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Preços e pagamentos
por Regina Keiko Murakami
Primula

- Você não pode estar falando sério!

- Parece que estou brincando?

Cliche. Diálogos Padrão. Roteiro idiota.

De qualquer forma... dolorosa nova ordem mundial.

- Último palitinho.

- Como pode? Você roubou! Não pode fazer isso!

-Oh?

- Correção: ela pode fazer isso. - um terceira voz explicou. Uma voz masculina e tímida - Ela é nossa líder.

Seu nome era Sonny. Sua líder uma mulher chamada Marcie.

- Mas... - o homem protestou.

- Nada de "mas"! Você conhece a lei! Pare com essa choradeira!

A linha dos condenados era pequena comparado com o resto da vila. Eles sabiam que era para o bem de todos, mas não podiam evitar tremer. Eles morreriam. Claro que não sentiriam dor, mas suas vidas acabariam do mesmo jeito. E por isso eles estavam com medo.

- Mamãe! - uma garotinha chorou.

- Calma, meu bem. Tudo vai dar certo. - a mulher marcada para morrer disse para sua filha.

- Pare já com isso! Você sabe que vai ser pior pra ela depois.

A mulher concordou. Sua menininha se tornaria uma órfã. Ela tinha de morrer por sua menina. Não havia escolha para eles.

- Foi algo muito duro de se dizer... - Sonny falou enquanto eles voltavam para a Tenda Central. (que na verdade não era tenda. Há muito não se usam tendas... desde que conseguiram construir um abrigo grande o bastante para todos)

- O mundo é duro. Desde aquele ano de 2001... Aquele povo idiota! Malditos todos eles! Se você tem de passar sermão, diga algo para nossos ancestrais. Mesmo assim, isso não adianta nada agora.

- Mas não era necessário ser tão dura. Você costumava ser tão gentil...

- E pra que servia isso? Não percebe? A menina teria esperanças "Mamãe vai ser salva". Que eu a salvaria. E isso não é verdade, e então ela sentiria-se traída. E dessa forma, ela procuraria vingança em nos outros.

- Você não sente nada?

- Meu coração foi destruído muito tempo atrás. Meu corpo é de mulher, mas meu coração é de um monstro Sonny. Não há mais lugar para bondade e compaixão nele.

Algumas pessoas os olhavam com raiva. Algumas fitavam frustrados. Ele quase podia ouvir o que eles estavam pensando. Por que nossos entes queridos devem morrer. Isso não era justo... e assim por diante...

Marcie estava certa, mas ainda assim era cruel demais. Executar pessoas aleatóriamente... Ele podia entender se fosse para punir criminosos, mas gente inocente?

- Não existe gente inocente, Sonny. As crianças por exemplo - elas são bem cruéis se não fosse pelo adestramento que passam que chamamos de educação e respeito.

- Humanos não são animais, Marcie.

- Esqueça que é um animal, e você se torna um monstro, Sonny. Tente negar que você é um monstro e você acabará matando mais gente que Attila. As piores atrocidades da História foram feitas por gente que clamava ser "virtuosos". Não se esqueça disso.

- Mas nem todo mundo é tão ruim quanto você diz!

Marcie voltou-se para encará-lo: - Verdade... mas não há uma pessoa que possa ser considerada completamente inocent.

Uma multidão tinha seguido-os. Ela voltou-se para eles, condenados e sortudos: -Agora vão pra casa e vivam. Estejam de volta no final desta semana. É tudo.

Muitos gritaram e choraram, muitos disseram palavras duras para ela. Mas ela não se incomodou. Eles podiam se lamentar, temer, odiar. Cegos pelas suas emoções, quando deviam ser senhores das mesmas.

Eles não entenderiam e não viveriam completamente até o último dia. Bando de crianças.... será que eu tenho de explicar tudo?

- Sua vaca! - um homem cuja esposa foi escolhida gritou.

Marcie esperou até que se cansasse. Somente então ela falou:

- Poderia repetir os nomes da lista, Sonny? Com ordem de numeração e tudo, por favor.

-Marcie! - Sonny quase engasgou de surpresa.

Mas ele obedeceu depois de ver o olhar dela. Após cada número vinha um nome e um grito de "injustiça" do povo. Depois de vinte e nove nomes ele parou meio confuso.

- Qual o problema, Sonny?

Todos pararam de gritar e chorar. Eles ficaram meio que perdidos com as últimas palavras dela. Mas foi Sonny quem proferiu as palavras fatídicas.

- Você disse... que teríamos de sacrificar trinta pessoas... sorteamos vinte e nove...

Todos olharam-se uns para os outros. Mais um? Era demais! Eles deviam se livrar dessa louca que matava pessoas sem se preocupar um átimo com eles.

- Vocês estão certos! Vocês deviam me matar. AFINAL EU SOU O NÚMERO TRINTA DESSA LISTA!

Na hora todo mundo se calou. Eles pensaram que era uma brincadeira de mau gosto. Alguns pensavam que ela merecia, claro, mas...

