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[L] [Primula] [Experiência Estórica]

Primula

Moda, mediana, média...
[Primula] [Experiência Estórica]

Não é bem um conto, e espero que funcione.

Me proponho a escrever uma estória que continue a cada semana (EDITADO pela autora: NHÉEEEEE... preguiçosa de marca maior... deixa pra lá!ipo igual ao que o Gandalf o Branco se propôs, e o tópico do Formigueiro, só que com um só autor. No caso eu.

<Toda quarta (ou quinta se calhar de ficar insone) vou postar a continuação.>

(desisti! Vai ser uma vez por dia! Senão semana que vem já esqueci desse tópico, como faço as vezes com Adão tem Umbigo...)

Vamos ver se serve pra me forçar a praticar.
 
Página 1

Capítulo 1

Uma folha de papel em branco
Por Regina Keiko Murakami


Havia acabado de assistir ao filme Matrix, e ainda estava sob os efeitos "wow, como esse filme é legal, não me canso de assistir" quando a campainha tocou. Meio alegrinho (se algum de vocês fizer piada...) fui atender a porta e o cara da SedeX pergunta: - Ricardo Santos de Almeida?

- Sou eu - respondi, tentando me lembrar se tinha feito algum pedido pra Amazon.

- Assine aqui. Tenha um bom dia.

E foi embora deixando comigo um daqueles envelopes pra documentos. Nem pensei duas vezes, antes de abrir. Talvez o pai tivesse pedido algo pra mim...

Mas tudo que achei dentro do envelope foi uma folha de papel em branco.

Agora pensem comigo: um adolescente sozinho em casa, recebendo uma encomenda estúpida como essa o que faz? Isso mesmo, foi o que fiz, amassei aquele papel idiota, xinguei o filho da mãe que fez essa gracinha comigo e fui continuar meu Metal Slug. Afinal estava de férias!

Não sei porque não ficava mais calmo. Aquela brincadeira devia ser de um de meus amigos lá da escola. Bando de imbecis, mas legais. Deviam tar tirando sarro de minha cara, imaginando que depois eu viria contar pra eles essa piada sem graça e eles iam ficar rindo. Eles iam ver.

Mas se fosse só isso porque esse nervosismo não passava?

Pior é que isso atrapalhava minha concentração. Depois da minha quinta morte, decidi que hoje eu não tava prestando para atirar direito e desliguei o PSX. Fui comer alguma coisa da geladeira e pensei em pegar um cinema, ou pegar meu skate e treinar um pouco nas rampas do bairro.

Só que mesmo isso me incomodava. A sensação gostosa da prancha não voltava quando eu toquei o skate. A coca tinha gosto de lata. E os filmes em cartaz eram babacas.

Percebi que não ia adiantar nada sair. Ia continuar a mesma porcaria de antes. Mas de teimoso quis insistir.

Foi quando tropecei em algo antes de sair de casa.

- Mas que m3rda! Quebrei a fita de Matrix!
 
COITADO!
Isso é um drama? Quebrar a fita do Matrix??? :cry: o que que é isso?
Este papel deve ser daqueles passe pra uns 10 e terá sorte, do contrário terá o pior azar do mundo!
 
Página 2

Não é um drama, Vinci. :wink: Não sei ainda como vai terminar, já que estou escrevendo de impulso...

*******

Merd@ pouca é bobagem! Economizei por seis meses a mesada para poder comprar essa fita!

Talvez desse pra salvar alguma coisa. Tipo, fazer uma gambiarra. Só a caixa estourou, mas a fita dentro tava inteira.

Fui pegar um durex na mesa, quando eu percebi que aquele papel em branco amassado ali do lado do durex. Pô eu esqueci de jogar no lixo essa porcaria!

Só aí percebi que o papel tava se mexendo. Levei um susto, parecia coisa de Harry Potter, meu! Só que o papel não tava vivo - só tava se desamassando. Achei isso muito esquisito e fiquei sentado vendo o que acontecia.

