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[L] [Morgul] [Primeiros capítulos]

Morgul

Usuário
[Morgul] [Primeiros capítulos]

Bom, antes de tudo eu queria dizer que fiquei na duvida na hora de mandar meu texto...

Na verdade eu estou escrevendo um livro... e o raciocinio é mais o menos o seguinte: Tolkien criou um mundo (e suas histórias) para as suas línguas; eu estou criando um mundo (e línguas e histórias) para expor um filosofia, ou melhor, uma grande discussão filosófica.
Claro, nunca terei a insanidade de me comparar ao prof., mesmo pq talvez superficialmente a obra tenha se tornado muito parecida, mas os objtivos são completamente diferentes.
as minhas histórias nada mais são do que uma maneira divertida (ou light) de expor filosofias e pensamentos que se tornariam extremamente chatos de se expor de outro modo.

bom, eu comecei minha " pequena introdução" dizendo que fiquei na duvida na hora de por o texto aqui pq eu não quero q ninguem leia ele sem realmente ter curiosidade e interesse....
então espero q se alguem tiver interesse em ler os proximos capitulos (ou dar opiniões, fazer críticas, perguntas - metam a boca!! :C) me mande um emeio ou uma msg particular q eu terei o prazer de mandar todo o resto (inclusive ensaios sobre linguas, mitologia, religião, mapas, ....)

bom, sem mais delongas, aí vão as primeiras vinte páginas (das mais d
100 escritas)

não se baseiem por esse começo para imaginar o livro, pois esse começo faz parte de uma história que eu escrevi muito antigamente, somente com o intuito de me divertir (reconheço q esta muito tolkien) e somente usei-a depois para fazer o meu livro .... reconheço q ela está muito infantil e não exprime nada filosofico, porém esse texto é apenas uma pequena introdução para o livro.... depois ele se torna muito mais sério....

abraços
carlon

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CAPÍTULO I... (ainda sem nome, provavelmente o nome do livro)


Em um cômodo escuro de uma alta torre havia um senhor sentado em frente a uma mesa redonda de pedra. De repente a única porta do recinto se abriu bruscamente e dela surgiu um rapaz ofegante.
- Senhor, senhor! - exclamou o jovem apressado, que parecia ter subido um longo lance de escadas em apenas alguns segundos.
A figura sentada na cadeira ergueu a cabeça, que até então permanecera apoiada nas duas mãos, como se algum tipo de enigma atormentasse a sua mente. Era um senhor de cabelos e barbas escuras, sustentava um olhar severo e ameaçador e vestia um longo manto negro.
- Senhor, Ele está chegando!! Já alcançou os portões!!
- Na verdade um pouco mais que isso!! - uma voz surgiu logo atrás do rapaz, praticamente em suas orelhas. Assustado, o rapaz virou-se rapidamente, deparando-se com um homem alto, que possuía uma longa barba branca e um olhar austero, porém simpático. Vestia um longo manto branco e um estranho brilho azul brotava de seus olhos.
- Olá Zinrandir!! - Disse a figura de manto negro - Entre!!
- Vim o mais rápido que pude Helliand! Mas agora diga-me, oque atormenta a sua nobre mente?
- Suponho que deve ter conhecimento sobre o ocorrido em Lith Luirs. Chegou a hora de intervirmos...



CAPÍTULO II - DESAPARECIMENTO NO VALE GRINN


Muito longe de torres, portões e figuras sinistras viviam gringouls. Seres de cerca sessenta centímetros de altura e vinte e cinco quilos de peso, os gringouls possuem rostos redondos e simpáticos, com grandes bochechas rosadas. Seus olhos são claros, redondos e curiosos - os olhos dos gringouls possuíam algum brilho especial que nenhum olho humano jamais entendeu. Gringouls, na maioria das vezes, possuem cabelos encaracolados das mais variadas cores assim como suas barbas compridas, que só crescem depois de uma certa idade. Adoram o vinho que eles mesmos produzem, principalmente quando tomado em meio a uma grande festança, onde todos dançam e pulam ao som de alegres músicas. Gringouls adoram dançar. São excelentes degustadores de vinho, mas somente a primeira garrafa, pois costumam exagerar na bebida e nem se preocupam em degustar as várias outras.
Todos os gringouls moravam em uma vale chamado Vale Grinn. Poucos se aventuravam a sair do pequeno Rancho Gringoul, não que a floresta que o cercasse fosse perigosa, mas os gringouls temiam se perder e a ausência do lar lhes fazia muita falta. Não mantinham nenhum contato com o mundo exterior.

