Gwiddion Walsh
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[Gwiddion Walsh][Os Filhos da Noite]
Anteriormente chamada de Histórias de vampiros. Agora os textos estão unificados para aqueles que querem ler desde o princípio. como sempre aguardo suas críticas e sugestões...
Cap. 1
Você deve estar pensando, caro Vittorio, que ser imortal é uma benção. Juventude e vida eternas. Você sempre se atraiu por essa idéia, e isso o trouxe a mim. Então, deixe-me contar o lado adverso dessa imortalidade, antes de satisfazê-lo com esse Dom.
Contarei a minha história e a de meu criador, que mistura-se tão bem com a história de nossa raça, a raça dos vampiros. Nasci para as trevas, como você gosta de dizer, em 500 a.C. aquele que fez de mim um vampiro sumiu pouco tempo depois de eu ter nascido.
É claro que ele me ensinou muita coisa, mas quem não sente a falta de um pai quando ele simplesmente somo sem explicar o motivo? Como vê, continuo, sob muitos aspectos, como um simples mortal. Não somente eu sou assim, mas a maioria de nós.
Ninguém sabe ao certo quem nos criou, ou quem foi o primeiro vampiro. Marius, que era como o meu criador se chamava, era um dos vampiros mais antigos e nem ele sabia ao certo... há uma lenda que diz que, originalmente, éramos guardiões da Terra. Não, não somos anjos. Eles não possuem corpo e eu, como você pode perceber, possuo um. Também não somos humanos, eis que não morremos ou envelhecemos.
No início deveríamos e ajudá-los quando achávamos necessário ou quando a situação se agravava. Por essa condição fomos chamados de Gaia pelos gregos. A deusa da Terra, o espírito do planeta. Em nossa honra foram feitos sacrifícios, que desagradaram muitos de nós. Muitos vampiros não gostaram da idéia de serem honrados como divindade protetora, mesmo que não tivessem consciência de sua verdadeira natureza.
Você conhece a história desses rituais e libações tão bem quanto eu. Não são exclusivos dos gregos, mas foi nessa época que eles se tornaram mais importantes e imponentes. “O tempo é remédio para tudo” diz um adágio popular. Com o tempo, os antigos perceberam que o sangue derramado nesses rituais era poderoso. Depois deles terem se acostumado a beber desse sangue, todos os seus descendentes nasceram com essa inesgotável sede de sangue.
Marius foi um dos vampiros que acabaram cedendo ao poder do sangue. isso, e muitas outras coisas, ele me ensinou no pouco tempo que passamos juntos; o resto tive de aprender sozinho. Reencontrei Marius na corte do rei-sol. Belo como sempre. Exatamente igual ao homem por quem me apaixonei quando vivo. A única diferença é que Marius tinha nos olhos a profundeza do Oceano e uma tristeza que me deprimia.
Eu sempre disse que tudo o que você deseja tem um preço, lembra-se Vittorio? Marius disse-me isso, e completou dizendo: “O preço da imortalidade é ver todas as coisas que você gosta morrerem, sem cessar. É um ciclo que se prolonga por toda a eternidade. Assim eu vi meus amigos, minha família, meus amores morrerem sem que eu pudesse fazer nada. Vi impérios nascerem e ruírem a minha volta. Povos que convivi e amei desapareceram deixando nada além de um tênue vestígio.”
“Imagine com é perder tudo e todos a sua volta, vivendo um pouco em cada lugar. Não poder casar nem ter filhos. Ser puro e simplesmente, solitário. Você pode até gostar disso por séculos e divertir-se muito. Mas o que vai diverti-lo após mais de três mil anos? A humanidade, em sua essência, não mudou muito. Você não se surpreende mais com grandes festas, guerras ou histórias de amor. Já viu isso se repetir por milhares de anos.”
“O preço, amado Lucien Leuwen, é nunca saber o que é morrer, nunca descansar e nem saber o que há depois da morte. Nunca ver um amor correspondido ou ver um filho nascer e se tornar um homem.” Marius pediu que eu o livrasse desse peso. Esse foi um dos motivos pelo qual me transformou em vampiro. Ele queria um mortal, como ele fora um dia, apaixonado pela vida e uma vontade quase inesgotável de aprender, virasse um vampiro e acabasse com essa agonia de “não-morte”.