- Devo repetir? Eu serei a última dessa lista a ser executada.

A onda de desconforto e confusão não abandonava a multidão. Suspirando, como se estivesse tremendamente cansada, Marcie explicou.

- Vocês disseram que isto era injusto. A vida é injusta, sinto muito! Vocês disseram que eu devia escolher melhor quem devia morrer. Escolher, vocês dizem? Por qual padrão? Devo proteger minha família? Hummm... eu não tenho família. Devo salvar as mães? Claro, apenas para matar os maridos delas, certo? Devo salvar apenas os inteligentes, fortes, velhos/sábios? Ah, tenha dó... a lista é infinita!

- Os criminosos! - uma senhora gritou.

- Todos aqui são criminosos. Ninguém aqui merece viver. Nossa espécie matou o planeta. Seria muito melhor apenas se nós deitássemos e morressemos!

Um silêncio mortal caiu sobre eles. Depois de um segundo, Marcie continuou: - Não há mais qualquer forma justa de julgar qualquer pessoa hoje em dia. Quem consideramos herói hoje pode ser considerado monstro amanhã. E vice versa: algumas pessoas que antes eram consideradas traidoras pela sociedade a história louvou como heróis depois.

- Minha lei é esta, e vocês concordaram com ela quando vieram a mim: eu salvaria suas vidas, mas essas mesmas vidas estariam em meu poder. Mas em troca este poder não tornaria minha vida mais fácil do que a vida de qualquer outro sob minha custódia.

- O que inclui meu tempo de vida também. Eu tenho o direto de escolher quem deve morrer. E fazendo isso, eu tenho de morrer com eles também.

- Eu disse que um dia alguns de nós teriam de ser sacrificados para que a vila e aqueles que amamos pudessem sobreviver. Não quero ouvir mais reclamações. Todos morrem um dia. Até lá, continuem vivendo. É tudo.

Sonny estava sem palavras. Ele não podia acreditar. Marcie morreria com eles? Era um absurdo, uma idiotice, e...

- Você não pode morrer! Quem vai cuidar da vila? - um dos Sortie gritou.

- Isso vai ser problema de vocês. Eu só vou tomar conta das coisas até sexta-feira. Depois disso, eu vou estar bem morta e enterrada. Gente morta não tem de se preocupar com os problemas dos vivos.

Agora Sonny se perguntava se os que sobrevivessem seriam tão sortudos assim...

*****

Notas de autor:
Sortie é pra designar os sortudos que não vão morrer. No original deixei como "lucie" como corruptera de "luckie"

"There's no innocents!"
Duna - Frank Herbert
 
Esta é a segunda parte. Fiz algumas modificações do original que escrevi em inglês depois de uma sugestão de um leitor antigo... mas ainda não ficou bom, ainda mais que tem muitas vezes que vejo as influências do que li nas minhas estórias.

Tenho de aprimorar o conceito...

Pedi para esperar quatro posts porque a estória é dividida em períodos cada uma com quatro fases. Depois do primeiro arco de quatro fases, vem muitas outras. E como cada arco é fechado, melhor vocês esperarem mais um pouco (sou lerda pra traduzir meus próprios escritos!!!)

*****

Matando o tempo...
Por Regina K. Murakami
a.k.a. Primula
Misato Kiki Inverse

Sonny encontrou Marcie acordada bem cedo. Ela gritava com uma menina.

- Quem disse que você podia pegar todas essas batatas?!?

- É pra mamãe... para fazer uma comida gostosa pra ela antes de...

A menina começou a chorar. Marcie esbofeteou-a.

- Não se atreva a chorar, menina. - completando logo a seguir mais gentil - Sua mãe precisa morrer para que você viva e seja feliz, criança. Se você chorar, ela ficará triste. E se você fizer muitas guloseimas para ela, ela vai ficar preocupada com você, pensando que você vai morrer de fome depois dela partir. Você quer que ela fique preocupada e triste?

A menina gritou enraivecida: - Você vai matar mamãe!

- Isso mesmo. E por isso eu vou morrer também. É o bastante ou quer mais alguma coisa?

Sonny podia ver que a menina estava p... da vida. Ela sentiria-se melhor se houvesse uma chance de se vingar da assassina de sua adorada mãe. Mas mesmo isso lhe era negado. Assim, ela fez a única coisa que podia fazer. Ela saiu correndo.

- Mande isto para a Cozinha... e peçam para mandar uma porção extra para a menina.

- Você a enfureceu... Isso era necessário?

- Ela tem de lidar com isso. Logo ela vai perceber o monstro cruel que ela é também...

- Desculpe? Alô-alô? Você está dizendo que ela é um monstro? Você é a pessoa que vai matar a mãe dela, pelo amor de Deus!

- Isso mesmo. E por causa disso viu nos olhos dela o quanto ela quer me matar? Esse é um sentimento nobre e justo?

- Por que você sempre fala assim? É como se ninguém merecesse ser salvo!

- Na mosca!

