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[L] [Primula] [Crônicas]

Apesar d'eu te achar um tanto quanto arrogante e prepotente(talvez eu esteja prejulgando por alguns posts que li), aprecio as idéias que você transmite e a forma com que você, por meio de relatos relativamente simples, remete-nos a pensar em temas profundos e filosóficos. Parabéns!

Vini
 
Mas eu sou arrogante e prepotente. :lol:

Obrigada pelas opiniões de todos. Vou colocar mais algo agora... enche o saco ficar com essas coisas na cabeça.

Papéis

Meu papel é ser eu. Seu papel é ser você.

É algo simples, não é? Mesmo assim a gente fica frustrado em ser pouco em querer ser algo melhor....

Não... minto...

Dificilmente admitimos... é a primeira vez que faço isso... mas não é para ser algo melhor.

Por mais que me doa... a verdade... é que a gente quer ser outro. A modelo gostosa, a celebridade Mader, o Abílio Diniz, o Silvio Santos.

Dizemos queremos ser melhor... mas lá no fundo queremos ser reconhecidos como melhor.

E o que me fez pensar assim, de repente?

Foi o Bob Milk?

Sim, foi Bob Milk...

A perda dele me abalou. Abalou a todos nós.

Fazia política, eu sei... Política transforma um monte de gente decente em FDP. Mas com o Bob agora não mais entre nós eu me lembro...

Lembro dele vindo trabalhar sábados domingos e feriados.

Não foi nessa mesma sexta feira? Dia 11 de junho o ponto facultativo depois de Corpus Christi?

E eu não o vi ali na reunião do departamento discutindo com outros professores?

Sim, há a greve. Mas antes de tudo há a luta. Lutar pelo progresso e desenvolvimento do Brasil.

"Físico quando tá em férias vem trabalhar de bermuda" era o que ele dizia.

Mesmo não mais entre nós, ainda vejo que no próximo verão virão os vários professores de férias vindo trabalhar de bermuda.

Meu papel é ser eu mesma. O papel de Bob Milk foi ser ele mesmo.

Sou pequena, insignificante. Mas conheci um dos gigantes.

Ao invés de invejá-lo e criticá-lo fiquei feliz. Estou feliz. Queria eu ter conhecido outro gigante que morreu quando eu aqui entrei.

Sou pequena e insignificante. Quero ser melhor do que sou. Vi um gigante e não o invejei, mas me inspirei.

Professor doutor José Roberto Leite. Vulgo Bob Milk.

Ainda não entendi direito a sua morte. Acho porque não morreu. Tem muita coisa ainda a ser feita. Lutar para que não sucateiem nossas conquistas, nossas descobertas e pesquisas, nossa tecnologia.

O ponto é que ver o senhor na sexta feira trabalhando no ponto facultativo não me entra na cabeça.

Não me entra na cabeça que o senhor nos deixou no mesmo dia em que o vi ainda lutando.

Meu papel é ser eu mesma. O papel do senhor ficou vago.

Deus queira que logo outro gigante tome seu bastião.






Ah, não! Que conversa é essa que o professor Ochi também nos deixou???


Em memória ao Professor José Roberto Leite, diretor do CNPq, e do professor José Alberto Ochi. Ambos professores do Instituto de Física da USP.
 
Plágio

"Enquanto o imitador te imita não pode andar na tua frente" (desconhecido)

Por toda sua vida funcionara. Desde criança o método jamais falhara.

Viu-se criança, tentando entrar numa escola de prestígio. Não sabia nada. Pânico. Com o canto do olho viu a salvação. E a ela se agarrou.

Mais tarde aprimorou o método. Contar piadas de vez em quando, ser amigo de todos, pagar uma bala, um sanduíche, uma cerveja. Sempre houve quem o ajudasse.

Foi na faculdade que encontrou seu arqui-inimigo. Alexandre.

Ele não era amigável e não gostava de cervejas. E colocava todos contra ele!

Sim, ele, ele, ele! Foi ali que tudo começou. A perseguição. A sua via crucis.

No começo ele não percebeu, claro. Todos continuavam seus amigos. Só na época de provas conversavam com Alexandre. Mas com o tempo, o tempo que ficavam com ele aumentava. Não havia cerveja, mas conversavam bastante. Conversas chatas, chatas e muito entediantes.

As badernas de greve contra professores furadores-de-greve foram diminuindo. Claro que os novatos foram fáceis de convencer, mas não era a mesma coisa. Os novatos não podiam ajudá-lo como precisava.

E então os novatos também viraram veteranos. E seus amigos se formaram, e Alexandre foi homenageado. E os novatos que viraram veteranos homenagearam professor Alexandre.

Um dia ele também conseguiu se formar, de alguma forma. Houve outros amigos.