Até que chegou a grande festa de comemoração da chegada da estação quente, o que agradava muito aos gringouls. No segundo dia (pois a festa durava três dias), quando quase todos se encontravam embriagados, dormindo alegremente no meio da rua, sentiu-se falta de seis deles: Frin, Kepa, Fuli, Cali, Groni e o velho Tûsh.
O inesperado desaparecimento dos seis mais alegres gringouls causara muito espanto e tumulto em todo o Vale. Uns diziam que droulirs malvados haviam raptado e levado os seis para calabouços escuros e frios, outros diziam que eles tinham se perdido na floresta e agora passavam fome e medo. Bom, o que realmente aconteceu com os seis pequenos gringouls que se perderam é assunto para outra história...
Aconteceu então que no dia seguinte ao término da Faurhfaith, nome dado a grande festa, ainda não se chegara a uma conclusão sobre o que deveria ser feito. Esse era um dos maiores incidentes na história gringoul, e os sábios imaginaram que em pouco tempo os seis iam voltar, pois eles eram os mais levados gringouls e imaginou-se deviam estar aprontando alguma confusão. Porém eles não voltaram.
Então Tito, um velho e sábio gringoul, chamou todos os interessados no desaparecimento para que se reunissem em sua casa ao anoitecer. Já faziam três dias que eles não eram mais vistos.


CAPÍTULO III - A REUNIÃO


Ao anoitecer do segundo dia após a Faurhfaith os gringouls começaram a chegar, lentamente, à casa do Velho Tito. Mas aconteceu que passado pouco tempo, uma grande multidão já esperava ansiosa. Quase todos os gringouls estavam lá presentes.
A casa de Tito - como a maioria das casas gringoul - era confortável e aconchegante. Seu telhado era azul assim como as portas e janelas. Tinha cerca de dois metros de altura com uma pequena porta de entrada. Seu chão era de madeira e por toda volta haviam tapetes azuis. Possuía apenas quatro cômodos.
Entrava-se pelo canto direito da casa e logo se encontrava um pequeno corredor com uma porta à esquerda. Nessa porta ficava a cozinha. Era pequena e simples, pois a maioria das refeições eram feitas ao ar livre. Os gringouls raramente comiam carne, somente quando iam pescar ou caçavam coelhos e pássaros - o que para um gringoul era um grande feito. Adoravam bolos e tortas, das quais se esbanjavam.
Continuando pelo pequeno corredor se chegava ao cômodo principal. Lá nunca se entrava com sapatos, estes eram deixados no pequeno corredor de entrada. Nesse cômodo os gringouls passavam a maior parte de seu tempo quando estavam em casa. Ali comiam, bebiam e dormiam. No centro do cômodo havia uma pequena mesa, a única da casa. Havia um canto onde eram jogadas dezenas de almofadas. Como em uma casa gringoul as únicas cadeiras usadas eram as de balanço, elas eram muito comuns e numerosas. Os gringouls não dormiam em camas, mas sim em redes ou até nas próprias almofadas.
No outro canto havia uma lareira e, ao lado dela, o menor cômodo da casa: o banheiro. Esse era um lugar muito especial para os gringouls. Digamos que eles não tinham pressa quando entravam nele, passavam horas assobiando sossegadamente lá dentro.
Normalmente as casas gringouls possuíam apenas dois pavimentos - pois eles tinham medo de altura. O inferior - que acabou de ser descrito - e o superior era onde ficava a adega e o depósito. A exceção eram as casas do centro, onde uma família morava no primeiro andar, outra no segundo, e as duas compartilhavam o terceiro.
Bom, agora que você já sabe como é uma casa gringoul, pode supor que todo esse povo não ia caber na pequena casa do Velho Tito. Então todos foram para a praça da cidade.
Gringouls da família dos Zorins trouxeram tochas para iluminá-la e os Zarins trouxeram tortas e bebidas para a reunião.

