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[L] [Kitsune no nai senshin] [Simplesmente John]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Kitsune no nai senshin] [Simplesmente John]

Vou colocar aqui um conto pequeno que escrevi outro dia, foi na verdade muito estranho porque eu escrevi ele sem parar de escrever um minuto, foi algo mágico.. Hehehehehe... Não sei avaliar se é bom ou não, isso deixo pra vocês, ok?
Eu li as regras do fórum e imagino não estar fazendo nada de errado, fiz até o título do tópico como mandam as regras! ^^
Lá vai:

John nunca soube o que era viver.
John era um dentista, mas não um dentista como todos os outros! Ele não cuidava simples e puramente de dentes em geral, somente aqueles que nasciam na boca. Ainda dentro dessa grande ramificação da odontologia, ele se destacava na arte de cuidar somente dos dentes de seres que os tinham. Isso provava quanto John se destacava na sociedade, porque John nunca foi um homem comum.
Não era mais um na multidão, claro que não. Era um dentista, não renomado talvez (essa grande habilidade de cuidar de somente alguns tipos de dentes causava inveja entre seus concorrentes...), mas realizado. Bom, também nunca se sentiu realizado porque na verdade sempre quis se especializar mais, sabe, talvez cuidar apenas de dentes de seres vivos, estas coisas. Essa coisa de saber um pouco de tudo era para pessoas normais, não pra John.
John tinha uma filha, uma bela filha, e seu nome era Kathyrn, ou Mariah, ou Sarah... Mas quer saber, isso também não importa, não é? Kathyrn, Mariah, Sophia... Todas contendo uma dessas letras complicadas e esses enfeites que John tanto admirava em nomes. Não podia simplesmente chamar-se Maria, como sua mulher sempre quis, tinha que conter uma “letra enfeite”, afinal, era sua filha, tinha que se destacar na sociedade como o pai.
Bem, talvez ele não se destacasse como sempre quis, mas ele era importante sim, era uma daquelas pessoas que todos sabiam quem era, pelo menos ele fazia questão de pensar que sim.
Ele dizia que seu nome não era como os outros Johns que haviam por aí, tinha uma grande influência de Johann Sebastian Bach em seu nome. Na verdade havia influências do Russo em seu nome, e um pouco do egípcio, afinal, quem não conhece o deus egípcio John?
Ser ignorado pela sociedade era um ultraje para John, afinal, ele sempre soube que nasceu para ser importante, para ser conhecido. Um dia, um belo dia, eles todos veriam quem é John. Não é John Malkovich, não é John Travolta, é John! E o fato de ser John já o fazia especial. Quantas pessoas você conhece que não tem sobrenome? John pelo menos nunca soube se tinha outro ou não.
Mas nossa história começa no momento em que Daphne, sua filha única, se forma. Estava na oitava série, e o baile da formatura seria em um clube privado onde a alta classe costuma comemorar suas festas. Nadia foi uma boa aluna no ano todo, foi uma boa garota, mas se foi uma boa filha John não saberia dizer. Foi no momento no qual teve que dançar a grande valsa com sua filha que percebeu que não dava muita atenção para ela, mas ela devia entender que seu sucesso o fazia não ter muito tempo para ela, afinal, ela devia estar orgulhosa, quantas amigas dela tinham um pai como John?
Bem casado, filha bonita, dentista renomado... John era tudo que qualquer pessoa gostaria de ser. Mas o sentimento de negligência pela filha não era compartilhado por Mina, sua mulher adorável, que era muito próxima de Thereza.
Acordou então cansado no dia seguinte com os pés doendo, pois não estava acostumado a usar sapatos, as estrelas não usavam essas coisas comuns de pessoas comuns. Foi quando olhou para o relógio de seu criado-mudo que entrou em desespero, pois já eram quase sete horas da manhã e tinha um paciente marcado para as sete e quinze. Levantou bruscamente acordando Mina, sua mulher, e tratou de colocar sua roupa linda de dentista que certamente era invejada por muitos.