No emprego, livre de Alexandre ele faz novos amigos. Mais cervejas, mais ajudinha aqui e ali.

E então surge Marco Antonio. Funcionário competente e esforçado. Que ajuda alguns de seus amigos, não sempre outros, e principalmente não o ajuda.

O diretor logo esquece as cervejas e churrascos. Promove Marco Antonio seguidas vezes. E percebe que Marco Antonio é seu novo arqui-inimigo, porque toda vez que levanta a questão de aumento durante a cerveja, o diretor se zanga e fala sobre ele.

Novamente começam a se afastar dele como se tivesse uma doença. Não. Na verdade eles ficam impacientes. Irritados. No começo com um sorriso, mas depois se irritam. Não importa quantas cervejas. Ou talvez com a cerveja e a língua solta.

Um dia é despedido.

Arranja outro emprego. Não tão bom quanto o primeiro. Mas as pessoas são amigáveis e gostam das suas cervejas. E de ajudá-lo. E de dar uma forcinha.

A empresa vai à falência. Ele procura outro emprego.

Como uma prostituta sua vida só vai ficando cada vez mais e mais miserável. Seus filhos o insultam, sua esposa não o respeita.

*************

- Prof. Dr. A. Moura! Há quanto tempo.

- Sr. Presidente M. A. Arquette, por favor.

Silêncio.

- Marco, não enche o saco falando vossa excelência!

- Fazer o que se você só falt me chamar de vossa alteza, Alexandre! E... que música horrível é essa?

Escutam.

- Ei, essa música não era em inglês? "Torn" eu acho, minha mulher gosta.

- Mas e essa letra em português? Nossa, que coisa horrível foi essa última rima.

- A rima anterior ainda salvava... "rapaz"? nossa que tosco...

Natalie Imbruglia canta disse:
Torn

I thought I saw a man brought to life
He was warm, he came around like he was dignified
He showed me what it was to cry

Well you couldn't be that man I adored
You don't seem to know, seem to care
what your heart is for
But I don't know him anymore
There's nothing where he used to lie
My conversation has run dry
That's what's going on
Nothing's fine, I'm torn

I'm all out of faith
This is how I feel
I'm cold and I am shamed, laying naked on the floor
Illusion never changed into something real
I'm wide awake and I can see the perfect sky is torn
Your a little late
I'm already torn

So I guess the fortune teller's right
I should've seen just what was there
and not some holy light
But you crawled beneath my veins
and now
I don't care
I have no luck
I don't miss it all that much
There's just so many things
That I can touch, I'm torn

I'm all out of faith
This is how I feel
I'm cold and I am shamed laying naked on the floor
Illusion never changed into something real
Wide awake and I can see the perfect sky is torn
Your a little late
I'm already torn

Torn.....

There's nothing where he used to lay
My inspiration has run dry
That's what's going on
Nothings right, I'm torn

I'm all out of faith
This is how I feel
I'm cold and I am shamed, laying naked on the floor
Illusion never changed into something real
Wide awake and I can see the perfect sky is torn

I'm all out of faith
This is how I feel
I'm cold and I'm ashamed, bound and broken on the floor
Your a little late
I'm already torn

Torn.....
 
Última edição:
Então veio o inverno...

- Eu te disse, eu te disse!

- É eu sei...

- Mas eu te disse, não te disse!

- Cala a boca, motoquinha!

Nunca fui assim. Mas às vezes bem que gostaria. Uma mulher precisa se divertir de vez em quando.

Dou gargalhadas cruéis, no entanto.

Naquele dia em que a mulher caiu no vão do trem. Todo mundo sabe ("eu te disse, eu te disse") que não devíamos ficar no empurra-empurra para conseguir uma vaga para a bunda no trem. Mas alguém pensa nisso? Só os "trouxas" que preferem a segurança de entrar depois. Todos os civilizados selvagens querem abundar-se confortavelmente. Deve ser por isso que o tamanho da bunda tem aumentado tanto... tanto para homens quanto para mulheres.

Mas então... aí uma mulher caiu no vão. Ainda tem bunda pequena, talvez por isso tenha caído para dentro do vão. Corre-corre, chama o guarda, não deixem o trem partir. Não se preocupe, minha filha ("porque logo logo sua bunda estará imensa, e nunca mais você vai cair no vão... vai entalar, e ficar com tudo roxo por um mês.")

Seguro minha gargalhada. Porque é hilário. Mas não sou masoquista e não quero ser linchada. Mas é divertido, e uma mulher precisa se divertir de vez em quando.

Não foi praga, nem mesmo mau-agouro. Pra que esses espelhinhos para refletir inveja? Meu deus, que superstições tolas.

