Autor: Lord Seth
Gênero: Horror
A ceia de Natal deste ano da família Moura foi especial.
Estavam presentes as cinco mulheres da família: a Laurinha, a Carla, a Ana, a Bete e a vó Su. Cada uma delas com seus respectivos filhos e filhas, e maridos.
A Laurinha, com o Caíke, um menino agitado e nervoso. A tiracolo ela trazia o marido Luciano, empresário do ramo de importação e exportação de alimentos.
A Carla e seu namorado novo, o Raimundinho, trazendo nos braços deste as gêmeas pré-adolescentes Lucia e Luciana.
A Ana e seus três filhos, o Paulo, o Mathias e a Camila (a mais menorzinha). O marido da Ana, o Francis, chegou com as cervejas.
A Bete... Bom, a Bete trouxe desculpas, porque sua filha adolescente Tuca estava viajando para a Europa. Mas ela veio com o seu marido Mario, famoso por seu churrasco à milanesa e seus espetinhos de coração na manteiga.
E, finalmente, a vó Su, uma septuagenária cansada e encurvada pelos anos, com rosto comprido, ornamentado com um nariz decidido. Que, claro, não trouxe filho nenhum e nem marido algum.
Com todos à mesa, depois de trocados os presentes e alguns abraços quase fingidos, a Bete bateu algumas vezes no copo, chamando a atenção para o discurso:
— Pessoal! Eu quero agradecer a todos pela sua presença em mais este ano de confraternização. Quero agradecer em especial a nossa querida empregada, a Maria Paula, que praticamente se matou na cozinha...
Risos.
— É... Que praticamente se matou na ozinha de tanto trabalhar em nossos pratos. Quero agradecer ao seu Mario, que não está aqui hoje por motivos que todos nós sabemos. E agradeço a vó Su aqui presente por ter-nos dado a receita de seu tempero de cuminho e arruda.
Palmas para vó Su.
— Então, neste momento, façamos uma oração (todos abaixam os olhos e unem as mãos) a todos os que não podem compartihar do congraçamento e da união deste momento. Obrigado, senhor meu Deus, pela mesa farta e pela alegria plena. Obrigada!
E todos em uníssono: "obrigado".
— Vamos comer! — disse Bete, esfregando as mãos, iniciando o corte do lombo direito do cadáver fervente da Maria Paula, enquanto que as crianças avançavam, famintas e de bocas e garras abertas, em cima de alguns bebês bem temperados e assados ao ponto, com molho rosé.
Cordialidades foram esquecidas, cerimônias apagadas, e todos trataram de se saciar, atacando os pratos com órgãos cozidos, peles fritas, ossos ensopados, e toda carne que tinha origem humana, disposto hora delicadamente em aranjos coloridos com celofane, arroz e passas, hora em pratos grandes com arros a grega, hora em cozidos fumegantes e vaporosos.
No frenesi alucinado, roupas foram rasgadas, cabelos desgrenhados, talheres e pratos esquecidos, frutas e verduras (sempre tem um natureba nessas festas) desprezadas, copos quebrados, bebidas esparramadas, coisas e mais coisas quebradas, entortadas ou desbaratadas.
Caíke mordeu Paulo, que lhe unhou a face, rolando os dois para debaixo da mesa, disputando um ante-braço.
Luciano botou seu pênis para fora e o enfiou na cabeça de um cadáver, cobrindo-se de molho e tomate amassado.
Raimundinho arrancou a espinha de Maria Paula (ou do que sobrou dela), e saiu agitando-a sobre a mesa, gritando "Yipi-yaiei, yipy-yaiô", as vezes chupando os ossos da defunta.
As gêmeas esqueceram a carne tão disputada e faziam um "69" apaixonado e ardente, sobre o tronco de um outrora mendigo, assado no molho de laranja.
Ana amarrou seus filhos pelo pescoço e os dependurou no lustre, mas sem mata-los, deixando-os serem espancados por qualquer um, inclusive incentivando a serem penetrados com um taco de basebol.
Seu marido esfregava na testa alguns cacos de vidro, enquanto passava giletes em todos os olhos dos cadáveres, chupando o caldinho quente que escorria.
A música ambiente (pagode e as vezes Ray Connif) foi abafada pelos gritos agudos, pelos berros, urros, pelo som de ossos esfregados e dentes rilhando.
A orgia familia de morte e sexo durou a noite toda, só sendo interrompida quando começaram a estourar os fogos de artifício lá na rua.
Alguém disse:
— Viva o Brasil! — e todos aplaudiram, se banhando de cerveja, trapos, pedaços de coisas quebradas, guardanapos, espetinhos, confete e sangue.
Quem nada dizia ou fazia era vó Su, que estava sentada em um sofá, olhando a tudo e a todos com seus olhos cor de mármore.