Demorou uma tarde toda... mas no final, igual celofane, ele se desamassou todo. Ficou estirado na escrivaninha, como se fosse a roupa que a Juraci tira da máquina antes de passar ferro.

- Oi filho! Como foi seu dia?

- Pai? - perguntei assustado vendo ele colocar na cadeira do escritória a pasta dele - Já chegou?

- Como assim "já chegou?". São oito horas, Ricardo - papai respondeu - O que você está fazendo?

- Oito horas? P0rra, perdi a tarde toda com esse papel imbecil!

Papai deu uma risada e pôs a mão em meu ombro: - Pensei que já estivesse em férias. Trabalho de última hora? Precisa de ajuda pra alguma redação?

Estranhei a pergunta: - Do que cê está falando, pai?

- Oras! Essa folha de sulfite em branco aí na mesa. Deve ter martelado muito a cabeça muito para não conseguir escrever nada nela até agora.

Escrever? Mas porque papai pensaria que eu quero escrever em uma folha amassada como ess..?

?!?!?

Como pode?! A folha tá como nova!

- Bem, filho vou deixar você estudar tranqüilo. Ia te dar uma bronca - papai mudou um pouco o tom de voz mostrando minha fita Matrix - ... porque você não toma conta direito de suas coisas. Mas está desculpado, se o problema era de escola.

- Pai...

- Sim? - ele parou na porta do escritório.

- Já viu algum tipo de material que a gente amassa e depois volta como era antes?

Papai pensou um pouco e bateu o punho na palma da outra mão lembrando de algo: - Faz tempo... mas teve uma notícia na TV sobre um plástico com memória.

- Plástico com memória? - perguntei feito papagaio bobo.

- Era um material que mesmo que você deformasse o quanto quisesse conseguir "lembrar-se" de como era antes e voltava à forma original. - papai explicou - Era um truque divertido, mas não sei pra que inventaram uma coisa dessas. Quer escrever sobre isso? É um relatório?

- Ah, é sim, pai. Brigado!

- De nada, filho. A mamãe disse que vai demorar, então eu preparo a janta hoje. Quer lavar os pratos?

- Não! Eu prefiro ajudar agora!

- Não se esqueça de sua lição de casa - ele avisou meio sério.

- Tudo bem! É pra entregar depois das férias.

E sai deixando o papel e minha pobre fita Matrix jogados na escrivaninha. Meu, ficar lavando a louça é muito pior do que ajudar a fazer janta!
 
Prefiro fazer a janta...
Quem é burro o suficiente para ficar vendo um papel desamassar a tarde inteira???
Como se sabe que eu sou o Nightcrawler Primula?
 
Primula, se o seu intuito era nos deixar com vontade de ler mais, parabéns. O texto está bem gostoso de se ler. Por favor, não demore a postar o próximo.
Beijos.
 
Vilya disse:
Primula, se o seu intuito era nos deixar com vontade de ler mais, parabéns. O texto está bem gostoso de se ler. Por favor, não demore a postar o próximo.
Beijos.

Idem!!!!!! Idem!!!!!!!!

Se você está escrevendo por instinto Sra. Rosa Vermelha, então é muito criativa mesmo. Parabens! :)
 
eu tambem me interessei pela continuacao, que acho que nao eh nada previsivel, bom trabalho primula, continue.
 
Página 3

Sinto muito por sexta-feira. Aconteceu um imprevisto muuuuuito grande e não pude postar.

Sim, gente, estou escrevendo de impulso. Não tenho nada planejado. A inspiração foi uma folha de papel em branco e o pensamento "odeio folhas de papel em branco! Pra começar uma estória é uma droooooga!!!". Ou seja, nada a ver, hehe...

Amanhã continuo... :wink:

******
A mamãe chegou bem na hora de... desmaiar com a comida queimada que o papai cozinhou, hehe.

- Querido... só você pra queimar comida congelada no microondas.

