esta... faca da minha garganta para eu.. po.. poder falar? - continuou ele, arfando.

-Oh, claro, claro, sem problemas. Perdoe a minha indelicadeza - respondeu o jovem afastando a lâmina alguns centímetros.

-Ora vamos, pergunte logo pra ele se soube do nosso plano de atacar o castelo esta noite e decidimos se o deixamos preso apenas ou o matamos. - falou o primeiro, com seus olhos azuis impacientes e afobados.

- Você acabou de contar, idiota! - retrucou o terceiro, um homenzinho de cabelos ruivos e meio espetados, com um par de olhos inquietantes. - Mas não precisamos matar a troco de nada, não estamos mais naquele país, por enquanto. - concluiu ele

-Mas ainda estão numa situação desesperada, assim como a minha - mencionou Selésio, indiferente.

-Bem, bem, garoto... Conte-nos o seu nome e o motivo de sua vinda aqui que depois decidiremos o que fazemos contigo - falou o homem de vestes pretas, afastando um pouco mais a lâmina de sua garganta.

-Eu... Eu sou Ikid, e apenas vim aqui por ouvir um barulho de água. Já que estava quase desmaiando de tanta sede. - disse ele, sem muita ênfase

-Hm... Pelo jeito suas mãos são mais rápidas que a boca, garoto - disse o ruivo, enquanto apanhava o copo de trás de seu corpo.

O olhar e a face de Selésio se inflamaram por um instante

-Ei, ele pode ser útil. Tem bastante coragem de vir até aqui só pra isso - disse o loiro de olhos azuis, obviamente relembrando da fachada.

- Essa é uma bela verdade, e vejo em seus olhos que ele normalmente também concordaria com isso, embora talvez o que o assustasse mais fosse o velho Selésio. - disse o de olhos escuros, tirando a adaga do pescoço do garoto

Selésio torceu a cara de uma forma que vagamente lembrava um sorriso.

-Garoto, me conte, o que você fazia antes de vir parar por aqui? - o ruivo perguntou

O menino corou por uns instantes, mas logo atalhou o vácuo que ficava no ar:
-Eu... err.. Veja! Eu vendo verduras! - disse ele, mostrando várias folhas verdes que carregava nos bolsos

O ruivo o observou, pensativo, mas não disse mais nada.

-Bem, se dispuser-se a nos ajudar, haverá de ganhar uma bela recompensa - disse o olhos escuros, sorrindo para o ruivo

-Talvez até um de meus famosos pães - disse rindo, Selésio

-Pães? - o menino agora mais livre e calmo perguntou, sentindo sua curiosidade inata aguçar-se.

-Pães, ora bolas. Como você acha que sobrevivo? Essa fachada é só pra manter longe os curiosos, mas aqui dentro eu produzo os pães mais famosos das padarias desta ilha - explicou Selésio, sentindo-se satisfeito com o suposto reconhecimento - Mas sou um péssimo vendedor, apesar de tudo... - disse, em tom de lamento fúnebre.

- Bem, o garoto será uma excelentíssima ajuda, afinal - comentou o de preto, deixando o totalmente solto

O loiro assistia a tudo meio impassível, ou perdido em pensamentos.

-Ora senhores, é óbvio que irei ajuda-los - disse o menino alegremente -Só precisam me contar o que devo fazer e pronto, eu o farei. - concluiu, mais sorridente ainda

O ruivo, meio distante, havia pegado algumas bolachas e as mordiscava, no momento em que uma espécie de vulto saltou por entre os outros três

O pequeno Idik, julgando que já existia um espaço suficiente para a ação, tratara de mexer-se rapidamente após a última fala e contorcia-se enquanto se desviava dos movimentos de Selésio e do outro na tentativa de agarra-lo.

Por conta disso, acabara parando estirado na frente do loiro, que num instante, após sair de seu transe e devaneio, foi enfim olhar para baixo e perceber apenas que o garoto já havia passado pelo meio de suas pernas.

Os outros dois correram apressados e praguejando baixinho, com o loiro atrás.

- Porque você foi deixar o maldito pestinha escapar - rugiu Selésio indignado.

-Eu... Eu estava pensando, e sonhando, sabe, e... Argh! Vamos pega-lo logo - completou o loiro, enquanto Selésio esbaforia-se.

Encontraram o moleque a um passo da porta de entrada, que havia sido fechada. Por sinal, ele se encontrava pendurado de cabeça pra baixo, agitando novamente os bracinhos no ar, enquanto o ruivo o segurava firmemente.

- O que diabos você pretendia, moleque? - Perguntou o loiro, afoito e indignado pelo descuido

- Vocês... Vocês planejam invadir um castelo completamente sozinhos e ainda me pedem pra ajudar!? - praguejou o menino, também indignado, e ainda mais por sua posição.

- Sim, realmente parece um plano meio lunático à primeira vista - roupas escuras assentiu - Mas o que você esperava ganhar lá fora, menino?

- Os guardas certamente lhe aprisionariam e torturariam à menor menção de ataque ao castelo. E depois que soubessem o que desejassem, certamente lhe matariam no mesmo instante - comentou o loiro, mais lógico e menos perdido, agora.

- Bem... É óbvio que eu não comentaria nada, até pq já vi isso acontecer diante de meus olhos. Mas... Não acham que minha vida tem mais valor do que um plano suicida?

-Vida... - assentiu o ruivo - Se você chama de vida continuar a roubar verduras indefinidamente, pode continuar com ela sem problemas. Agora se planeja ser mais do que isso, e talvez até escrever seu nome na história daqui... Pode vir conosco.

O garoto parou de se debater nesse instante, observou por um mero instante o jovem que falava e permaneceu calado, pensativamente. Mas, afinal, deixou seu coração ceder aos ideais daqueles quatro que se encontravam à sua frente
 
Sky.... adoro ler seus textos ^^ e que ótemo que escreveu outra narrativa que prende a atenção! Amorei muito ahua e ahhh me apaixonei pelo garotinho ahuahauhauhua XD

Enfim, parabéns!! :grinlove: VC É MUITO BOM NISSO :wink:
 
continua escrevendo..! :)

eu só achei q ele se deixou convencer um pouco rápido demais... rs

mas ta mto bom sim, bem escrito, interessante... :D

qdo sair continuação me avisa, heheh
 
Eu gostei também... Vc escreve bem pra kramba... Já tinha lido outras coisas suas e tal... Mas acho que você devia postar de pouquinho em pouquinho... Meu olho tá ardendo, e é culpa sua... Hahahha...

Mas tá legal kra...
 
Masei® disse:
Eu gostei também... Vc escreve bem pra kramba... Já tinha lido outras coisas suas e tal... Mas acho que você devia postar de pouquinho em pouquinho... Meu olho tá ardendo, e é culpa sua... Hahahha...

Mas tá legal kra...

Exatamente. O texto está ótimo. Eu leio todos os textos do Skylink, comento quando tenho tempo, e hoje irei comentar: A cada texto que o Skylink faz ele ganha mais experiência e surpreende à todos os leitores do Clube dos Bardos. Sky, você escreve muito bem e também tem uma ótima imaginação. Continue assim! :clap:

Porém, o texto não está dividido em pedaços. Fica mais fácil para os leitores lerem os seus textos longos se você os dividir em pedaços.
 
O texto está muito bom mesmo Sky. Você deu boas descrições e criou uma certa trama que me deixou curioso sobre o final. Sem falar que como sempre você faz um uso excelente das palavras.

Mas como disseram, você bem que podia ter dividido a última parte em duas :mrgreen:
 

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