A praça era um local movimentado e alegre. Durante o dia os gringouls se reuniam lá para conversar e fazer o pequeno comércio de trocas e favores que possuíam. No Vale Grinn não existia dinheiro.
Na praça também eram realizadas todas festas e reuniões gringouls. E lá havia um pequeno palco onde os músicos tocavam.

O Velho Tito subiu no coreto e os outros gringouls sentaram no chão à sua frente. Apesar da situação o ambiente era alegre, como se aquilo fosse apenas uma reunião para ouvir histórias.
Com o fogo das tochas iluminando seu rosto, o Velho Tito começou a falar a todos:
- Sejam bem vindos a mais uma reunião em nossa bela praça, apesar de que desta vez não estamos aqui para comemorar. Todos sabem que não é comum gringouls se ausentarem tanto tempo, nem mesmo o Velho Tûsh e seus amigos. É preciso que tomemos alguma iniciativa, pois os seis gringouls desaparecidos podem estar correndo perigo. Lembrem, ainda não faz muito tempo que droulirs foram vistos pelas redondezas da floresta.
Um calafrio correu a espinha dos gringouls ali presentes e sua feição que até então era de alegria se transformou em espanto e medo.
Tito continuou:
- Tomei a liberdade de conversar com Tunfor, e nós decidimos formar uma expedição de busca aos desaparecidos.
- Uau!!! Uma expedição de busca!! - exclamou o pequenino Killie.
Um murmúrio logo rompeu entre todos os gringouls. Conversavam uns com os outros sem dar atenção ao Velho Tito.
- Uma expedição? Como assim? - uns falavam.
- É muito perigoso! - outros afirmavam.
Tunfor era o mais alto e forte gringoul de todo vale. Pertencia à família dos Lornins. Seus cabelos eram de um cinza-azulado. Suas barbas - quando as tinham - eram curtas e enroladas. Eram fortes e entroncados. Os Lornins eram vistos pelos outros gringouls como uma família exótica, pois eram fechados e frios, coisa que não é nem um pouco comum entre os gringouls. Severos e trabalhadores, eram vistos como os mais prestativos. Trabalhavam normalmente com a madeira ou pedra, tanto como lenhadores como marceneiros ou carpinteiros. Aliás, "Os Carpinteiros" era como eram freqüentemente chamados pelas outras famílias, pois cada família gringoul tinha um sobrenome e uma espécie de apelido, apesar desse costume não agradar muito ao Lornins.
Tunfor tinha doze anos e sua barba já podia ser vista, embora muito curta ainda. Era inteligente e responsável, possuía um grande espírito de liderança, porém não era precipitado, pensava bem antes de tomar uma atitude. Gostava de decidir sozinho as coisas. Não tinha uma parceira, mas com certeza possuía várias pretendentes.
Tito falou alto para que todos prestassem atenção:
- Tunfor será o Capitão da expedição, e aceitam-se voluntários para fazerem parte dela!
- Ah, deixa eu ir mãe... - insistia o pequeno Killie.
Passou-se um tempo e ninguém ainda se oferecera. Velho Tito começou a ficar ansioso, será que ninguém se apresentaria? Eles esperaram mais um pouco e de repente surgiu uma voz lá no fundo:
- Eu irei! - quem falava era Fennie, um alto e gordo gringoul que adorava beber cerveja. Ele namorava Lina, da família dos Zirins. Fennie pertencia aos Zarins, os gringouls amarelos. Eram os gringouls mais alegres e abertos de todo vale. Mas também os mais gordos, pois adoravam comer e beber mais exageradamente que os outros gringouls. Eram os mais animados em todas as festas, costumavam falar alto e tinham muitos amigos. Bebiam todas até cair. E era nisso que normalmente trabalhavam: na feitura de doces, salgados e bebidas. Por isso eram chamados de "Cervejeiros". Fennie não negava a família e, como já foi dito anteriormente, adorava tomar uma cervejinha e comer uma grande torta de morango, coisa que lhe rendeu uma avantajada pança. Era mais velho que Tunfor, e estava começando a entrar na idade mais calma (ainda) da vida gringoul, rejeitando as brincadeiras infantis dos mais jovens, embora, em seu grupo de amigos, fosse o mais brincalhão, que falava mais alto e causava as maiores risadas.
O segundo e terceiro a se apresentarem foram os primos Twili e Ipzin. Os dois eram jovens e pertenciam à família dos Zirins, os gringouls vermelhos. Eram os mais magros e ágeis corporalmente. Adoravam caçar coelhos e aves. A especialidade da família era a música, eles eram responsáveis por toda e qualquer canção ouvida no interior do Vale Grinn. Eram chamados de "Os Tinoleiros", pois Tinye era um instrumento gringoul parecido com um violão pequeno e redondo. Tinha suas cordas feitas de metal e era tocado com uma pedra comprida e lisa, usada para pressionar todas as suas cinco cordas. Produzia um som belíssimo. Ipzin e Twili eram muito amigos e, como a maioria dos gringouls de sua idade, haviam brincado juntos por toda a infância.
Logo após, quando Tito estava de costas anotando quem iria, outra pessoa falou:
- Eu também vou! - o Velho conhecia aquela voz. Tito se virou e viu seu neto Lilo, de pé, em meio aos outros gringouls.
Jovem e esperto, Lilo pertencia à família dos Zorins, que possuíam cabelos azuis-anil. Os Zorins muito raramente possuíam barbas, e quando as tinham eram sempre lisas. Eram os mais baixos gringouls e, sendo desajeitados, não gostavam muito de trabalhos manuais que necessitassem um pouco mais de coordenação motora. Eram chamados "Os Dorminhocos" pelos outros gringouls, a razão nem precisa-se dizer: os Zorins adoravam tirar uma bela soneca toda tarde.
Lilo fazia jus a sua família: por ser mais desajeitado que os outros gringouls de sua idade, freqüentemente acabava sendo isolado, vindo a brincar sozinho pelos quintais gringouls.
O sexto e último gringoul era o mais novo deles: Lêni, da família dos Zerins, que possuíam cabelos e barbas verde-escuros. Os Zerins eram chamados de "Jardineiros" pelas outras famílias. Porém, mais que o cultivo de flores e plantas, seus passatempos prediletos eram os trabalhos manuais como pintura e artes plásticas. Simpáticos e sonhadores, os Zerins costumavam ser mais calmos que os outros gringouls.
Ainda mais do que Lilo, Lêni também passou a infância inteira brincando sozinho pelo Vale Grinn. Porém não por exclusão, por opção. A maioria dos Zerins foram quietos e pensativos, e Lêni levava essa regra ao extremo. Muito quieto Lêni sempre viveu em seu próprio mundo, brincando sozinho nas encostas dos montes e montanhas que cercavam o Rancho Gringoul, sentado sozinho no telhado de sua casa para olhar o céu estrelado sobre sua cabeça, desenhando estórias e personagens que acabavam sendo seus melhores amigos. Lêni não era uma figura muito presente nas grandes festas que iluminavam o Vale Grinn de tempos em tempos.
Bem, assim ficou formada a expedição de busca aos gringouls perdidos. Seu capitão era Tunfor, que vinha acompanhado de Fennie, Twili, Ipzin, Lilo e Lêni.