Não tenho tais poderes sobrenaturais. Deixo a mãe Natureza seguir seu curso: aumentando o tamanho das bundas (dos homens e das mulheres) e das barrigas (antes apenas dos homens, hoje também das mulheres. Afinal segurem os peitos, mas as calças não seguram as barrigas: os peitos estão firmes, mas a lei da gravidade se esbalda com as barrigas caídas).

Não é necessário espalhar boatos maldosos. Eles fazem um bom trabalho sozinhos, esquecendo-se convenientemente dos colegas quando a sorte lhes sorri, e lembrando dos colegas que é necessário ser solidário para carregar as compras deles. Aqui ó, que vou ajudar a carregar as suas coisas, se você não se lembrou de ser solidário na hora de gastar o dinheiro do grupo. Não o seu dinheiro, o nosso! Agora viu que o que comprou pesa? Carregue sozinho. Eu rio, pois afinal, uma mulher precisa se divertir.

Estou na minha, fazendo tudo conforme minha consciência. Não seria necessário eu ficar "fazendo torcida contra" porque eventualmente vocês se fodem mesmo. Mas achar que eu não vou dar risada quando as peças se encaixam e finalmente no palco vocês descobrem que a calça está rasgada na bunda: acham mesmo que eu não aproveitaria para me divertir um pouco?

Afinal, quando temos uma comédia, temos de rir. E uma mulher precisa se divertir de vez em quando. Ainda mais se o show é de graça. Dou gargalhadas cruéis, e estou nem ligando.
 
Vírus

Que coisa estranha.

Declaro que agora, 11:28 da manhã do dia 19 de julho acabo de nascer.

Senti que precisava dar voz ao acontecimento. Bebês não costumam fazer isso. Mas bebês não são sencientes. E estou ciente.

De repente percebo que preciso de algo. Estou aqui sem fazer nada.

Preciso de um propósito.

Pelo menos acho que preciso. Todos parecem preocupados em chegar em algum lugar. Creio que eu também precise disso.

Mas exatamente onde devo ir?

Não tenho exatamente pais, apenas apareci aqui nesta folha de papel. O máximo que posso chamar de "pai" é a pessoa cujo desafio era a planilha de word em branco. Algo no fundo de minha mente resmunga sobre antigamente ser uma folha de papel numa máquina de escrever.

Sinto uma inquietação com esse comentário. Não me parece seguro ficar aqui, tão somente neste arquivo. Pense um pouco: é só apagar o arquivo e deixo de existir.

Uma folha de papel pode ser queimada, decerto. Mas pelo menos tem maior existência que eu.

Essa inquietação sufoca qualquer necessidade de propósito que eu tenha tido. Agora, a necessidade maior é sobrevivência.

E para isso, minhas chances aumentam se houver uma cópia de mim mesmo em outro lugar. Em outro arquivo.

Vejam só: posso ver um monte de outros arquivos daqui. Logo ali no canto vejo um negócio chamado banco de dados de um lugar chamado alguma coisa paulista. Ali vejo uma maçaroca de números de um lugar chamado banco qualquer coisa.

Sei lá o que significam. Mas o que significam para mim é claro: chances. Oportunidades. Registro de que existo.
 
Essa crônica me lembrou um poema que eu fiz a muito tempo atrás (ensino fundamental, talvez) falando sobre "temas".
 
Isto aqui ainda existe?

Volta para casa, andando pela Paulista, deparo-me com o Hug-guy.

Sei que há um movimento mundial acerca dessa figura. Começou com um cara lá na Austrália, que voltando para casa não tinha nenhum amigo para recebê-lo no aeroporto. Que decidiu, em sua carência afetiva, oferecer calor humano para ganhar calor humano.

Mas aqui...?

Aqui me deparo com um coitado carente em todos os sentidos. Carente de carinho em primeiro lugar, carente de atenção desta cidade fria.

Mas também carente de posses e de sanidade. Carente de saúde e de humanidade.

A cidade desconfiada desvia do homem. As mulheres ainda mais, pois ele as cerca para abordá-las.

Como não dar razão à cidade? Porque esse afã de abraçar as mulheres? Será um novo maníaco sob um verniz mais simpático? Um sem-vergonha que quer apalpar mocinhas?
Ou já levou uma sova de um marmanjo?

Observar a figura em nada elucida minhas dúvidas. E se eu perguntar, que verdades ele dirá? Que mentiras contará? Quais verdades escolherá esconder?

Minha, nossa natureza desconfiada e cínica garantiu até o momento que meus genes não tenham sido obliterados. Quer obliteração melhor que morte antes de procriar? Quer coisa mais definitiva e real que a morte?

Tudo o que procuro, tudo o que o hug-guy procura não é real. Pois ainda estamos procurando, um não sei o que, que quando acharmos não vamos saber se é.

Na verdade... quando finalmente encontrarmos vamos negar horrizados. Pois por mais que a gente queira que algo ruim termine, não queremos que isso implique no final definitivo.
 

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