Para isso ele precisava que eu compreendesse o que é ser imortal e o que a imortalidade representava, para que assim tivesse seu desejo atendido. Marius não podia se matar, mesmo querendo, pois isso é algo impossível para nossa espécie. Vi que ele tinha perdido o encanto de viver eternamente, e por isso, concordei.
Antes de pôr fim ao seu sofrimento, Marius deu-me o poder de vida e morte sobre humanos e vampiros. Confesso que por vezes também canso de viver, mas no fundo continuo o mesmo mortal apaixonado pela vida que Marius conheceu um dia. Posso torná-lo meu companheiro por essa noite sem fim que vivo, mas você deve estar disposto a pagar o preço por isso. Então, o que escolhe?
Cap. 2
Amado Vittorio, divertindo-se muito? Somente um vampiro para compreender a delícia que é ser imortal. Desculpe-me pelo tom nefasto de nossa última conversa, mas precisava preveni-lo de que nem tudo é um mar de rosas. Não suportaria fazê-lo meu companheiro e depois ter de dizer adeus... isso já aconteceu por mais vezes que eu poderia suportar.
Deixando de lado as declarações de amor, gostaria de lhe contar uma passagem um pouco obscura de nossa história. Vampiros não foram feitos para viver em comunidade e muito menos para serem muito numerosos. “o poder seduz, e na maioria da vezes, corrompe”. Com o passar do tempo, alguns de nós desejavam que os humanos fossem tratados como gado, já que serviam como nosso alimento.
Outro argumento é de que estávamos no topo da cadeia alimentar e, portanto, tínhamos o direito de dominar os humanos. Quando começaram a falar esse tipo de besteira ninguém deu muita importância. Isso já havia acontecido outras vezes em nossa longa história e todos se lembravam do que aconteceu na última vez que aconteceu uma revolta de vampiros.
Quem se arriscaria a recomeçar uma guerra tão sangrenta que, apesar de envolver somente vampiros, teve conseqüências tão drásticas para os humanos?
Você deve se lembrar de uma época da história que se refere ao massacre dos protestante, feito por ordem de Catarina de Médicis. Esse foi o resultado de uma de nossas batalhas... nem todos os que morrerem eram vampiros, mas tínhamos que desviar a atenção dessa nossa pequena guerra.
O que tornou-se evidente, dessa vez, é que muitos vampiros poderosos estavam predispostos a aceitarem a opinião dessa facção. Eles já estavam cansados de viver sob o controle de nossas regras antiquadas.
Queriam um mundo mais livre para o divertimento e para a caça. Por mais que eu tente, não lembro qual foi o estopim para o começo das batalhas. Quando percebi a luta entre as facções rivais já havia começado e estava mais sangrenta do que nunca.
Você devia ter visto... ninguém podia andar sozinho na rua ou corria o risco de ser morto. Imagine a que ponto tínhamos chegado: vampiros, imortais, com medo de morrerem. Até hoje isso provoca boas risadas... como percebeu, eu era muito arrogante para ter medo de vampiros tão fracos como os que povoavam a Europa naquela época. Toda vez que um , ou um bando deles, tentava me atacar, eu os liquidava com uma indiferença que o deixaria louco Lucien.
Foi essa mesma indiferença, esse excesso de auto confiança que quase custou a minha vida.
Malak. Esse era o nome do vampiro que quase me matou. Era tão antigo quanto eu mas muito mais poderoso. Nem mesmo todo o poder que eu tinha era capaz de feri-lo. Na noite em que ele me encontrou tivemos uma luta belíssima. Quem olhasse de longe acharia que eram dois bailarinos que ensaiavam uma coreografia. Ambos éramos magos, mas ele era mais inteligente. Malak fez com que eu me cansasse de tanto usar magia para derrotá-lo e só depois começou a atacar. Bem, tente imaginar o que sobrou de mim... humilhado e derrotado.
Quando eu já estava pronto para juntar-me a Marius, e Malak pronto para desferir o golpe final, senti uma aura poderosíssima. Isso fez com que eu me encolhesse de medo, e olhe que isso não é comum! Quando eu vi, Malak estava flutuando e tentando se livrar de alguma coisa que o estava sufocando. ouvi uma gargalhada que me deixou mais apavorado ainda. Foi nesse momento que aquela coisa falou:
- Malak, você não tem medo de morrer? Como espera que um vampiro tão fraco como você possa me derrotar? Nasci na noite dos tempos sou a origem e o fim do que você é, do que você procura. Não há mortal ou imortal que faça frente ao meu poder. Diga adeus a esse belo mundo, sua jornada chegou ao fim.