Zilda, a governanta, não conseguiu conter seus gritos dizendo para que ele ao menos tomasse seu café da manhã, mas não foi ouvida por John. Em compensação, a casa inteira acordou e naquele dia todos tiveram um mau humor insuportável, inclusive Stephannie, que na noite do baile de sua formatura fora dispensada pelo namorado, trocada pela melhor amiga. Nem poderia ficar brava com a amiga, pois esse namorado na verdade era da amiga antes de Josephine roubá-lo.
Mas voltando a narrativa à personagem principal, John entrou em seu belo Fiat (mas não um Fiat qualquer, pois o dele era um dos únicos sem ar condicionado, motivo para John se gabar pelo resto de sua vida) e saiu da garagem de sua modesta mansão com os pneus produzindo um estarrecedor som lugar-comum de pneus cantando. John odiava lugares-comuns.
E o pior é que já eram sete horas, sete horas em ponto, e John chegaria ao seu consultório atrasado para atender a senhora que extrairia um dente naquele dia. Os dentistas sempre se atrasam para as consultas, mas John com todas suas especializações odiava se atrasar para não ser comparado com os outros medíocres dentistas. Ele estava em um patamar mais alto do que eles, sim, ele era muito mais conhecido. Na verdade, o fato de não ter muitos pacientes explicava isto, veja bem, os dentistas da região se unem contra ele e destroem a sua imagem apenas por diversão pelas suas costas, e, portanto ele nunca tem a agenda cheia de pacientes. Óbvio!
Isso o lembrava de uma experiência que tivera uns anos atrás com uma paciente nova que lhe pediu para tirar uma cárie de seu dente. Na verdade, ela deixou claro que era apenas uma única consulta devido ao fato de seu dentista estar viajando. John adorava pacientes de uma consulta, afinal, eles podiam sair de lá maravilhados e reconsiderar o seu dentista particular, logo mudando para John. Pena que isso não aconteceu nenhuma vez, alias, voltando ao caso dessa paciente, John (que era especializado em tirar cáries somente de dentes) foi fazer seu trabalho na boca de sua paciente quando sentiu uma coceira na ponta do nariz.
Teria que tirar uma cárie com uma coceira no nariz! Isso é impossível, os dentistas que lêem isso sabem disso! Por acaso você leitor consegue fazer algo com uma terrível coceirinha em alguma parte de seu corpo?Mas essa seria a missão de John, afinal, já estava com seus equipamentos dentro da boca de sua paciente, não poderia simplesmente tira-los de lá.
Conforme começava seu trabalho John sentia aquela coceira tornar-se enlouquecedora, era impossível continuar daquele jeito, então ele sem querer feriu a gengiva da moça que estava com cárie, jogou os equipamentos no chão e começou a se coçar. Horrorizada a paciente saiu correndo o chamando de louco, dizendo que devia ter ouvido as recomendações de todos e não ter ido ao consultório de John, e amaldiçoou todos dentistas famosos e confiáveis por estarem em uma viagem qualquer.
É claro que essa mulherzinha tinha sido contratada por um dentista invejoso, talvez quisesse fazer John desistir de sua profissão, mas isso só o estimulou mais ainda!
Bom, saí muito da narração principal, deixe me voltar a ela. John estava muito atrasado, e pacientes eram coisas raras para ele, não poderia dispensar um assim sem mais nem menos, então dirigiu seu carro acelerando o máximo possível e fazendo seus pneus cantarem uma verdadeira obra de arte, provavelmente de Bach ou Mozart. Não era mais tão lugar comum assim, quantos carros tem pneus que cantam Tocata e Fuga em Ré Menor?
Ele ia chegar a tempo, só faltava um farol e estaria lá, só um... Não, o farol ficou amarelo e John estava longe dele, seria o fim de tudo, ele precisava ir mais rápido...
