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[L] [Ka Bral][Decassílabos Heróicos e Heróicos Quebrados...]

Legal, Ka Bral, nice poems. Seus poemas tem um "quê" que me lembra a poesia de muitos autores consagrados. Tomara que tenha o mesmo destino deles!

Eu mesmo antigamente não ligava muito para métrica, mas nos meus últimos poemas (todos sobre a terra-média) eu tenho procurado seguir essa linha, até porque o poema adquire maior beleza e musicalidade. Não tenho ainda, contudo, habilidade para escrever somente em decassílabos. Costumo escrever primeiro um verso da estrofe, depois o meço e repito o número da métrica nos outros versos da mesma estrofe. Mas ainda almejo alcançar essa sua habilidade.

Parabéns!
 
Ei, adorei os poemas. Acho incrível esse gosto que você tem pela literatura, pela língua portuguesa e pela poesia. Isso fica maior ainda quando vejo esses decassílabos, sinto que estou lendo poemas numa aula de literatura, muito bom.

Agora, desculpa a pergunta meio fora de contexto, mas, como vestibulando, eu queria saber uma coisinha... Você disse que tonifica necessariamente a segunda, quarta e décima sílaba, né? Que decassílado é esse? Vai que isso cai num vestibular aí, é bom eu estar preparado, né?

Obrigado! E parabéns pelo trabalho!
 
Muito agradecido pelos elogios. Esforço-me para melhorar cada vez mais, e a opinião de vocês é muito importante. ^^

Fëauryg Felagund disse:
Legal, Ka Bral, nice poems. Seus poemas tem um "quê" que me lembra a poesia de muitos autores consagrados. Tomara que tenha o mesmo destino deles!
Minha meta é superá-los, todos.

Fëauryg Felagund disse:
Costumo escrever primeiro um verso da estrofe, depois o meço e repito o número da métrica nos outros versos da mesma estrofe. Mas ainda almejo alcançar essa sua habilidade.
Cante uma melodia, sem letra; conte o número de "sílabas" do ritmo que voc~e criou. Encaixe um verso nesse ritmo. Não precisa, necessariamente, ser um decassílabo; pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos ou mesmo dodecassílabos também são muito bons.

Melkor disse:
Acho incrível esse gosto que você tem pela literatura, pela língua portuguesa e pela poesia. Isso fica maior ainda quando vejo esses decassílabos, sinto que estou lendo poemas numa aula de literatura, muito bom.
Imensa é a minha satisfação por saber que passo tal impressão. ^^

Melkor disse:
Agora, desculpa a pergunta meio fora de contexto, mas, como vestibulando, eu queria saber uma coisinha... Você disse que tonifica necessariamente a segunda, quarta e décima sílaba, né? Que decassílado é esse? Vai que isso cai num vestibular aí, é bom eu estar preparado, né?
Duvido que isso caia no vestibular, mas saiba que o decassílabo acentuado fundamentalmente nas e 10ª sílabas (mas com possibilidades de acentuações secundárias na 8ª) é chamado de HERÓICO; o de acentuação na 4ª, 8ª e 10ª sílabas é chamado de SÁFICO.

Há outras nomenclaturas, mas muito raras (exemplo: 4ª, 7ª e 10 ª sílabas - VERSO DE GAITA GALEGA).

Eu uso a tonificação que se enquadrar na melodia por mim proposta.
 
Esse lance de heróico e sáfico eu qcreio que não cai, mas sobre versoso decassílabos, chamados d medida nova, caem sim.

De resto: Ka Bral, seus poemas estão excelentes. :clap:
 
Alucinado

Vamos, sem demora, faça algo rápido!
Alucinadamente pressionado...
Atropeladamente contestado...
Problema teu, te vira, sê mais prático!

Angústia te atinge, sintomático!
Laboriosamente fuzilado...
Miseravelmente paralisado!...
Neurônios que fervilham como ácido!

Não pense, faça, urge o tempo lógico!
Cancela teu relógio biológico!
E escorrem-se lampejos criativos...

Se não fizeres nada de “profundo”,
Chamar-te-ão, sem dó, de vagabundo!
Cruel sistema nosso, convulsivo!
 