Nessa hora Malak gritou e seu grito foi abafado por um grito ainda maior. Mais tarde vi que o outro grito era meu, que havia visto aquele vampiro, que de tão antigo chegava a ser grotesco, arrancar a cabeça de Malak com uma facilidade de alguém que corta um pão com uma faca muito afiada.
Nunca fui medroso, mas nessa hora eu fugi o mais rápido que pude. Infelizmente não fugi rápido o bastante. Antes que eu pensasse em respirar, aquele vampiro já estava na minha frente:
- Acabo de salvar a sua vida e é assim que voc6e me agradece? Não tenha medo, por enquanto. Marius era meu filho favorito, eu não poderia fazer mal àquele que Marius tanto amou. Siga em paz criança, mas lembre-se de que, por mais forte que você possa vir a ser, sempre haverá alguém mais forte. E não se preocupe com essa guerra estúpida, ela logo terá um fim.
Dito isso ele simplesmente sumiu. Como ele havia dito, essa guerra não durou por muito tempo mais. Dia após dia, todos os vampiros rebeldes foram mortos. Ninguém conseguia explicar como até mesmo os mais antigos dentre nós foram derrotados com tanta facilidade.
Agora você sabe. Naquela noite eu encontrei aquele de quem todos descendemos. Foi ele quem acabou com essa guerra estúpida. A harmonia voltou a reinar em nosso mundo. Regras mais flexíveis à caça foram impostas, assim como o limite de reprodução de vampiros. Mas depois daquela noite eu nunca mais fui o mesmo. Por várias noites sonho que um monstro me persegue e que dele eu não consigo fugir. Sempre que acordo desse sonho eu vejo uma linda rosa vermelha ao meu lado. Era o nosso criador lembrando-me do aviso daquela noite.
Acho que é mais do que um aviso, é uma ameaça. Ele sabe que sempre desejei o poder. Ele apenas está me lembrando que eu não posso ir tão longe quanto eu gostaria para consegui-lo, pois sempre vai haver alguém por perto para me vigiar, para vigiar a todos nós...
Anteriormente chamada de Histórias de vampiros. Agora os textos estão unificados para aqueles que querem ler desde o princípio. como sempre aguardo suas críticas e sugestões...

Cap. 1
Você deve estar pensando, caro Vittorio, que ser imortal é uma benção. Juventude e vida eternas. Você sempre se atraiu por essa idéia, e isso o trouxe a mim. Então, deixe-me contar o lado adverso dessa imortalidade, antes de satisfazê-lo com esse Dom.
Contarei a minha história e a de meu criador, que mistura-se tão bem com a história de nossa raça, a raça dos vampiros. Nasci para as trevas, como você gosta de dizer, em 500 a.C. aquele que fez de mim um vampiro sumiu pouco tempo depois de eu ter nascido.
É claro que ele me ensinou muita coisa, mas quem não sente a falta de um pai quando ele simplesmente somo sem explicar o motivo? Como vê, continuo, sob muitos aspectos, como um simples mortal. Não somente eu sou assim, mas a maioria de nós.
Ninguém sabe ao certo quem nos criou, ou quem foi o primeiro vampiro. Marius, que era como o meu criador se chamava, era um dos vampiros mais antigos e nem ele sabia ao certo... há uma lenda que diz que, originalmente, éramos guardiões da Terra. Não, não somos anjos. Eles não possuem corpo e eu, como você pode perceber, possuo um. Também não somos humanos, eis que não morremos ou envelhecemos.
No início deveríamos e ajudá-los quando achávamos necessário ou quando a situação se agravava. Por essa condição fomos chamados de Gaia pelos gregos. A deusa da Terra, o espírito do planeta. Em nossa honra foram feitos sacrifícios, que desagradaram muitos de nós. Muitos vampiros não gostaram da idéia de serem honrados como divindade protetora, mesmo que não tivessem consciência de sua verdadeira natureza.
Você conhece a história desses rituais e libações tão bem quanto eu. Não são exclusivos dos gregos, mas foi nessa época que eles se tornaram mais importantes e imponentes. “O tempo é remédio para tudo” diz um adágio popular. Com o tempo, os antigos perceberam que o sangue derramado nesses rituais era poderoso. Depois deles terem se acostumado a beber desse sangue, todos os seus descendentes nasceram com essa inesgotável sede de sangue.
