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[L] [Minas Ecthelion] [Promessas e Tormentos]

[Minas Ecthelion] [Promessas e Tormentos]

I - Hospital

Havia um homem no corredor sentado numa cadeira colada à parede; parecia angustiado. Era Pedro. Ele estava em um hospital, à espera de notícias de sua mãe, senhora já bem velhinha. Ela estava mal, muito mal. No início da noite, por volta das 20 horas, sentiu uma dor de cabeça fortíssima, para logo em seguida ficar tonta a ponto de quase despencar no chão. Teria despencado se não fosse uma enfermeira, mocinha que Pedro e seus irmãos haviam contratado para cuidar de sua velha mãe. A própria enfermeira ligou logo em seguida para Pedro, o mais sensato dos irmãos, avisando-o que sua mãe passara mal, e que ela desconfiava ser alguma coisa mais grave. Pedro rapidamente pegou o carro, comunicou todos os irmãos o acontecido e rumou para a casa da mãe. A senhora ainda estava consciente, falava bagunçado, pronunciava errado as palavras ( pareceu a Pedro que ela demorou para reconhecê-lo); pela cara da enfermeira era um sinal ruim. As duas entraram no carro, e em 7 minutos já estavam no hospital. A velha foi rapidamente dirigida para uma UTI, onde ainda permanecia.

O relógio pregado na parede indicava que já eram 1 da manhã. Que tortura!, que sensação horrível! Pedro estava com a cabeça apoiada nas mãos, e batia com o pé no chão a cada tique do relógio, a cada segundo. Parecia concentrado mas na verdade ele devaneava em pensamentos. Via sua mãe muito mais jovem do que agora, carregando-o no colo, mostrando a nova casa. Logo em seguida, ele está sentado em um jardim, não... é o quintal de sua casa. Está tentando construir algo, parece um barquinho com um mastro e com a vela bem branca, escrito: Parabéns mamãe pelo seu aniversário! Te amo, Pedroca. O barquinho está muito mal feito, mas ele está satisfeito. A quanto tempo estava trabalhando naquilo? De repente se levanta e vai correndo em direção à casa mostrar o presente a mãe. Ela aparece na porta, sorrindo. Pedro também sorri, mas... Ele está chorando, caído no chão com os joelhos sangrando. Mas não chora de dor, chora pelo barquinho em pedaços a seu lado. Sua mãe se aproxima, tão linda!, arranca a vela e diz: “Filhinho, não chora! Sei que você trabalhou duro, e fico satisfeita, mas só preciso disto para ser feliz, só preciso de seu amor. Vai, não chora! Vou guardar para sempre esta vela!” Ela guarda a vela, e sorri. Pedro também sorri...

O relógio tilintou, e Pedro se levantou atordoado. Uma e meia da manhã. Será que ele estivera sonhando? Era uma sensação tão boa aquela que sentia. Mas imediatamente voltou a sua cabeça o hospital a sua volta, e que a vida de sua mãe a esta hora estava nas mãos de médicos neurologistas. Olhou para os lados e se espantou ao ver mais pessoas por perto, sentadas. Mas se lembrou também de ter chamado seus irmãos, e viu que eram eles ali sentados, muito abatidos e pensativos. Pedro passou a mão pela cabeça e viu que suava. A enfermeira de sua mãe de repente se levantou e foi em sua direção, e lhe dirigiu palavras carinhosas, como: “Não se preocupe, ela vai ficar boa! Os médicos sabem o que estão fazendo.” Mas ele não conseguia se tranquilizar. Agradeceu a moça, e ela novamente se sentou. “Como seria a vida sem minha mãe?” pensava Pedro. Ela já estava velha, e ele sempre imaginara que uma situação como essas estava por vir. Sempre imaginara que ele simplesmente retomaria sua vida depois da dor da perda, iria casar, ter filhos. Entretanto, agora que a situação parecia perigosamente próxima, o que iria fazer? Onde iria aos domingos almoçar e relaxar? Será que conseguiria superar a perda de um amor tão grande como o amor de uma mãe?

O desespero começou a dominar Pedro. Ele sentia vontade de gritar, de derrubar as cadeiras, de esmurrar a parede. Então, subitamente, se pôs a correr. Corria como nunca havia feito a anos, ia passando pelos corredores, desviando das pessoas. Quem o visse, veria um homem com cabelos atrapalhados e lágrimas escorrendo no rosto, e pensaria que era somente mais um entre muitos que havia perdido alguém. E Pedro continuou a correr, entrou em uma sala razoavelmente grande, e foi em direção a um patamar que se erguia no final da sala. Se ajoelhou bruscamente, olhou para a imagem de Jesus Cristo na cruz e gritou:

_ Ó Senhor, por favor não a leve! Não a leve por favor, por tudo de mais sagrado, poupe-a!

Pois agora estava na capela do hospital, e se encontrava em frente ao altar com a Bíblia, e na parede a cruz. Pedro era católico, mas não ia a Igreja. Era muitas vezes bem cético, mas agora rezava fervorosamente, sempre pedindo pela saúde de sua mãe. E então, resolveu fazer uma promessa. Nunca em sua vida havia feito uma promessa, porque não acreditava nelas. Mas no desespero em que se encontrava, prometeu que se sua mãe fosse salva, ele iria até a Igreja de Santana da Vargem, no interior, e subiria toda a longa escadaria de joelhos. Essa escada era bastante conhecida justamente por ser um local onde pagadores de promessas rumavam para se torturar nas escadaria. E estava decidido. Ele prometeu, e repetia fervorosamente a promessa até que ouviu uma batida na porta.

A porta já estava aberta, e a enfermeira de sua mãe batia somente para chamar a atenção de Pedro. Ela tinha um largo sorriso, e disse:

_ Senhor Pedro, venha! Ela está bem, os médicos acabaram de trazer a notícia. Venha!

Pedro nunca conseguiu descrever a felicidade daquele momento. Ele lembra que foi correndo da mesma forma que veio, puxando a moça pelos braços, e mentalmente agradecia. A quem? Deus, ou os médicos? Mas para ele não importava. E quanto a promessa, ele subiria, subiria as escadas da Torre de Babel se fosse preciso, tamanha era sua felicidade.

Mas um mês depois, já não pensava assim.

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Resolvi comentar no final. Antes de tudo, não existe nenhuma igreja com longas escadarias em Santana da Vargem. É somente uma cidadezinha do interior com a igrejinha na praça principal. Mas eu queria dar uma localização ( não lembrei uma que existe na Bahia é lá sim se paga promessa).

Eu não estava com muita vontade de por este texto aqui. Depois de um tempo, me pareceu ruim a forma como estava passando uma idéia que tinha vontade de botar no papel (não idéia de uma história e enredo, idéia de convicções minhas). Ela aparece mais no 2 e 3(último) O segundo já está escrito, e teria que escrever o terceiro, mas esse não sei se vou querer terminar. Mas estou pondo esse aqui mais para saber a opinião de vocês sobre o texto.

p.s: Eu tinha esquecido de por título! Sempre foi a pior parte de um texto para mim. Por isso, ficou simples.
 

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