De qualquer forma, mamãe deu um jeito e voltei para o escritório de papai depois de uma janta relativamente normal (com um certo aroma defumado).

Afinal, eu ainda não tinha consertado a fita de vídeo, lembram-se?

Ali estava a fita e o papel. Mas que esquisito... Não tinha nada escrito aqui antes!

- 04035970 ? 20341 ??? - eu falei confuso em voz alta.

No canto da página tinha um desenho esquisito. Não consegui identificar que tipo de desenho era aquele, mas era muito familiar.

Peguei o papel para mostrar pros velhos, mas assim que tirei da madeira escura da mesa, todos os números desapareceram! Passou um frio pela espinha e larguei o papel. Quando encostou na mesa podia ver os números de novo.

- Que diabos?...

Um pouco mais aliviado, eu peguei o papel e levei para a cozinha, onde meus pais conversavam e lavavam a louça.

- Pai? Mãe?

- Sim filho? O que foi? - papai respondeu virando-se com um prato.

- Tem algo estranho nesse papel. - eu disse colocando no balcão de granito escuro da copa.

- Não tem nada aqui, filho - papai respondeu um pouco incomodado.

- Mas agora há pouco!...

- Filho, termine sua lição está bem? - e dizendo isso papai encerrou o assunto.

Voltei confuso pra o escritório. Acendi as luzes e o abajur, coloquei o papel na mesa de novo e deixei de lado enquanto pegava o durex pra fita. Mas quando virei o rosto, percebi que ali estavam os números de novo! Mas por que não apareceram na cozinha?

Olhei pra cima e percebi que a lâmpada estava piscando. Tinha de trocar logo essa fluorescente senão ia ter dor de cabeça.

Aí deu um estralo na minha cabeça! A lâmpada da cozinha também era fluorescente. Mas a do abajur não!

- Ahá! E você pensou que podia me enganar, heim? - eu disse vitorioso para o papel.

Só que ainda tinha muitos mistérios envolvendo esse papel. Um papel que desamassa. Um papel com mensagem em tinta especial. E em código.

- Ahhhh!!! Isso tudo continua muito esquisito pra mim!

Logo eu ouvia mamãe pedindo pra eu ir tomar banho e ir logo dormir. Pelo tom de voz dela, tava na cara que ela não ia deixar eu ficar na internet hoje de noite. Tudo bem...

Precisava pensar. Comecei esse negócio pensando que era uma brincadeira de mau gosto de um de meus amigos. Mas no final acho que vou ter de pedir ajuda ao Gustavo. Droga!
 
Primula 8O vc escreve bem, como não sei quem disse, uma leitura fácil e prática, com uma pitada de mistério e comédia...bueno...Está muiito legal, eu não sei, mas posso postar algumas de minhas histórias tmb?
Bom, mas está indo muiiito bem.
 
Pagina 4

Sinto muito Sarawood, mas a proposta deste tópico é NÃO deixar outras pessoas postarem a continuação (como aconteceu no Formigueiro). Apenas eu, de acordo com minha inspiração do dia. Parecido com novela, algo sem muito compromisso literário. Só pra praticar mesmo.

Mas estou aberta a comentários, hoje e sempre. :wink:

Mas se te interessa, existem dois tópicos com a proposta do formigueiro (uma pessoa escreve um pedaço de estória e outra continua) aqui no clube dos escritores que foram esquecidos. Quer tentar sua sorte por lá? :wink: São eles:

De Gandalf: http://forum.valinor.com.br/viewtopic.php?t=2409
De Goldenleaf: http://forum.valinor.com.br/viewtopic.php?t=2645

Ou talvez você queira fazer algo parecido, abrindo um post? :D

******

Capítulo 2
Um primo chamado Gustavo

Normalmente, acordar cedo não é comigo. Normalmente, acordar cedo por causa do Gustavo só se eu tiver muito doente e delirando que sou outra pessoa.