O verso de seis sílabas, o hexassílabo, combina-se muitíssimo bem com o Decassílabo Heróico, tanto que é chamado de Heróico Quebrado; mesmo sendo a propostadeste meu tópico de escrever somente versos decassílabos, tomei a liberdade de usar alguns heróicos quebrados neste soneto:



Bruxa

Ó, Devota das Trevas,
Lança-me teu feitiço!
Lança-me teu olhar turvo e maciço,
Cuja sombra abissal minha alma eleva...

Bruxa dos medalhões ritualísticos!
Convoca as sombras pútridas!
Imola as virgens cúpidas!
Dança a luz duma lua cabalística...

A sombra que fulgura
Naquela carne impura
Exala odores sádicos, tantálicos...

Bruxa de dons diversos,
Escrevo-te estes versos
Medonhamente góticos, metálicos!
 
Muito bom, cara. Mesmo. Acho que Alucinado foi a melhor coisa que já li aqui no bardos...
 
Gostei muito desses dois últimos. Admiro mto quem consegue fazer o poema não ficar "forçado", mesmo prestando atenção a tantos detalhes de métrica e entonação.

:clap:
 
Muitíssimo agradecido pelos elogios.

Na Ópera Macbeth, na qual recentemente trabalhei, há um número de balé de 12 minutos, entre Hécate, as Bruxas Bailarinas e os Gárgulas, e eu, como Gárgula, participei deste grande número. Inspirado neste acontecimento, escreve este soneto decassílabo:


As Bruxas Bailarinas de Macbeth

Ó Bruxas de sinistra natureza!
Envolvem-nos com nuvens de feitiço!
Laceram-nos com gozos compulsivos!
Dança de demoníaca grandeza...

Ó Bruxas de raríssima beleza!
Fascinam-nos c’encantos aflitivos!
Envolvem-nos em fluxos convulsivos!
Fadas de diabólica leveza...

Das brumas, os tentáculos quiméricos
Que emergem, vigorosos e simétricos,
Saúdam as formosas damas sádicas...

Debaixo dum luar ritualístico,
Exalam os feitiços cabalísticos
Desta dança magnífica, fantástica!


Espero que o Lord das Pás goste desse também! :mrpurple:
 
Deste aqui o Lord Paçoca deve gostar...


Duendes

Na escuridão da noite,
Pequenos seres fogem...
Fugindo dos açoites,
Por suas vidas correm!...

Na escuridão dos becos,
Açoites cospem fogo;
Derramam sangue azedo
Sem chances de socorro...

Maliciosamente,
Castigam os duendes,
E lamentavelmente,
Os taxam: delinqüentes!

Pequenos seres pretos,
Largados e perdidos
Na lama dos desejos
Inglórios e proibidos...

Pequenos seres pretos
Nas ruas se contorcem...
Não é nenhum segredo,
Entorpecidos sofrem!

Pequenos descendentes
Da Raça injustiçada!
Axé, sobreviventes!
Moral estraçalhada!...
 
Cabral, definitivamente eu gosto muito da sua poesia.
:grinlove:


Eu ainda fico a pensar onde você busca inspiração? Você costuma ler algum autor em especial em se tratando de poemas? Esse último me lembrou um dos meus favoritos: Navio Negreiro de Castro Alves.

Eu já li Castro umas 15 vezes, sei inclusive decor quase todo o poema. :grinlove:

Sabe o que mais eu gosto? Da mensagem e de como você passa ela... de forma magnificamente bem escrita, com as palavras certas e nos lugares certos. Inclusive com relações fantásticas, que demonstram conhecimento e criatividade como no título: As Bruxas Bailarinas de Macbeth .

Enfim, eu gostei mesmo, mesmo.

Eu não sei se alguém já falou, mas apesar de eu ter um gosto pelos movimentos modernistas que não cultuam muito o ritmo e a forma, eu acho fundamental que autores atuais não se esqueçam de experimentar temas modernos com a métrica clássica.... O resultado pode ser extremamente bonito, como vemos na poesia Cabralesca. hehe.
 
