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[L][Skylink][O senhor pato]

Skylink

Squirrle!
Patos são patos. Mas há quem diga que já foram reis e rainhas, e muito além, senhores deste universo terreno.

Há quem ainda conte lendas e histórias sobre o terrível pato rei, que despojou o diabo de seu cetro enegrecido e tomou o trono do velho capeta. Mas isso são histórias estranhas, e fábulas que não pertencem ao mundo dos humanos.

Por isso mesmo, Quack!, esta é uma história de patos:


Era um dia como qualquer outro, cheio de golfinhos-elefantes pulando pela grande piscina e orcas bailarinas chupando pirulito, quando o senhor pato derrapou na calda de um cometa. Não havia nada de mais lá em baixo, é claro; nada além do plano básico de criação que os arcanjos estavam comandando.

Ainda assim, era um fato experimental, e era notável a calma e a paciência com que o senhor pato se levantou e olhou ao redor, após uma tremenda queda em pirueta.

Ele estava então numa ilha acolchoada, cheia de molas saltitantes, velejantes e surfistas. Alguma coisa lhe dizia que Deus tinha tirado umas férias em algum outro ponto do universo, mas ele ignorava aquela escova de penas tagarela.

Sua preocupação era muito mais básica, algo tipo: *&Et4%$*, meu carro!!! *A#%#$* "Onde estes anjos babacas pensam que estão"?



Mas ele logo parou de pensar quando uma das molas pulou acidentalmente em seu bico, e passou a grasnar e bater as asas inconseqüentemente de um lado para o outro. As molas ficaram bastante felizes nesse momento, pois nunca tinham feito nenhuma experiência com vôo livre em rotatória. Só que os anjos não gostaram nem um pouco de se verem, além de "nus", depenados e estrupiados.

Foi curiosamente notório o asco que eles passaram a nutrir uns pelos outros assim que a tempestade e o furacão se foram, e assim que metade da maquiagem e das sobre-peles foi destruída. E Lúcifer, que quase não fora atingido e ria sem parar da babaquices angelicais, logo se viu rodeado de faces nada amigáveis... E foi depenado; ali, naquele instante.

O senhor pato, alheio a tudo isso, continuou desde o princípio a olhar para o céu com sua franja molhada cobrindo parcialmente os olhos. As baleias estavam flutuando nesse momento, e realizavam um delicioso espetáculo de dança; os elefantes deixaram suas piruetas de lado, e como bons golfinhos, começaram logo uma inteligentissíma orquestra com suas trombas aquáticas.

O número prosseguiu por um longo tempo, e após uma série de noventa menos cinquenta mais e um noventa e nove, encerrou-se com uma chuva de molas coloridas, torradas e bastante cansadas. O sol já estava de matar nesse instante, e as queimaduras que os animais marinhos sofreram graças a própria teimosia acabaram durando por dias. Além disso tudo, uma taça solitária ainda boiava a meia mar.

O senhor pato então se moveu, e eis que sua franja estava seca. Mas seu semblante continuava carregado, e ele não se dignou a observar a contenda dos arcanjos. Ao contrário, foi caminhando, pata trifurcada ante pata machucada, até o topo de uma rocha. E lá grasnou polidamente, ameaçando uma tempestade maior caso aquela balbúrdia continuasse.

Afinal, era absurdo que esse bando de patetas se embriagasse e permanecesse brincando com os projetos do criador. E ele, como um bom pato fiscal, estava ali para impedir que isso acontecesse. Mas isso não impediu que Lúcifer, já com três penas coladas apressadamente no coco da cabeça, pegasse a taça de champanhe solitária e atirasse com toda a sua força colossal em direção ao senhor pato.

Era fato que ele estava bastante estressado com os outros arcanjos - mas para estes a vingança poderia ser mais lenta, e cruel. Porém, para aquele pato metido a besta, a vingança deveria ser imediata, completa e dolorosa - bastante dolorosa.

O senhor pato não teve tempo de pensar antes que a taça o teletransportasse para o submundo de seu pretensioso desafiante. E os anjos, nesse instante, com o clarão final que presenciaram, cairam de bêbados. Lúcifer voltou imediatamente ao estado sóbrio, até porque ele mesmo achava que inventara esse troço de ficar lerdo e louco em pouco tempo, mas lamentou não ter auto-controle pra ter feito isso antes.

Os dois estavam então numa profunda galeria de cavernas, iluminada por umas poucas bacias magmáticas e por umas tochas com uns detalhes horrorosos. O senhor pato não deixou de notar nem que as ligações dos túneis eram praticamente as mesmas, e que provocar uma tempestade ali seria suicídio mútuo. Lúcifer alongava suas asas pálidas, recobrindo-as de carvão e vestindo suas luvas carmins. Alternava as pernas a todo instante, relembrando uma lição de boxe chinfrim que caira junto de uma tv e uma usina elétrica numa linha alegórica do espaço tempo, há um tempinho atrás.

A disputa começou equilibrada, com o arcanjo sumindo por todos os buracos e reaparecendo continuamente, a cada instante com um tipo de grito histérico diferente. O senhor pato meditava, tencionando como deveria punir aquele pateta. Mas não movia sequer uma asa, enquanto se encostava numa rocha fria e espelhada.

Lúcifer atacou então, mas parou para se olhar no espelho. O senhor pato então moveu uma de suas asas, e lhe deu um tabefe tão, mas tão forte, que seria capaz de deslocar o centro da terra se fosse aplicado na ponta do pólo sul. O arcanjo levou a mão a face, e só não choramingou por causa de seu orgulho inquebrantável.

Como última de suas alternativas, fez surgir o seu cetro negro, que nada mais era do que uma imitação tosca de lança japonesa do século XIV, cheia de badulaques. O senhor pato a aparou com ambas as asas, e suas penas se eriçaram no momento em que ele bicou o infeliz nos recônditos mais profundos de seu inconseqüente consciente.

Não à toa, o diabo passou a ser meio louco eras depois, mas imediatamente o efeito não foi maior do que um medo e uma submissão terríveis perante o senhor pato. Este, por sua vez, resolveu passar um tempo tomando conta daquele local circense, enquanto Deus não voltava de sua viagem. E logo trouxe a senhora pata, e o júnior, o Donald, e a Margarida.

Após a passagem do senhor pato para o grau de pato maior sem participação ativa no mundo físico, a paz que reinara no grande e imensurável lago termal começou progressivamente a ser perturbada. O diabo nunca deixara de ter um papel político em cada decisão do senhor pato, mas este fazia apenas aquilo que julgava apropriado.

Seus filhos, porém, eram diferentes. E em pouco tempo, a ditadura dos patos foi se consumando e tomando conta de todo o mundo... Mas isto, já é outra história, Quack!
 
Re: [Skylink] [O senhor pato]

E quando se dará a outra quack história? :D

Bom o texto, Sky. =]
 
Re: [Skylink] [O senhor pato]

Céus, isso ficou realmente ótimo! Toda a loucura de Sky com uma pitada de Adams. :lol:

E sem esquecer dos patos, patos, ah! :grinlove:
 
Re: [Skylink] [O senhor pato]

Hmm... Bem melhor do que o último texto seu que li, Sky... Gostei bastante... Costumo me envolver com esses textos meio surreais, é muito gostoso de ler

A melhor parte pra mim foi o tapa do Pato no Lúcifer, aehuaehuaehuaehuaehaeuhaeuhae

Abraços, parabéns!
 

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