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[L] [Melkor, o inimigo da luz] [Um conto de Coca-Coca]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Melkor, o inimigo da luz] [Um conto de Coca-Coca]

Um conto de Coca-Coca


Era um dia ensolarado em Coca-Coca - todos os dias sempre foram ensolarados em Coca-Coca – e seus habitantes ocupavam-se com seus afazeres habituais. Radiänida corria de um lado para o outro, extasiada.

Desde a noite passada, não conseguia dormir. Alguém lhe roubara os sonhos e agora não havia fadiga que fechasse seus olhos brilhantes e secos. Fora tudo feito na espreita, sorrateiramente... Alguém se adentrara em suas memórias, perscrutara seus pensamentos e levara o que quer fosse que a fazia viva.

Agora era só um corpo inerte que se recusava a morrer. Era apenas uma questão de consciência para que parasse, respirasse pela última vez e deixasse de existir. Ela gemia e bradava que todos ladrões de sonhos fossem banidos de Coca-Coca; todos ignoravam-na.



Radiänida sempre quis ser bailarina. Passaram-se os anos, somaram-se as mágoas e ela resolveu ser dançarina de rua, toda cheia de manha e de estilo. Passaram-se as decepções, somaram-se os rasgos e chegou o dia em que ela foi contratada para dançar em um bar, como stripper.

Obstante, seu sonho continuava a ser o mesmo. Ainda imaginava-se com o cabelo preso no alto da cabeça, suas pernas compridas e lisas pulando de lá pra cá...



Sonho este, porém, que fora roubado, noite passada. No dia presente, Radiänida tudo fazia menos sonhar. Seu coração vazio, bombeando um sangue que já não era seu, procurava o invisível que o preenchesse.

Todas formigas-malabares estiravam-se no chão e absorviam a radiação e ela ia, pulando, por cima deles; pulava agora, no entanto, do modo com o qual sempre sonhara.



E tudo girou.



Quando acordou, estava em cima de uma mesa de madeira onde estranhos humanos (ela os conhecia das histórias que lhe contavam à noite) comiam em frente a enormes tigelas de porcelana. A meia luz a inebriava de tal forma, que acabou caindo dentro do copo de alguém e foi engolida, sem demora, antes que pudesse sequer lutar contra a água negra e o afogamento.



Dentro do estômago desconhecido, presenciou a mais inexpressível escuridão e por dias e dias foi digerida. Por pouco sua mancha, símbolo de sua nacionalidade Coca-Coca, não foi destruída por completo e sua existência totalmente negada.
Mas, posto que era rija feito ferro e azeda feito vinagre, foi rejeitada e finalmente expurgada com um urro gutural.



Andando pelas ruas asfaltadas, ao chegar perto de um arbusto de gloxínias, sentiu uma energia tão forte e tão pulsante que, por alguns segundos, parou e sentiu toda tristeza de um abandono incondicional e a saudade das praias paradisíacas de sua pátria a fez chorar.


E, de tanto chorar, foi vista e colocada em um pote de vidro até que consumisse todo o ar e seu corpo se decompusesse em meio à fetidez de sua própria vida.
 
Que bonito, Melk! 8O
Me lembra eu mesma...A história em si é linda...Caramba, adorei...
A morte dela é super pesada
A consequëncia da perda do sonho
Perfeito
 
positiva claro.
se fosse negativa, colocaria logo um :puke: hehehhe
eh uma positicva, sim. chocante, de certo ponto. bom o texto, gostei bastante
 

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