CAPÍTULO IV - OS PREPARATIVOS


No dia seguinte, logo ao amanhecer, ouviam-se vozes na casa de Lalo e Lila Zorin.
- Não irás de jeito algum! Essa expedição é para gringouls formados e não rapazotes como você! - brigava o Velho Tito, pai de Lalo.
- Mas eu já disse que tenho condições de ir vô! Só porque sou muito novo? Lêni é mais novo que eu e vai! - discutia Lilo.
- Lêni já mora sozinho e sabe se cuidar. Além do mais, todos sabem que ele só entrou na expedição por causa do Velho Tûsh.
Lêni era órfão desde os treze meses - plena infância para os gringouls. Quem cuidou dele até os quatro anos foi seu tio, o Velho Tûsh. Por isso criaram uma forte amizade. Lêni sentia muito a sua falta.
- E eu não lhe devo explicações, você simplesmente não vai participar e pronto!
Não havia o que discutir, se o avô havia proibido, Lilo não ia mesmo.
Uma reunião para acertar os preparativos havia sido marcada para antes do almoço, e logo todos já haviam chegado. Ficou combinado que sairiam ao amanhecer do dia seguinte (o quinto após a grande festa). O Vale não era muito grande, então talvez a expedição tivesse que descer um pouco o rio ou procurar pelos montes que cercavam o lado oriental do vale. Levariam seus estilingues (principal arma gringoul) e uma mochila com certos utensílios.


