A ode final
O amado que tanto cantei
O amado que tanto exaltei
O amado que tanto admirei
Morreu.
Um dia, no mundo do sonho
Estava eu a andar
Era aquele um dia tristonho
Com algo nefasto no ar.
O dia era claro
O céu, azul e vivo
O esplendor da paisagem era raro
E o calor deveria ser impulsivo
Mas uma frialdade,
Uma tristeza, uma melancolia
Enchiam o ar de infelicidade
E sufocavam aos poucos a alegria.
Após alguns passos, estaquei:
Em terror descrente o vi, em terror profundo!
Logo a frente avistei
Meu amado num estado moribundo.
Era mais que isso: nele já não havia vida
Nele jazia a escuridão
Era ele a causa da tristeza dorida
Que havia no ar, na serra, no coração.
Sua pele outrora clara, rosada, cheia de vida
Macia como a melhor seda
Agora era macilenta ao extremo, e fria
Nunca mais eu a sentiria, jovem e leda!
Seus olhos, brilhantes e lindos
Que iluminavam a senda do negror
Agora eram embaciados, de expressão já findos
Fechados, em terrível e desapontador palor!
Seus cabelos escuros e frescos
Que esvoaçavam quando sentiam do vento o véu
Agora eram inertes e revoltos; pareciam arabescos
Desordenados e, mesmo assim, revelando cada cacho ser um lindo anel
Anel que o matou de desgosto...
Que vontade de abraçá-lo, de apertá-lo
Em meus braços! Mas agora... seu ferimento exposto
Revelava a tristeza pela qual havia passado.
Era melancólica e penalizante
A maldita ingratidão com a qual o trataram.
Sua morte lenta e agonizante
Dizia que antes não poucos o desprezaram.
Seus lábios... ah, seus lábios!
Vermelhos e doces como néctar de poma...
Queria eu senti-los em eventos vários!
Mas não... agora mortos! Com o róseo leve e pálido do pós-coma!
Seu corpo macio, puro e virgem
Tão desejável e belo
Agora era mortalmente branco, como se vertigem
Tivesse permanentemente passado por seu ser; como martelo
Que golpeia e esmaga a saúde e a felicidade.
E agora – que farei?
É tão enorme a saudade!
Seu conjunto harmonioso nunca mais sequer vislumbrarei!
Toda aquela maravilha maravilha louvável,
Duma beleza de marfim,
Apodrecerá – que horrível! – de modo inexorável!
Não; não poderia eu isso aceitar!
Aquela criatura magnífica – com tão trágico fim!
Pus me ininterruptamente a lamentar!
Logo o céu escureceu
Como que para lamentar tal tragédia
Cinérea nuvem logo todo o lugar enegreceu
Morrera o mais lindo Pequeno da Terra-Média!
Então, de tal nuvem um raio saiu
E a terra num lume de sol raiou.
A escuridão, como um véu que se rasga, descaiu
E aquela criatura linda, jazente, acordou!
Levantou seu torso imediatamente
Olhando-me com susto, com terror no olhar
Parecia desvairado e dorido na mente
E passou repentinamente a gritar!
Gritar doidamente! Gritos tenebrosos!
Porém, muito mais eram de penar
Que de serem monstruosos.
Assustada, finalmente acordei
E então, desvanecida a visão, compreendi:
Aquele a quem amei e chorei
Quer sempre estar dentro de mim...
Aqueles gritos foram apelos
Para que jamais eu o abandonasse
E deixasse de por ele sentir anelo.
Para que tal evento nunca mais eu esquecesse
O escrevi em forma de canção
“A ode final” é seu designar
E mostra que Frodo sempre estará em meu coração
Ao contrário de muitos, que vieram a o abandonar...
PS: Naum acham que isso aki deveria estar no Poemas Góticos?