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[L] [Minas Ecthelion] [A Idéia]

[Minas Ecthelion] [A Idéia]

"Sílvio Teixeira, esse sim é um gênio!", pensava José enquanto escrevia, ou tentava escrever um artigo de opinião para o jornal da faculdade numa tarde quente. Ele sempre teve uma certa facilidade em escrever, mas naquele momento sentia que alguma coisa faltava em seu texto."É a idéia, a idéia original! Isso distingue os gênios!" E José se lamentava e se torturava, tentava expremer de seu cérebro qualquer lampejo de uma idéia promissora, mas nada.

Ele escrevia para o jornal da faculdade, e era muito elogiado até mesmo pelos professores. E ele nunca dissimulava o orgulho que estampava em seu rosto a cada novo elogio. E ele mais do que merecia, concluia consigo mesmo, pois desde criança tivera uma afinidade especial com o lápis e o papel. E suas notas em produções na escola? Quase sempre máximas! Mas mesmo asssim, uma coisa, um problema sempre o incomodara. A maldita idéia, a idéia original! Aquilo que discriminava os mortais dos gênios. E sempre que José relia seus vários textos e artigos, sempre via algo corriqueiro. Ele tinha certeza de não ter sido o primeiro escrever sobre qualquer um daqueles assuntos.

Mas naquela tarde, ele enfim terminou seu artigo. Leu, releu, e parecia muito bom. E realmente estava bom. Poderia ser talvez, um de seus melhores textos, e uma expectativa correu pelo seu corpo, pois José sabia que com certeza aquele texto seria bem recebido pelos professores e alunos da faculdade. Mas, bem no fundo alguma coisa o incomodava.

Uma semana se passou, e José estava chegando atrasado na faculdade. Os alunos teriam uma palestra, mas ele nem teve tempo de olhar quadro de avisos o assunto ou o palestrante. No caminho ao auditório um professor o elogiou quanto ao seu último artigo. Aquele mesmo que Jose escrevera àquela tarde, e que aonde quer que passava José, alguém o congratulava.

No auditório, uma voz discursava no microfone. José entrou rapidamente, e para sua surpresa, ali no palco de sua faculdade estava Sílvio Teixeira, o grande gênio da literatura. O pobre jornalista da faculdade se sentou e, sem exageros, engolia tudo que Sílvio falava. Principalmente na parte em que o assunto era novos talentos. José ainda tinha em sua pasta o manuscrito de seu último artigo, e ao som da voz de Sílvio Teixeira, decidiu que após a palestra iria mostrar o seu texto para ele. E assim aconteceu, e lá estava sozinhos, numa sala aos fundos do auditório, José e Sílvio, o Sílvio Teixeira.

Depois de uma pequena conversa e apresentações, José entregou o manuscrito a Sílvio. Não conseguia esconder seu nervosismo enquanto seu ídolo lia. Mas o que José esperava afinal? Esperava que Sílvio iria dizer "Aí está a marca de um gênio!" ou "é disso que a literatura brasileira precisa!" E então o momento crucial. Sílvio terminou de ler, com um sorriso de quem gostara do que vira, mas para José estava claro o significado do sorriso.

_ Está muito bom garoto! - proferiu Sílvio.

Ha, então eu estava certo, pensou José angustiado."Está bom garoto!" Garoto, vi tudo naquele sorriso. Eu também sorrio assim quando uma criança monta seu nome naqueles dadinhos de letras.

_ Mas... o que mais? - perguntou José. Mas ele já não podia suportar mais, e enquanto Sílvio pensava na resposta, o jovem e torturado jornalista desabafou. Falou da angustia que sentia em todo texto que escrevia, de como queria ser original. "É a idéia, sabe?" dizia. "A idéia!"

