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[L] [Melkor, inimigo da luz] [Ela, de preto.]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Melkor, inimigo da luz] [Ela, de preto.]

Entrou. Todos olhavam para ela. Ela estava de preto, todos estavam de branco. Foi em direção ao altar. Ninguém deixou de olhar para ela. Ela estava de vestido, todos estavam de calça. Ela permanecia olhando o altar com sua forma imponente, todos abaixavam em profunda devoção.

Sem nenhuma forma de camuflagem eles a olhavam, a julgavam. A julgavam por não estar de branco, por estar de vestido, por não abaixar diante do altar.

Ela não se abalava, ela não fraquejava. Ela permanecia ereta observando o altar com um olhar assustador capaz de retirar a vida de quem ousasse olha-los. Mas ninguém ousou. A condenavam, mas não eram capazes de olha-la em seus olhos.

E ela lá ficou a espera de algo e as pessoas se inquietaram, se sentiram invadidas. Era o mundo branco deles invadido pelo preto, era o vestido dela em contraste com suas calças, era a indiferença contra a devoção. Mas estavam eles todos errados, pois era o branco quem invadia o preto, eram as calças que entravam em contraste com o vestido e era a devoção quem estava contra a indiferença.

Nada, nenhum movimento, nenhuma ação, nenhuma mudança de olhar. Continuava encarando o altar, continuava a incinerá-lo com os seus olhos. Sim, não era ela quem estava errada, mas eles. Eles que veneravam algo que ela não venerava, e não o contrário.

Ninguém entendia, todos julgavam. Mesmo indignados não eram capazes de mover um músculo sequer nem falar. A emoção, sem que entendessem, os sufocava. Ela continuava imóvel, indiferente aos pensamentos que sabia provocar, indiferente ao fato de estar indo contra todos presentes ao não se ajoelhar diante do local sagrado.

Um barulho veio de trás dela, todos olharam para a origem do som. Uma mulher vestida de branco havia se levantado. Não obstante, a mulher de preto não se movia. A loira caminhou até a morena como o branco caminha em direção ao preto, e colocando a mão no bolso retirou uma adaga de cabo branco e acelerou o passo. Mas não houve reação.

Apunhalou ela nas costas com as duas mãos segurando a adaga, o sangue caiu no chão sagrado, todos se admiraram. Ela, de preto, não se moveu. Levou as mãos às costas, sentiu o sangue escorrer.
Ela, de branco, caiu no chão com os olhos brancos, sem vida.

Ninguém pôde reagir. Ela saiu, todos a acompanharam com o olhar, todos a julgaram. A julgaram pelo crime, a julgaram pela diferença. Mas ela não os julgou pela diferença, pois eles também eram diferentes dela, e ela não os julgou pelo assassinato. Ela não os julgou por estarem de branco, não os assassinou por estarem de calça.

Ela, de preto, ficou para sempre conhecida e para sempre foi julgada pelos que presenciaram a cena. Ela, de branco, apenas esvaeceu, desapareceu do mundo. Seu corpo jaz em algum canto, esquecido, enquanto o dela, de preto, está acima de onde podemos alcançar somente com as mãos.

Eles, de branco, a viram como alguém que precisava de atenção, que não recebia, e perdoaram seu espírito alegando insanidade. Seus pais foram culpados e ela, inocentada. Eles acreditavam ter sido o crime solucionado. Acontece, porém, que nunca fora isso que ela procurou. Ela nunca quis ser perdoada, pois nunca havia errado, nem queria ser entendida, pois não havia o que entender. Ela, de preto, queria ser o que queria ser, mas viu nos olhos sem vida dela, de branco, que sempre haveria o preto para ser diferente do branco e um dos dois sempre seria errado aos olhos de alguém. E assim, ela, de preto, entendeu o mais profundo mistério: Não existem mistérios aos que não os procuram assim como não há diferença no que é igual aos olhos de todos.
 
