NaVegaDor
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[NaVegaDor] [Félix e Rex]
Félix e Rex
Foi um dia difícil. Chegou em casa e deixou as coisas caírem ao chão. Sem muito esforço tentou olhar por baixo dos móveis e chamou, "Humano? Cadê você coisa linda?".
Mesmo Humano tendo acabado com seus três últimos sofás, só tinha olhos para a perfeição daquela criatura. Era independente, inteligente e destrutivamente divertida. Não era um ser lá muito elegante, mas quem disse que isso importava? Era deliciosamente previsível quando queria algo, com mimos e agrados ao dono e curiosamente imprevisível quando esse algo não dependia deste. Uma graça.
Talvez a evolução explique aquele peculiar estágio da espécie. Entre os seus semelhantes genéticos não deve ter se destacado muito, era fraco e pouco adaptado à dura realidade do ambiente. Seria de se estranhar que tenha sobrevivido caso no ambiente não houvesse uma outra espécie que os acolhesse e quase os cultuasse. E assim foram evoluindo conjuntamente. Cada vez mais a primeira foi se tornando perfeita aos olhos da segunda. Sorte dela, pois a segunda era quem mandava no pedaço.
Chega o dia do juízo final. Daquela vez a revolta veio principalmente da água, protagonista de um espetáculo gigantesco e arrasador. Literalmente. Depois que as cortinas se fecham as atenções se voltam à mesa. Não há voz, mas tentarei traduzir aquilo que se diria:
- Tudo o que começa termina. Mais uma vez a roda pára. Por milênios uma espécie se viu no domínio do mundo. Sua arrogância e ambição a levaram à ruína desencadeando o fim. De acordo com as regras da casa, a anterior indica a próxima espécie a tentar. Depois do fim, sempre há um início.
Não houve votação ou qualquer coisa do tipo, no fim toda espécie era uma só. Não pareciam muito felizes, mas a escolha foi previsível. Quem esteve mais próximo? Quem lhes agradou mais? Não eram muito diferentes entre si. E mais uma vez a roda voltou a girar. Todos parecem encarar tudo como um grande enigma, um grande jogo que até agora ninguém venceu. E assim tem sido, e pelo jeito, indo pro mesmo destino. Se ninguém ganha, haveria mesmo um jogo? Todos perdem e a casa não parece agüentar muito mais vezes. De qualquer forma, boa sorte ao novo apostador. E os dias passam...
Foi um dia difícil. Chegou em casa e deixou as coisas caírem ao chão. Sem muito esforço tentou proteger a camisa das patas do animado companheiro que o recebeu festivamente lambendo seu rosto, o que não escapou aos olhares ciumentos de um segundo que lambia a própria pata. Parecia até alguém que sopra as mãos antes de lançar os dados.
Inspirado em "Sandman : Sonho de Mil Gatos" - Neil Gaiman
Félix e Rex
Foi um dia difícil. Chegou em casa e deixou as coisas caírem ao chão. Sem muito esforço tentou olhar por baixo dos móveis e chamou, "Humano? Cadê você coisa linda?".
Mesmo Humano tendo acabado com seus três últimos sofás, só tinha olhos para a perfeição daquela criatura. Era independente, inteligente e destrutivamente divertida. Não era um ser lá muito elegante, mas quem disse que isso importava? Era deliciosamente previsível quando queria algo, com mimos e agrados ao dono e curiosamente imprevisível quando esse algo não dependia deste. Uma graça.
Talvez a evolução explique aquele peculiar estágio da espécie. Entre os seus semelhantes genéticos não deve ter se destacado muito, era fraco e pouco adaptado à dura realidade do ambiente. Seria de se estranhar que tenha sobrevivido caso no ambiente não houvesse uma outra espécie que os acolhesse e quase os cultuasse. E assim foram evoluindo conjuntamente. Cada vez mais a primeira foi se tornando perfeita aos olhos da segunda. Sorte dela, pois a segunda era quem mandava no pedaço.
Chega o dia do juízo final. Daquela vez a revolta veio principalmente da água, protagonista de um espetáculo gigantesco e arrasador. Literalmente. Depois que as cortinas se fecham as atenções se voltam à mesa. Não há voz, mas tentarei traduzir aquilo que se diria:
- Tudo o que começa termina. Mais uma vez a roda pára. Por milênios uma espécie se viu no domínio do mundo. Sua arrogância e ambição a levaram à ruína desencadeando o fim. De acordo com as regras da casa, a anterior indica a próxima espécie a tentar. Depois do fim, sempre há um início.
Não houve votação ou qualquer coisa do tipo, no fim toda espécie era uma só. Não pareciam muito felizes, mas a escolha foi previsível. Quem esteve mais próximo? Quem lhes agradou mais? Não eram muito diferentes entre si. E mais uma vez a roda voltou a girar. Todos parecem encarar tudo como um grande enigma, um grande jogo que até agora ninguém venceu. E assim tem sido, e pelo jeito, indo pro mesmo destino. Se ninguém ganha, haveria mesmo um jogo? Todos perdem e a casa não parece agüentar muito mais vezes. De qualquer forma, boa sorte ao novo apostador. E os dias passam...
Foi um dia difícil. Chegou em casa e deixou as coisas caírem ao chão. Sem muito esforço tentou proteger a camisa das patas do animado companheiro que o recebeu festivamente lambendo seu rosto, o que não escapou aos olhares ciumentos de um segundo que lambia a própria pata. Parecia até alguém que sopra as mãos antes de lançar os dados.
Inspirado em "Sandman : Sonho de Mil Gatos" - Neil Gaiman