Cara, este último eu nãu curti muito não... está bem feito e a estética está bonita, mas o tema põe tudo a perder, IMO.

Mas você tem talento, cara. Tem sim.
 
LordPaçoca disse:
Cabral, definitivamente eu gosto muito da sua poesia.
É muito bom ouvir isso, obrigado. 8-)

LordPaçoca disse:
Eu ainda fico a pensar onde você busca inspiração? Você costuma ler algum autor em especial em se tratando de poemas? Esse último me lembrou um dos meus favoritos: Navio Negreiro de Castro Alves.
Por enquanto, leio Cruz e Souza (meu predileto), Camões, Bilac e Augusto dos Anjos. Qualquer decassílabo que cai em minhas mãos é válido. Li pouquíssimo de Alves.

Minha inspiração é o Mundo. Tudo o que acontece ao meu redor fornece-me idéias. Os devaneios de minha mente são minha fonte principal, contudo...

LordPaçoca disse:
Sabe o que mais eu gosto? Da mensagem e de como você passa ela... de forma magnificamente bem escrita, com as palavras certas e nos lugares certos. Inclusive com relações fantásticas, que demonstram conhecimento e criatividade como no título: As Bruxas Bailarinas de Macbeth .
Prezo a Criativade acima de todas as virtudes da escrita. Em segundo, equiparado, a estética e os temas. Para que eu possa melhorar ainda mais, não tenho outra escolha senão escrever, escrever, escrever e expor meus trabalhos a olhares críticos. Estou ainda muito aquém do que pretendo, mas é por isso que treino, todos os dias.

LordPaçoca disse:
Eu não sei se alguém já falou, mas apesar de eu ter um gosto pelos movimentos modernistas que não cultuam muito o ritmo e a forma, eu acho fundamental que autores atuais não se esqueçam de experimentar temas modernos com a métrica clássica.... O resultado pode ser extremamente bonito, como vemos na poesia Cabralesca. hehe.
Desde que eu descobri a métrica portuguesa, nunca mais deixei de estudá-la. Não consigo mais escrever versos livres.

Os temas, atuais ou não, o que me for pertinente eu transformarei em poesia. Ou prosa...

str1ker disse:
Cara, este último eu nãu curti muito não... está bem feito e a estética está bonita, mas o tema põe tudo a perder, IMO.
É aí que está a beleza da divergência de opiniões. meus colegas de Letras, na Faculdade, em sua maioria preferem Duendes a todos os outros poemas que já escrevi, inclusive minhas professoras de Português. Provavelmente, a temática os comove, e por isso a prediletação.

São poucos os que gostam de meus poemas de temáticas fantásticas, como Bruxas Bailarinas de Macbeth, mas isso já era esperado, bem como era previsível os menos criteriosos gostem mais de poemas semelhantes ao Peles Crepitantes (primeira página deste tópico).

Obviamente, preocupo-me em agradar a mim mesmo, antes de qualquer outro; como tal objetivo ainda não foi alcançado, continuo tentando.

str1ker disse:
Mas você tem talento, cara. Tem sim.
Muito agradecido.
 
Ka Bral disse:
É aí que está a beleza da divergência de opiniões. meus colegas de Letras, na Faculdade, em sua maioria preferem Duendes a todos os outros poemas que já escrevi, inclusive minhas professoras de Português. Provavelmente, a temática os comove, e por isso a prediletação.

São poucos os que gostam de meus poemas de temáticas fantásticas, como Bruxas Bailarinas de Macbeth, mas isso já era esperado, bem como era previsível os menos criteriosos gostem mais de poemas semelhantes ao Peles Crepitantes (primeira página deste tópico).

Obviamente, preocupo-me em agradar a mim mesmo, antes de qualquer outro; como tal objetivo ainda não foi alcançado, continuo tentando.
Cara, eu sou um pouco chato nessa questão. Pra mim, poemas, livros, música, enfim, tudo que demonstra certo engajamento com questões sociais (raciais, so seu caso), políticas, atuais, etc., eu tenho tendência a achar um pouco chato. Boa parte da beleza, do encanto, enfim, do efeito que causa em mim, perde-se quando vejo alguma intenção do autor expressar sua posição sobre algo.