Pelo título deste capítulo você já sabe: ele é meu primo. Mas ele não é um primo qualquer. É o primo que inferniza a minha vida.

Não é que ele seja valentão ou que fique zoando de minha cara... É que...

- Primo Ricardo! Que saudades! Eu achei que você não gostasse mais de mim! Você não responde minhas ligações nem meus e-mails!

Perceberam? Esse cara me idolatra! Ele me enche, fica no meu pé, diminui meu ibope. Ou seja, ele é o típico MALA! (e se bobear é meio bicha!)

- Sabe, primo, deviam te chamar de Ricky, porque tem aquele artista porto-riquenho que tá fazendo sucess...

Não... tudo menos isso. É tortura... O que eu fiz pra merecer um parente como esse?

Pra que foi mesmo que eu vim falar com esse mala?

- Escuta, Gustavo. Tá, tá, me desculpa por não dar notícias - eu me interrompi já que o Gustavo tava me olhando com olhinhos de cachorro pidão - Eu tou com um problema engraçado, e achei que você ia gostar de ver.

- Eu ajudar você? Isso é maravilhoso, primo!

Olha, eu não falei antes, mas Gustavo é um cara que adora, adora, ADORA coisas misteriosas. Ele é igual aqueles caras que aparecem pra ajudar o Mulder em Arquivo X (só que os caras de Arquivo X parecem legais enquanto estão na TV, mas fora dela devem ser iguais ao Gugu: um saco!). Não estou sendo aproveitador, não! Ele é o cara pra resolver esse tipo de mistério e ainda ficar feliz com isso.

Se bobear, sou eu quem vai sair perdendo (se ele ficar eternamente grato por isso, meu Deus do Céu! Vai ser impossível viver!)

- Olha - eu disse, ligando a lâmpada do abajur dele e colocando em cima da escrivaninha o papel.

Ele olhou o papel e a cara de bobo dele mudou. Ficou pensativo por um instante e alisou o papel como se percebesse o problema. Por que ele não pode ser assim sempre?

- Primo, isso é engraçado. Esse papel não parece normal.

Como é que ele percebeu isso de cara? Bem o que fiz foi só responder: - Eu amassei ele todinho e voltou a ficar assim.

A cara de espanto dele foi assustadora. Depois ele pegou um papel em separado, anotou os números e fez uma cópia do desenho no canto da página.

- Vamos ter problemas - ele avisou.

- Quer fazer o favor de explicar?! - eu interrompi irritado.

- Ah, desculpa, primo. Esses números me pegaram... não sei assim de cara o que podem significar. Mas esse desenho... não lembra uma chave? Ou melhor, apenas a parte que precisa pra fazer uma chave?

Era verdade. Mas não imaginava que tipo de chave e pra que fazer um molde dela no papel. E: - Por que alguém ia me mandar o molde de uma chave?

- Talvez as respostas estejam dentro do lugar que essa chave abre. - ele retrucou - Quem te mandou isso? Cadê o envelope?

Eu dei de ombros como que dizendo "já joguei fora" e ele suspirou desolado: - Bem não ia adiantar muito. As pistas devem estar todas aqui.

E dizendo isso sentou-se e ficou a pensar em voz alta: - Não é número de conta bancária... não encaixa no padrão dos bancos que conheço... não parece ser de cofre de banco... precisaria de assinaturas e outras coisas... cartão de crédito não precisa de chave... hmmm... começa com zero...

De repente o Gustavo saltou da cadeira e ligou o computador dele. Que aliás dava de vinte a zero no meu. Nem vou perguntar que tipo de configuração ele fez, porque da última vez fiquei com dor de cabeça.

- Caixa Postal ! Vila Mariana ! - ele gritou eufórico dando um tapa forte na mesa e com um sorriso vitorioso enorme em seu rosto - Tenho certeza! Vamos! Precisamos fazer a chave!