CAPÍTULO V - COGUMELOS E FLORES


Ao amanhecer do quinto dia após a grande festa, Velho Tito, Lilo, Lalo e Lila esperavam a chegada dos outros.
Tunfor e seu pai, Gundor logo chegaram. Após eles foram Ipzin, Twili e alguns familiares. Depois Lêni, e por último Fennie e Lina.
Lina pediu a Fennie que não fosse, mas o namorado disse que não havia perigo e em breve estaria de volta. Uma lágrima correu do olho de Lina. Os dois se despediram e a expedição partiu pela estrada que levava para fora do belo vale.
Ela seguia o curso do rio, e por ela foram caminhando apressadamente até onde não se ouvia mais o som da cachoeira e nem se via mais sinais de algum gringoul.
Tinha ficado combinado que explorariam primeiro a parte a leste do rio, por ela desceriam até onde achassem prudente (o que não devia ser muito), atravessariam o rio no vau abaixo da lagoa e então subiriam pela parte oeste do rio, até chegar ao ponto de partida novamente.
Nesse ponto Tunfor, Lêni, Twili, Ipzin e Fennie (Lilo havia ficado em casa) fizeram uma refeição, pois era mais agradável fazê-la na beira do rio, e após sairiam da estrada e começariam a andar em meio a floresta, onde os gringouls se sentiam agoniados. Andaram até que, nervoso, Twili disse:
- Acho melhor não nos afastarmos muito da estrada ou poderemos nos perder!
- Calma - respondeu Tunfor - você sabe que, no caso de nos perdermos, poderemos, com a ajuda um dos outros, fazer alguém subir em uma árvore e de lá nos dizer para onde temos de ir!
- É, não vai começar com frescura! - protestou Fennie, que era o mais velho do grupo.
- Já sei! - falou Ipzin - Imagino que nenhum de nós esteja se sentindo muito confortável no meio da floresta, mesmo você Fennie.
- Com certeza! - concordou o gringoul.
- Então podíamos cantar uma canção, assim tiraríamos essa angústia da mata e chamaríamos a atenção de Kali, Fuli, Kepa e dos outros perdidos.
- Boa idéia! - exclamou Twili - Já tirando o Tinye de sua mochila.
- Todos concordam? - Perguntou Tunfor.
E como ninguém se opôs logo estavam os cinco gringouls andando em fila indiana e cantando alegres canções ao som do Tinye de Twili e da Zina (espécie de flauta gringoul) de Ipzin. Na frente ia Tunfor e em seguida Twili, Ipzin, Fennie e, por último da fila, Lêni.
A fila passava por pedras, buracos e troncos caídos, sem parar. Até que, sem querer, Lêni prendeu seu pé entre dois troncos podres que estavam caídos no chão. Tentou tirá-lo sozinho, pois como era muito tímido, só pediria ajuda quando tivesse certeza que não conseguiria sozinho. E ele não conseguiu. Então gritou por ajuda, mas os outros já estavam muito longe e não haviam dado por sua falta ainda. A música não deixou os gritos do pobre Lêni chegarem aos ouvidos da expedição.
Assim que conseguiu se desprender Lêni se viu em meio a floresta, sem saber direito que caminho tomar. O suor começou a escorrer-lhe pelo rosto. Tentou correr atrás dos outros, mas já não ouvia mais a sua música e quanto mais corresse, mais afastado da estrada ia ficar. Então resolveu parar.
Agora o melhor seria tentar voltar à estrada, pois não estavam tão longe ainda. Hesitou por alguns segundos e depois começou a voltar por onde achava que tinha vindo.
Tentava fixar uma direção e seguir por ela, caminhou durante uns dez minutos até encontrar um cogumelo enorme, nunca tinha visto um cogumelo tão grande. Sentou-se nele para descansar e começou a admirar a floresta. Ela era bonita e colorida. Suas árvores possuíam largos troncos castanhos quase vermelhos. As folhas era redondas e verdes, um verde-vivo exuberante. Por todo lado haviam cogumelos e flores.
