[Forfirith][Preto no Branco]
A conselho de meu estimado colega Melkor, vou postar aqui meu mais novo conto
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Preto no branco
E então, antes mesmo de se dar conta, ele nasceu.Veio do fundo do vazio da branquidão.Pequenas manchas negras no fundo límpido.Papel cor de arroz, tinta cor de morte.Tinta cor de negro profundo.
Desde sua formação, o contraste.Preto preto, no branco branco.
Recém existente, tinha as folhas ainda frágeis, maleáveis, como broto de planta. Sem nunca ter sido exposto ao sol. Ao sol amarelo em cor.
Como a semente que germina sabe se dirigir em direção ao sol? Da mesma forma o conto sabia o que contar. Ele nascera para aquilo. Mesmo sendo branco, mesmo tendo ainda poucas linhas pretas e pesadas, e ainda sendo frágil.
Ele surgira já sabendo seu fim. Tivera tempo suficiente para memorizar o que dizer no vazio. E para saber que, como tudo que vive, passaria a amar o sol. Ele estava fadado a amarelecer. Bem como todas as existências amantes do astro luminoso.
Foi passando então o tempo e o conto ficou pronto.Terminado, completo.Porém, não maduro.Ninguém o lera. Logo, conto não era ainda: era virgem na arte de ser lido.Não experimentara ainda a libidinosidade de ser lido, nutrir quem o lê, e ser nutrido de experiência. Ele continuava branco. E, conforme não foi sendo lido, suas entrelinhas continuavam vazias.
O conto então foi envelhecendo, suas entrelinhas sendo preenchidas, seus desejos satisfeitos. Ele estava pronto para atingir seu destino. Ele estava pronto para começar a se tornar sol. Enfim o processo começaria. Enfim, agora que sua contenda pela existência já acabara, ele já se provara conto.E foi então.
Assistia realizado e saciado da branquidão a si mesmo amarelecer. Quanto mais amarelecia, mais era lido, e assim mais amarelecia. E o júbilo mais que nunca se fez presente. O amarelecer vagaroso, a vida vagarosamente amarelada contida nas páginas da historia. Assim então, viveu o conto, e assim suas páginas se tornaram sol.
A conselho de meu estimado colega Melkor, vou postar aqui meu mais novo conto

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Preto no branco
E então, antes mesmo de se dar conta, ele nasceu.Veio do fundo do vazio da branquidão.Pequenas manchas negras no fundo límpido.Papel cor de arroz, tinta cor de morte.Tinta cor de negro profundo.
Desde sua formação, o contraste.Preto preto, no branco branco.
Recém existente, tinha as folhas ainda frágeis, maleáveis, como broto de planta. Sem nunca ter sido exposto ao sol. Ao sol amarelo em cor.
Como a semente que germina sabe se dirigir em direção ao sol? Da mesma forma o conto sabia o que contar. Ele nascera para aquilo. Mesmo sendo branco, mesmo tendo ainda poucas linhas pretas e pesadas, e ainda sendo frágil.
Ele surgira já sabendo seu fim. Tivera tempo suficiente para memorizar o que dizer no vazio. E para saber que, como tudo que vive, passaria a amar o sol. Ele estava fadado a amarelecer. Bem como todas as existências amantes do astro luminoso.
Foi passando então o tempo e o conto ficou pronto.Terminado, completo.Porém, não maduro.Ninguém o lera. Logo, conto não era ainda: era virgem na arte de ser lido.Não experimentara ainda a libidinosidade de ser lido, nutrir quem o lê, e ser nutrido de experiência. Ele continuava branco. E, conforme não foi sendo lido, suas entrelinhas continuavam vazias.
O conto então foi envelhecendo, suas entrelinhas sendo preenchidas, seus desejos satisfeitos. Ele estava pronto para atingir seu destino. Ele estava pronto para começar a se tornar sol. Enfim o processo começaria. Enfim, agora que sua contenda pela existência já acabara, ele já se provara conto.E foi então.
Assistia realizado e saciado da branquidão a si mesmo amarelecer. Quanto mais amarelecia, mais era lido, e assim mais amarelecia. E o júbilo mais que nunca se fez presente. O amarelecer vagaroso, a vida vagarosamente amarelada contida nas páginas da historia. Assim então, viveu o conto, e assim suas páginas se tornaram sol.