Largo Cavafundo
Usuário
[Largo Cavafundo][Eu, um Rabanete]
Esta é uma historinha que eu fiz na escola, durante as aulas de Biologia e Português, enquanto os professores não olhavam pra mim
É meio bobinha, mas é pra ser assim... é uma crítica à civilização e à sociedade humana...
Boa leitura!
"
Sim, eu sou um rabanete. E não, você não precisa acreditar.
Ninguém jamais acreditou que eu fosse um. Afinal, quem já viu um rabanete falar? Escrever uma história, então, é tão absurdo quanto ridículo. Rabanetes não têm consciência, não pensam, nenhum vegetal pensa. Oras, você já conversou com um rabanete para saber? ‘Ó-quêi’, se você falasse com um rabanete, ele provavelmente não responderia (e você seria internado num manicômio, ou pelo menos todos os seus amigos ririam da sua cara e te humilhariam, mas isso é um mero detalhe). Não sei se você já percebeu, mas raízes não têm boca. Nem cérebro. Rabanetes realmente não pensam. Mas esta é uma propriedade dos seres vivos, animais, vegetais, ou aqueles bichinhos nojentos que comem a sola do seu pé: evoluimos. Nos adaptamos ao mundo no qual vivemos.
É claro, isso geralmente demora tempo pra... bem, pra caramba. Mas ultimamente surgiu um problema: o Homem. Posso dizer com toda a certeza que os rabanetes estavam felizes antes do Homem. Mas Ele veio, e trouxe consigo mudanças no Mundo, tão rapidas que foi basicamente impossível seguir com nosso ritmo anterior. E evoluímos. Não em grande escala, como normalmente, pois a energia necessária para fazer isto tão rapidamente quanto precisávamos só se encontrava em alguns poucos de nossa espécie, que moravam em solos ricos em minerais. O resultado de tal processo: eu. É verdade, demorou mais do que esperávamos – o ideal seria impedir o Homem de continuar com seu desenvolvimento na época em que o “Gladiador” ainda não era escravo (perdão, mas eu adorei este filme).
Cheguei um pouco tarde, é verdade. E (por enquanto) estou sozinho na batalha. Mas tenho algo que os humanos não têm. Eu sou um rabanete. Neste momento, ainda sou pequeno e quase imóvel. Mas minha guerra não há de ser feita por braços e armas. Eu me infiltrarei nos governos do mundo, criarei um conflito psicológico e abalarei os pilares que erguem toda a sociedade do nojento Homo sapiens. E, quando a raça estiver fraca, mais rabanetes surgirão do fundo da terra fértil e marcharão (ou rolarão, tanto faz) até a glória! Criaremos uma sociedade na qual toda a natureza viva em harmonia.
Rabanetes, como os mais evoluídos dos seres vivos, deverão governar a Terra. E eu, como o primeiro dos Rabanetes a atingir a complexidade e perfeição que nossa raça terá, serei o líder que trabalhará duro para que nossa batalha não seja em vão. No início, teremos de construir novas casas, prédios, museus, palácios, para que tenhamos onde viver. E, é claro, teremos de construir barragens e usinas para fornecer energia para nossos vilarejos.
E, tendo nossas habilidades vegetais a nosso favor, poderemos atingir conhecimentos científicos inimagináveis! Descobriremos quem veio primeiro – o fruto ou a semente? De onde viemos (além do quintal do seu Jorge)? Para onde vamos (além do prato de uma criança que se recusa a nos comer)? Sei que poderemos dominar as ciências, e usá-las para melhorar nossas comunidades. Seremos mais, muito mais desenvolvidos que vocês.
Não se preocupem: não iremos matar todos de sua raça. Iremos usar as crianças e os idosos em estudos da natureza da civilização, não repetindo assim seus erros e sua ignorância. Já seus adultos, homens e mulheres, terão sua força aproveitada na construção de uma cultura acima da perfeição. Uma cultura sem medos ou fraquezas, sem hierarquias ou desigualdades. A ordem será extrema, e assim traremos progresso. Triunfaremos...
