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[L] [Lorien] [Carta]

Lórien

Última General de Nanto
[Lorien] [Carta]

Carta

Dá-me tuas mãos, poeta esquecido das próprias idéias! Poeta que não sabe que o é, pois perdeu o dom de sentir e querer viver com algum amor no peito. Ah, vence esse medo, e começa a perceber que tuas palavras são como música dos deuses em meus ouvidos. Céus! Eu vos imploro! Abre os olhos de meu poeta!
Os olhos azuis como o infinito se fundem com o anil do firmamento que eu fito e admiro. Nuvens brancas! Passem como finas camadas de vapor, suspiros numa eternidade controlada pelo soprar dos ventos e pelo calor do Sol. Astros do céu, sobressaiam-se nesses olhos, perdidos, que têm medo de amar.
Se a poesia é o que vejo, é verdade, já que não há mentira em poetas. E se o sou, eu sei e não temo – se o és, não sabe, portanto, temes. As mais sublimes composições vieram de teus lábios. E se a música depende dos ouvidos de quem as ouve já declaro: tua inspiração é uma harmonia horizontal de um tema sublimado, feito de fios entrelaçados por deusas de marfim, de asas translúcidas e vestes douradas. Teu canto é doce como a das virgens do oceano, nascidas das ondas e intempéries. Assim como teus sentimentos.
É tão pouco o que posso dizer com palavras! Se esta se parece com declaração de amor, esquece! Não é! Nem pretende ser. Apenas descrevo o que meus ouvidos escutam. Como uma plantinha que nasce e vai tecendo uma renda verde pelo portão de um antigo jardim, e a melodia vai subindo até o ápice. Então num sopro de primavera a umidade dos dias penetra nas folhas e se infiltra pela seiva suave e doce, fazendo nascer na extremidade da haste delicada a mais bela flor, áurea como teus pensamentos e vermelha quanto esta minha vontade de coloca-la dentro de uma redoma cristalina, para que nada, nem ninguém possa mais uma vez atingi-la desferindo golpe vil contra teu coração.

Lembra-te da flor? Criada a partir de um amor nascente, puro, e que pensavas ser o único. Criava músicas suaves, mas não maravilhosas como as escuto, brincava de dançar folhas e levantar pólen das flores outras do jardim. Banhou-te em sorrisos e promessas. Em amor luxurioso, talvez. Entretanto, num súbito ataque da maldade da jardineira, um golpe férreo desferido por adaga gélida abocanhou a vida e a alegria das pétalas, e morreu toda a planta, que jazia sem esperanças num canto do jardim da Infinitude.
Pois sim, cheguei e renuncio a todas as outras plantas, eternas, infinitas, para que só a tua brote novamente, e cresça apoiada em meu peito, alimentada pelo meu sangue, embriagada por minhas lágrimas e pelos meus desejos.
Torna-te rubra! Pelo meu sangue, por que como o Rouxinol eu cravo em meu coração teus espinhos, sem ter medo da dor, pois se for para ser extinta a minha vida, que seja pelo canto mais belo, pela flor de beleza insuperável que é tua existência.


Nota:
Não há o que se coloque no lugar do objeto inspirador que seja mais voraz do que algo vindo do coração. Puro e simples.
 
Essa carta aí foi para eu cara por quem me apaixonei um dia. Não posso dizer o nome dele. O amor continua, transformado em cuidado. Agora, somos amigos. Se ele ler isso, com certeza se reconhecerá.
 

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