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[L] [Melkor, o inimigo da luz] [Escuridão]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Melkor, o inimigo da luz] [Escuridão]

A narrativa está um pouco enfadonha... Não tem nada a ver com meu estilo. Primeira pessoa, nenhum ponto interessante. É o tipo de conto que você tem a idéia, acha maravilhosa e depois vê que não ficou grande coisa.

Mas, mesmo assim, eu gostei do texto. Está simples, parece texto que sai em revista, etc. Espero que vocês gostem e critiquem bastante. =)

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Eu não podia ver nada. Nunca pude. Nasci cega. Desde pequena aprendi a fazer as coisas com a ajuda de meu pai, minha mãe e, muito tempo depois, de meu irmão mais novo. Nós costumávamos ir ao parque todos os sábados para passear e foi em um destes dias rotineiros de passeio que minha história aconteceu.


Eu não sei como foi. Meu irmão soltou minha mão e nunca mais a segurou novamente. Eu perdi a respiração dele no meio da multidão, não pude mais reconhecer seus passos, não ouvi mais sua voz...

Até hoje não sei o que aconteceu com ele. Ele não falou nada, não fez nenhum gesto, simplesmente soltou minha mão, levemente. Ele sempre falava comigo antes de me deixar sozinha, quando ia fazer alguma coisa rápida. E, mesmo nestes momentos, ele era doce a ponto de nunca demorar mais que poucos minutos que, para mim, tardavam a passar.

Trêmula, procurei com minhas mãos um lugar onde sentar. Não sei onde sentei. Eu chorava feito uma criança que perdeu os pais. As pessoas continuavam passando de um lado para outro, sem me notar. Eu ficava imaginando se alguém estava me olhando, se alguém estava pensando em me ajudar.

Então, subitamente, alguém pousou a mão delicada no meu ombro e disse, em um sussurro calmo: “Você está bem?”. Eu não podia acreditar. Eu senti que toda tristeza e desespero que estavam em mim tinham sido soprados pelo vento.

Eu toquei a sua mão para poder senti-lo melhor e vi que sua mão era grossa e já grande; mão de homem. Ao meu toque ele recuou por alguns instantes, com medo de qualquer coisa, mas recolocou sua mão em cima da minha, desta vez com mais segurança, e segurou minha outra mão com força.

“Você está bem?”, ele repetiu, ainda mais calmamente. Respondi que estava perdida, que chorava porque estava nervosa. Disse que meu irmão não estava mais do meu lado e que eu não sabia onde estava.

E ele, sem aviso, começou a descrever todo o parque, tudo que podia ver. Ele parecia não querer chegar a lugar algum, apenas estava me dizendo o que ele queria. Me falou das árvores, das pessoas, dos cachorros, das nuvens, do céu azul, do sol brilhante, da água da fonte, do banco onde eu estava sentada, do cheiro de cipestre que estava no ar...

Pouco a pouco, fiquei mais calma. Dei um sorriso e agradeci a ajuda, liberando-o do compromisso de ficar comigo. Porque provavelmente meu irmão estava a caminho, havia ocorrido um grande engano que logo estaria solucionado. Ele pareceu ofendido. Disse que não queria ir embora.

Pediu para que eu tocasse seu rosto e o enxergasse como eu fazia com as outras pessoas. Seu nariz era rígido e imponente, seu queijo retraído, seus olhos fundos, sua maçã do rosto macia... Eu sentia vontade de abraçá-lo, ele não parecia de verdade para mim. E ele sempre com aquela voz suave, me dizendo coisas agradáveis...

Passamos o dia inteiro ali. Eu interrompia o que estivéssemos falando para tentar ouvir meu irmão chegando e depois esquecia tudo e voltava toda minha atenção para ele. Não falamos de nós dois em nenhum momento. Ele parecia estar extremamente interessado em me distrair, em me contar como é o mundo.

Ele sabia que eu era cega. Ele sabia que eu não sabia o que era um céu azul. Ele sabia. E continuava a me dizer o quão bonito o céu estava naquela tarde de sábado, o quão incrível era o contraste com a copa das árvores, o quão singelo era o pássaro amarelo voando...

No fim da tarde, eu disse que precisava parar de conversar para me concentrar em achar meu irmão. Disse que eu precisava voltar para casa. Eu esperava que ele oferecesse sua ajuda depois de tanto tempo me ajudando ali, sentado. Mas ele simplesmente levantou-se, beijou minha testa e foi embora com seus passos pesados.

Eu nunca mais vi meu irmão nem o homem que me ajudou. Fiquei sentada no banco onde eu estava e estou aqui até hoje, esperando. Esperando qualquer coisa.

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Hmm..digamos que eu tracei um paralelo hmmm..... inusitado :think:

Se você me disser a data do texto,eu fico feliz.
Pode incluir esse na coletânea,tão bom quanto os demais.


Ah,só uma coisa, cipestre não existe, existe "cipestre" :razz: Mas eu sei que vc sabe disso.

Outra: ficou hilário o "inimigo da luz" do seu nick do lado do "escuridão" do título. :lol:

Achei que o tpitulo podia ser diferente.Não me passou essa impressão melancólica(acho que é por causa da música que eu estava ouvindo), foi mais um lance bucólico de tarde de outono mesmo. :D

Pra variar,eu adorei :kiss:
 

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