Eu vejo a arte como uma forma de refúgio ao mundo atual. Talvez por isso, quanto mais desengajada, despreocupada, irrelevante e, parafraseando Oscar Wilde, inútil, mais funciona como arte.

Mas você não escreve mal não. Não mude seu estilo por causa de mim que sou um completo ignorante quando trata-se de versos. Julgue-a como opinião sem valia, de um leigo, um ninguém qualquer. :P
 
Hmmm... Oi.

Numa Noite Improvável

Numa noite improvável, com estrelas
Rutilantes no céu. Noite improvável,
Nunca imaginaria conhece-la!
Mas lá fui encontrá-la, inabalável.

Contemplava a baía no marítimo
Percurso até ela. Contemplava,
Distraído, um luar belo, legítimo.
Numa noite agradável eu sonhava.

Cheguei. Pessoas saem apressadas,
Caladas; tomam seus rumos. Eu, lânguido,
E trêmulo, fui lá, grandes passadas
Separavam-me dela. Vamos, ânimo!

Pois estava ela lá. Cruzados os braços,
Talvez impaciente, pressuponho;
Aproximei-me, rápido, a passos
Ávidos; deparei-me com um Sonho:

Tranças brilhantes, tranças cintilantes,
A pele de azeviche; que doçura...
Lindíssimo sorriso! Eu nunca antes
Contemplara tão bela formosura!

Nunca imaginei tamanha beleza;
Queimava em peito uma ânsia aflitiva
Perante aquela fada! Com certeza,
A flor africana definitiva!

E quando nossos lábios se tocaram,
Quando despertei para essa verdade,
Os espíritos, sim, me abençoaram!
Meu desejo tornou-se realidade!
 
Angústia

Querida angústia minha,
Por obséquio, devora-me as entranhas...
Angústia que caminha
Em mentes tão brilhantes, tão estranhas...

Em pensamentos lassos,
Imagens e desejos tão distantes...
Através dos espaços
Sufocam-me sensações sufocantes...

Tristeza inexplicável;
Tristeza tola, incômoda e mirrada!
Tolice abominável;
Patética figura derrotada...

Que dor mais enfadonha!
Imóvel nesta estúpida impotência...
Que languidez medonha!
A culpa me consome sem clemência...

Imensa dor de espírito
Que exala da carência de atenção...
E, como um verme empírico,
Amarga na lama da depressão...

Não move nem um dedo
P’r’a aliviar a dor que te devora...
Imerso em caldo azedo,
Produto da tua mente lastimosa...

Um caldo borbulhoso
De medos, ódios e ressentimentos...
Um cálice espumoso
De pútridas lamúrias e lamentos...

Um caldo purulento
Fervilha nesta mente carcomida...
Angústia, sofrimento,
Consome esta figura suicida!...

Angústia, minha mestra!
Senhora da Carência e Desespero...
Angústia que me presta
Tanta ânsia e sofrimento com esmero...

Angústia, Divindade!
Magnífica Rainha do Desprezo!
Ó, pútrida verdade!
Sofrer foi sempre o meu maior desejo!...
 
Eu gostei mais do Angústia, Ka Bral. :D

Mas eu acho que eu gostei mesmo é porque eu me identifiquei com a coisa, ou melhor, todos passamos por momentos assim e você descreve tudo isso com maestria.

Eu nunca dei muito valor a forma poética das poesias, sempre gostei mais do modernismo a um parnasiano barato, entretanto existem formas de auxiliar o apreço pela forma e pela língua com conteúdo decente e envolvente, sem querer puchar sardinha pro seu lado, mas eu acho que você consegue fazer isso. =]
 
Confesso não li todos os poemas, mas os que li gostei bastate. É muito raro alguem conseguir verdadeiramente forma e conteudo. Meus parabens, os que eu li são muito bons, e não caem no velho cliche no qual ao se esmerar na forma o conteúdo fica imperfeito, muito pelo contrario. Prometo visitar outras vezes o topico e ler os que ainda não li. Já leu Jorge de Lima?
 

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