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[L] [Melkor, o inimigo da luz] [Sapatos Vermelhos]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Melkor, o inimigo da luz] [Sapatos Vermelhos]

Amarrara bem os sapatos vermelhos antes de ir para a escola. Pegara sua mochila e jogara-a por cima dos ombros enquanto corria para seu carro, aos tropeços. Mas ela não queria ir para a escola, não mais uma vez... Estava na quarta série, já tão cansada!


Os meninos iriam rir dela. Os professores a chamariam de burra. Ela não conseguiria comer seu lanche. Ela precisaria levantar no meio da aula e pedir para ir ao banheiro. Ela esperaria sua mãe durante uma hora até que ela a buscasse. E ela seria o último aluno a deixar a escola.

Abriu a porta do seu carro e desceu. Quando viu o carro de seu pai cruzar a esquina, porém, não pôde deixar de notar o aroma delicioso que vinha de uma casa que ficava próxima à escola.


Apoiada no parapeito da janela, uma torta de maçã esfriava com o vento. Ela aproximou-se, lentamente, e colocou o dedo dentro dela feito menina travessa. Era tão quentinha, tão aconchegante... Ela podia sentir os pedaços de maçã, o recheio delicioso ainda morno. Colocou toda a mão e começou a mexer de um lado para o outro, despedaçando toda a torta.


Não conseguindo resistir, levou sua mão à boca e lambeu-a; selvagem, descontrolada. Ela queria agora que todas as tortas do mundo estivessem ali e ela conseguiria destruí-las a todas, de uma vez só.

E, por ter pecado uma vez, feito o que era errado - já que a torta não era dela -, ela queria continuar, queria mais. Agora não parecia mais haver volta para nenhuma de suas escolhas.


Rasgou as mangas de sua blusa, arrancou alguns botões de sua camisa e começou a correr pela rua, jogando seus cadernos no chão enquanto se livrava deles e de tudo que estava dentro da mala.

Um táxi veio, devagar, e ela chamou-o. Mandou que lhe levasse para um lugar longe, bem longe. Ele não respondeu nem deu qualquer sinal de ter entendido, apenas continuou a dirigir e foi seguindo caminhos que ela não conhecia.


Até que ela, depois de dois dias, perguntou-lhe se já não podiam parar. Nada. Nem um murmúrio. Ela resolveu cutucar-lhe, mas sua mão atravessou-o. Ela finalmente compreendeu o que estava acontecendo; ela havia entrado no táxi errado, no táxi que aparece quando estamos perdidos de nós mesmos e procuramos uma saída rápido. O táxi maldito.

Ela, por algum motivo, agora estava destinada a ficar para sempre andando pelo mundo, por todas as ruas, por todos caminhos. Nunca mais sentiria fome, sede ou sono nem poderia gritar. Enquanto um carro puder andar, ela terá que agüentar o hálito sombrio do seu motorista e todo marasmo de estar presa a um banco mofado sem cinto de segurança.



Ela havia entrado no táxi do Taxista Fantasma do Leblon.



E seus sapatos vermelhos estavam desamarrados.
 

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