O que é essa panela cheia de água fervente?
"
Esta é uma historinha que eu fiz na escola, durante as aulas de Biologia e Português, enquanto os professores não olhavam pra mim

É meio bobinha, mas é pra ser assim... é uma crítica à civilização e à sociedade humana...
Boa leitura!
"

Sim, eu sou um rabanete. E não, você não precisa acreditar.
Ninguém jamais acreditou que eu fosse um. Afinal, quem já viu um rabanete falar? Escrever uma história, então, é tão absurdo quanto ridículo. Rabanetes não têm consciência, não pensam, nenhum vegetal pensa. Oras, você já conversou com um rabanete para saber? ‘Ó-quêi’, se você falasse com um rabanete, ele provavelmente não responderia (e você seria internado num manicômio, ou pelo menos todos os seus amigos ririam da sua cara e te humilhariam, mas isso é um mero detalhe). Não sei se você já percebeu, mas raízes não têm boca. Nem cérebro. Rabanetes realmente não pensam. Mas esta é uma propriedade dos seres vivos, animais, vegetais, ou aqueles bichinhos nojentos que comem a sola do seu pé: evoluimos. Nos adaptamos ao mundo no qual vivemos.
É claro, isso geralmente demora tempo pra... bem, pra caramba. Mas ultimamente surgiu um problema: o Homem. Posso dizer com toda a certeza que os rabanetes estavam felizes antes do Homem. Mas Ele veio, e trouxe consigo mudanças no Mundo, tão rapidas que foi basicamente impossível seguir com nosso ritmo anterior. E evoluímos. Não em grande escala, como normalmente, pois a energia necessária para fazer isto tão rapidamente quanto precisávamos só se encontrava em alguns poucos de nossa espécie, que moravam em solos ricos em minerais. O resultado de tal processo: eu. É verdade, demorou mais do que esperávamos – o ideal seria impedir o Homem de continuar com seu desenvolvimento na época em que o “Gladiador” ainda não era escravo (perdão, mas eu adorei este filme).
Cheguei um pouco tarde, é verdade. E (por enquanto) estou sozinho na batalha. Mas tenho algo que os humanos não têm. Eu sou um rabanete. Neste momento, ainda sou pequeno e quase imóvel. Mas minha guerra não há de ser feita por braços e armas. Eu me infiltrarei nos governos do mundo, criarei um conflito psicológico e abalarei os pilares que erguem toda a sociedade do nojento Homo sapiens. E, quando a raça estiver fraca, mais rabanetes surgirão do fundo da terra fértil e marcharão (ou rolarão, tanto faz) até a glória! Criaremos uma sociedade na qual toda a natureza viva em harmonia.
Rabanetes, como os mais evoluídos dos seres vivos, deverão governar a Terra. E eu, como o primeiro dos Rabanetes a atingir a complexidade e perfeição que nossa raça terá, serei o líder que trabalhará duro para que nossa batalha não seja em vão. No início, teremos de construir novas casas, prédios, museus, palácios, para que tenhamos onde viver. E, é claro, teremos de construir barragens e usinas para fornecer energia para nossos vilarejos.
E, tendo nossas habilidades vegetais a nosso favor, poderemos atingir conhecimentos científicos inimagináveis! Descobriremos quem veio primeiro – o fruto ou a semente? De onde viemos (além do quintal do seu Jorge)? Para onde vamos (além do prato de uma criança que se recusa a nos comer)? Sei que poderemos dominar as ciências, e usá-las para melhorar nossas comunidades. Seremos mais, muito mais desenvolvidos que vocês.
Não se preocupem: não iremos matar todos de sua raça. Iremos usar as crianças e os idosos em estudos da natureza da civilização, não repetindo assim seus erros e sua ignorância. Já seus adultos, homens e mulheres, terão sua força aproveitada na construção de uma cultura acima da perfeição. Uma cultura sem medos ou fraquezas, sem hierarquias ou desigualdades. A ordem será extrema, e assim traremos progresso. Triunfaremos...
O que é essa panela cheia de água fervente?
"