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[L][Lord Meneltar (Cziffra)] [A perfeita contradição]

Lord Meneltar

Argerich
Este está mais bem estruturado que o outro. E eu não o corrigi depois, odeio fazer isso. Pariu, tá parido.


A perfeita contradição

A humanidade sempre se impôs limites. Isso é mais do que óbvio, temos necessidade deles como temos de comer e respirar. Mas o que não pensamos é na simbologia existente por trás de tudo isso. E se não tivéssemos limites? Alguém algum dia já parou para pensar onde estaria a humanidade se não houvesse limites, para nada? Se tudo fosse apenas limitado pelo bom senso de cada um? Provavelmente a humanidade não existiria. O fato é que o limite não é algo tão intrínseco ao ser humano como gostamos de pensar. O limite é intrínseco à sociedade, sim, mas não è individualidade.

A individualidade, por si mesma, exclui todos os limites que não os limites necessários à sobrevivência. Mas até aí estamos falando de instinto, coisa que todos os animais têm. O que diferencia o ser humano é justamente a ausência de limite. Os animais têm limites natos, não podem ultrapassá-los sozinhos, essa é sua limitação natural.

Mas o ser humano não. O ser humano é dotado de características tão complexas que gastar-se-iam décadas para resumir apresentavelmente uma ínfima parte delas. Trabalho completamente inútil, pois só os seres humanos sabem ler, e eles mais do que ninguém sabem muito bem de suas características.

É tido em voga que o que diferencia essencialmente o ser humano do animal é sua capacidade de raciocínio. Essa idéia é incompleta, pois o raciocínio não justifica a si mesmo. O raciocínio é o instrumento que o ser humano utiliza para transpor limites. O que diferencia o ser humano e faz dele um ser especial é sua ausência de limites. Mais ainda: a capacidade de superação de quaisquer limites impostos. O ser humano, ao longo de sua história, vem provando constantemente sua capacidade de superar os limites do físico e do intelectual.

Há cinco mil anos atrás, poderia parecer impossível erguer pirâmides tão altas e complexas internamente quanto as egípcias. E realmente, um ser humano sozinho não seria capaz de tal feito. Porém, o ser humano foi dotado da chave-mestra, capaz de abrir quaisquer portas que o destino, a natureza, a história ou o que for ponham à nossa frente: o intelecto. Assim, foi capaz de projetar algo que não existia no plano concreto e transformar aquilo em realidade.

Essa capacidade de previsão, a abstração, é um dos aspectos mais fantásticos do raciocínio.E é nela que reside o cerne da ausência de limites do ser humano. Pois essa ausência reside no poder de abstração. Não há nada neste mundo capaz de limitar uma mente humana.

Decerto, após todas essas afirmações, poder-se-ia pensar que o ser humano é algum tipo de semi-deus, evoluindo em progressão geométrica, a cada dia, superando limites e vencendo obstáculos e desafios cada vez mais complexos. O fato é que seres humanos não vivem sozinhos com seus cérebros e suas capacidades ilimitadas, vivem em sociedade, e isso os limita. Para que haja a boa convivência em sociedade, temos a necessidade de um conjunto básico de regras que pauta o nosso comportamento: a ética. A ética é o limite necessário, não ao ser humano, mas à sociedade. E a sociedade é necessária ao ser humano.

Uma afirmação extremamente corrente nas ciências sociais(e afins) é “O ser humano é um animal gregário.” O ser humano tem a necessidade de se agrupar. Isso gera uma sociedade, que gera limites.

Postos os dois lados, chega-se a uma contradição: se por um lado o ser humano enquanto individualidade não tem limites, o ser humano enquanto ser social tem necessidade de limites, então, logicamente, estaríamos limitando a nossa natureza? Nos aleijando? Cerceando nossa perfeição? Muito pelo contrário. O que é perfeito na simplicidade também é perfeito na complexidade. O ser humano enquanto ser social, interagindo e dialogando com outros seres humanos produz uma quantidade abissal de conhecimento e cultura. E os limites impostos, ao invés de reprimir o intelecto humano fazem-no dez mil vezes mais potentes. Mentes trabalhando juntas não se somam, se multiplicam. Assim, sua falta de limites é exercida plenamente no plano ideológico e sua produção intelectual não é prejudicada. Por outro lado, mantém-se boas relações com os outros seres humanos e isso nos deixa felizes.

Isso é um modelo utópico de sociedade perfeita.

Não que o ser humano, absolutamente, não seja perfeito. Ele tem tudo na mão, só falta enxergar. O que falta à humanidade, neste princípio de século XXI é finalmente botar em prática os conceitos de ética, moral, boa convivência e quaisquer denominações que tenham e de uma vez por todas superar as dificuldades mesquinhas que obstaculizam seu pleno crescimento intelectual e sua evolução enquanto espécie. Não há mais espaço, neste século, para egoísmo e egocentrismo, pois é no bem da sociedade que se encontra o próprio bem-estar, e é na conquista geral que se encontra a glória particular.

Não devemos pensar só no nosso bem, nem no que vamos fazer para nós mesmos, mas na contribuição que isso dará ao mundo inteiro. Uma pessoa sozinha não muda o mundo, mas se todos tiverem consciência do seu pequeno papel (pequeno, pois ninguém precisa ser um Mahatma Gandhi ou uma Madre Teresa de Calcutá para que cumpra o seu dever) e cumpri-lo com competência, não há jeito de as coisas não ficarem infinitamente melhores. A missão de cada um aqui na terra é bem simples (perceba que simplicidade nada tem a ver com facilidade) e em geral bem óbvia para nós mesmos. O que o ser humano do século XXI precisa é enxergar isso e, ao invés de teorizar, como fizemos nos mais de vinte séculos anteriores, agir.

