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Motivo? Ah, nenhum... só preguiça de continuar.
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- Tudo bem? Agora podemos abrir o pacote? - o mesmo Gustavo que me impediu de abrir o pacote lá no correio, perguntou agora ansioso.
- Nhaun! Ainda não almocei... - respondi procurando um sanduba menos saudável que o Big Mac. O que ceis tão olhando? Ele ficou com essa de liderar, agora que se controle um pouco também, oras! Que mania, poxa!
- Argh! Por isso que você é gordo, primo Ricardo! (Xeque!)
- Mas sou simpático e popular, "primo Gustavo". (Xeque-mate!)
Ah, vai gente! Com todo esse nervosismo acabei não comendo direito o café da manhã. Me recuso a ficar todos excitado feito o Gustavo e ficar sem almoço também!
Descobri outra faceta do Gugu: ele pode ficar rabugento. Hehe... pra quem me atazanou a vida toda, foi um troco um pouco atrasado... mas vá lá. Depois de alguns números 1 e dois cheddares, resolvi acabar com a agonia de Gugu.
- O pacote é seu. Você abre! - ele tirou o corpo fora.
Agora mais calmo posso abrir esse pacote sem ter um ataque. Vamos ver...
- Ah, não... é brincadeira? Quiéissoagora?
Outra carta, alguns embrulhos com papel de seda amarrados com barbante e um mapa de São Paulo. Primeiro li a carta.
- "Querido netinho..."
Eu olhei pra cara do Gugu. Tava com a mesma cara de besta que eu.
- Você tem avô? - nós dois perguntamos um pro outro já sabendo que não. Nossos avós já eram todos falecidos, tanto da parte de meus pais, quanto da parte de Gustavo.
Bem, vamos à integra da carta...
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São Paulo, 12 de setembro de 1998
Querido netinho,
Sim, você mesmo, Ricardo. E se eu tiver sorte e você for esperto, o Guga também deve estar aí com você.
Sou eu, seu avô Gabriel Salgueiro dos Santos. O pai de sua mãe, Ricardo. O pai de seu pai, Gustavo.
Sinto muito entregar este fardo assim para vocês, mas não tinha outra escolha. Oras essa, esqueci de explicar as coisas. Vocês devem estar muito confusos.
Não tivemos chance de nos conhecer, meus netos. Acho que já ouviu algo a meu respeito e de como morri tragicamente faz mais de vinte anos atrás... me lembro como se fosse ontem: dia 14 de julho de 1979.
Bem, resumindo a estória da minha vida: fui um brilhante cientista, mas muito burro de ter me empregado no serviço militar. Um colega meu quando saiu teve seu curriculo zerado, e não conseguia emprego. Eu não podia ser facilmente dispensado.
Entendam, meus netos. Quando você trabalha para a nação, suas descobertas não são suas. Infelizmente isso não me incomodava, até esta semana. Hoje, estou com o síndrome de Santos Dummont, e não gostaria de ver o que descobri sendo usado para o mal.
Por vinte anos, vivi recluso, com as garantias que minha família seria amparada financeiramente. E o foram. Meus filhos (os seus pais) cresceram e se tornaram os pais de vocês. Não é grande coisa, mas não devem ter passado necessidade, heh?
Mas a minha família só está segura, se o mundo continuar inteiro, não é? ^^
O que está feito, está feito. Descobri a Fonte da Juventude moderna. Só que tem um detalhe... quem viver pra sempre vai acabar com o resto da humanidade: ele se torna um cancer, um parasita para todos os humanos.
E infelizmente já existe alguém com o vírus inoculado. Ele é um menino muito inteligente, talvez mais até do que eu. Realmente é uma escolha acertada para se tornar imortal. Talvez se torne político, talvez advogado. O que importa é que a família dele era influente e louca o bastante para pagar a imortalidade de pelo menos um deles. Só tem um detalhe: com o tempo a mente da pessoa morre e só o corpo fica andando vivo por aí... mas claro ninguém quis ouvir o que eu tinha a dizer sobre efeito colateral.
Mas não se desesperem! Estão vendo esses pacotinhos aí do lado? Pois é: é o antídoto que desenvolvi. Vocês vão ter de dar um jeito de neutralizar esse indivíduo e destruir as poções que eu criei. Não se preocupem, não tem jeito de reproduzir a fórmula mesmo com análises químicas. é uma fórmula muito instável: difração de raios X, espectroscopia de massa e outras análises normalmente não destrutivas, acabam com a fórmula da juventude. Errr... acho que vocês dois não entenderam nada, heh...
Agora vocês tem de encontrar um jovenzinho chamado Eloísio Marcondes Ferreira, dar um jeito de torná-lo mortal de novo e destruir todas as amostras de poção da Juventude. Fácil, não acham? Acho que fechar Legend of Zelda é mais difícil. Se bem que nunca vi o final de Pitfall...
Um abraço e adeus, meus netos... acho que desta vez eu não escapo da dama Morte.
de seu avô
Gabriel Salgueiro dos Santos
PS: bem, vocês tem de admitir que é bem mais divertido que jogar Nintendinho, não é?
PS2: o mapa tem o último endereço conhecido do moleque que vocês tem de se aproximar. Viu como sou um avô bonzinho? ^^