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[L] [Ristow] [O Mendigo e o Sapo]

[Ristow] [O Mendigo e o Sapo]

PARTE 1: AKA Até onde tive saco para escrever.

O Mendigo e o Sapo

Quando caía a noite e as luzes eram apagadas, as crianças dentando-se em suas camas quentinhas e confortáveis, o Mendigo preparava o grande papelão sob a entrada da Alitana, a papelaria.

Antes de continuar, é preciso frisar que não está escrito errado: Mendigo é com letra maiúscula. Ou pelo menos nesse caso. Isso se deve ao fato de ele ser chamado assim por todos, como um nome, como um nome próprio. Sim, Mendigo era um mendigo muito popular. Ninguém sabia seu nome, pois quando perguntavam, ele dizia: "Meu nome é Mendigo."

No começo era mais um homem barbudo e sujo que vivia perambulado às tardes e noites pela cidade, esmolando para qualquer um que cruzasse seu caminho. "Deus lhe retribuirá", dizia ele, quando por sorte ganhava uma moeda de dez ou - nesse caso ele explodia em alegria! - vinte centavos. Foi então que aconteceu algo que mudou a sua vida - ou melhor, que mudou a meneira como era tratado pelos cidadãos.

Numa tarde ensolarada de uma quarta-feira de cinzas, quando a rua estava completamente em paz (sabe como é, conseqüência de um Carnaval), o Mendigo viu um sapo. Ele dobrava seu querido papelão de dormir e o bicho asqueroso repentinamente surgiu por debaixo da borda do papel. Estava imóvel - exceto pelo seu peito elástico que inchava e diminuía num ritmo definido e rápido -, os olhos grandes e amarelos olhando atenciosamente para o homem, encarando-o de uma maneira tão curiosa, tão humana, tão peculiarmente compreensível, que por um momento pareceu que ia falar.

E não é que não deu outra?

"Seu nome é Adão," disse o sapo.

"Ah, meu Deus!" exclamou o Mendigo.

A voz do animal tinha a entonação de um coaxar, e, no entanto, era perfeitamente entendível. Assustado, o sem-teto olhou alucinadamente para os lados, esperando ver alguém rindo de sua cara, revelando que tudo não passava de uma brincadeira bizarra. Mas a rua estava deserta, e, tendo consciência de que não tinha bebido (nunca bebera), ficou mais apavorado ainda, porque era mesmo um sapo falante.

"Não se assuste, sou apenas um sapo."

"Já percebi," - disse Adão numa voz vacilante, largando o papelão e apertando o passo.

"Espere, não vá!" e, dizendo isso, o sapo deu três pulo, sendo que, no terceiro, subiu tão alto que deu a volta por cima do homem, caindo a sua frente e tornando a olhar-lhe, dessa vez com um sorriso que lhe atribuia uma expressão tão grotesca, que Mendigo deu um grito.

"Tô maluco p*** m**** pirei pulou o sapo agora falando pra mim," e nesse ponto ergueu a voz. "Meu Deus me perdoa eu sou um bom homem pobre e desprovido mas bom hom--"

E de repente se calou.

Às vezes, quando estamos muito tristes, temos mais coragem. Quando parece não haver mais esperança, de modo que nada mais que aconteça importa, ficamos mais propícios a aceitar um acontecimento estranho que aparece de repente, pois mesmo não sabendo aonde isso pode nos levar, ao menos temos a certeza de que alguma coisa vai mudar, e pode ser para melhor.

E foi algo parecido que aconteceu com Mendigo. Ele não estava triste, na realidade. Era um homem sem casa, sem família, que vivia com o estômago vazio e, ainda assim, dava um jeitinho de contentar-se com o que vivia. Mas não se pode negar que a rotina de um mendigo deve ser bastante monótona, e ele sabia que se fosse embora, ali, naquele momento, poderia perder a oportunidade de ter contato com algo que nenhum ser humano jamais experimentara. Talvez o sapo fosse Diabo, talvez fosse uma alucinação. Mas talvez fosse simplesmente um animal racional com quem poderia conversar, uma dádiva que o ajudasse a ganhar muito dinheiro. O que tinha a perder? A vida? Estando diante de uma situação tão irreal e absurda, até que era uma possibilidade a ser ponderada. Mas estava disposto a arriscar.

De modo que deu meia-volta e encarou o sapo, uma grande mancha verde no asfalto quente.
 
Interessante. Me deixou curioso.

Você só devia fazer uma revisãozinha no texto, tem alguns errinhos de português. :mrgreen:
 

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