Show!!!!
Acho que falta as pessoas verem um pouco mais o mundo e os outros como iguais msmo, sem se preocupar com diferenças de gosto ou coisa parecida.
Eu que o diga! Na minha classe só tem bobos preconceituosos. Saiu da linha deles, já olham torto. :x
 
Adorei o texto, a forma como foi escrito ficou boa, mas você poderia tentar usar mais variados tipos de palavras.

Gostei muito, imaginei a cena toda...
 
Achei o texto ótimo! Parabéns Melkor, faz tempo que não leio algo assim...

Só acho que vc repete desnecessariamente "ela" em algumas partes, mas fora isso está muitissímo bom mesmo.
 
Muito bom Melkor!

Comentário Sdl
Num sei se gosto do seu jeio de escrever, mas esse aí eu gostei bastante!
Bem limpo, tema interessante, forma criativa.
:clap:
 
Melkor disse:
Thrain... disse:
Num sei se gosto do seu jeio de escrever

Hmmmm... Você diz do meu modo de escrever nos outros textos?

Não tenho bem cereteza, mas no O Outono, no A lenda do Amor e tb um pouco nesse Ela, de preto eu percebo um estilo em comum meio sei lá, depois eu explico.... Mas o que interessa é que eu não gosto muito disso (do "estilo") , mas não esquenta, num é importante.
 
Comentário da SdL
Achei o conteúdo legal, embora, eu já tenha notado neste conto e em Pequenos Contos Mórbidos (da Kementari) esta representação de um ser diferente como imóvel, avassalador, imponente.
Isso é estranho, mas o texto em si está bom.
Parabéns.
 
Hmmm... Os textos tratam de assuntos diferentes, Vinci, e até acho que tenha uma semelhança, mas os personagens também são bem diferentes, pelo menos na minha mente... Hehehe, não posso obrigar os outros a imaginarem o mesmo que eu imaginei lendo ou escrevendo ^^
Obrigado pela crítica, anyway... =]
 
Melkor, vc é meu ídolo a forma que vc usou as palavras, as aliterações e as putras figuras de linguagem de modo a nos remeter à cena proposta.Profundo, Soberbo, Sublime. :clap: outro 10
 
Melkor, o seu texto está muito bem produzido!
Gostei muito do conteúdo, mas percebi uma repetição de palavras no texto, que eu estava pensando esta repetição como a caracterização das mulheres, pelo o sexo. Anyway gostei muito do texto!
Para mim a mulher de branco estava com ciúmes, ou inveja da mulher de Preto, que tinha o seu próprio estilo...
Muito Bom! :clap:
 
Eu gostei do texto, bem bacana mesmo. O negócio sobre a repetição do "ela" fica claro que foi proposital, ainda mais se levar em conta o título do texto. Entretanto, mesmo que seja um recurso estilístico, poderia ter dado uma meneirada na utilização do "ela". A repetição torna as coisas um pouco confusas, como a Clarice já falou.

Mais uma coisinha:

A loira caminhou até a morena como o branco caminha em direção ao preto, e colocando a mão no bolso retirou uma adaga de cabo branco e acelerou o passo. Mas não houve reação.

Eu acho que quando você vai jogar com elementos definidores de personagem, isso tem que ser aos poucos (como você estava fazendo muito bem no começo com a "ela"), para evitar esse efeito que causa do meio do nada vc ficar sabendo que uma é loira e outra morena. Não é só por deixar confuso, mas atrapalha um pouco o ritmo da história: quando você tem que induzir o leitor a prestar atenção na cena da punhalada (o clímax), com isso, mesmo sem perceber, o leitor primeiro dá uma brecada pensando "aié? ela é morena, e?".

Mas você está realmente de parabéns. A história é muito interessante :wink:
 
Não... Em tese não tem nada a ver, mas a opinião que importa é a do leitor... ^^

A maioria das pessoas preferem Ela, de Preto... Senão, escolhem O Fim... A única pessoa que tem como preferido Felipe e Henrique é o próprio guri que simboliza o Henrique... hahahaha
 
Eu gosto muito da criatividade e do desenrolar do seus textos...

Mas eu acho que não curto tanto o seu estilo também...

Se bem que cada um tem um diferente...

Não é BEEM um defeito.
 

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