Marius foi um dos vampiros que acabaram cedendo ao poder do sangue. isso, e muitas outras coisas, ele me ensinou no pouco tempo que passamos juntos; o resto tive de aprender sozinho. Reencontrei Marius na corte do rei-sol. Belo como sempre. Exatamente igual ao homem por quem me apaixonei quando vivo. A única diferença é que Marius tinha nos olhos a profundeza do Oceano e uma tristeza que me deprimia.
Eu sempre disse que tudo o que você deseja tem um preço, lembra-se Vittorio? Marius disse-me isso, e completou dizendo: “O preço da imortalidade é ver todas as coisas que você gosta morrerem, sem cessar. É um ciclo que se prolonga por toda a eternidade. Assim eu vi meus amigos, minha família, meus amores morrerem sem que eu pudesse fazer nada. Vi impérios nascerem e ruírem a minha volta. Povos que convivi e amei desapareceram deixando nada além de um tênue vestígio.”
“Imagine com é perder tudo e todos a sua volta, vivendo um pouco em cada lugar. Não poder casar nem ter filhos. Ser puro e simplesmente, solitário. Você pode até gostar disso por séculos e divertir-se muito. Mas o que vai diverti-lo após mais de três mil anos? A humanidade, em sua essência, não mudou muito. Você não se surpreende mais com grandes festas, guerras ou histórias de amor. Já viu isso se repetir por milhares de anos.”
“O preço, amado Lucien Leuwen, é nunca saber o que é morrer, nunca descansar e nem saber o que há depois da morte. Nunca ver um amor correspondido ou ver um filho nascer e se tornar um homem.” Marius pediu que eu o livrasse desse peso. Esse foi um dos motivos pelo qual me transformou em vampiro. Ele queria um mortal, como ele fora um dia, apaixonado pela vida e uma vontade quase inesgotável de aprender, virasse um vampiro e acabasse com essa agonia de “não-morte”.
Para isso ele precisava que eu compreendesse o que é ser imortal e o que a imortalidade representava, para que assim tivesse seu desejo atendido. Marius não podia se matar, mesmo querendo, pois isso é algo impossível para nossa espécie. Vi que ele tinha perdido o encanto de viver eternamente, e por isso, concordei.
Antes de pôr fim ao seu sofrimento, Marius deu-me o poder de vida e morte sobre humanos e vampiros. Confesso que por vezes também canso de viver, mas no fundo continuo o mesmo mortal apaixonado pela vida que Marius conheceu um dia. Posso torná-lo meu companheiro por essa noite sem fim que vivo, mas você deve estar disposto a pagar o preço por isso. Então, o que escolhe?
Cap. 2
Amado Vittorio, divertindo-se muito? Somente um vampiro para compreender a delícia que é ser imortal. Desculpe-me pelo tom nefasto de nossa última conversa, mas precisava preveni-lo de que nem tudo é um mar de rosas. Não suportaria fazê-lo meu companheiro e depois ter de dizer adeus... isso já aconteceu por mais vezes que eu poderia suportar.
Deixando de lado as declarações de amor, gostaria de lhe contar uma passagem um pouco obscura de nossa história. Vampiros não foram feitos para viver em comunidade e muito menos para serem muito numerosos. “o poder seduz, e na maioria da vezes, corrompe”. Com o passar do tempo, alguns de nós desejavam que os humanos fossem tratados como gado, já que serviam como nosso alimento.
Outro argumento é de que estávamos no topo da cadeia alimentar e, portanto, tínhamos o direito de dominar os humanos. Quando começaram a falar esse tipo de besteira ninguém deu muita importância. Isso já havia acontecido outras vezes em nossa longa história e todos se lembravam do que aconteceu na última vez que aconteceu uma revolta de vampiros.
Quem se arriscaria a recomeçar uma guerra tão sangrenta que, apesar de envolver somente vampiros, teve conseqüências tão drásticas para os humanos?
Você deve se lembrar de uma época da história que se refere ao massacre dos protestante, feito por ordem de Catarina de Médicis. Esse foi o resultado de uma de nossas batalhas... nem todos os que morrerem eram vampiros, mas tínhamos que desviar a atenção dessa nossa pequena guerra.
