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[L] [Kiwi] [De noite, apagam-se as estrelas]

Kiwi

mi perna está jodida.
[Kiwi] [De noite, apagam-se as estrelas]

Você está na padaria. Só mais uma sexta-feira de manhã, prestes a começar e terminar um fim de semana, levando a mais uma semana que termina numa sexta-feira.
Você está tão acostumado a isso que nem vê os anos passarem e, num primeiro momento, nem vê ela entrar, comprar uma xícara super grande de capuccino e sentar a sua frente. Ela abre o jornal, isso você vê. "Três morrem pisoteados em Show pela Paz". Ela baixa o jornal para levar a xícara à boca e você vê, seus olhos se encontram por um centésimo de segundo. Você pode até contar porque parece uma vida.
Ela desvia os olhos, você não. Tenta pensar em alguma palavra que possa descrevê-la poeticamente mas nem uma rima você encontra. Aqueles cabelos perfeitos - longo, curto, cacheados, liso. Não existem palavras fiéis, são todas inadequadas e comuns demais. "Ela deve ter um shampoo especial, só pra ela". Pronto, é o mais romântico que você consegue ser.
Os olhos? Verde, azul? Percebe que tudo isso é inútil, os três pisoteados já estão em seu lugar.
Difícil acreditar numa coisa dessas, raramente acontece. Não existem histórias, músicas, filmes sobre ela. Nada que pudesse tê-lo preparado.
Quando você dá por si, ela já se foi. Não consegue acreditar. Existem, sim, palavras pra você, seu estúpido bastardo.
De noite, você está sozinho num cinema lotado. "Continua...". Filme idiota. Na saída, no entanto, lá está ela. Você se esquece de sentir toda a insegurança do mundo e fala com ela. Minutos depois, discutem o filme num pub. Você até está se saindo bem. Sophia. Tinha que ser. Trocam telefones e ela marca sua alma com um beijo no seu pescoço.
No dia seguinte, tomam café da manhã na padaria. Numa troca de olhares, ela sorri enquanto arruma o cabelo.
De noite, vocês fazem amor na casa dela. Na noite seguinte, na sua casa. Em algumas noites, só existe uma casa.
E todas as manhãs, lá está ela, sua xícara super grande de capuccino e seu jornal. Nçao existem adjetivos para Sophia. Nem substantivos.
De noite, vocês brigam. Acabam rolando no telhado. Pelados, esperam para que o Sol tente, mais uma vez, em vão, descrevê-la. Você adormece, ela beija seu cabelo nojento, suas caspas. Você já se acostumo à idéia de que Sophia possa amá-lo.
E assim vai. Café da manhã na padaria, noites indescritíveis.
Depois de um tempo, são só noites. Nada de café da manhã. A esperança ainda está lá, mas Sophia não. Com o tempo, você volta a dividir as noites com a televisão, a poltrona, o caminhar arrastado até a cama de solteiro. Humilhações. Agora existe uma palavra. "Fantasma".
Não há dúvidas. Pode parecer meio exagerado, você sabe. "A garota de sua vida". Mas todas elas são, né?
Ano passa. Você está na padaria. Só mais uma sexta-feira de manhã, prestes a começar e terminar um fim de semana, levando a mais uma semana que termina numa sexta-feira.
Sua vida volta ao normal, apesar de nunca mais ter sido a mesma. Sua percepção da vida é, agora, tristemente aguçada. Esperando uma coisa. Sophia. Como ela era? Ah, sim! Veja só, é ela, logo ali.
Quem compra dois capuccinos é uma mulher cuja aparência obviamente inveja a de Sophia. Quem não invejaria? Sophia segura um pequeno anjo. Como está diferente. Cortou o cabelo, continua maravilhosa. Estúpido bastardo.
De noite, vocês voam juntos, rumo as estrelas que se apagaram muitos anos atrás.
 
opa
gostei mesmo
muito bom!

"Pode parecer meio exagerado, você sabe. "A garota de sua vida". Mas todas elas são, né? "

é verdade...

só nao entendi muito bem o final, oq aconteceu?
 
Wilknot disse:
só nao entendi muito bem o final, oq aconteceu?

Bom, escrevi de um jeito que proporcionasse múltiplas interpretações, embora tivesse uma idéia básica em mente. Vou escrever em spoiler porque, se você não quiser estragar sua imaginação/interpretação, fica mais fácil. E porque eu tava louco pra escrever em spoiler. :mrgreen:

[spoiler:c736c11599]O texto é sobre um cara patético que se apaixona a primeira vista por uma garota numa padaria. Ele sempre encontra com ela na padaria e, durante as noites, sonha com ela. Eles nem chegam a se conhecer. Depois de um tempo, ela some. Um ano depois, ela reaparece e está acompanhada uma parceira e um filho. Ele volta a sonhar.[/spoiler:c736c11599]

Ah! Como eu não costumo escrever muito e postar aqui, agradeceria se todos comentassem (nem que fosse um "bom" ou "ruim").
 