O século XXI marca, para a humanidade o fim da era da teoria e a alvorada da era da prática. Hoje em dia vemos acontecerem coisas previstas há muito tempo, consideradas impossíveis. O ser humano, com sua capacidade de superação de limites tornou-as possíveis e agora cabe a ele usar toda a teoria produzida até hoje e a que ainda se produz para a sua evolução. Não há prática sem teoria, mas teoria sem prática é tão inútil quanto um livro na mão de um analfabeto.

Não há mais espaço para as crenças fantasiosas e inverossímeis em que antes se acreditava. Hoje em dia, só há fatos. As religiões são mais racionais. Não há mais necessidade de metáforas para a conscientização dos fiéis. A evolução do intelecto, a superação dos limites, nos levou a um nível de compreensão tal que não deixamos de ter fé só porque parece simples demais. A capacidade de enxergar a perfeição na simplicidade é a marca registrada da nossa aguçada percepção. Quem não enxerga a perfeição nas coisas pequenas, nos pequenos detalhes, tampouco será capaz de fazê-lo nas grandes obras, complexas e rebuscadas.

O ser humano do século XXI já está mais do que pronto para deflagrar a grande rede de acontecimentos que rege o nosso mundo, e como cada um de nós exerce o seu pequeno papel, e enxergar as enormes conseqüências de todos os nossos ínfimos atos. Assim sendo, precisamos de responsabilidade com o todo, uma espécie de consciência social.Alguns podem pensar que isso é uma afronta à individualidade. Muito pelo contrário. Isso é o pleno encontro da individualidade. Precisamos desesperadamente afirmar nossa individualidade. O que não percebemos é que só encontraremos isso através de algo que alguns chama de “consciência mística”. Nos sentir uma gota d’água no oceano, saber que somos incrivelmente simples por nós mesmos (e extremamente complexos, uma prova cabal de nossa natureza paradoxal) e incrivelmente complexos em sociedade. Mas que essas duas características não são excludentes, são complementares. Aquele capaz de enxergar a beleza da gota d’água verá o oceano como a coisa mais perfeita jamais criada. Assim, se somos capazes de encontrar a perfeição da nossa individualidade na perfeição da sociedade, somos capazes de entender um dos maiores mistérios do ser humano, e mais ainda: entender a situação medíocre onde nos encontramos e entender o papel que devemos desempenhar para mudá-la.

No ser humano convivem o carnal e o divino, o sagrado e o profano, o racional e o animal. O que não se entendeu até agora é que essa natureza dual não é excludente e sim complementar. Não há mal sem bem, nem anjo sem demônio, nem treva sem luz. A perfeição da natureza humana reside no pleno equilíbrio entre todas as forças complementares e supostamente antagônicas. Temos de encontrar o equilíbrio de nossa dualidade, e assim viver plenamente a nossa natureza,ao mesmo tempo ilimitados individualmente e limitados socialmente. É aí que reside a verdadeira beleza do ser. É aí que reside a perfeição em sua plenitude.
 
Bem escrito, apesar de um pouco tendencioso e irrealista, próximo do final... E há várias coisas de que discordo...

Mas enfim, tu até que pega bem a base da sociologia, apesar de simplificar demais.
 
Hm. Gostei bastante, apesar de não concordar com muita coisa também. Acho que um texto dissertativo tem sempre esse porém, né? Não que seja um problema, mas uma opinião muito contraditória normalmente se indispõe à uma crítica construtiva, não é?

Bom, gosto da parte que você fala de abstração, mas "Não há nada neste mundo capaz de limitar uma mente humana" não me parece lógico. Nossa condição humana nos limita, pra mim. Acho que Platão mesmo quem disse que não conseguimos criar coisas sem usar elementos que já conhecemos (não se cria nada que não pertença ao mundo das Idéias, não é isso? posso estar absurdamente enganado, hehehe).
Nós não conseguimos imaginar cores que não se componham das três cores básicas, formas que não se componham dos entes primitivos, não conseguimos imaginar sons ultrasônicos e infrasônicos, etc... Acho que, nessa era de coisas grandiosas como galáxias distantes e 11 dimensões, nossa capacidade de abstração tem sido bem limitada.

Quanto ao resto, gostei bastante. Concordo quanto ao que você disse sobre a sociedade e o engrandecimento individual provocado pela coletividade... =)

Parabéns, Menel! =)
 
Bom, o que eu quis dizer é que o ser humano tem a CAPACIDADE de abstrair. Não vou entrar naquele blablabla de só usarmos 10% da capacidade cerebral pq isso já virou arroz-de-festa, mas é uma possibilidade. E quanto mais forçamos e estimulamos nossa capacidade de abastração, mais somos capazes de abstrair.

A tempo: o que seria a composição musical senão a suprema forma de abstração?
 
György Cziffra disse:
Bom, o que eu quis dizer é que o ser humano tem a CAPACIDADE de abstrair. Não vou entrar naquele blablabla de só usarmos 10% da capacidade cerebral pq isso já virou arroz-de-festa, mas é uma possibilidade. E quanto mais forçamos e estimulamos nossa capacidade de abastração, mais somos capazes de abstrair.

A tempo: o que seria a composição musical senão a suprema forma de abstração?

Uma manifestação agradável do ócio? :roll:
 

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