[Kementari] Paixões esquecidas.
Paixões esquecidas.
O negro rio de cabeças parara de correr por sob a minha janela. Talvez fosse o ar que não o deixasse escorrer. Denso e cheiroso, havia envolvido criaturas antigas que habitaram o Mundo de outrora. Despertava uma negra Nostalgia perdida no coração dos apaixonados.
E a isso os ventos cantavam. Ventos que por sua plenitude não agitavam os cabelos. Apaixonantes ventos que traziam amores. Densos ventos com aroma de cravos e jasmins. Cerrados por entre os troncos velhos e esgueirados, paciente público de mínimas maravilhas inacreditáveis. Agentes sinestésicos que carregavam em sua essência a mais primitiva felicidade.
Amor. O amor que os ventos cantavam que eu tanto conheci. Amor que em outros tempos passava por aquele mesmo ar que eu respirava, e aos poucos estava voltando, das entranhas daquela terra intocada para invadir o coração e a mente dos homens e das criaturas. Formidáveis criaturas que habitavam igualmente os vales e as montanhas, e que agora se engrandeciam.
Aos poucos a fonte se encheu. E derramou, extravasando seu conteúdo pelo vento.
Nostalgia. Amores perdidos que eu sentia pulsar em meu coração. Amores que eu sempre amei. Sombras da minha própria existência. Sulcos da minha pele, cuja beleza se esvaía com o Sol.
O Sol. Sol que manchou de sangue aquela paisagem, e o ar se coloriu. O amor reteve o vermelho daquela morte - engrandecendo a minha beleza, que foi antiga como aquela luz magnífica. Mas que em minha prisão de raízes e seixos, e garranchos de solidão, jamais pôde ser contemplada. - E não o libertou sequer com a chegada de grandioso crepúsculo céu de opala, que trouxe à minha solidão a definha que lhe fez jus.
Vermelha definha. Que afetou os olhos mas não o coração. Coração manchado de vermelho, que pulsaria na alvorada, e se embeberia do ópio daqueles ares nevoentos. Névoas vermelhas, pequenos milagres que tocavam a pele, e ali se consumiam em segredo, dissolvendo a sua alma em êxtase.
Solidão. Solidão disforme que fazia ver pés encobertos pela névoa e sangrados pelo chão. Vermelha trilha conflitante com a névoa que havia esvaído. Escorria pela pedra negra para cair em rio desconhecido, de turvas águas claras que nunca corriam para longe, e se fechavam nos limites do ar.
Troncos. Castanheiras que viram o tempo passar. E o conseguiam contemplar como os seres que encerravam.
E a vastidão dos campos era solitária para os troncos velhos e viciados. E solitários. Solitários como os seres que não viam os campos e caíam com seus odores. Para o crepúsculo eram no fim, seres enraizados, profundos em seu próprio abismo, que amavam enquanto contemplavam a densidade dos olhos de elefantes. Que nunca esqueceram.
Vale escuro de seixos e ventos dourados. Mantas sedutoras e junco confortante. Um universo grandioso em sua pequenitude. Seu céu multicolor, e com uma densidade carregada de detalhes, uma vida em eterno rem, com as pupilas dilatando e se contorcendo, que enxergam aonde os ventos vermelhos as levam. Uma densidade irreal, que arrasta cada momento, e torna a Nostalgia perdida.
Amores envolvidos em seixos no coração nostálgico de sonhadores de almas vermelhas, perdidas em vales profundos de obscura solidão.
Apaixonante sonho meridional de tempos esquecidos.
Paixões esquecidas.
O negro rio de cabeças parara de correr por sob a minha janela. Talvez fosse o ar que não o deixasse escorrer. Denso e cheiroso, havia envolvido criaturas antigas que habitaram o Mundo de outrora. Despertava uma negra Nostalgia perdida no coração dos apaixonados.
E a isso os ventos cantavam. Ventos que por sua plenitude não agitavam os cabelos. Apaixonantes ventos que traziam amores. Densos ventos com aroma de cravos e jasmins. Cerrados por entre os troncos velhos e esgueirados, paciente público de mínimas maravilhas inacreditáveis. Agentes sinestésicos que carregavam em sua essência a mais primitiva felicidade.
Amor. O amor que os ventos cantavam que eu tanto conheci. Amor que em outros tempos passava por aquele mesmo ar que eu respirava, e aos poucos estava voltando, das entranhas daquela terra intocada para invadir o coração e a mente dos homens e das criaturas. Formidáveis criaturas que habitavam igualmente os vales e as montanhas, e que agora se engrandeciam.
Aos poucos a fonte se encheu. E derramou, extravasando seu conteúdo pelo vento.
Nostalgia. Amores perdidos que eu sentia pulsar em meu coração. Amores que eu sempre amei. Sombras da minha própria existência. Sulcos da minha pele, cuja beleza se esvaía com o Sol.
O Sol. Sol que manchou de sangue aquela paisagem, e o ar se coloriu. O amor reteve o vermelho daquela morte - engrandecendo a minha beleza, que foi antiga como aquela luz magnífica. Mas que em minha prisão de raízes e seixos, e garranchos de solidão, jamais pôde ser contemplada. - E não o libertou sequer com a chegada de grandioso crepúsculo céu de opala, que trouxe à minha solidão a definha que lhe fez jus.
Vermelha definha. Que afetou os olhos mas não o coração. Coração manchado de vermelho, que pulsaria na alvorada, e se embeberia do ópio daqueles ares nevoentos. Névoas vermelhas, pequenos milagres que tocavam a pele, e ali se consumiam em segredo, dissolvendo a sua alma em êxtase.
Solidão. Solidão disforme que fazia ver pés encobertos pela névoa e sangrados pelo chão. Vermelha trilha conflitante com a névoa que havia esvaído. Escorria pela pedra negra para cair em rio desconhecido, de turvas águas claras que nunca corriam para longe, e se fechavam nos limites do ar.
Troncos. Castanheiras que viram o tempo passar. E o conseguiam contemplar como os seres que encerravam.
E a vastidão dos campos era solitária para os troncos velhos e viciados. E solitários. Solitários como os seres que não viam os campos e caíam com seus odores. Para o crepúsculo eram no fim, seres enraizados, profundos em seu próprio abismo, que amavam enquanto contemplavam a densidade dos olhos de elefantes. Que nunca esqueceram.
Vale escuro de seixos e ventos dourados. Mantas sedutoras e junco confortante. Um universo grandioso em sua pequenitude. Seu céu multicolor, e com uma densidade carregada de detalhes, uma vida em eterno rem, com as pupilas dilatando e se contorcendo, que enxergam aonde os ventos vermelhos as levam. Uma densidade irreal, que arrasta cada momento, e torna a Nostalgia perdida.
Amores envolvidos em seixos no coração nostálgico de sonhadores de almas vermelhas, perdidas em vales profundos de obscura solidão.
Apaixonante sonho meridional de tempos esquecidos.