*****

Editado: Observação de 11 de julho de 2002 - sem inspiração para encarnar no personagem... hoje não consigo pensar nem como Ricardo nem como Gustavo. Amanhã melhoro o humor.
 
Adorei, Prímula!!
Vc escreve mto bem!^^
Tô louca pra ler o resto!!
Como disseram a linguagem é fácil, a leitura rápida e bem descontraída!!Nada melhor pra ler rápido e num gastar mtos pulsos hehehe!^^
 
Página 5

OK, reli tudo e a Clio voltou. Espero que a musa não me abandone, apesar de eu ser mulher.
Como sempre obrigada pelos elogios. Aproveitem e façam críticas (onde tá ruim, hm?)

*******

- Você não jogou fora aquele papel... jogou, primo Ricardo?

Gozado. Desta vez não fiquei todo "ugh! ele me chamou de primo Ricardo!" como das outras vezes. O olhar do Gustavo era sério e impunha respeito.

- Não, Gustavo. Tá aqui no meu bolso.

- Ah, bom...

O metrô estava relativamente vazio a esta hora, por isso deu pra gente sentar. Engraçado... normalmente quando Gustavo falava sobre teorias de conspiração, ele ficava todo excitado e era impossível de agüentar. Agora que temos uma de verdade, ele não parecia tão contente.

Pra falar a verdade, eu também devia ficar um bobo alegre. Afinal, eu também gosto de filmes de ação. Só que também não tava.

- Sabe, primo Ricardo...

- Corta essa de "primo Ricardo". Isso enche, "primo Gustavo"!

O "primo Gustavo" ficou com a cara de bobo de "primo Gustavo" de sempre: - Você nunca disse isso antes!

- Você nunca se mancou antes.

- Bem, acho que sou um mala, heh... - ele falou coçando a cabeça - Nem todo mundo pode ser popular como você, pr... Ricardo.

Poxa, vida! Eu sou um cara normal. Legal até. Agora preciso ficar com peso na consciência por viver metade de minha vida execrando a companhia do Gustavo?

- Mas não é hora de falar sobre popularidade - ele continuou - Ricardo, acho que te meteram em algo grande...

- Como assim?

Foi a vez dele de me dar sermão: - Poxa, Ricardo! Você acha que aquele papel que te mandaram é normal?

- Bem... o pai falou alguma coisa sobre plásticos com memória e...

- Putzquelagriu, Ricardo! Esse material é provavelmente estratégico. Top secret! Quem é que ia mandar para casa - nome, endereço, tudo certinho! - de um adolescente feito você?!?

Putz... é verdade! Que negócio esquisito! Que nem nos filmes, quando o herói tem sua vida virada de ponta cabeça e...

- Que nó na barriga! - eu gemi.

- Tem mesmo que ficar... - ele concordou - Chegamos!

Levantei-me e senti as pernas bambas. Meu, eu enfrentei o King Kong da escola sem me borrar, e agora vou afinar? Só que o King Kong era um asno. Agora eu me sinto como uma chinchila em laboratório, com um doutor maluco fazendo experiências comigo.

- Não dá pra voltar pra trás, Ricardo - o Gustavo falou - Não dava a partir do momento que você recebeu a encomenda.

Putz... ele tem razão.

Encontramos um chaveiro no meio do caminho. Não sei como a gente conseguiu convencer o chaveiro a fazer uma chave com aquele rascunho de papel. Nossa, como ele olhou feio! Hehe... pensando bem, aquilo me alegrou o dia.

- É chave dos correios, não precisa saber o formato da cabeça da chave, meu senhor! - Gugu explicou - Só a dentação é o suficiente.

- Moleques birutas! Pensa que dá pra fazer chave com esse tipo de molde?

- Eu tirei um molde caso perdesse a chave. Se eu não tivesse perdido a chave eu não precisava fazer uma cópia nova!

- E porque não fez antes?!?

