Ka Bral o Negro
Tchokwe Pós-Moderno
[Ka Bral o Negro][A Filha do Sol e o Elfo das Trevas]
Estou de volta
Relato 1 – As diferenças que criamos parte 1
NARRADOR
Dois homens caminham pelos corredores. São altos, de pele negra e olhos cor de cobre, narizes largos e chatos e lábios grossos. Um é completamente careca, enquanto o outro possui longas tranças escuras que lhe descem até os ombros. Ambos exibem o torso nu e forte, onde são notáveis inúmeras tatuagens em forma de serpentes dracônicas. Trajam apenas saiotes vermelhos e dourados, e cordões de contas de ouro que lhes envolvem o pescoço e os pulsos. O homem careca pára, olha pela janela quadrada do corredor dourado e suspira:
ZURON
Está escuro lá fora.
NARRADOR
E o homem de tranças, admirado, pára ao seu lado e lhe responde:
NARAN
É óbvio. É noite agora.
ZURON
Mas sinto algo estranho no ar. O Vento Negro está soprando.
NARAN
Do que está falando? Nada tem a temer, contudo. Estamos numa fortaleza, no magnífico Palácio do Sol. E aqui, há uma chama que nunca se apaga. Bem sabe disso.
ZURON
Sim. Todos de nosso povo sabem. Aqueles que estabeleceram suas moradias atrás das poderosas muralhas do Reino de Zandara conhecem a história da Chama Mystica que brilha no Salão da Rainha. Há muitos séculos atrás, se conta o fogo que jamais se apaga nos foi dado pelo próprio Altazzar, Senhor Supremo dos Dragões.
NARAN
Exatamente. Portanto, nem dragão, nem fada, nem gigante, nem espírito obscuro podem nos alcançar. A segurança nossa é total, e as demais raças de homem invejam nosso poder e prestígio.
ZURON
Você se engana, assim como a maioria de nosso povo. Considera-se superior a todos os que pertençam a outras tribos, mas isso não é verdade. Existe apenas uma única raça de homem, e dela todos nós fazemos parte. Perante a Mãe Natureza que nos concebeu, somos todos iguais. No entanto, a insistência em se apontar diferenças que não existem é que tem sido a principal causa da ruína dos homens. Você sabe, não? No início, quando aqueles da raça humana iniciaram seus primeiros passos pelo Continente, eram todos de pele negra, tal como nós ainda somos. Mas a humanidade tomou rumos separados; houve aqueles que deixaram as Terras Centrais e se dirigiram ao Litoral, recusando-se a prestar serviços aos dragões, e fundaram a tribo de Malgária. Houve aqueles partiram para as montanhas e foram prestar serviços aos gigantes, e se tornaram teldorianos; e houve aqueles que deixaram o Continente, atravessaram as Montanhas de Cobre e desapareceram no Extremo Norte. E nunca mais se ouviu falar deles... até agora.
continua...
Estou de volta
Relato 1 – As diferenças que criamos parte 1
NARRADOR
Dois homens caminham pelos corredores. São altos, de pele negra e olhos cor de cobre, narizes largos e chatos e lábios grossos. Um é completamente careca, enquanto o outro possui longas tranças escuras que lhe descem até os ombros. Ambos exibem o torso nu e forte, onde são notáveis inúmeras tatuagens em forma de serpentes dracônicas. Trajam apenas saiotes vermelhos e dourados, e cordões de contas de ouro que lhes envolvem o pescoço e os pulsos. O homem careca pára, olha pela janela quadrada do corredor dourado e suspira:
ZURON
Está escuro lá fora.
NARRADOR
E o homem de tranças, admirado, pára ao seu lado e lhe responde:
NARAN
É óbvio. É noite agora.
ZURON
Mas sinto algo estranho no ar. O Vento Negro está soprando.
NARAN
Do que está falando? Nada tem a temer, contudo. Estamos numa fortaleza, no magnífico Palácio do Sol. E aqui, há uma chama que nunca se apaga. Bem sabe disso.
ZURON
Sim. Todos de nosso povo sabem. Aqueles que estabeleceram suas moradias atrás das poderosas muralhas do Reino de Zandara conhecem a história da Chama Mystica que brilha no Salão da Rainha. Há muitos séculos atrás, se conta o fogo que jamais se apaga nos foi dado pelo próprio Altazzar, Senhor Supremo dos Dragões.
NARAN
Exatamente. Portanto, nem dragão, nem fada, nem gigante, nem espírito obscuro podem nos alcançar. A segurança nossa é total, e as demais raças de homem invejam nosso poder e prestígio.
ZURON
Você se engana, assim como a maioria de nosso povo. Considera-se superior a todos os que pertençam a outras tribos, mas isso não é verdade. Existe apenas uma única raça de homem, e dela todos nós fazemos parte. Perante a Mãe Natureza que nos concebeu, somos todos iguais. No entanto, a insistência em se apontar diferenças que não existem é que tem sido a principal causa da ruína dos homens. Você sabe, não? No início, quando aqueles da raça humana iniciaram seus primeiros passos pelo Continente, eram todos de pele negra, tal como nós ainda somos. Mas a humanidade tomou rumos separados; houve aqueles que deixaram as Terras Centrais e se dirigiram ao Litoral, recusando-se a prestar serviços aos dragões, e fundaram a tribo de Malgária. Houve aqueles partiram para as montanhas e foram prestar serviços aos gigantes, e se tornaram teldorianos; e houve aqueles que deixaram o Continente, atravessaram as Montanhas de Cobre e desapareceram no Extremo Norte. E nunca mais se ouviu falar deles... até agora.
continua...