O que tornou-se evidente, dessa vez, é que muitos vampiros poderosos estavam predispostos a aceitarem a opinião dessa facção. Eles já estavam cansados de viver sob o controle de nossas regras antiquadas.
Queriam um mundo mais livre para o divertimento e para a caça. Por mais que eu tente, não lembro qual foi o estopim para o começo das batalhas. Quando percebi a luta entre as facções rivais já havia começado e estava mais sangrenta do que nunca.
Você devia ter visto... ninguém podia andar sozinho na rua ou corria o risco de ser morto. Imagine a que ponto tínhamos chegado: vampiros, imortais, com medo de morrerem. Até hoje isso provoca boas risadas... como percebeu, eu era muito arrogante para ter medo de vampiros tão fracos como os que povoavam a Europa naquela época. Toda vez que um , ou um bando deles, tentava me atacar, eu os liquidava com uma indiferença que o deixaria louco Lucien.
Foi essa mesma indiferença, esse excesso de auto confiança que quase custou a minha vida.
Malak. Esse era o nome do vampiro que quase me matou. Era tão antigo quanto eu mas muito mais poderoso. Nem mesmo todo o poder que eu tinha era capaz de feri-lo. Na noite em que ele me encontrou tivemos uma luta belíssima. Quem olhasse de longe acharia que eram dois bailarinos que ensaiavam uma coreografia. Ambos éramos magos, mas ele era mais inteligente. Malak fez com que eu me cansasse de tanto usar magia para derrotá-lo e só depois começou a atacar. Bem, tente imaginar o que sobrou de mim... humilhado e derrotado.
Quando eu já estava pronto para juntar-me a Marius, e Malak pronto para desferir o golpe final, senti uma aura poderosíssima. Isso fez com que eu me encolhesse de medo, e olhe que isso não é comum! Quando eu vi, Malak estava flutuando e tentando se livrar de alguma coisa que o estava sufocando. ouvi uma gargalhada que me deixou mais apavorado ainda. Foi nesse momento que aquela coisa falou:
- Malak, você não tem medo de morrer? Como espera que um vampiro tão fraco como você possa me derrotar? Nasci na noite dos tempos sou a origem e o fim do que você é, do que você procura. Não há mortal ou imortal que faça frente ao meu poder. Diga adeus a esse belo mundo, sua jornada chegou ao fim.
Nessa hora Malak gritou e seu grito foi abafado por um grito ainda maior. Mais tarde vi que o outro grito era meu, que havia visto aquele vampiro, que de tão antigo chegava a ser grotesco, arrancar a cabeça de Malak com uma facilidade de alguém que corta um pão com uma faca muito afiada.
Nunca fui medroso, mas nessa hora eu fugi o mais rápido que pude. Infelizmente não fugi rápido o bastante. Antes que eu pensasse em respirar, aquele vampiro já estava na minha frente:
- Acabo de salvar a sua vida e é assim que voc6e me agradece? Não tenha medo, por enquanto. Marius era meu filho favorito, eu não poderia fazer mal àquele que Marius tanto amou. Siga em paz criança, mas lembre-se de que, por mais forte que você possa vir a ser, sempre haverá alguém mais forte. E não se preocupe com essa guerra estúpida, ela logo terá um fim.
Dito isso ele simplesmente sumiu. Como ele havia dito, essa guerra não durou por muito tempo mais. Dia após dia, todos os vampiros rebeldes foram mortos. Ninguém conseguia explicar como até mesmo os mais antigos dentre nós foram derrotados com tanta facilidade.
Agora você sabe. Naquela noite eu encontrei aquele de quem todos descendemos. Foi ele quem acabou com essa guerra estúpida. A harmonia voltou a reinar em nosso mundo. Regras mais flexíveis à caça foram impostas, assim como o limite de reprodução de vampiros. Mas depois daquela noite eu nunca mais fui o mesmo. Por várias noites sonho que um monstro me persegue e que dele eu não consigo fugir. Sempre que acordo desse sonho eu vejo uma linda rosa vermelha ao meu lado. Era o nosso criador lembrando-me do aviso daquela noite.
Acho que é mais do que um aviso, é uma ameaça. Ele sabe que sempre desejei o poder. Ele apenas está me lembrando que eu não posso ir tão longe quanto eu gostaria para consegui-lo, pois sempre vai haver alguém por perto para me vigiar, para vigiar a todos nós...