Lêni pegou uma bonita flor branca do chão e ficou sentindo seu aroma agradável por alguns instantes. Uma doce alegria invadiu seu coração e imaginou-se em casa, seguro, sentindo o aroma de uma flor de seu jardim. Mas de repente abriu os olhos e percebeu que passara muito tempo ali, e que iria começar a anoitecer dentro de pouco tempo. Então se lembrou que estava na floresta, longe de casa e uma nova tristeza invadiu seu coração.
Levantou-se, deixou a flor cuidadosamente sobre o cogumelo e continuou a caminhar rumo a estrada.
Já estava andando há um bom tempo e nada da estrada. Foi quando avistou ao longe mais um enorme cogumelo, parecia tão grande quanto o primeiro. Foi só quando chegou mais perto e viu uma linda flor branca sobre ele que Lêni percebeu:
- Meu deus! Estou andando em círculos!!
Um enorme desespero tomou conta da pequena criatura que se pôs no chão à chorar. Foi quando, ao longe, na pequena escuridão que se adensava, Lêni avistou a luz vermelha de uma pequena fogueira. A alegria ao ver aquele sinal de seus amigos foi tão grande que Lêni se pôs imediatamente de pé e saiu correndo em disparada em direção à luz.
Entrou correndo no círculo de luz da fogueira, e mal havia percebido que não havia ninguém no lugar, quando sentiu uma corda enforcando seus pés e o puxando para cima. Só aí que percebeu: havia caído em uma armadilha!
Foi quando de trás se uma árvore, vindo de fora do círculo de luz, surgiu um droulir.
Droulirs são criaturas nojentas e peludas. Têm cerca de um metro e quinze centímetros de altura e fedem como se nunca tomassem banho. (E que eu saiba não tomam mesmo) Os droulirs tem rostos nojentos e malvados. Seu narizes são achatados e vivem escorrendo. Seus dentes são tortos e grandes, porém não são pontudos, os droulirs praticamente esmagam a comida com a boca. Possuem grandes orelhas, peludas somente na parte superior, e sobrancelhas escuras e grossas. Somente a sola de seus pés, seus rostos, as palmas das mãos e seus rabos compridos não são peludos. Seu pêlo é grosso e feio, geralmente escuro na cabeça, mãos, pés e costas, e mais claro no resto do corpo. São, na maioria, de um tom castanho, a não ser pelos grandes droulirs das montanhas, que são negro-acinzentados. São fortes e desengonçados. Vivem por aí a procura de coelhos, esquilos e ratos. Mas seu prato preferido sempre será um bom assado de gringoul.
- Ora, ora! O que temos aqui? - resmungou a podre criatura ao olhar o pequeno gringoul debatendo-se na armadilha.
- Solte-me seu bicho nojento! - gritou desesperado Lêni.
- E porque soltaria se posso assar você vivo? Ou será que você ia preferir ser esfolado e feito em pedacinhos? - Caçoou o malvado droulir. E então soltou uma gargalhada horrenda misturada com grasnidos e grunhidos.
Lêni engoliu seco, mas precisava falar algo para ganhar tempo.
- Se quer minha opinião sincera, acho que fico melhor temperado com molho de frutas e comido como sobremesa.
- Cale-se!!! - gritou o droulir - Quem decide o que fazer com você sou eu!!
Por sorte - ou azar - de Lêni, os droulirs raramente devoram um gringoul assim que os capturam. As vezes nem os fazem, e só ficam brincando e torturando as pobres criaturas. Com Lêni não seria diferente.
- Hummm... - disse o grande e asqueroso droulir - Esses pequenos pezinhos estão muito bem cuidados! Acho que vão precisar de um trato!
Então a criatura tirou os pequenos sapatos do gringoul e ergueu-o pelos braços, deixando Lêni suspenso no ar. Com os compridos e fedidos pés chutou um pouco de terra sobre a fogueira e segurou o gringouls sobre o forte calor das brasas.
O calor sob seus pés era insuportável e começava a queimar sua sola. Lêni não podia mais segurar o grito, mas ao invés disso tentou apenas fingir que não era um grito.
- aaaAAÁÁ... AHAHUAHUÁ!! - explodiu o gringoul.
