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[L] [Melkor, o inimigo da luz] [Máscaras]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Melkor, o inimigo da luz] [Máscaras]

Acho que o tópico foi perdido no bug, então vou postar este texto mais uma vez... É uma pena, mas acontece! ^^

Ah, este é um relato de um dia daqueles em que eu fiquei me perguntando o que eu era, bem "questionamento existencial" msmo... É, como disse o Vinci, um relato do cotidiano... ^^

Lá vai!

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Hoje me escondi atrás de máscaras. Primeiro na escola, coloquei a máscara de madeira com semblante triste e pálido e, assim que consegui a atenção que queria, coloquei um sorriso vago no rosto para mostrar que estava feliz, mas ao mesmo tempo não como gostaria. Quando falaram de mim no fundo da classe com a intenção de atingir-me, fingi seriedade e tentei resolver um problema de matemática para mostrar desinteresse.

Saindo da escola abandonei todas máscaras (deixando-as no lixo, logo após chegar no ponto de ônibus) e somente no momento em que entrei no ônibus eu fingi, com um aceno de cabeça, humanidade. Já lá dentro, no fundo, fui mais uma vez eu mesmo enquanto lia e pensava em tudo pelo que tenho passado.

Descendo no meu destino, caminhei até o restaurante com um olhar sério e distante, tentando dar a impressão de ser mais inteligente e superior do que eu realmente era. Lá dentro, escondi a repulsa pela atendente sem educação atrás de uma máscara simples de desprezo total pelo mundo.

Comi sem fingimento, posto que alimento não atravessa máscara alguma. Saí de lá de novo com meu olhar criado para aquela específica ocasião e após me ver no espelho de um prédio eu tornei minha postura ereta e pintei um sorriso leve para não parecer tão sério.

Cheguei no clube, parei para ler enquanto não chegava a hora do treino e tentei fazer com que me vissem como um algo infantil e despreparado para a vida. Sábio foi Sun Tsu que nos aconselhou a nos mostrarmos mais fracos do que somos aos inimigos.

O relógio mostrou que eram três horas e corri ao ginásio para começar o treino. Que máscara eu vestiria para aquela ocasião? Coloquei aquela que me torna o menos ridículo possível, a imagem onde eu sou sério e misterioso, apesar de simpático. É minha aparência oficial para esgrimir, alguém que se oponha a mim enquanto sob égide dela eu estiver.

O treinador me chamou para um exercício novo enquanto eu me divertia olhando para mim mesmo no espelho e tentando ver por trás de tantas mentiras. A cada erro meu, recebia uma humilhação e uma repreensão em voz alta. Não fosse o método socrático o mais utilizado para o ensino de artes marciais, eu teria achado aquilo o cúmulo, mas já estava acostumado, apesar de tudo. Será que ele, em sua ignorância, sabia que eu chorava por trás da única máscara tangível que eu vesti naquele dia?


Não me incomodei em colocar uma máscara complexa quando me arrumei para sair do ginásio. Me proibi de chorar ou demonstrar grande abalo, mas não ousaria fingir felicidade porque a mesma quebraria sob a intensidade de todo ódio que eu sentia.

Parei para me olhar no espelho, no momento em que me dirigia para a saída. Meu rosto vermelho não podia ser escondido por qualquer artifício que eu usasse, fosse ele o mais forte do meu arsenal. Ouvi uma voz, um antigo amigo meu havia me visto. Antes de virar, olhei para mim mesmo com uma pontada de sorriso e quando olhei nos seus olhos eu estava feliz e minha tez não apresentava nenhum sinal de raiva.


Chegando em casa tirei de minha mala todas as fantasias que vesti e me despedi de todos personagens que criei durante o dia. Foi-se o amigo solidário, foi-se o menino engraçado, foi-se o esgrimista solitário, foi-se o amante triste. Todos, menos eu. Olhando no espelho, porém, não fui capaz de identificar a única máscara que não consigo tirar: a minha.



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Muito bom, Melkor! Um relato do cotidiano, um questionamento, filosófico e melancólico.
 
Eu quase escrevi uma paródia dele no outro dia.Mas ia ser quase um plágio,pq eu me sinto exatamente assim.Di,ficam pessoalmente meus comentarios...
:clap:
 

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