- Pra que eu ia ter uma cópia se nunca pensei em perder a chave? Mas, afinal o senhor quer ou não quer o serviço, oras?!?

Fazia sentido... a chave só tinha que ter a parte do segredo se a gente sabe que tipo de porta ela abriria. Uma chave dos correios tem formato bem característico. Não preciso ficar pensando se é da forma Gold ou escambau a quatro.

Tava começando a respeitar esse meu primo Gugu. Nunca imaginei ele discutindo com alguém. É engraçado ver alguém perder por falta de argumentos. Ou melhor dizendo... ver o Gustavo enrolando legal o velhinho.

Grande! Enrolei vocês leitores, não é? O que vocês querem? Eu tou me borrando! Não sei o que encontrar naquela caixa. A escritora é doida varrida! Se bobear ela me manda pro Marrocos pra fazer operação de troca de sexo! (tudo menos isso, pelamordedeus!!!)

OK, chave pronta, vamos pra Agência. ("não dá pra enrolar mais um pouco?" "não!")

Abri a portinhola e dentro tinha um pacote. Não um envelope, mas um pacote do tamanho de uma caixa de camisa, lacrado com meu nome escrito nele de novo. Era esquisito, mas tava começando a me acostumar.

- Vamos, Ricardo. Melhor ir pro Shopping Santa Cruz. A gente abre esse pacote lá.
 
mto interessante.... mais se eles estavam tão tensos eles provavelmente abririam a caixa ali mesmo ou na casa de um dos dois.... o shopping não pegou bem... (opinião minha... se tiver um motivo por favor me ignore!)
 
Página 6

Motivo? Ah, nenhum... só preguiça de continuar. :twisted:

*****

- Tudo bem? Agora podemos abrir o pacote? - o mesmo Gustavo que me impediu de abrir o pacote lá no correio, perguntou agora ansioso.

- Nhaun! Ainda não almocei... - respondi procurando um sanduba menos saudável que o Big Mac. O que ceis tão olhando? Ele ficou com essa de liderar, agora que se controle um pouco também, oras! Que mania, poxa!

- Argh! Por isso que você é gordo, primo Ricardo! (Xeque!)

- Mas sou simpático e popular, "primo Gustavo". (Xeque-mate!)

Ah, vai gente! Com todo esse nervosismo acabei não comendo direito o café da manhã. Me recuso a ficar todos excitado feito o Gustavo e ficar sem almoço também!

Descobri outra faceta do Gugu: ele pode ficar rabugento. Hehe... pra quem me atazanou a vida toda, foi um troco um pouco atrasado... mas vá lá. Depois de alguns números 1 e dois cheddares, resolvi acabar com a agonia de Gugu.

- O pacote é seu. Você abre! - ele tirou o corpo fora.

Agora mais calmo posso abrir esse pacote sem ter um ataque. Vamos ver...

- Ah, não... é brincadeira? Quiéissoagora?

Outra carta, alguns embrulhos com papel de seda amarrados com barbante e um mapa de São Paulo. Primeiro li a carta.

- "Querido netinho..."

Eu olhei pra cara do Gugu. Tava com a mesma cara de besta que eu.

- Você tem avô? - nós dois perguntamos um pro outro já sabendo que não. Nossos avós já eram todos falecidos, tanto da parte de meus pais, quanto da parte de Gustavo.

Bem, vamos à integra da carta...

-----

São Paulo, 12 de setembro de 1998

Querido netinho,

Sim, você mesmo, Ricardo. E se eu tiver sorte e você for esperto, o Guga também deve estar aí com você.

Sou eu, seu avô Gabriel Salgueiro dos Santos. O pai de sua mãe, Ricardo. O pai de seu pai, Gustavo.

Sinto muito entregar este fardo assim para vocês, mas não tinha outra escolha. Oras essa, esqueci de explicar as coisas. Vocês devem estar muito confusos.