Eu entendi esse final que você postou aí, Kiwi. :D

Eu acho bastante legal esses contos cujo final contradiz todo o desenvolvimento. Representa vários momentos da vida em que nossas tentativas sçao em vão. :grinlove: Ah, e outra coisa que merece mérito é o fato de se tratar sempre do mesmo tempo mas sem ficar repetitivo (ao contrário daquele outro texto que você postou, mas era da sua amiga, que contava a história de uma garota que queria se declarar para um amigo lá :eek: ).

Só fiquei meio confuso no final... não sabia exatamente quem estava lá... só quando você postou esse post aqui em cima que eu saquei.

Ficou legal!
 
O fim pode ter ficado um pouco confuso nesse trecho:

Sophia. Como ela era? Ah, sim! Veja só, é ela, logo ali.
Quem compra dois capuccinos é uma mulher cuja aparência obviamente inveja a de Sophia. Quem não invejaria? Sophia segura um pequeno anjo.


Essa mulher é a companheira da Sophia, não "uma outra Sophia", "uma Sophia mudada".
 
Adoro finais que deixam toda a história em aberto!!!!!!!! :D

Kim, que história linda você teceu aqui. E fiquei feliz em ver aquela frase inserida no texto. :kiss:

Excelente. :clap:
 
A frase não está inserida no texto. Pelo contrário.

De certa forma, esse conto não existiria sem você. :grinlove: Se não fosse por você ter me chamado atenção pra essa frase, eu nem teria escrito o conto.
 
Sim, tive que ler o spoiler pra entender... :|

Parabéns, Kiwi, é o primeiro text que leio aqui... Ficou realmente interessante! :clap:
 
Kiwi... soh uma palavra... Magnifico... assim como vc....

nao ligue a falta de acentos.. eh que esse meu teclado maluco ficou com inveja do seu texto.... mas liga nao... maquinas sao assim mesmo... :wink: Continue assim garoto... ainda vais longe...
 
Nossa, Kim!
Adorei! :D
Muito bom o seu texto... tomara que em breve você possa nos presentear com mais um, que tal? :wink:
 
Eu adorei como o personagem descreve a sua viagem a padaria, como se nem visse o tempo passar, fazendo um paralelo ao momento em que ela olha para ele e ele diz que esse tempo parece um vida inteira.

Quem nunca se sentiu como esse protagonista. Pelo o que eu pude interpretar, ele é meio que um sonhador, em busca de uma aventura romântica na sua vida semi-patética.

Gostei também de como o Kiwi resume um relacionamento inteiro em alguns parágrafos, como se o protagonista já soubesse de tudo o que ia acontecer, caso ele entrasse realmente em um relacionamento. Como se fosse tudo planejado, as brigas, o romance, os jogos.

Ficou bem interessante, Kiwi. Congratulations, Mr. Anderson. :clap:
 
Eu entendi só metade sem spoiler. Eu num tinha sacado o pirraio no colo, mas a mulher ter ficado lésbica foi arrasador...

Sabe o que eu mais gostei? Foi o fato do texto ter sido escrito sem tempos definidos, no entanto, perfeitamente compreensíveis. Tipo, enquanto ele e a Sophia (by the way, adoro esse nome!) tavam vivendo aquele romance, o tempo do texto passa exatamente como o tempo dos dois amantes. E com a separação vem o dia-a-dia do nosso personagem autômato e - agora - embasbacado!

Genial!
 
Inho disse:
Eu entendi só metade sem spoiler. Eu num tinha sacado o pirraio no colo, mas a mulher ter ficado lésbica foi arrasador...

Nunca lhe ocorreu que ela sempre tenha sido lésbica?
 
putz! não! Caraca! Calma ae, vamos rever isso...

Quem compra dois capuccinos é uma mulher cuja aparência obviamente inveja a de Sophia. Quem não invejaria? Sophia segura um pequeno anjo. Como está diferente. Cortou o cabelo, continua maravilhosa. Estúpido bastardo.

O "pequeno anjo" no caso. Pequeno quanto? Menos de um ano - filho do cara. Mais de um ano - ela adotou junto com a mulher dela.

Agora: "Estúpido bastardo". Bem, uma interpretação precipitada nos levaria a pensar que o filho é bastardo, porque o pai é o cara que não tá com o filho. Mas o bastardo nesse caso não tem nada de estúpido - é só vítima. Então, o bastardo que sobra é o nosso cara... ou seja... ela já era lésbica mesmo! Uau! fantástico!
 
Estúpido bastardo é o narrador.

E, hm, na boa, o filho pode ser da namorada dela. :roll:
 
Ah, como ela e a namorada arranjaram a criança, ou terminaram ficando com ela é outra parte da estória.
 

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