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Finrod
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[Finrod][Crônicas]
[Crônica] O Inimigo Silencioso
Na próxima vez que você estiver esperando o elevador, se você prestar atenção, é bem provável que você encontre um aviso com os dizeres:
"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado no andar".
O aviso tem lá os seus motivos de existir e a intenção de colocá-lo com certeza foi das melhores.
O problema é esta expressão, ou melhor, expressãozinha: "o mesmo".
Apesar de parecer inofensiva, ela é um perigo.
É um perigo porque não serve para nada. Está lá apenas para confundir quem está lendo.
Se em uma placa já é ruim, em um texto longo é pior ainda, pois atrapalha a fluidez da leitura.
Existem campanhas organizadas contra o excesso de gerúndios e contra o famigerado "a nível de", mas nada é feito contra "o mesmo".
Ele escapa sem um arranhão pelas malhas dos revisores ortográficos e pelas garras dos defensores do idioma, atravancando textos e dando nó na cabeça de leitores, por aí.
Ele é verdadeiramente o inimigo silencioso.
Devo confessar que esta minha implicância com o "o mesmo" não é apenas pela defesa do bom português, é um assunto pessoal.
Alguns meses atrás precisei procurar um assunto técnico na Internet.
Encontrei o que procurava em uma apostila em um site pessoal.
O texto tinha os aspectos técnicos que eu desejava, mas o português não era lá essas coisas.
Decidi extrair o que eu precisava e corrigir a linguagem.
O problema foi que me deparei com tantos "o mesmo" que praticamente tive que reescrever a apostila inteira.
Ao final do processo eu tinha desenvolvido uma patologia para com a expressão em questão.
Eu teria tido menos trabalho se tivesse escrito tudo do zero.
O que me incomoda também é imaginar que a maior parte destas situações são geradas não por um erro honesto, mas sim pelo desejo de escrever difícil.
O excesso de gerúndios, os "a nível de", e outras barbaridades idiomáticas surgem normalmente pela mão (ou pela boca) de pessoas que, sem o domínio perfeito do português, querem dar um brilho no texto (ou no discurso), mas tem preguiça de procurar uma boa gramática (ou mesmo uma mais ou menos).
Dá no que dá.
Por isso, da próxima vez que você escrever um texto, por menor que seja, lembre-se de revisar o mesmo.
Afinal, a nível de língua portuguesa, quem for obrigado a ler seu texto esperará encontrar um mínimo de qualidade no mesmo.
E o autor, a nível de ser humano, tem o dever de estar revisando o próprio texto, para estar garantindo que o mesmo não contém estes vícios de linguagem. É a sua obrigação, e ...
Meu Deus, isso pega.
[Crônica] O Inimigo Silencioso
Na próxima vez que você estiver esperando o elevador, se você prestar atenção, é bem provável que você encontre um aviso com os dizeres:
"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado no andar".
O aviso tem lá os seus motivos de existir e a intenção de colocá-lo com certeza foi das melhores.
O problema é esta expressão, ou melhor, expressãozinha: "o mesmo".
Apesar de parecer inofensiva, ela é um perigo.
É um perigo porque não serve para nada. Está lá apenas para confundir quem está lendo.
Se em uma placa já é ruim, em um texto longo é pior ainda, pois atrapalha a fluidez da leitura.
Existem campanhas organizadas contra o excesso de gerúndios e contra o famigerado "a nível de", mas nada é feito contra "o mesmo".
Ele escapa sem um arranhão pelas malhas dos revisores ortográficos e pelas garras dos defensores do idioma, atravancando textos e dando nó na cabeça de leitores, por aí.
Ele é verdadeiramente o inimigo silencioso.
Devo confessar que esta minha implicância com o "o mesmo" não é apenas pela defesa do bom português, é um assunto pessoal.
Alguns meses atrás precisei procurar um assunto técnico na Internet.
Encontrei o que procurava em uma apostila em um site pessoal.
O texto tinha os aspectos técnicos que eu desejava, mas o português não era lá essas coisas.
Decidi extrair o que eu precisava e corrigir a linguagem.
O problema foi que me deparei com tantos "o mesmo" que praticamente tive que reescrever a apostila inteira.
Ao final do processo eu tinha desenvolvido uma patologia para com a expressão em questão.
Eu teria tido menos trabalho se tivesse escrito tudo do zero.
O que me incomoda também é imaginar que a maior parte destas situações são geradas não por um erro honesto, mas sim pelo desejo de escrever difícil.
O excesso de gerúndios, os "a nível de", e outras barbaridades idiomáticas surgem normalmente pela mão (ou pela boca) de pessoas que, sem o domínio perfeito do português, querem dar um brilho no texto (ou no discurso), mas tem preguiça de procurar uma boa gramática (ou mesmo uma mais ou menos).
Dá no que dá.
Por isso, da próxima vez que você escrever um texto, por menor que seja, lembre-se de revisar o mesmo.
Afinal, a nível de língua portuguesa, quem for obrigado a ler seu texto esperará encontrar um mínimo de qualidade no mesmo.
E o autor, a nível de ser humano, tem o dever de estar revisando o próprio texto, para estar garantindo que o mesmo não contém estes vícios de linguagem. É a sua obrigação, e ...
Meu Deus, isso pega.