Não tivemos chance de nos conhecer, meus netos. Acho que já ouviu algo a meu respeito e de como morri tragicamente faz mais de vinte anos atrás... me lembro como se fosse ontem: dia 14 de julho de 1979.

Bem, resumindo a estória da minha vida: fui um brilhante cientista, mas muito burro de ter me empregado no serviço militar. Um colega meu quando saiu teve seu curriculo zerado, e não conseguia emprego. Eu não podia ser facilmente dispensado.

Entendam, meus netos. Quando você trabalha para a nação, suas descobertas não são suas. Infelizmente isso não me incomodava, até esta semana. Hoje, estou com o síndrome de Santos Dummont, e não gostaria de ver o que descobri sendo usado para o mal.

Por vinte anos, vivi recluso, com as garantias que minha família seria amparada financeiramente. E o foram. Meus filhos (os seus pais) cresceram e se tornaram os pais de vocês. Não é grande coisa, mas não devem ter passado necessidade, heh?

Mas a minha família só está segura, se o mundo continuar inteiro, não é? ^^

O que está feito, está feito. Descobri a Fonte da Juventude moderna. Só que tem um detalhe... quem viver pra sempre vai acabar com o resto da humanidade: ele se torna um cancer, um parasita para todos os humanos.

E infelizmente já existe alguém com o vírus inoculado. Ele é um menino muito inteligente, talvez mais até do que eu. Realmente é uma escolha acertada para se tornar imortal. Talvez se torne político, talvez advogado. O que importa é que a família dele era influente e louca o bastante para pagar a imortalidade de pelo menos um deles. Só tem um detalhe: com o tempo a mente da pessoa morre e só o corpo fica andando vivo por aí... mas claro ninguém quis ouvir o que eu tinha a dizer sobre efeito colateral.

Mas não se desesperem! Estão vendo esses pacotinhos aí do lado? Pois é: é o antídoto que desenvolvi. Vocês vão ter de dar um jeito de neutralizar esse indivíduo e destruir as poções que eu criei. Não se preocupem, não tem jeito de reproduzir a fórmula mesmo com análises químicas. é uma fórmula muito instável: difração de raios X, espectroscopia de massa e outras análises normalmente não destrutivas, acabam com a fórmula da juventude. Errr... acho que vocês dois não entenderam nada, heh...

Agora vocês tem de encontrar um jovenzinho chamado Eloísio Marcondes Ferreira, dar um jeito de torná-lo mortal de novo e destruir todas as amostras de poção da Juventude. Fácil, não acham? Acho que fechar Legend of Zelda é mais difícil. Se bem que nunca vi o final de Pitfall...

Um abraço e adeus, meus netos... acho que desta vez eu não escapo da dama Morte.
de seu avô
Gabriel Salgueiro dos Santos

PS: bem, vocês tem de admitir que é bem mais divertido que jogar Nintendinho, não é?
PS2: o mapa tem o último endereço conhecido do moleque que vocês tem de se aproximar. Viu como sou um avô bonzinho? ^^
 
Muito bom Primula!
Avôs... O da minha história também é misterioso, ele é a chave de toda a história...
Está realmente muito bom, mas você precisa lembrar que nenhum pai odeia tanto o filho a ponto de colocar o nome de Eonísio... :lol:
 
Página 7

Só li beeem depois a sua máquina do tempo, Vinci. Além do que, eu postei isso primeiro, então non é plágio meu em cima do seu estória, hehe...

********

- Brincou! - cuspimos nossa incredulidade juntos ao mesmo tempo simultaneamente.

Um minuto pra digerir tudo isso. Até que Gugu falou: - Nem sabia que nosso avô tava vivo!

- Avôs normais dão presentes e conselhos "não se meta em encrencas" pros netos. - eu completei - Esse aqui é biruta e quer nos meter em enrascada.

- Ainda bem que abrimos o pacote aqui na praça de alimentação. - Guga comentou distraído - Pelo menos tamos sentados.