Depois do desabafo, Sílvio silenciosamente observou José. Puxou sua mão e o trouxe junto da janela , e apontou o dedo para o lado de fora. Lá longe, onde havia um gramado, onde havia crianças brincando, famílias descansando. Famílias! E a única coisa que disse foi:

_ Esses seus deuses, esses seus caras extaordinários, os poucos deles que realmente têm uma vida são...são...gênios! - E saiu. Pois Sílvio era epléptico, e sozinho, porque como muitos gênios, tinham uma alma muito complexa para serem entendidas e amadas.
 
Finalmente tive coragem de escrever um texto e por aqui. As vezes eu costumo enrolar enquanto escrevo, então gostaria muoito de saber suas opiniões.

Sobre o texto, não é nada autobiografico, ate porque tive a ideia de escreve-lo a partir de um livro do Dostoiévski, em numa passagem ele comenta sobre esses assuntos de originaliadade, etc. Qualquer semelhancia do Sílvio com Machado de Assis, não é mera coincidencia. Espero que gostem, senao, tambem nao tem problema.
 
"Espero que gostem, senao, tambem nao tem problema."

Há! Tenho certeza de que você prefere que eu goste, right?

Anyway, fiquei feliz quando vi no fórum seu texto... "Ssssangue novo.... Xsss Xsss (barulho de sucção)"...

Bom, sobre seu texto, gostei muito. O tema é muito bom, eu sempre me pego pensando que meus textos tem um padrão muito irritante e não tenho conseguido muda-lo... Falta, sim, A Idéia... E olha que eu não sou escritor, eu sou um adolescente maníaco que acha que pode escrever assim, impunemente.

Não vi nenhum erro no texto (considerando que eu não deixo passar nenhum, heheheh, isso é bom) e a construção tá mto boa.... Só não entendi o fim. 8O

Quer dizer, eu entendi, mas não sei se entendi o que era pra entender.

Outra coisa. O que é epléptcio? :oops:

De resto, tá ótimo. Parabéns, coloca mais textos aqui, não se acanhe... Eu também tinha medo no começo, mas vi que só me ajudou a crescer. =)
 
Valew pelos elogios. Fico feliz, e realmente, eu prefiro que gostem hehe :wink: Bem o fim, foi a parte mais dificil para mim, porque eu tinha o tema que queria escrever, sabia mais ou menos como queria um desfecho, mas tinha que por isso por escrito. O objetivo que eu queria no fim, até o final que eu queria escrever no início era para convencer o José de que tanto faz ele ser genio ou nao, a vida é a mesma. Ou, mostrar que ele devia era estar muito feliz com o que era, pois ser genio tambem deve ter um lado ruim. Eu esperava escrever um diálogo mais longo para esse fim, mas estava ficando muito trabalhoso, entao ficou esse fim aí de cima. Ficou meio liçãozinha de moral, mas deu para passar um pouco do que queria.

Epleptico é uma doença nervosa em que o cara quando tem ataque, tem convulsoes rapidas mas bruscas. As vezes, esse cara pode ter outros problemas decorrentes, nao sei muito, mas quem tem sempre fala que é muito sofrimento. E eu pus esse cara epleptico pq sempre achei interessante que o MAchado de Assis era epleptico e o Dostoiévski tbm.
 
interessante o texto, gostei mesmo, e concordo com o melkor , e sempre bom v sangue novo aki (apesar de q eu naum posto quase nada aki, so fico lendo mesmo heheh)...

achei ideia de mostrar a angustia do garoto sobre ter ideias interessante, e apesar de ter ficado curto eu gostei do final.

parabens! :mrgreen:
 
Ha, então eu estava certo, pensou José angustiado."Está bom garoto!" Garoto, vi tudo naquele sorriso. Eu também sorrio assim quando uma criança monta seu nome naqueles dadinhos de letras.

Ah como eu ja tive essa sensação!!! :roll:


Tb adorei o final... Concordo q a qualidade de gênio nem sempre é desejável...
 
Hey, textinho maneiro.
Toda vez que nós larvas nos deparamos com um ídolo a expectativa é grande... a necessidade de aprovação por alguém que vc admira... e muitas vezes essa necessidade é que afoga o gênio...
 

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