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[L] [Minas Ecthelion] [As várias faces de uma Segunda-feira]

[Minas Ecthelion] [As várias faces de uma Segunda-feira]

Esse textos, sao na verdade relatos curtos que giram em torno de um mesmo fato. Não chega a ser bem uma história, são apenas, como disse, um fato visto de olhos diferentes. Portanto, pode parecer que o objetivo é mostrar um problema social, mas foi apenas a forma que achei melhor de mostrar esses diferentes olhares. Não ficou muito grande, sendo que são alguns relatos.


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I

O senhor Almeida tomava o café da manhã em uma Segunda-feira para poder logo em seguida se dirigir ao trabalho. Fora recentemente promovido a gerente de vendas de sua empresa, depois de muito esforço e dedicação. Agora ele já estava em condições de pagar o melhor colégio da cidade para seus filhos, e ainda sobrava um pouco de dinheiro para viajar com a esposa a Suíça, viagem que o marido prometera fazer assim que tivesse um pouco mais de dinheiro. Mas no momento, Almeida não tinha tempo para ficar pensando sobre viagens ou colégios, pois já estava em cima da hora de ir ao trabalho.

No caminho, Almeida passou perto do local que costumava trabalhar. Sentia arrepios daquele lugar, pois ali ele passara horas incontáveis trabalhando com venda de materiais de construção, e à noite ainda frequentava cursos de negociação . Mas mesmo assim, ele nunca perdia a dedicação; portanto não é de se espantar que quando resolveu se transferir para sua empresa atual, caiu rapidamente nas graças do chefe, que nem desconfiava que o novato Almeida iria cinco anos mais tarde ser o novo chefe.

Almeida passava pela avenida do Contorno quando parou em um sinal. Enquanto esperava, ele viu se aproximar um homem mal vestido. Ele odiava esses tipos. Eram vagabundos, que em vez de trabalhar preferiam ficar a pedir esmolas no sinal. E em vez de usar o dinheiro de maneira satisfatória, gastavam tudo com bebida. As vezes, se era alguém com grande necessidade médica, Almeida era até generoso. Mas com desempregados preguiçosos ele tinha não tinha o mínimo de pena.

O homem foi chegando perto, meio desequilibrado, acostou-se na porta do motorista e pediu uma “esmolinha”. O bafo de cachaça tomou conta do carro, e uma fúria se apossou de Almeida. Ele teve vontade de xingar horrores ao homem, até de bater, mas ele apenas subiu o vidro elétrico lentamente para que o vagabundo parasse de incomodá-lo. E, logo em seguida, o sinal abriu e ele partiu.



II

Depois do último desabamento, Walter gastou o restante de suas economias(e eram poucas) para a reconstrução da casa. Morava na periferia de Belo Horizonte, e compartilhava o problema das chuvas com dezenas de casinhas laranjas ao seu redor. E, como a maioria de seus vizinhos, era desempregado. Até recentemente, ele era vigia noturno, e depois de ser despedido se manteve com bicos aqui e ali. Quase nunca o salário era suficiente para alimentar seus 6 filhos e a mulher. E, agora que estava desempregado, passava o dia a procura de emprego.

Porém já fazia um mês de busca incessante por um trabalho que admitisse indivíduos com 2º grau incompleto, e em casa sua mulher discutia com seu homem as possibilidades. Ela já havia tentado ser doméstica, mas não tinha mais condições de se trajar de maneira confiável. E, para ela, a única solução viável no momento era, ou a mendicância ou a, quem sabe, prostituição. Mas essa última era inaceitável para Wálter, e ele concordou engolir a dignidade e começar a esmolar.

E, na Segunda-feira seguinte, lá estava Wálter chegando cedo em um sinal movimentado da avenida do Contorno. “Como que a coisa chegou a esse ponto meu Deus?”, ele pensava. Era horrível a sensação de estar sendo visto como vagabundo, ele, homem honesto que tentou e tentou arranjar qualquer tipo de trabalho, mas o choro dos filhos e a ameaça da mulher o obrigou a tomar aquela atitude. O primeiro carro parou no sinal, mas ele desistiu de pedir esmola no meio do caminho. Simplesmente não conseguia. “É muita pra mim, muita...”



III

Fazia 15 anos que Afonso tinha seu bar numa esquina da Contorno. Era homem experiente, vivido. Ali em seu bar, muitos homens afogaram suas mágoas, beberam para esquecer os problemas, ou beberam compulsivamente como alcoólatras até desaparecerem. E ali, naquele ponto, ele já tivera velhos fregueses. Eram os verdadeiros vagabundos, que com os primeiros 50 centavos ganhados de esmola no sinal, gastava numa dose de cachaça.

Porém, ultimamente, ele estava em uma fase ruim. Pois os fregueses assíduos de seu bar, os vagabundos, pareciam Ter ido pedir esmola em outro sinal, ou haviam tomado jeito( bem improvável).

Mas nessa Segunda-feira, pela manhã, um homem veio entrando em seu bar. No início ficou apenas a olhar o calendário da playboy do bar de Afonso, hesitante. Depois de alguns minutos, porém, se dirigiu à bancada, e pediu uma dose de cachaça.

_ Bebendo logo de manhã? – disse Afonso – A situação deve estar ruim.

O homem parecia não estar muito disposto falar, apenas assentiu com a cabeça. E depois pediu mais uma dose, e mais uma, e outra. E a essas alturas já estava falando sozinho:

_ Era o melhor! Ninguém vigiava como eu! Mas nada. Nada de gratidão, só mandar embora. – falava já bem embolado- Embora, pra rua! Mandaram, olha só! O melhor, eles deixaram seis, não, 5 , é 6, 6 filhos sem comida! E minha mulher queria ser... queria... ahh! É muita...

Mas Afonso interrompeu e começou a conversar com o homem. Queria de alguma forma entender a situação.

_ Bem, desempregado certo?- começou Afonso – O que você vai fazer agora então?
_ Eu? Olha só! Aí é a pior parte. Vou esmolar! Imagine? Esmolar ali, no sinal! Mas eu não queria não, tentei um emprego sabe, mas... Ah...
_ Olha – disse Afonso -, te digo que você não é o primeiro a esmolar por aqui. E vejo também que você é diferente de muitos vagabundos que aqui passaram, mas me diga, se você beber só vai atrapalhar não?
_ Mas eu não consigo, é muita vergonha! Vergonha! Não ia conseguir pedir!

O homem pagou e saiu do bar cambaleando, em direção a um carro que tinha acabado de parar no sinal. “Mesmo assim”, pensou Afonso, “vai acabar que nem os outros vagabundos! Vai se tornar um. É o fruto que vale!” Afonso viu de seu bar o carro arrancar e o homem ficar parado no meio da rua desorientado, os carros passando buzinando. Mas Afonso era vivido, era acostumado com cenas assim, e havia ganhado um freguês.
 
Não sei... não gostei mto.. Ms acho q é só pq esse tema eu ja vi mto... fiquei meio "enjoado" num consigo me impresionar mais... Ms se num fosse isso eu ia gostar sim :) ta mto bemescrito, vc conseguiu mostrar bem uma realidade....
 
O objetivo meu era mostrar que não existe somente uma verdade. Nao existe nesses tres nenhum vilao nem vitima, e a opiniao do Almeida eu mesmo muitas vezes tenho ela. Mas realmente, é um tema já bem explorado. E, como disse, não é bem uma história, por isso pode ficar(hehe acho que ficou) meio enfadonho.

O mais importante e a opiniao sincera, e vc teve isso, portanto valew por ler o texto e postar aqui. :wink:
 

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