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[L] [Lorien] [Despertar]

Lórien

Última General de Nanto
[Lorien] [Despertar II]

Despertar II

Não se alcança o horizonte com as mãos. Apenas com os olhos.
Distorci o espaço e o tempo em sonhos, divagações, manifestações de desejo incontido. Eu não sabia que seria assim. Agora que caminho pelo deserto com os pés cansados de tantas dúvidas, vejo de meu ventre saírem flores e frutos e bênçãos. Pois sou filha de Deus, irmã do Cristo. E, como ele, posso curar.
Tenho olhos, boca, mãos e pés. Entrego-me à poesia e leveza de ser. Sinto irresistível vontade de cair e sofrer, novamente. Desta vez, não quero mais que minha visão volte à areia. Caminho de olhos fechados e vejo que abaixo de mim há relva e orvalho, há Primavera nas árvores e no racho. Bebo de tua água cristalina e sinto-a descer fria.
Fria como tentei ser, e ainda sou. Meu coração se aperta e dois olhos cheios de lágrimas me observam, como a aurora úmida do dia que sabe a hora de acabar. Estou cansada destas canções. Para mim, basta o que já foi escrito.
Laconicamente faço meu discurso às flores. Eu ainda sinto o calor da areia, mas vejo verde. Ainda tenho pó em meus olhos, mas vejo cristais.
 
[Lorien] [Despertar]

Despertar

Minha vida começou na Aurora e se estende em entardecer. Sou um tanto volátil de sonho buscando a noite. À noite em teus lábios, a noite em teus braços, segurando o Homem as estrelas como se fossem filhas da humanidade. E abri os olhos. Vi sobre mim um céu azul de outono, e senti o cheiro das maçãs e laranjeiras, transbordantes de pureza. O Pecado, à espreita na árvore vizinha.
Sento-me no rochedo, observando as escarpas frias jazendo por fim no interior dos mares. Grandes lágrimas azuis e cantos salgados, sacramentados pelas inscrições de lápide do rebater de tantas eras. Vi o entardecer se transformar em pôr-do-sol, e as nuvens rosadas lembrarem-me o sangue raro que corre nas artérias. A noite chegava.
O Homem abriu os braços, derramando sobre mim áureos tempos de sonhos. Levanto-me e sinto que não há dureza, mas sim relva verde e flores brancas.
Sou tua filha, não percebeste?
Das flores, estrelas e cânticos sou marca. E de meu sangue corre o teu, como se a tua condição de ser ímpar tivesse me transformado em ti quando eu rebentei de tua chuva de astros.
A brisa acaricia o rosto encharcado - lágrimas e orvalho, o manto desliza sobre a pele e não há feridas. A dor sucumbe e a Vaidade, agonizante, arrasta-se loucamente ao precipício. Os olhos me observam. Risco na areia quente do deserto das idéias: "Oásis". E o Rouxinol vem dos portões trazendo consigo a semente da Árvore. Ele diz:
- Sou eu, caminheiro. Lembras de mim, isto é certo. Mas conseguirás tu recordar de uma de minhas canções?
Sim, recordo-me. E me ponho a admirar a sutileza da lembrança.
- E o amor, viajante, foi desfeito o seu mistério.
E foi-se o pássaro, belo dos belos jardins. Em mim, ecoou o canto, e eu digo: A profanação dos sagrados labirintos do amor é nada mais que nossa animalidade. E somos humanos.
 

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