Gênero: Horror
A ceia de Natal deste ano da família Moura foi especial.
Estavam presentes as cinco mulheres da família: a Laurinha, a Carla, a Ana, a Bete e a vó Su. Cada uma delas com seus respectivos filhos e filhas, e maridos.
A Laurinha, com o Caíke, um menino agitado e nervoso. A tiracolo ela trazia o marido Luciano, empresário do ramo de importação e exportação de alimentos.
A Carla e seu namorado novo, o Raimundinho, trazendo nos braços deste as gêmeas pré-adolescentes Lucia e Luciana.
A Ana e seus três filhos, o Paulo, o Mathias e a Camila (a mais menorzinha). O marido da Ana, o Francis, chegou com as cervejas.
A Bete... Bom, a Bete trouxe desculpas, porque sua filha adolescente Tuca estava viajando para a Europa. Mas ela veio com o seu marido Mario, famoso por seu churrasco à milanesa e seus espetinhos de coração na manteiga.
E, finalmente, a vó Su, uma septuagenária cansada e encurvada pelos anos, com rosto comprido, ornamentado com um nariz decidido. Que, claro, não trouxe filho nenhum e nem marido algum.
Com todos à mesa, depois de trocados os presentes e alguns abraços quase fingidos, a Bete bateu algumas vezes no copo, chamando a atenção para o discurso:
— Pessoal! Eu quero agradecer a todos pela sua presença em mais este ano de confraternização. Quero agradecer em especial a nossa querida empregada, a Maria Paula, que praticamente se matou na cozinha...
Risos.
— É... Que praticamente se matou na ozinha de tanto trabalhar em nossos pratos. Quero agradecer ao seu Mario, que não está aqui hoje por motivos que todos nós sabemos. E agradeço a vó Su aqui presente por ter-nos dado a receita de seu tempero de cuminho e arruda.
Palmas para vó Su.
— Então, neste momento, façamos uma oração (todos abaixam os olhos e unem as mãos) a todos os que não podem compartihar do congraçamento e da união deste momento. Obrigado, senhor meu Deus, pela mesa farta e pela alegria plena. Obrigada!
E todos em uníssono: "obrigado".
— Vamos comer! — disse Bete, esfregando as mãos, iniciando o corte do lombo direito do cadáver fervente da Maria Paula, enquanto que as crianças avançavam, famintas e de bocas e garras abertas, em cima de alguns bebês bem temperados e assados ao ponto, com molho rosé.
Cordialidades foram esquecidas, cerimônias apagadas, e todos trataram de se saciar, atacando os pratos com órgãos cozidos, peles fritas, ossos ensopados, e toda carne que tinha origem humana, disposto hora delicadamente em aranjos coloridos com celofane, arroz e passas, hora em pratos grandes com arros a grega, hora em cozidos fumegantes e vaporosos.
No frenesi alucinado, roupas foram rasgadas, cabelos desgrenhados, talheres e pratos esquecidos, frutas e verduras (sempre tem um natureba nessas festas) desprezadas, copos quebrados, bebidas esparramadas, coisas e mais coisas quebradas, entortadas ou desbaratadas.
Caíke mordeu Paulo, que lhe unhou a face, rolando os dois para debaixo da mesa, disputando um ante-braço.
Luciano botou seu pênis para fora e o enfiou na cabeça de um cadáver, cobrindo-se de molho e tomate amassado.
Raimundinho arrancou a espinha de Maria Paula (ou do que sobrou dela), e saiu agitando-a sobre a mesa, gritando "Yipi-yaiei, yipy-yaiô", as vezes chupando os ossos da defunta.
As gêmeas esqueceram a carne tão disputada e faziam um "69" apaixonado e ardente, sobre o tronco de um outrora mendigo, assado no molho de laranja.
Ana amarrou seus filhos pelo pescoço e os dependurou no lustre, mas sem mata-los, deixando-os serem espancados por qualquer um, inclusive incentivando a serem penetrados com um taco de basebol.
Seu marido esfregava na testa alguns cacos de vidro, enquanto passava giletes em todos os olhos dos cadáveres, chupando o caldinho quente que escorria.
A música ambiente (pagode e as vezes Ray Connif) foi abafada pelos gritos agudos, pelos berros, urros, pelo som de ossos esfregados e dentes rilhando.
A orgia familia de morte e sexo durou a noite toda, só sendo interrompida quando começaram a estourar os fogos de artifício lá na rua.
Alguém disse:
— Viva o Brasil! — e todos aplaudiram, se banhando de cerveja, trapos, pedaços de coisas quebradas, guardanapos, espetinhos, confete e sangue.
Quem nada dizia ou fazia era vó Su, que estava sentada em um sofá, olhando a tudo e a todos com seus olhos cor de mármore.