- Ainda bem que eu comi antes - eu retruquei - Não sei se ia ter estômago pra comer depois disso.

Gugu olhou pra mim de forma estranha. Sei lá, como se fosse nosso avô (que nunca conhecemos) reencarnado. O que eu quero dizer? Que ele tava com um sorriso bobo nos olhos e um olhar de lunático: - O que está dizendo, Ricardo? É a chance de nossas vidas!

- Ficou biruta? Temos de levar isso pros nossos pais e...

- Não, Ricardo! Isso sim é aventura! Aventura de verdade! - Gugu continuou - Imagina o que podemos fazer? As coisas maravilhosas que poderemos descobrir? E...

- Terra chamando Gustavo! - eu interrompi - Ei, cara! Somos adolescentes, lembra? Pessoas normais, saca? Ninguém aqui é Homem-Cueca pra sair combatendo o crime.

Passou um segundo de silêncio (na verdade, tinha burburinho com o monte de japas que frequentam o Shopping Santa Cruz), até que continuei: - Ou você pensa que pode voar com essa idade?

Gugu pensou por um tempo e aproveitei pra colocar em ordem minha cabeça também. Putzquelagrila, porque o vovô mandou isso justo pra mim? P0rra, ninguém normal manda isso pra um adolescente resolver. Precisávamos de um Indiana Jones e não Ricardo e Gustavo (dupla sertaneja?).

- Mesmo assim, Ricardo... não podemos envolver nossos pais - Gugu falou em tom baixo.

- Ficou bir...?

- Escuta! - ele pediu - Vovô mandou pra você porque você é adolescente. Ninguém ia desconfiar de um adolescente. Iam pensar que era o último mimo de um velho. Agora se você envolver os tios, eles vão mandar essas coisas pra polícia e... bem vovô tá morto, mas enterraram ele onde? Ele podia ser biruta, mas também era brilhante. A tia não falou sobre ele?

Minha mãe não gostava de falar sobre vovô. Ela não concordava com as maluquices dele. Achava que era um absurdo dar mais importância ao trabalho do que para a família. Mas esta carta... ele se importava com a gente, não é? Quero dizer... no fundo, ele devia trabalhar porque esperava que o trabalho dele trouxesse algo de bom pra família.

Então lógico que ela não dizia nada para mim.

- Bem, vovô era o ídolo de papai - Gustavo confessou - Sempre tão inteligente e carinhoso: sabia que ele vivia fazendo truques de mágica para os filhos? O único defeito é que vivia fora de casa. Ele procurava uma cura para o cancer.

- Cancer? O que isso tem a ver com essa joça que ele inventou? - eu perguntei.

- A maioria das pessoas não sabe, Ricardo - ele explicou - Mas células cancerosas vivem beem mais que as células normais. A pessoa morre, e as células normais apodrecem, mas as cancerosas conseguem viver. Uma vez li um artigo comentando que seria irônico descobrir a fonte da vida eterna justo com a doença que mais mata no mundo.

- Gugu - eu interrompi os devaneios dele.

- Quié? - ele retrucou.

- Você também não é normal... - eu conclui.

Ele me olhou com cara de "heim?". Ai ai... depois ele não sabe porque o resto do mundo não chega perto dele. Um adolescente devia se divertir, e não ficar lendo Cientific American! Se depender dele e sua fome de aventuras, a gente vai se meter em fria.

- Tudo bem, entendi o seu ponto. - eu concordei - Se a gente não resolver, ninguém mais resolve. Mas a gente não vai fazer as coisas como se fossemos Tom Cruise de Missão Impossível. Vamos fazer como o pessoal d"O Gênio do Crime".

- Que livro é esse? - Gugu perguntou confuso.

- Isso que dá ler livros avançados demais, Gugu... você esquece de ler literatura juvenil!

Não tinha percebido na hora... mas alguém nos observava. Alguém que se tornaria peça-chave para resolvermos essa zona.
 

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