- Então por que você fez tudo que fez até agora? Porque você não esperou a morte, Por que não deixou todo mundo todo se ferrar?

- Ah, é fácil! Porque sou uma grande puta!

Sonny estava cheio de ficar perplexo com as frases dela. E como leitora também fico cheia de descrever esse tipo de cena onde o auxiliar fica maravilhado com a sabedoria de seu mestre o tempo tod. Mas é impossível de evitar as surpresas. Ela conseguia pensar dessa forma, porque a autora não quer alguém comum, oras!

- Vejo que você não me entendeu. Eu sei que em algum lugar lá fora, pode haver outras pessoas... sobreviventes como nós. Eu pressinto que eles estão fazendo o óbvio: tentando sobreviver como podem, exatamente como nós. E que além disso, eles preservam os antigos modos de vida, acreditando em padrões elevandos de amor verdadeiro, amizade e honra. Eles acreditam que são melhores que seus ancestrais, acreditam que jamais fariam a idiotice que nossos avós fizeram. E ao acreditar nisso, eles acabarão por cometer os mesmos erros do passado.

- Talvez eles tenham sucesso e nós falhemos. Talvez ambas as sociedades sejam destruídas. Mas... se ambas sobreviverem eu não quero um repeteco do que já tivemos.

- O quê? - Sonny disse quase gaguejando.

- Isto aqui é um experimento, Sonny. A humanidade sempre teve altos padrões: eles acreditavam que eram melhor que as outras espécies... superiores. E por isso eles podem ser cruéis como demônios. Por isso eles podem ser iluminados como anjos. MAS... a verdade é esta: nós paramos de amadurecer.

- Então esta é minha experiência, minha diversão antes de morrer. Seria possível fazer as pessoas crescerem um pouco? Fazer com que elas parem de cometer os mesmos velhos enganos? Talvez, mas somente se eles despencarem desse pódio de auto-enganação de que são "melhores". Somente se eu puder fazê-los perceber suas falhas, e que ao perceberem não fiquem paralizados pela vergonha, remorso e outras emoções resultantes dessa descoberta. Ser consciente que é um monstro mas mesmo assim tentar se tornar um anjo.

- Por isso que eu sou uma grande puta! Vocês podem no final se tornar a mais cruel e sanguinária sociedade humana que já pisou na face da Terra, heh... E eu sou aquela que está moldando vocês dessa forma: para possam ter consciência do que fazem quando forem exterminar qualquer outra sociedade arcaica que aparecer para desafiar vocês."Somos monstros, não somos melhores que eles, mas mesmo assim vamos exterminá-los."

Chocado, Sonny só conseguiu murmurar que: - Não vamos permitir isso.

- Não? Então me responda, Sonny? Se você tiver de escolher sua própria sobrevivência e de sua aldeia, em detrimento de outra aldeia, qual vem primeiro?

Sonny não podia responder. De qualquer jeito - do jeito dela ou da forma convencional - a resposta seria sempre "minha aldeia" vem primeiro.

- Isso mesmo, você tem razão. Vocês e o resto da aldeia pode impedir meus planos, agora que você já sabe. Afinal de contas, suas vidas estarão nas mãos de um novo líder. Talvez até escolham você para liderá-los. Meus ideiais podem morrer aqui mesmo durante esta semana. Eu não me importo. Tentei e tive minha parte de diversão. Não é meu problema se vocês escolhem continuar com os velhos erros. De qualquer jeito, a humanidade vai se extinguir. Se vocês nào exterminarem os seus adversários eles exterminam vocês. Eventualmente, o dano ao planeta será impossível de se recuperar e então todos morrerão também.

- É por isso que vocês tem de se tornar "diferentes"! Eu tentei tornar vocês todos monstros. Talvez com alguma consciência disso, talvez não. Mas mosntros, não importa como.

- Isso é loucura!

- Desculpe, mas você está absolutamente certo. Vocês todos estiveram seguindo uma louca este tempo todo. Como todos antes de vocês. Sabe por que? Porque o ser humano é covarde, tem medo de encarar o que faz.

- Seus delírios jamais se concretizarão!

- Meus delírios? Desejos? Sonhos? Você fala como se eu fosse aproveitar alguma coisa dos louros de um mundo hipotético do futuro. Há, não é você quem está sonhando? Eu tive minha quota, e agora vou morrer. Eu não sonhei com um mundo melhor. Todos que fizeram isso - Gandhi, Jesus, Chico Mendes, Luther King - morreram por causa disso e... Ah! heh... eu também vou morrer... Bem vocês deviam ficar aliviados, porque de qualquer forma meus sonhos nunca se tornarão realidade.

Silêncio. Com dificuldade ele perguntou:

- Por que então?

Marcie com voz suave respondeu: - É isso que gosto de você, Sonny. Você nunca desiste. Minha resposta é.... por que você precisa de uma "razão"?

Um ancião tentava consertar os encanamentos de água da aldeia, distraindo um pouco da atenção de Marcien:- Ei vovô! Deixe-me ajudá-lo.
 

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