O que era um maldoso sorriso logo se transformou em decepção na face do droulir. Indignado, o enorme animal retirou Lêni de cima do fogo e indagou-lhe:
- Do que está rindo seu verme idiota!?
- Da sua cara! - disse Lêni fazendo então uma breve pausa para respirar. - Você se acha o droulir mais malvado da floresta e eu nem ao menos sei seu nome! - disse o gringoul dando risada!
- Pois saiba que eu sou mais conhecido nessas bandas do que qualquer outro ser que anda por essas terras!! - gritou a forte criatura jogando o pequeno Lêni ao chão.
Os droulirs eram assim, criaturas orgulhosas. Não admitiam nunca que alguém os chamasse de mais fraco ou covarde. Queriam sempre ser os mais poderosos e realmente achavam que eram o tal.
Com Lêni jogado no chão à sua frente, e com a luminosa fogueira logo atrás, o droulir parecia muitas vezes maior e mais perigoso. As chamas rubras da fogueira faziam com que surgissem em torno dele enormes sombras assustadoras. E assim a enorme criatura abriu os dois braços e olhando para cima soltou um forte e horripilante brado:
- EU SOU TÔUCO !!! O Rei dos droulirs, o Senhor das criaturas sombrias, o incomparável, o inigualável!!
Ao ouvir aquele nome, Lêni congelou por dentro. Já ouvira-o muitas vezes em histórias horripilantes, que por muito tempo achara que não eram verdade, e sim falsas lendas contadas pelos mais velhos.
Mas não eram, Tôuco era realmente um dos maiores e mais perigosos droulirs. Por um momento Lêni achou que o desespero iria tomar conta de seu corpo, mas então conseguiu retomar a calma e, de novo nas mãos de Tôuco, continuou:
- Hûnf! Se você é tão poderoso e mau, porque me deixou tão longe das brasas? O calor apenas me fazia cócegas!
- Pois sim! Vou queimar-lhe a sola dos pés até que formem bolhas ásperas e dolorosas. Até você me pedir perdão pelo que acabou de dizer!!
Então, tomado de raiva, Tôuco segurou Lêni na metade da altura da outra vez. Agora Lêni mantinha seus pés o mais alto possível, dobrando sua perna. Mas, como seus pés já estavam um pouco anestesiados da outra vez, o pequeno gringoul segurou o grito por apenas alguns instantes.
Percebendo a insistência de Lêni, o enorme droulir abaixou ainda mais o pequeno gringoul. Foi então que, rápido como uma lebre, Lêni esticou a perna e deu um forte chute nas brasas incandescentes, que foram parar sobre o pé peludo do nojento droulir.
Lêni foi jogado para o alto e caiu ao lado da fogueira, batendo com a cabeça em uma árvore. Ele ficou tonto, sua visão embaçada. Tôuco pulava de um lado para o outro sobre uma perna só. O fogo pegara imediatamente nos pêlos de seu pé esquerdo que estava agora em chamas.
Lêni ainda não conseguira levantar quando Tôuco conseguiu apagar o fogo de seu pé. Agora se virava para Lêni com mais raiva do que nunca. Não queria mais brincar, queria matar. Matar de qualquer jeito.
Puxara de algum lugar um pequeno e pontudo pedaço de osso que serviria tranqüilamente como uma mortal e afiada adaga. Quando já estava se preparando para dar o golpe fatal, Lêni perdeu as esperanças.
Foi quando uma pedra acertou bruscamente o cabeça de Tôuco, fazendo-o cair desacordado para o lado. Então surgiu um vulto negro por entre as árvores.
Lêni ficou mais preocupado ainda. Se Tôuco já era grande e poderoso demais para ele, imagine a criatura que o derrubara!!
Das árvores o vulto entrou no círculo de luz da fogueira em brasas e Lêni pode então ver seu rosto.
- Lilo !!! - exclamou.
E de fato era ele. Lêni respirou aliviado novamente.
 
Última edição por um moderador:
Está legal, mas os capítulos estão muito curtos... Não teriam masid o que 2 ou 3 páginas de um livro...
 

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