Mas também, era só um sinal vermellho, podia passar, não havia guardas ali, então ele continuou acelerando mais, a rua estava deserta, ninguém ia notar nem se importar, até que ele bateu em alguma coisa. Droga, ele havia atropelado uma criança. Colocou a cabeça para fora do carro e viu uma menina loira caída no chão de olhos fechados, ela era loira e tinha um rosto muito angelical. John começou a chorar, aquilo era terrível, atropelar uma criança! Sua carreira iria por água abaixo, a não ser que... Sim! Ninguém viu ele atropelar a criança, viu? Era só deixa-la ali.
Ué, ela morreu, não morreu? De que adiantava John perder seu paciente por isso? Não foi egoísmo dele, era um pensamento superior, na verdade. Deu ré e passou pela outra pista e chegou até o prédio onde ficava seu consultório. Deixou o carro na garagem, subiu de elevador até o sexto andar, e cumprimentou sua secretária.
“Dona Yorkshire não vem mais hoje, ela lascou uma unha do pé e teve que ir para a manicure. Alias, doutor John (John odiava ser chamado de doutor, como todos dentistas), eu estou me demitindo. Eu ganho por paciente, alias, não sei porque afinal, mas não vejo um paciente há semanas. Sinto muito, adeus, não faço questão de nenhuma regalia não, só não me espere para trabalhar aqui amanhã, ok?”.
John ficou arrasado, era um clichê horrendo a secretária pedir demissão quando o empregador passa por uma fase difícil, aquilo era um pesadelo! Não podia estar acontecendo... Atropelou a menininha meiga na rua, sua secretária cometeu um clichê, ele cometeu vários clichês desde que saiu de casa. Aquilo não era digno de John, não mesmo. As coisas iam mudar!
Chegou em casa e Claudiah estava assistindo televisão, um daqueles programas de gente comum... Nada realmente importante. John resolveu que aquela era a hora para uma conversa com sua família. Chamou Mina, sua mulher (com a qual casou apenas pelo nome pitoresco) e começou a falar:
- Família, eu sei que é muito duro aceitarem um pai e marido como eu, diferente dos outros, mas queria que vocês soubessem que eu amo vocês.
- Não, não ama, John. Você ama o sucesso que nunca atingiu, ama o prestígio, e nos trocaria por isso, não trocaria?
- Bem...
- Já ouvi demais, quero divórcio – disse ela indo para a cozinha para terminar de cozinhar.
- Suzane?
- Eu estou cansada de você. Você nunca me deu atenção e agora é tarde para isso, John.
- Mas Clarice!
- Ah! E meu nome é Maria – disse ela se retirando para seu quarto com um ar de indiferença.
Tudo bem, ter uma família feliz é muito comum, todo mundo tem, John não precisava ter, agora devia voltar pro consultório e pegar o telefone de seu advogado para pedir o divórcio antes da mulher, porque a mulher sempre pede antes.
Chegando lá se deparou com uma menininha sentada no banco de espera. “Moço”, disse ela com uma voz meiga enquanto seus olhos verdes piscavam, “eu quero marcar consulta, mas a secretária não ta aí...”.
Jesus Cristo! Era a menininha que ele havia atropelado, o espírito viera para assombra-lo...
“Sabe, eu fui atropelada por um cara feio num carro daqueles bem comuns... E meu dente de leite caiu”.
John começou a chorar. Feio? Comum? Será que era verdade mesmo? Ele não era famoso? Perguntou então pra menina meiga “Sou uma pessoa comum?”. Ela perturbada, respondeu angelicalmente “Claro que é, como todos homens”.
John saiu correndo e pulou da grande janela da sala de espera de seu consultório, e enquanto caía seis andares abaixo, percebeu a verdade. Ele era John, somente John, simplesmente John, e se não era para ser famoso, ou pelos ter uma carreira e prestígio por ela, não valeria viver. John nunca soube o que era viver.
 
A idéia é boa.

Mas, como texto simbólico, ele poderia ser mais curto.

Veja bem, você poderia se ater mais à idéia principal e cortar partes desnecessárias.

E o final ficou explicativo demais, não precisava disso. Ele poderia ter se jogado pela janela e pronto, o leitor ia entender a mensagem do mesmo jeito.

Preste atenção também nas partes repetitivas.

Mas a idéia é boa.
 

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